-Nós temos que batizá-la. -disse Mel, animada.

Olhei pra ela com os olhos arregalados.

-Me batizar? Como? -perguntei

-Bom, é um ritual que fazemos com todos que passam a participar de nossos jogos. Primeiro você tem que tomar 2 copinhos de tequila, pura. -falou Sammy

Engoli em seco e fiz o sinal pra ela continuar.

-Depois nós faremos outra coisa com você. -disse Mel

-E antes de tudo, você tem que fazer o juramento sagrado. -disse Dan

-Hum? -perguntei

-Você já irá ver. -falou Dan, antes de se virar pro pessoal. -Vamos começar. Meninos peguem a tequila na adega. Meninas, separem a roupa pra "depois" -falou

Enquanto os meninos saíram do quarto, as garotas correram até o closet do Dan, que por sinal era enorme. Voltaram com uma caixa e colocaram em cima da cama.

-Vocês já estão prontas? -perguntou Dan

Sammy e Mel assentiram.

-Os meninos também. -disse Mel

-Ótimo. Assim não perdemos tempo. -disse Dan -Levem-na pra se trocar. -falou, indo até seu closet.

Sammy pegou em minha mão e me puxou para o banheiro. Mel veio atrás com a caixa.

-Tome, coloque essa roupa e deixa a que estava vestida ali naquele armário. -falou Mel, antes de sair do banheiro.

Peguei a caixa, receosa, e a abri. Arregalei meus olhos ao ver o biquini minúsculo que tinha ali. Sammy, que ainda estava no banheiro, riu da minha cara.

-Não precisa ficar assustada, o biquini não morde. -falou, rindo

-Não vou colocar isso. De jeito nenhum. -falei

-Ah Bells, você vai sim. Todo mundo vai ficar com roupa de banho, não será só você. E o biquini nem é tão pequeno assim. -falou

-Imagina. Hu. Se isso não é pequeno, imagina se fosse. -falei, olhando para a peça de roupa em minha frente.

-Não adianta reclamar, você vai ter que usar. Sério, se você não colocá-lo, Dan vai pegar uma peça menor do que essa. Aí sim você terá que se preocupar. -falou

Arregalei meus olhos.

-Ele não teria coragem de fazer isso. -falei

-Espera pra ver. -falou, rindo

Peguei a peça e corri para o box. Mudei de roupa rapidamente e coloquei um vestido de crouché por cima. Até que o biquini não ficou tão ruim assim. Dei de ombros e voltei para o quarto. Corei intensamente quando todos os olhares foram em minha direção, inclusive dos meninos.

Percebi Guto olhando cada parte do meu corpo detalhadamente e, por incrível que pareça, isso me deixou excitada. Balancei minha cabeça pra tirar esses pensamentos maldosos e me virei pra Dan.

-Então, o que faremos agora? -perguntei

Ele deu um sorriso malicioso e se aproximou de mim com uma venda preta na mão.

-Nós vamos para outro cômodo da casa, mas antes preciso que você coloque isso. -falou, balançando a venda.

Me virei de costas para que ele pudesse colocá-la. Depois ele pegou minha mão e me guiou até onde estávamos indo. Meu coração batia rápido em meu peito. Descemos pela escada e entramos no que parecia ser um corredor. Logo ouvi um som de uma porta sendo destrancada e fui puxada para uma sala, onde senti um cheiro intenso de incenso de camomila e o frio do ar-condicionado.


Dan me colocou em uma cadeira e tirou minha venda. Olhei o redor e fiquei fascinada,e um pouco assustada, com a decoração. A sala estava parcialmente escura, sendo iluminada apenas por quatro velas que estavam penduradas nas quatro paredes do cômodo. Próximo das velas estavam quatro incensos, o que dava o intenso aroma e a densa fumaça na sala, deixando-a com um aspecto macabro. Quando olhei pra frente tomei um susto, ao dar de cara 7 vultos vestidos com um roupão que os cobria da cabeça aos pés e um capuz escondendo parte de seus rostos.


Engoli em seco, assustada com o que estava por vir. Um dos vultos de aproximou com um livro de cada de veludo preto em suas mãos, enquanto os outros 6 se arrumavam ao nosso redor.


-Levante sua mão esquerda pra cima, com a palma pra fora, e coloque sua mão esquerda sobre o Livro Sagrado. -disse o vulto que reconheci sendo Dan.


Arqueei minhas sombrancelhas, confusa, mas atendi o seu pedido.

-Agora repita comigo: "Juro solenemente..."

-Juro solenemente...

-"...com toda a honra e com toda a consciência..."

-...com toda a honra e com toda a consciência...

-"...que direi a verdade, toda a verdade e nada mais do que a verdade!"

-...que direi a verdade, toda a verdade e nada mais do que a verdade!

Dan assentiu com a cabeça e foi até uma mesa que estava presa a parede em minha frente, onde colocou o livro e pegou um bastão cravejado de pequenas pedras nas cores preto e lilás, antes de voltar para o círculo e parar em minha frente.

Como se fosse premeditado e ensaiado, todos se sentaram no chão ao mesmo tempo, fazendo um meio-círculo, deixando todos em meu campo de visão.

Fiquei mais assustada com o silêncio que se seguiu, e o fato de não poder vê-los direito não ajudou em nada, já que o capuz tapava metade de seus rostos, deixando visível apenas do nariz pra baixo.

-Agora começa a Sessão da Verdade, onde só poderá fazer a pergunta aquele que tiver posse do Bastão da Verdade. Aquele que falar antes do tempo e desrespeitar a  ordem da sessão, sofrerá o castigo escolhido pela Corte. -disse Guto, com um tom autoritário, me deixando mais nervosa ainda.

-O Siri, aquele que está sendo batizado, só deverá falar quando for permitido. Caso  contrário, o ritual será cancelado. -disse Lucas

Dan tirou uma ampulheta de dentro do roupão e colocou em sua frente com uma mão, enquanto levantava o bastão com a outra.

-A Sessão começa agora!