Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 20
O Tal Dia De Princesa


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas :3 Então, as postagens devem diminuir um pouco o ritmo agora que eu to na faculdade .q Pelo simples fato de que eu acordo cinco e meia da manhã e chegou em casa uma da tarde. E ai eu apago na cama, tem dever e bla, aquilo tudo '-' Enfim, vou continuar passando por aqui todo dia, comentem, mandem nudes (zoas) e sejam felizes < 3



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  Não imaginei que eu fosse dormir tão profundamente. Muito menos que eu fosse sonhar. Eu estava sentada no sofá, esperando ele chegar. Viktor tinha planejado voltar da tal viagem mais cedo para chegar o quanto antes. Queria me dar logo o tal livro que ele tinha me comprado.

  O telefone tocou. Devia ser tia Ágatha. Deixei minha mãe atender, voltando a prestar atenção parcial no filme que estava na TV. Essa atenção parcial foi que me permitiu ouvir as respostas cada vez mais curtas e travadas da minha mãe. Estranhei. Olhei por cima do ombro, encontrando o olhar dolorido dela. Ai o sonho virava pesadelo.

  Naquele minuto, antes de perceber o que tinha acontecido, meu coração doeu com a imagem da minha mãe. Vê-la sofrendo me deixava triste. Logo em seguida, quando ela desligou o telefone e nos contou a notícia, eu e meu pai, só o que eu senti foi desespero. Viktor...Como assim? Não, ele ia chegar. A porta ia se abrir em mais ou menos meia hora.

  Comecei a gemer. Era um choro agarrado na garganta que não conseguia forçar seu caminho até a superfície. Lembro que tentei ligar para o celular, mas tocava até cair. Caindo, igual o meu mundo.

  – Anna. Anna, querida. – Acordei com Nathaniel me sacudindo. Todo mundo me encarava, meio assustado. Eu podia ter falado, ou só começado a gemer também. – Tudo bem?

  Sentei-me, ajeitando a roupa. TInha começado a suar e, quase sem notar, sentia meus olhos ficando marejados. Pisquei com força, concordando. Ele sabia. Nathaniel sempre sabia quando eu sonhava com aquilo. Sabia até quando eu começava a sonhar que estava no carro com ele. O desespero que me dava. Só que ele não comentou nada. Voltou a comer o farelo de batata e continuar a conversa.

  – Bom, gente, obrigada pela ajuda. – Fiquei de pé, depois que o assunto morreu e a comida acabou. Nathaniel me imitou. – Até mais.

  Acenamos em despedida e saímos os dois do porão. Assim que estávamos no pátio, ele me perguntou com o que eu estava sonhando. Cruzei os braços, olhando o céu escurecendo.

  – O dia do telefonema.

  – Ninguém perguntou, fica tranquila.

  – Nós vamos lá esse mês? Vai ser no dia do baile.

  – De manhã, bem cedo. Assim que o portão abrir a gente entra e fica lá.

  Concordei, satisfeita com o plano. Eu não teria muito tempo, mas seria melhor do que nada. Aquele não era o motivo pelo qual eu quis voltar? Nada mais justo do que ir todo mês, nos dias do aniversário e o do acidente. 5 e 18, respectivamente.

  Convidei Nathaniel para entrar, como de costume. Ele aceitou, dizendo que estava com sede. Deixei ele passar na minha frente, mais tranquila. Eu preferia não ficar em casa totalmente sozinha depois daquele sonho.

  – Ai, eu amo meu quarto. – Exclamei, caindo na cama e olhando a lua na parede. Nathaniel me empurrou e se deitou ao meu lado, tirando os sapatos. Suspirei, esperando ele dizer algo, mas ele continuou em silêncio. – Ei, quer saber de uma coisa? Você vai vir dormir aqui um dia. Igual a gente fazia quando mais novo.

  – Acha mesmo que é uma boa ideia?

  – É, claro. Você pode até dormir na cama, eu deixo.

  – Não é bem esse o problema. Seu pai não parece mais tão tranquilo comigo.

  – Sem o menor motivo. Ele só não é mais tão aberto quanto antes, só isso. Eu vou falar com eles, você vem, melhor noite. Fim.

  Nathaniel riu. Sinceramente, aquele loiro tinha uma das risadas mais simpáticas do planeta. Tinha o poder de me fazer sorrir junto, por instinto. Ele só ficou lá tempo suficiente para meu humor melhorar um pouco. Fui com ele até o portão e esperei até não poder mais vê-lo.

  Os ensaios continuavam nos dias que se seguiram, eu continuei resolvendo tudo que precisava ser resolvido. E, para somar na conta, ia às reuniões do tal baile. Os ensaios para a valsa acabavam sendo divertidos. Lysandre levava mais jeito que eu, então ia me conduzindo na maior paciência.

  Minha mãe marcou o salão para nós duas, meu pai tinha comprado um terno. A data ia se aproximando, deixando o prazo para o show ainda mais curto. Lysandre me garantia que os ensaios estavam indo bem, mesmo com a guerra civil entre Nathaniel e Castiel. Rosalya me passou o orçamento dos figurinos, que eu consegui juntar pedindo para a diretora os poucos fundos que a escola conseguiu com a corrida de orientação.

  Sábado, fim de mês. O despertador tocou, bem cedo. Antes que acordasse meus pais, eu desliguei o relógio e troquei de roupa. Com uma camiseta que Viktor tinha me dado e uma calça jeans clara, eu deixei a casa.

  – Bom dia. – Nathaniel estava esperando no portão do cemitério. Desde o dia que eu voltei para a cidade, eu tinha receio em vir aqui. Medo dos fantasmas do passado.

  – Pronta? – Concordei, respirando fundo. Atravessamos a ponte e o gramado, um pouco judiado, até a lápide perto de uma árvore, com as pontas um pouco lascadas.

  – Hey, Viktor.

  Não demoramos muito. Eu falei com a pedra tudo que eu teria falado com Viktor depois que ele ficasse muito tmepo longe. Contei da mudança, do reencontro com Nathaniel, dos novos amigos...

  – Hoje é o dia do baile de debutante, Vik.

  E era isso. Não tinha mais nada, só o rosto todo molhado de choro. Tinha tristeza, mas tinha alívio também. Eu nunca teria imaginado que aquela visita seria tão libertadora. Respirei fundo, tentando me acalmar. Nathaniel ficou atrás de mim, evitando olhar na minha direção.

  – A gente precisa ir. – Quando ele falou, eu simplesmente concordei e sai andando com os passos arrastados. Até a água do rio debaixo da ponte parecia mais arrastada. Subi na beirada da ponte, com os braços abertos para não perder o equilíbrio. – Desce daí.

  – O que acontece se eu cair? O rio não parece muito forte.

  – Nem tudo é do jeito que a gente vê. O risco existe mesmo se a gente não o conhece. Anda logo.

  – Alguns riscos precisam ser vividos. Só assim a gente se sente vivo.

  Desci, pulando no gramado na frente do portão. Nathaniel ficou aliviado, deixou-me em casa e só então foi para a sua. Olhei o relógio antes de subir para casa. Minha mãe devia estar acordando agora. Abri o portão e subi. O dia seria longo.

  – Oh, bom dia. Onde estava? – Minha mãe parecia nem ter notado que eu tinha saído. Ela devia ter imaginado que eu estava dormindo e preferiu não me incomodar.

  – Fui com Nathaniel até o cemitério. Queria ver Viktor.

  Era o tipo de situação que pedia uma quebra no silêncio, mas que nada parecia bom o suficiente para ser dito. Deixei os tênis na porta de casa e, descalça, fui procurar o que comer. Minha mãe não disse nada, só repetiu o horário do salão.

  Rosalya me mandou mensagem, perguntando se eu estava ansiosa. Confirmei, perguntando dela. Realmente, eu estava com um frio no estômago só de me imaginar rodeada de gente, dançando. E sem meu irmão. E com quase todo mundo da cidade lá.

  Quando o horário chegou, eu já estava ansiosa, a ponto de ter que andar com as mãos nos bolsos para não roer as unhas. Minha mãe foi comigo se arrumar, com tudo que íamos precisar dentro do carro. Na minha cabeça, eu já ia pensando em tudo que podia dar errado.

  – Fica tranquila e tudo vai funcionar. Bonita você já é, educada também...

  – Rica eu nunca nem fingi ser. – Ela riu, enquanto eu respirava fundo na tentativa de não roer as benditas unhas. Ela parou na frente do salão e me mandou entrar.

  Sinceramente, era bom eu ser a menina mais bonita naquele lugar. Duas horas sentada numa cadeira não era confortável, ainda mais com alguém puxando seu cabelo com uma escova. Pelo menos, quando minha mãe foi ver o resultado, ela nem conseguiu falar. Fiquei mais travada ainda, sem saber como estava.

  Por fim, com a meia hora de antecedência pedida, eu cheguei ao salão de festas. Tecnicamente, o lugar era uma mansão com um hall imenso. Subi a escadaria até os quartos no corredor, onde nos trocaríamos. Foi só então que eu me vi no espelho. E fiquei maravilhada. O cabelo preto estava preso de uma forma elegante, combinando com a sombra azul bem aplicada e o batom vermelho. E tudo em harmonia, claro, com o vestido azul.

  Respirei fundo, pronta para engolir o choro. Estava tudo perfeito, como eu imaginava que seria. Só faltava o maior detalhe, meu irmão. Viktor amava azul. Amaria o tomara que caia detalhado com uma faixa vertical, atravessando entre os seios de brilho puro, a saia rodada. O sapato de salto com uma rendinha e um detalhe prateado combinando. Na verdade, aposto que ele estaria feliz.

  – Aqui, meu bem. – Minha mãe parou atrás de mim e prendeu o colar. Foi a primeira joia que meu pai comprou para ela, um conjunto que vinha com brincos também. Azul, como esperado. Sorri. Ela acabou de me arrumar e sorriu. – Está maravilhosa.

  – Podemos esperar lá embaixo. Vem.

  Sinceramente, até que era divertido, ficar vendo todos os convidados. Rosalya chegou e se posicionou do meu lado, sorridente. Ela estava maravilhosa de vermelho, com o cabelo esvoaçante. Até Ambre estava linda.

  – Boa noite, senhoras e senhores. Nesta noite, a mais bela da vida dessas moças, pelo menos até se casarem... Viemos aqui, hoje, prestigiar as belas jovens da cidade, reconhecendo-as agora não mais como crianças e sim como as mulheres que são. E toda mulher merece isso. Sua família, seus amigos e, principalmente, um belo príncipe. Vos apresento, então, as minhas queridas debutantes. Ambre, Anna, Brenda, Charlotte, Christina, Ellen, Iris, Li, Melody, Peggy, Rosalya e Tiffany.

  Doze meninas, todas vestidas feito bonecas, em todas as cores, com sorrisos imensos nos rostinhos maquiado. Eu sorria também, com sinceridade. Já que estava ali, nada mais justo que aproveitar minha noite. Rosalya também estava empolgada.

  – E agora, vamos então conhecer os príncipes. Nathaniel, Lysandre, Jack, Rodney, Joseph, Steven, Castiel, Charles, Kentin, Armin, Leigh e Joe. Bem vindos, queridos. E que se inicie então o baile de debutantes do ano.

  Nossa primeira missão era simplesmente ficar recebendo nossos convidados, acomodando-os em mesas e mostrando o espaço da festa. Minha mãe sorria para mim, no vestido rosa. Parecia o sonho dela se realizando, não o meu. Acenei de volta, ouvindo meu sinal para ir trocar de roupa. Respirei fundo e subi as escadas. Hora de ser uma princesa. Vesti o tomara que caia roxo no meio das outras meninas, passando os dedos pela pedraria que cortava o meio do busto até a cintura, numa curva. Calcei os sapatos, fui refazer a maquiagem com uma das auxiliares. Prendi o bracelete e os brincos, esperando o sinal.

  Rosalya parou ao meu lado, tentando ver o salão lá embaixo. Não dava para ver quase nada, só o reflexo das portas duplas de vidro que davam para o jardim. Ela segurava a saia do vestido, ansiosa. Sorri, respirando fundo. Não estava muito diferente dela.

  – Está linda.

  – Você é linda. – Respondi, sem olhar para ela. Começaram a chamar os nomes. Vi Ambre descendo a escadaria na maior pose, no vestido verde. E maravilhosa. Senti os joelhos tremendo. Meu nome. Rosalya me deu um empurrãozinho e aplaudiu. Segurei o corrimão e desci, com as mãos geladas. Lysandre me esperava no pé da escada. Não entendi direito a expressão dele, mas continuei com o sorriso forçado.

  Nome por nome, cada menina descia numa roupa maravilhosa. Quando a última delas desceu, ouvi o início encantador de Moon River. Lysandre estendeu sua mão e esperou. Tomei-a, endireitando a postura.

  Naquele minuto, o que deveria ser o momento mais alegre da noite, o ápice da festa, meu sorriso só conseguia fazer minhas bochechas doerem. O momento mais feliz era o que ia me deixar triste. Estava tudo perfeito, menos por ele. Não que Lysandre fosse má companhia. Eu até estava grata por ter o escolhido, e não qualquer outro. É só que ele me lembrou Viktor. A calma, a altura próxima, até o rosto tranquilo. E doía.

  A dança acabou. Aplausos. Não que importasse muito. Abaixei um pouco o rosto e subi de novo as escadas, indo para o último visual. O vestido vermelho, liso, os sapatos prateados e todo o resto combinado. Guardei o vestido roxo e desci as escadas, ouvindo a festa ao meu redor. É, tudo perfeito. Fotos, risos, música, o cheiro incrível de comida. Passei por tudo e atravessei a porta do jardim, agora aberta. Ar puro, aquilo sim era perfeito. E o que eu mais precisava, naquele instante.


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Notas finais do capítulo

Os vestidos azul e vermelho eu fiz um set mostrando como ficaria, quem tiver interesse dá uma olhada na minha página no polyvore --> acaopacheco
E o roxo é o de natal do jogo, desse ano que acabou agora msm hehehe Bjs e até a surpresa no próximo capítulo :)



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