Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 16
Capitulo 16


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas. Mais um capitulo. espero que gostem.



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Pov – Daryl

─Quero ficar aqui. – Ela me diz de modo atrapalhado. Me deixa sem direção.

Reprimi esse desejo por ela anos, fingi que não sentia. Não pude mais evitar. Não é apenas Brooklyn e tudo que queria era provar isso a ela. Só pensei em acabar com a tortura. Fui longe demais. Assustei Hannah. Mesmo assim ela quer ficar aqui? O que isso significa?

─Sentiu medo. Não foi? – Pergunto ainda atordoado e desejando apenas traze-la de volta para meus braços e beija-la mais uma vez. Nunca fiz nada nem parecido. Me senti completamente enredado. Perdido.

─Senti. – Ela confessa. Hannah parece ser o tipo de pessoa que não mente. – Não de você. Senti medo de ser como antes. Eu não fui violentada. – A voz sai completamente forçada. – Eu sucumbi. Não gritei, me debati, lutei. Eu sei que foi errado. Que talvez eu não tenha mais o mesmo valor que...

─Para! – Não gosto nem de ouvir o que ela tenta dizer. – Foi violência do mesmo jeito, e não podia evitar. Eu sim, fomos brinquedos nas mãos dos nossos irmãos, você era jovem demais, mas eu não, eu podia ter parado aquilo, ter feito diferente e evitado tudo que teve que fazer por que estava sozinha.

─Isso nunca vamos saber. – Ela contesta.

─É melhor entrar Hannah. Eu fui bruto.

─Não vou ter medo de novo. – Hannah tenta parecer determinada. Não consegue. Seu corpo reage em movimentos claros de insegurança. Não sou o que ela precisa. Nem nunca vou poder ser, eu não conheço gentileza e não posso dar o que nunca tive. – Não é isso. – Ela parece mais abatida com o que quer que esteja pensando. – Você não gostou. Eu não tenho muito jeito, se arrependeu. Estou me sentindo uma completa tola. Vou entrar.

Ela está indo embora. A culpa é minha. Quero que vá, ao mesmo tempo não consigo me desligar.

─Só sei ser bruto. ─Ela para. Agora ficamos de costas um para o outro, ela a alguns passos da porta. Sinto medo dela entrar e me deixar para sempre. ─ Não sei como te tratar. ─Me viro para poder olhar para ela. Hannah está ainda ali. Os olhos perdidos. ─ Eu só sei ser assim.

─Eu te ajudo. – Ela caminha de volta. Para na minha frente. – Pode ser do seu jeito, eu gostei do beijo, eu... – Ela fica insegura sobre continuar. Já eu pareço estar num outro mundo, nesse as pessoas não me dizem essas coisas. – Eu estou gostando de você Daryl.

Parece uma colegial falando, tudo que já viveu e ainda tão inocente. Como posso corresponder sem ferir Hannah com a minha aspereza? Como posso me afastar se só quero colar seu corpo ao meu mais uma vez.

─Não gosta de mim assim. Desculpe. Eu vou ficar longe. – Ela não entende nada. Não vê o meu sofrimento? Não se dá conta de como deseja-la me consome?

Antes que possa dar mais um passo para longe de mim eu a tomo de volta. É tão delicada que um braço meu envolve toda sua cintura quando a trago para junto de mim colando nossos corpos. Não sei falar, então mostro. Capturo seus lábios mais uma vez.

Voltamos ao mesmo lugar. A mão livre mergulha em seus cabelos, saboreio sua boca mostrando que é tudo que quero. Deixo seus cabelos e percorro seu corpo. Meu corpo pressiona o dela, tenta um encaixe, as roupas castigam o desejo de sentir sua pele, aperto sua coxa me encaixando mais a ela.

Hannah suspira por entre o beijo. Tudo em mim pulsa. Meus lábios descem mais uma vez pela pele do pescoço, colo, ombros, seguem de volta numa tortura sem fim, ela quer o mesmo, demonstra no modo como se segura a mim, como se deixa tocar, a respiração tensa e inconstante.

As bocas se encontram mais uma vez num novo e alucinante beijo. É tudo intenso demais e mal consigo controlar meus ímpetos. Paro de beija-la, preciso me controlar. Todos os meus instintos estão entregues a ela e corremos perigo.

Olhos e audição são o que me mantem vivo, agora só ouço e vejo Hannah. Nossos rostos estão próximos, respiramos rápido. Colados um no outro, os olhos presos um no outro.

─Hannah. – Digo seu nome num sussurro. Luto para controlar meu desejo, sem nem ao menos conseguir me afastar dela.

As mãos antes mergulhadas em meus cabelos tocam meu rosto, delicadas, sentir seus dedos em minha pele parece quebrar algo dentro de mim. Ela disse que gosta de mim. Falou em sentimentos, sentimentos por mim.

─Aceito do seu jeito.

─Por que? – Pergunto tentando domar o desejo de me abandonar por completo ao momento.

─Não desisto das pessoas que me importo. Não desisti da Charlotte, não desisti da Brook, não vou desistir de você.

─Eu... – Não sai nada. Eu nem consigo pensar direito.

─Você não precisa se preocupar. Vou ser paciente, não vou mudar, não vou te constranger na frente das pessoas, eu espero.

─Disse que gosta de mim. –Acho que quero ouvir de novo.

─Eu gosto. – Afirmo. Ela tem lindos olhos, eles me enxergam como ninguém nunca enxergou.

─Tem que entrar agora. Não é seguro. – Ela concorda. Nos beijamos mais uma vez. De novo com tudo que tenho, me colando a ela, abstraindo todo o resto. Impetuoso.

Junto toda força interior que possuo para solta-la. Sinto quase dor quando num impulso me imponho distância.

─Vou entrar. – Ela avisa tão atordoada quanto eu. Com passos incertos ela passa por mim e fecho a mão com medo de toma-la para mim mais uma vez. Escuto o ranger baixo da porta abrir e depois fechar.

Me sento na varanda. A mente confusa com o que acaba de acontecer. Hannah é tão bonita e delicada.

Não sei bem como vai ser olhar para ela a luz do dia e na frente de todos. Só sei que eu vivi uma droga de uma vida miserável e se o mundo me acena com uma chance, uma chance que seja de tentar eu preciso me agarrar a isso.

Sinto como se a mão dela ainda estivesse me tocando o rosto. Foi diferente do beijo, foi outra coisa. Talvez eu possa vencer o passado.

Ela disse que gosta de mim e se eu cuidar para não estragar tudo ela pode mesmo me ensinar a faze-la feliz ou mais perto disso que se chega nesse mundo morto.

Passo a mão pelo rosto tentando mais uma vez me concentrar em proteção. A única razão por que estou aqui fora no meio da noite enquanto todo mundo dorme.

Escuto um gruído ao longe. Encobertos pela escuridão eles não podem nos achar. É só o eterno caminhar dos mortos.

Olho para a mata. É só breu, nada diferente de toda a minha vida. A diferença é que foi essa escuridão que me trouxe Hannah. O mundo dos mortos me trouxe a luz quando as colocou no meu caminho. Não posso mais fechar os olhos para essa chance.

Fico de pé. Dou uma volta pela varanda que circunda a casa. Tudo bem e tranquilo. A alvorada se aproximando. Me ponho sentado nos degraus, agora mais atento. O canto dos pássaros encobre um pouco o som da mata.

A porta se abre. Range e me lembra Hannah chegando para ficar perto de mim. Me movo para ver quem é. Rick se senta ao meu lado.

─Carol vai ficar com um dos rádios e eu vou levar o outro, ficamos em contato. Michonne vai comigo.

─Certo. Sabe que eu iria...

─Daryl não tem que explicar. É o certo. Hannah e a pequena ainda não confiam em ninguém, elas precisam que esteja perto. Até para a segurança de todo mundo. Vai que num momento de pânico elas fazem uma bobagem?

─Isso vai mudar com o tempo.

─Sei que sim. Se tiverem que deixar o abrigo, sigam em direção a Richmond e nos encontramos no caminho. Meus filhos...

─Ficam comigo.

─É como estarem comigo. – Ele diz sério. – Fica de olho em tudo. Gabriel me preocupa. Carol também. E o Carl adora aprontar algo estúpido nesses momentos.

─Eu sei. Não tem nada em Richmond. Você sabe.

─Não tem, eu já pensei nisso. Quem sabe ainda tem ao menos os muros?

─Podemos tentar.

─Conseguimos uma vez e nem sabíamos direito o que estávamos fazendo, éramos praticamente só nós dois. Lori gravida. Carol nem sabia segurar uma arma direito. Os Greene dependentes. Glenn e Maggie, eu e você. T-dog sempre dividido.

─Agora todo mundo está pronto. Vai levar a Beth?

─Vou. Ela ficou durona. – Rick sorri. – Quer ver a família do Noah.

─Prepara ela para o que vai encontrar. Ela tem esperança demais as vezes.

─Ou nós de menos. Nunca se sabe.

A porta se abre de novo e o resto do grupo que vai partir se aproxima. Assisto o abraço de Maggie e Beth. Depois deixo que o grupo vá embora. Sobramos eu e Carol na varanda.

─Não perde o foco na sobrevivência. – Carol me diz como um conselho. – Você não aceita bem as perdas. No fim é só mesmo sobreviver. Sobre tudo e todos.

─A gente falou sobre isso Carol. Eu sei que não acredita mais em salvar as pessoas, que está na fase da seleção natural onde apenas os mais fortes sobrevivem, eu ainda acho que podemos dar um jeito em tudo isso. Só por sobreviver eu não consigo.

─Eu sei. Precisa sentir que está cuidando de alguém. Encontrou alguém para cuidar.

─Encontrei. Não vou desistir. As vezes, tente pensar nisso, os mais adaptáveis sobrevivem, nem sempre o mais forte, apenas os que se encaixam em todas as situações.

─Está colocando toda sua energia em uma única coisa. Se perder não vai suportar. Sei como ela é porque já fui a Hannah.

─Não. Hannah não se parece com aquela Carol. Ela se adapta por que é forte, não por que é fraca. Talvez ela seja mais forte que todos nós.

─O passado em comum nos uniu. O presente nos mantém, o futuro talvez nos afaste. Não vou mais me arriscar por ninguém.

─Você quer acreditar nisso. Sabe que não é verdade. Fez isso ao meu lado pela Beth. Ainda está aqui.

─É como eu disse, vou adiar ao máximo minha chegada ao inferno. – Fico de pé. Carol está muito ferida. Carrega mais culpa do que pode suportar. Não quero saber por onde andou e o que fez, não quero apagar as boas memórias e apenas prefiro fingir que nada aconteceu.

─Qualquer coisa me chama. – Volto para dentro da casa. Brooklyn me vê e corre para mim. Me abraça toda carinhosa.

─Ficou muito, muito tempo lá fora. Estava olhando se não vinha um monstro?

─Zumbi Brooklyn, e não precisa falar assim tão baixinho.

─É que não pode falar alto se não eles acham a gente.

Ergo meus olhos e encontro o rosto de Hannah. Ela está corada. Tão bonita. Tenho vontade de beija-la. Posso fazer se quiser. Posso simplesmente caminhar até ela e beija-la como Glenn faz as vezes com Maggie.

Acontece que não sou ele e nunca vou ser. Me aproximo sem saber o que dizer. Acho que não precisamos falar disso. Principalmente por que eu sei que vai acontecer de novo.

Me sento a seu lado, Brooklyn se senta conosco. Afasta os cabelinhos do rosto pela terceira vez.

─Brook vem aqui prender esse cabelo direito. – Ela se senta em frente a tia. De costas para ela. – Daryl eu deixei isso para você. – Me entrega um pote com uns pedaços de carne. – Todo mundo comeu.

Depois começa a desfazer a trança na sobrinha. Fico mastigando enquanto assisto as pequenas caretas de Brooklyn com os puxões no cabelo. Ela finge fazer a boneca andar. Será que se lembra mesmo de mim? Gosto de pensar que sim.

─Ai tia Hannah. Você puxa.

─Tem que ficar bem preso Brook.

─Agora o caçador está aqui. Não precisa ter medo. Ele que mata os monstros.

É tanta responsabilidade. Me assusta ao mesmo tempo eu gosto disso. De ter alguém para mim. Uma primeira pessoa que vem acima de tudo e todos.

─Brook. – Hannah faz ela se virar. Obriga a pequena a olhar para ela. – Seu tio Daryl vai sempre cuidar de você, mas ainda tem que ficar prestando atenção em tudo, se esconder dos monstros se ficar sozinha. Correr quando mandar. Ficar perto sempre.

─É assim caçador?

─Exatamente assim. – Digo a ela.

─Até a gente achar uma casa?

─Isso.

─Aí você casa com a minha tia? – Hannah fica vermelha. Fecha os olhos um momento, acho um pouco de graça no plano de Brooklyn. – Minha tia falou que é feio eu ficar falando isso.

─Vamos deixar o seu tio dormir um pouco e vem comigo lá nos fundos naquele quarto de criança ver se encontramos algum livro ou brinquedo.

Ainda mudo desde o pedido de casamento, eu as vejo se afastar. Deito um pouco. Tem muita gente forte e posso fechar os olhos um momento.

Não demora para Hannah invadir minha mente com seus lábios macios e pele quente. Eu estou gostando de você. A frase fica dançando em minha cabeça me impedindo de pensar ou relaxar. Luto com isso por um tempo. Depois me ponho de pé e saio em busca das duas.

A porta do quarto infantil está aberta. Brooklyn balança os pezinhos sobre a cama enquanto pinta com lápis colorido. Ela só me sorri, depois volta a atenção para o que está fazendo.

Hannah está olhando pela janela. Me aproximo. Ela me olha um momento.

─Não conseguiu dormir?

─Um pouco. Tudo bem?

─Sim. – Ela ergue a mão e afasta meus cabelos. – Deixou a besta. – Toco o ombro em busca da arma. – Nunca se separa dela.

─Não esqueci. Só vim ver se precisavam de alguma coisa. Apenas deixei lá.

Hannah sorri. Sabe que estou mentindo. Se diverte com a ideia. Sem que espere ela da um passo e se encosta em meu peito. Ergo uma mão e toco suas costas, ela fica ali. Olhando pela janela, perto de mim como se fosse esse seu lugar.

Sinto seu calor se espalhar em mim. Meu coração bater. Ela dá um pequeno pulo e aponta a janela. Um zumbi saia da mata em direção a casa. Abraham e Rosita estão lá fora.

─Tem gente na varanda. Não se preocupa. – Logo Abe acerta o zumbi com um pedaço de madeira. Hannah me olha.

─Posso aprender a fazer isso.

─E vai aprender. Antes precisa ensinar Brooklyn a conviver com as pessoas. Temos que nos afastar dela para isso.

─Ela não se aproxima por que eu não me aproximo. Enchi ela de medo de tudo e todos. A culpa é minha.

─Era tempo de temer. Agora é tempo de confiar. – Eu digo a ela que afirma.

─São boas pessoas. Acho que o problema sou eu. Depois de tanto tempo eu não sei direito como faço para me aproximar deles.

─Não ter medo já é um começo. Aprendeu a confiar em mim. Pode confiar nos outros. Comece por Beth. – Ela volta seu olhar para a janela. – O que foi?

─Acho que eu tenho um pouco de medo de você gostar dela.

─Ela é como uma irmã. Não penso nela assim.

─Desculpe. – Ela tem olhos doces. Ergo a mão para tocar seu rosto. Desisto no meio do caminho. Parece meio tolice fazer isso. Hannah segura minha mão e leva até seu rosto. – Era isso que queria fazer? Eu teria gostado. – Sinto a pele macia, vejo quando fecha os olhos um segundo aproveitando o toque. Hannah solta minha mão que cai de volta ao longo do corpo.

─Tia Hannah tem água?

─Tem sim. Vou buscar. – Ela sorri se afastando completamente de mim.

─Vem ver meu desenho caçador. – Me sento a seu lado na cama. – Viu que bonito que tem sol e flor. Não tem monstro, só coisas bonitas.

─Muito bonito. Pode levar quando a gente for embora.

─Você chama Dixon? Que nem eu?

─Sim. Daryl Dixon.- Ela ri achando muito divertido.

─Eu não vou caçar monstro nada.

─Não Brook. Eu caço para você. – Ela balança a cabeça contente.

─Eu ouvi. Disse Brook. Não foi Brook? Ele disse Brook. – Hannah diz entrando com uma caneca com água que entrega a Brooklyn. Tem um sorriso solto no rosto. Nem sei se eu já a vi assim. Tão leve.

─Claro que não. Eu disse Brooklyn. Como é seu nome? – Pergunto a Brooklyn.

─Brooklyn Dixon.

─Viu. Esse é o nome dela. Não é Brook. Todo mundo devia chamar ela pelo nome. Não acha Brooklyn?

─A minha tia Hannah pode me chamar de Brook caçador. Por que ela é minha tia que eu amo muito.

─Achou que podia chegar tomando meu lugar caçador? – Hannah brinca. – Muita calma com isso.

─E você é meu tio. Agora todo mundo está aqui e pronto.

É isso. Agora estamos juntos, e se não posso mudar minhas falhas no passado posso ao menos tentar um futuro.


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Notas finais do capítulo

Comentem. Beijosssssssss