Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 26
Um Túnel com Uma Luz no Fim


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas :3 Eu estava com esse capítulo praticamente completo, mas o computador fica no quarto do meu irmão e o coitado está com dengue (a coisa tá fácil não) Pra deixar ele descansar eu nem entrei no quarto direito. Enfim, num momento rápido, vim atualizar. E agradecer os mais de 1000 acessos na fic *-* Lindos ♥



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  No outro dia, só o que eu queria era fingir que eu não existia. Vi Alexy me olhando de maneira estranha, e não consegui simplesmente fingir que estava chateada. Eu estava mesmo. Respirei fundo e tentei continuar agindo como estava antes. Era difícil depois de se saber que aquilo ia acabar.

  – Toma. – Nathaniel se sentou ao meu lado e deixou o papel sobre a carteira. Era o número do celular. Não falei nada, simplesmente coloquei o papel no bolso da calça. Estava tudo caminhando como planejado. Rosalya estava sempre mandando mensagens pelo celular.

  Quando a aula terminou, eu esperei Nathaniel e Kentin e sai na surdina da escola. Eu tinha pedido o professor Faraize para aplicar as detenções em outros dias, em segredo. Depois de muito choro, ele cedeu. Fomos para a cidade, para uma das lojas procurar o tal terno.

  – Esse é bonito. – Detalhe, era a loja do Leigh. Ninguém tinha o cacife de bancar um terno novo só praquilo, então ele ia emprestar um. – Cinza.

  – Não seria melhor um escuro?

  – Hum...Não sei, Kentin. Experimentem os dois.

  – Os dois?

  – É. Kentin veste o cinza, você o preto, Nath. E andem logo.

  Leigh estava achando graça da situação dos rapazes. Eu agradeci pela ajuda, o que ele simplesmente deu de ombros e disse que não custava nada. Notei que ele ia completar a fala, mas desistiu no meio do caminho. Ouvi o nome do irmão dele, no entanto.

  – Pronto, dona. Escolhe.

  Fiquei pasma. Eu já tinha os visto de terno, mas por algum motivo, pareciam bem mais bonitos. Fechei a boca e avaliei. Nathaniel parecia ainda mais sério do que Kentin. Apontei para ele, sorrindo.

  – Esse aqui, Leigh. Obrigada, de novo.

  – Pode deixar. Já até me sinto um profissional na área.

  – Valeu. Vamos?

  – Claro.

  Deixei a loja com os rapazes, me separando deles no meio do caminho para ir para casa. Tudo pronto. Amanhã tudo ia se solucionar, e seria o que Deus quisesse. Rosalya me mandou uma mensagem, confirmando que estava tudo pronto. Concordei, ansiosa.

  Tão ansiosa, que custei a dormir. Meus olhos não aceitavam que eu os fechasse, minha cabeça estava a mil por hora. Eu fiquei brava comigo mesma. Justo no dia da minha vitória, eu nem conseguiria enxergar Debrah direito. Ótimo.

  Cochilei por menos de uma hora, durante a noite inteira. Desarmei o despertador antes da hora e fui tomar um banho, tentando me revigorar. Pareceu funcionar. Entrei na primeira roupa que eu encontrei, um jeans com um agasalho, e fui para a escola.

  Tudo indo como planejado. Todo mundo me olhando torto, com exceção de um. Alexy. Estranhei a mudança singela de comportamento, e na primeira oportunidade, o encurralei dentro da sala de aula. Ele olhou ao redor, checando se estávamos mesmo sozinhos.

  – Espero que não fique brava.

  – O que quer dizer?

  – Ai, vem cá. – O abraço foi tão repentino que eu quase cai em cima dele. – Hum, meu coração doeu de te ver chorando depois de toda aquela humilhação. Eu pedi Rosa para me dar cobertura.

  – Espera, eu fiquei tonta. Acredita em mim?

  – Claro que acredito. E na primeira chance que eu tive eu fui trabalhar como o espião. Rosa pediu.

  – Vou matar os dois quando tudo isso passar.

  – Desculpe. E eu sei do plano, vai tudo dar certo. Agora, preciso ir. Ainda estou disfarçado.

  Deixei ele ir, sorridente. Eu devia ter confiado mais nele. E alguns elogios poderiam vir à tona, depois. Muito bom ator, conseguiu me deprimir em minutos. Respirei fundo e fui continuar com a minha parte. Rosa me chamou até o pátio. Eu conseguia ver Leigh do outro lado da rua, com o terno e óculos escuros. Sorri.

  – Pronta?

  – Mais que nunca.

  – Bom. É o seguinte. A ideia é que você faça o que Nathaniel fez na primeira vez. Armin vai estar com a gente. Leigh vai se aproximar, você vai fingir que ouviu e que filmou tudo. Pode filmar de verdade, não importa. Corra para uma das salas, ela vai tentar te convencer a ficar calada. A parte mais importante. Saia de lá e vá para a sala dos professores.

  – Professores?

  – Sim. Nathaniel vai estar lá, muito bem escondido. É a armadilha. Aproveite sua chance.

  – Valeu. Obrigada, Rosa.

  – Vamos. – Ela acenou para Leigh e fomos encontrar Armin. Por sorte, o corredor ainda estava vazio pelo horário do almoço. Leigh já tinha telefonado para a piranha em questão, esperava-a no corredor deserto. Armin, eu e Rosa apenas observávamos, atrás de um corredor. Eu esperava minha deixa.

  Eu conseguia ver o desconforto de Leigh encostado contra um armário, com a vadia inclinada sobre ele, falando feito a cobrinha criada que ela era. Armin segurava Rosalya num abraço apertado, para não por tudo a perder. E se aquilo não era meu momento, nenhum seria. Peguei o celular e o ergui, fingindo a gravação.

  – O que...? Oh, não. Não fez isso.

  – Fiz sim.

  – Só um minuto, gato. Volta aqui.

  Não entrei em sala nenhuma, fui direto para a sala dos professores. Ela estava vermelha de raiva, esperando eu entregar o celular. Contive a urgência de procurar Nathaniel na sala. Afastada, comecei a falar.

  – Eu te disse que eu ia me provar inocente.

  – Só prova que eu estava dando em cima de um estranho, nada mais.

  – Debrah, pare com isso. Foi o que aconteceu antes, Nathaniel sabe, eu sei, você sabe.

  – Oh, coitado do representante. Aquele garoto só não é mais sonso do que meu querido guitarrista. Entregue o vídeo e eu não te ferro mais ainda.

  – Não tenho mais para onde ir, Debrah. Acabou com minhas amizades, minha reputação, até fez com que parecesse que eu te agredi. Já você, tem tanto a perder. E o que pode fazer?

  – Anna, achei que depois de todos esses joguinhos você tivesse desistido, por bem. Vejo que não. Quer um acordo, então? Você me entrega esse vídeo, e eu dou um jeito de não levar Castiel.

  – Como se você já não fosse chutá-lo. Sem acordo, Debrah. Eu vou te derrubar.

  – Não vai, não.

  Avançando de uma só vez, ela começou a me unhar e a tentar tomar meu celular. Toda descabelada quando finalmente me derrubou, ela ofegava. Vi a luzinha vermelha brilhando no chão lustrado e entendi tudo, num clique. Ela encarou o celular e berrou.

  – Não tem vídeo nenhum, desgraçada.

  – Não preciso de vídeo depois de tudo isso. Obrigada por confessar.

  – Sua vaga... – Eu já estava esperando toda a fúria daquela louca cair sobre mim, mas o que senti foi um par de mãos me ajudando a ficar de pé e a voz raivosa pela sala.

  – Quer falar sobre ser uma vagabunda, é?

  Castiel segurava o braço da ex com força, falando firme com ela. Naquele momento, eu notei que eu nunca tinha visto-o com raiva até então. O resto era só charminho. Kentin ainda me apoiava, prestando atenção à discussão. Todos ali, agora no corredor, viam. Fiquei de pé e acompanhei o grupo.

  – E eu só não te arrebento porque eu tenho um pingo de decência, não encostaria um dedo que fosse numa menina. Ainda mais uma tão piranha.

  – Querem saber? Eu menti. Menti mesmo, e vocês todos acreditaram, feito o bando de patinhos que são. A pessoa que mais odiaram foi a única que conseguiu notar quem eu era. São todos uns patéticos. Eu vou embora com um contrato novinho em folha e vou deixar todos aqui, nessa escola imunda.

  – Sobre isso, Debrah. – Entrei no círculo, parando a uma distância segura dela e de Castiel. Com o maior sorriso do mundo, falei. – O suposto empresário encantado com você era só o irmão do Lys. Ele tem uma loja de roupas, se interessar.

  – Como é?

  – Acabou de encerrar um contrato por isso, não foi? Eu sinto tanto. Ah, não, espere. Não sinto, não. Na verdade, eu estava lá quando planejaram isso tudo.

  – Sua pu...

  – Castiel pode não te bater, mas eu já não prometo nada. A fama eu já tenho...Cai fora, anda.

  O corredor se abriu, só para que ela passasse. Sorri ao ver as lágrimas de raiva no canto de seus olhos. Fiquei observando até que ela passasse pelas portas duplas. Ambre disse algo para a garota, mas eu já tinha me desinteressado. Castiel tinha sumido. Imaginei onde ele estivesse e fui atrás.

  – Castiel.

  – O que quer de mim, hein?

  – Só quero saber se está bem.

  – Não mereço sua dó, obrigado.

  – Não é dó...

  – Eu sei. Obrigado. Eu só...só preciso pensar, é isso.

  – Posso fazer algo antes de ir?

  – Vá em frente.

  Ele era mais alto do que eu achei que ele seria. Senti o susto que ele tomou quando eu o cerquei num abraço sutil por trás e murmurei.

  – Sinto muito por tudo isso.

  – Eu também.

  Soltei-o e, suspirando, deixei-o sozinho no porão. Só com seus pensamentos e suas cordas de guitarra. Ouvi o sinal e fui para a próxima aula, agitada. Faraize me disse que precisava aplicar as punições logo, então decidi ficar depois da aula. Reparei que Lys me encarava muito durante a aula. Sorri para mim mesma.

  Lys não era mais do que um colega próximo, e de repente ele se pôs numa posição que só provava o quão mais próximos éramos do que eu imaginara. Ele tinha sido meu amigo sem pestanejar. E eu só podia me sentir grata.

  O clima continuava pesado. Alexy tentou ficar por perto, mas não teve muito tempo. Assim que a aula acabou, vi Lysandre sair apressado da sala, falando sozinho. Juntei minhas coisas e fui atrás de Faraize, pronta para a detenção. Só o que eu tinha que fazer era repassar as notas de todas as provas até então aplicadas para a planilha dos professores. Não era difícil, só gastava tempo e paciência. Pelo menos Faraize me deixou sozinha na sala, para poder respirar.

  – Toc toc.

  – Oh, hey Lys. Olha, obrigada por...

  – Não gosto de interromper, mas eu tenho uma surpresa. Incomodaria?

  – Não, claro que não. O que é?

  – Podem entrar, sabe?

  Vi as meninas entrando quase em fila indiana, fitando o chão abaixo delas. Soltei a caneta e me virei na mesa, esperando o que elas diriam. Violette, Melody, Kim, Iris. Todas sem saber como agir. Até que Iris tomou a dianteira.

  – Só queríamos...Bem, nos desculpar. Fomos injustas com você.

  – Eu mais que todas. Tudo começou por culpa minha. Desculpa.

  – Estou me sentindo horrível por te tratar daquele jeito, Anna. Sinto muito.

  – Tentamos trazer a Peggy, mas ela achou que seria humilhação. Sabe como ela é.

  – Sei, Kim. Não foi culpa suas, meninas. Eu podia ter feito o mesmo. E ela era amiga suas a mais tempo do que eu. Está tudo bem.

  – A diretora sabe que não foi culpa sua a história do balde. Por que continua aqui?

  – Porque eu já devia ter cumprido isso tudo. Fui eu quem implorei Faraize para me ajudar, logo, não posso deixá-lo na mão assim.

  – Quer ajuda?

  – Já estou quase acabando. E podem olhar na minha direção, não vou morder. Fiquei chateada, verdade, mas eu compreendo. Amigas?

  – Como de costume.

  Até Lys riu da fofura de Violette. Elas pediram licença, sob a desculpa de não me atrapalharem mais, mas ele ficou. Sentado ao meu lado, ele parecia querer dizer algo que estava entalado.

  – Se eu começar facilita?

  – Talvez...

  – Obrigada por tudo isso. Não tinha a menor obrigação.

  – Eu falei a verdade quando disse que não queria te ver chorando. E também já me ajudou muito.

  – Não nessa escala.

  – Se somar tudo, dá na mesma.

  – Obrigada. Que ele não me ouça, mas fico feliz que ele continue aqui. Por você, também.

  – Obrigado.

  – É, é isso. Final feliz.

  – Eu deveria te deixar sozinha. Hum, desculpe te atrapalhar.

  – Tchau, Lys.

  Ainda sorrindo, peguei a caneta de novo e retomei meu trabalho. Ele tinha ficado tão fofo preocupado com o amigo. Aliás, ele normalmente era uma gracinha com tudo. Até quando eu o deixava ler os parágrafos sobre Viktor. E quando viu sua foto na minha cômoda.

  Sacudi a cabeça, voltando a cumprir minha punição. Eu não tinha nada o que pensar, nada mesmo. Nem nos olhos heterocromáticos. Apertei a caneta, vendo Nathaniel passando pelo corredor.


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Notas finais do capítulo

Obrigada lindjos



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