A Última Carta - A Seleção escrita por AndreZa P S


Capítulo 1
1.1




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O início

America está com os olhos inchados e o nariz vermelho. Havia 2 meses desde a morte de sua mãe e ela não consegue superar a perda. A única coisa que fazia com que esquecesse a dor é sua irmã mais nova, May Singer.

Houve uma batida na porta, então uma garotinha entrou correndo pelo o aposento, com os cabelos esvoaçantes tão ruivos quanto os de America. Ao perceber que a irmã chorava, parou abruptamente.

–America!-Exclamou chorosa também, enquanto encurtava os espaço entre ambas novamente. America estende os braços para poder abraçá-la, sentindo-se culpada por não ser mais forte do que andava sendo.

–May. -Sussurrou com os lábios contra o cabelo solto da irmã mais nova. Um suspiro saí por entre seus lábios entreabertos.

A garota olha nos olhos de America e sorri majestosamente, enquanto põe as mãos na lateral de seu rosto, apertando as bochechas de sua única amiga.

–Você quer quebrar meu dentes? -Perguntou America com dificuldade. May balançou vagamente a cabeça e soltou uma risada gostosa.

–Quero que você fique bem. -Murmurou após algum tempo de silêncio.

America fitou suas mãos que repousavam fragilmente sobre seu colo. Como uma menina de 9 anos conseguia ser mais forte do que eu? Se perguntou.

Incapaz de pronunciar qualquer coisa, apenas assentiu com a cabeça e tentou abrir um sorriso amarelo.

–May, saía do quarto, preciso conversar com America -a voz do pai fez a menina franzir o cenho. Nenhuma das duas havia percebido a chegada dele.

A menina lança um olhar de preocupação para a irmã, e saí correndo por a fora.

America se endireita na cama e passa as mãos pelo o rosto úmido.

–Sim, pai?

Seu pai suspira e senta-se ao seu lado, pondo uma de suas grandes mãos sobre a dela.

–Você sabe que estamos passando por uma situação financeira precária, não sabe?

Ela pisca algumas vezes e concorda em silêncio. Já não era novidade para a família toda, eles estavam perdendo prestígio na sociedade e a ponto de falir.

O homem pensa por alguns instantes, tentando encontrar as palavras certas para o que viria a seguir. Ele limpou a garganta e prosseguiu:

–Não podemos viver na rua, America. A casa já está hipotecada e o pouco de dinheiro que temos durará no máximo um ano, isso se economizarmos muito! -Ele desliza as mãos para o nó na gravata, afrouxando-a um pouco. -Nós dois sabemos que vocês sempre tiveram do bom e do melhor, nunca precisaram trabalhar e uma vida confortável e agradável sempre esteve ao dispor. Mas agora a situação é outra, me envergonho de dizer isso, mas nunca precisei trabalhar duro na vida, viemos de uma família boa, sua mãe era nobre. Não conseguriamos nos sustentar, acabaríamos morrendo, medingando pelas as ruas. Imagine sua irmã nessa situação?

America não sabia onde ele queria chegar, mas a imagem mental de ver sua irmã suja e com fome era quase insuportável. Sem perceber, seus olhos se encheram de lágrimas.

–Vamos superar. -Ela disse com a voz embargada e sem convicção.

–Você é muito jovem, ainda tem 15 anos! Mas eu sei que no futuro entenderá meus motivos para ter feito o que eu fiz -sua voz soou amargurada e triste.

A moça não entendia as palavras do pai. Ela se pergunta onde ele quer chegar, afinal.

–Não estou conseguindo compreender -murmura, de repente alerta.

O pai protela e olha dentro de seus olhos azuis.

–Fiz um contrato com o Lorde Schereave, ele tem um filho muito bonito e educado, o Maxon.

America parou de respirar por um momento. Suas sobrancelhas erguerem-se.

–E o que eu tenho a ver com isso?

–Você está noiva dele. -Seu tom de voz saiu firme, mas um nó na garganta ao ver a expressão de choque de sua filha o fez repensar o que tinha feito.

America levanta-se bruscamente, os olhos estão arregalados e a boca abre e fecha sem parar.

–Você não fez isso! -Ela falou baixinho, deixando toda sua raiva condensada.

O senhor Singer levantou-se também, mas se mantém afastado da filha. Suas mãos gesticulam muito enquanto pronuncia sua explicação.

–Querida, não será agora! Apenas quando completar seus 21 anos de idade. E precisará ficar casada com ele no máximo até 3 anos após o casamento! -Murmurou ao abrir um sorriso esperançoso.

–Isso é coisa do século passado! -Grunhiu, irritada.

–Sei que você está com a cabeça cheia, mas pense com clareza. O Lorde precisa que o filho se case com alguém de renome, para alavancar a carreira pública de ambos. Acham que isso é uma boa estratégia política...fiz o possível para você sair em vantagem, America...ele não poderá enconstar um dedo sequer em você, mesmo depois do casamento, se você não quiser!

–E quanto a seu filho? -Indaga com os braços cruzados, bufando.

–Ele apenas exige que você se mantenha pura e casta neste período, que seja fiel.

America soltou uma risada de escárnio, os olhos cravam-se no pai como uma faca de lâmida afiada.

–E o que você ganha em troca da venda de sua filha?

Ele pisca várias vezes até que suas palavras afundaram dentro de si.

–Não vendi você, filha...eu...

America pisa forte pelo o quarto, indo em direção à porta. Ao abrir, ela fala:

–Saía daqui!

Seu pai hesita por alguns instantes até que se dirige até a saída, mas antes de partir ele encosta sua mão em seu ombro tenso.

–Ganho um cargo de confiança no governo, a permanência do nosso título de nobreza, a nossa casa, nossa comida. Tudo. Pense na sua irmã.

America balança a cabeça veementemente mas não responde. Ele dá as costas para ela, e então volta novamente.

–Sua mãe e eu tivemos um casamento arranjado. Isso não é tão incumum quanto você pensa, não quando se está nas primeiras condições das hierarquias como nós. E eu a amei muito, como nunca havia amado alguém na vida.

E partiu.

America fechou a porta com força e deitando-se no chão, começando a desabar de vez.


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Notas finais do capítulo

Os próximos vão ficar melhores.