Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Muito trabalho!!! Por isso o pequeno sumiço.
Esse capitulo é especial para minha linda ALICE DIXON LUDWIG, sempre me recomendando. Sempre deixando um comentário. Desde o começo. Amo essa fidelidade de vocês, me faz sentir uma escritora hahahahaha Alice te adoro. OBRIGADA!!!!!



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Pov – Hannah

Não chegamos a ficar toda a noite ali, escutamos os gruídos e antes mesmo de termos certeza de quantos ou onde, Rick decide partir. É a primeira vez que caminho assim no meio da escuridão, numa estrada qualquer em pleno fim do mundo.

Carrego Brook no colo, está tão escuro que não consigo nem pensar em ficar longe, ela acaba adormecendo, se encosta em meu ombro e por mais que esteja começando a pesar eu não consigo pensar em acorda-la para que caminhe.

Só depois de umas duas horas de caminhada o alvorecer nos alcança e como é bonito. Por quase um minuto eu caminho acompanhando as mudanças de tons no céu. Da escuridão da noite profunda para o azul alaranjado do começo do dia. As estrelas começando a se apagar e penso que há muito não era capaz de enxergar beleza em nada além de Brook.

Mais uma hora de caminhada constante e é dia por completo. O calor ainda não é insuportável e Brook ainda ressona em meus braços.

─Me dá ela agora. Deve estar com dor nos braços. – Daryl não espera resposta. Pega Brook dos meus braços. Ela acorda com o movimento, levanta a cabeça para entender onde está. Vê Daryl e apenas se encosta em seu ombro.

─Ela ficava manhosa pela manhã. – Conto um tanto triste com a recordação. – Quando tínhamos tempo. Agora...

─Talvez Noah tivesse razão e sua cidade esteja de pé. Ficamos bem muito tempo. Pode acontecer de novo. – Eu acho que ele não acredita em uma palavra do que diz. Só quer mesmo me acalmar.

Meu estomago reclama, penso em Brook. Ela não come desde ontem. O bebê também não. Não sei o que vou dizer a Brook quando me pedir comida. Olho em volta, será que não tem frutas nessas florestas?

Somos seguidos a distância por dois zumbis, até eu começo a me acostumar com a ideia. Antes de estar com eles teria corrido alucinada, mesmo sabendo que nunca poderiam me alcançar.

Brook desperta e ergue a cabeça. Daryl a coloca no chão. Ele não é o tipo de dá abraços, afagos ou beijos, mas é gentil com ela, carinhoso no tom de voz, no olhar.

Fico pensando em tudo que já ouvi sobre ele. Quando criança parece ter enfrentado problemas, não me lembro bem, mas ouvi Merle e Charlotte falando sobre isso algumas vezes.

O Dixon pai era um velho assustador era o que se diziam. Odiava tudo e todos, incluindo os filhos. Merle caiu na estrada cedo e deixou o irmão pequeno nas mãos abusivas de um pai violento. Talvez por isso a vida dele tenha sido como era, não sei porque jamais pensei nisso.

Sinto vergonha agora. Podia ter sido mais compreensiva. Quem sabe teríamos nos ajudado? No fim nada deu certo e aqui estamos, juntos no fim do mundo. Com uma sobrinha em comum.

Um caminhão surge depois de uma curva. Parado e com as portas da cabine abertas. Diminuímos os passos. Daryl solta a mão de Brook e arma a besta. O grupo todo ergue suas armas.

Daryl faz sinal para eu parar quando nos aproximamos um pouco. Aceito a ordem, aperto um pouco a mão de Brook quando alguns deles se aproximam para verificar. Está ao que parece vazio. Rick se aproxima com a chave que tirou da ignição. Eles param diante do baú de metal, é assustador pensar o que pode estar trancado ali.

Glenn dá umas batidas no metal que faz um som alto que se espalha e me assusta um pouco, olho para trás, os zumbis agora chegando mais perto. Michonne segue até eles com sua Katana. É assim que sua espada se chama. Ouvi Carl comentar.

Num movimento preciso ela corta a primeira cabeça que rola em direção ao acostamento, o outro ela atravessa a cabeça com a espada e retira deixando o corpo cair. Elegante caminha até a cabeça no chão, enfia a espada e o som dos gemidos desaparece.

É hipnotizante ver sua força, queria ser capaz de algo assim. Quando me volto Brook está pálida. Eu a abraço em silencio. Não tem mais como poupa-la das coisas que a vida nos obriga a ver.

─Está tudo bem. – Digo acariciando seus cabelos.

─Se afastem. Eu vou abrir. ─Abraham comunica. Todo mundo se prepara. Eu e Carl atrás de todos com as duas crianças do grupo. A porta se abre e nada sai dali. Está vazio. Um alivio percorre todo meu corpo. Imaginei dezenas de zumbis saltando para fora, famintos e prontos a nos perseguir.

Rick entra o caminhão, volta com dois galões. Um parece cheio, outro pela metade.

─Combustível. – Ele sorri. Será que podemos seguir ali? Seria muito bom.

Eles testam o motor, funciona, depois enchem o tanque e então entramos todos no grande baú. Abraham vai dirigir. É bom me sentar e despreocupar ao menos um pouco. A porta se fecha e isso é um pouco claustrofóbico.

─Tia! – Brook geme assustada.

─Está tudo bem Brooklyn. – Daryl acende uma lanterna. Se senta ao meu lado. Com ela entre nós. O caminhão se põe em movimento.

─Quanto tempo até o combustível acabar? – Pergunto a ele.

─Algumas horas, talvez o dia todo. Vamos vencer uma ótima distância. Outros veículos vão aparecer. Quem sabe não chegamos a Richmond muito antes do previsto?

─E aí a gente vai morar lá? – Brook pergunta a Daryl.

─Pode ser.

─Eu, você e minha tia. Num castelo. Bem lindo. Sem nada de monstro. – Beijo o topo da cabeça de Brook com inveja de sua inocência sonhadora.

As pessoas aproveitam para dormir. Daryl inclusive. É bom, nem sei quando foi a última vez que ele dormiu. O balançar do caminhão acaba me deixando mole e decido descansar também. Fecho meus olhos e apago na mesma hora.

Um solavanco me desperta. Venho de uma inconsciência profunda e demoro um tempo para compreender o que se passa. Então me dou conta que o caminhão parou. A porta se abre e para minha surpresa é noite.

─Venham. – Abraham convida. – Acabou o combustível.

─Fica aqui um pouco. – Daryl me pede e mais uma vez obedeço. Queria não ser tão dependente. Aposto que ele não me mandaria ficar. Quem sabe até me admirasse?

Brook está dormindo ainda, penso se não é a falta de comida que a faz dormir tanto. Me encosto na lataria do caminhão. Escuto a voz de Daryl do lado de fora. Me lembro de ter chorado na frente dele, de me encostar em seu peito e me sentir amparada, protegida. Foi bom, mas foi mais que isso, sua mão em minhas costas, o coração dele batendo rápido, senti algo tão claro, que me deu muito medo.

─Hannah pode segurar a Judy um pouco? Quero ver o que se passa lá fora. – Beth me pede com toda sua delicadeza. Afirmo estendendo os braços e acolhendo o bebê. – Obrigada. Não demoro.

Judy é linda. Está quietinha e acho que assim como Brook a quietude é apenas fome. Beijo sua bochecha. Afasto os cabelinhos do rosto.

─Oi querida? Cansada? – Lyn está caída ao lado de Brook e eu ergo, balanço para Judy que fica a observar a boneca curiosa.

Não demora e Beth está de volta. Estica os braços e logo Judy se atira para ela. Beth pega a pequena, mas se senta ao meu lado.

─E então? – Pergunto curiosa sobre o que estão decidindo lá fora.

─Vamos passar a noite aqui no caminhão. Para as duas não ficarem ao relento. Estamos perto, então amanhã vamos achar algum lugar, uma casa por perto. Uma parte vai ficar e outra vai até Richmond ter certeza sobre ter ou não uma comunidade.

─É boa ideia. – Eu respondo e ela afirma.

─Daryl está muito feliz de ter encontrado vocês. É como ter Merle de volta, os dois eram muito ligados.

─Eu sei. – Respondo sem gostar muito do modo como ela fala dele. Como se o conhecesse melhor que eu, como se fosse mais próxima.

─Claro. Me esqueço. Se dava bem com o Merle? – Me lembro dele dizendo que o mundo iria me engolir com todo aquele nojo que minha presença despertava nele.

─Não. – Admito por que não tenho nenhuma razão para mentir. Beth sorri.

─Ninguém se dava bem com ele. Nem o Daryl.

─Jeito Merle de ser. – Tento brincar.

─No fim se redimiu. Foi bom para o Daryl, ele tinha um pouco de vergonha do irmão.

Não digo nada, não conheço essa parte da história. Acho que no fundo ela está certa. Olho para Brook adormecida. Acaricio seus cabelos.

─Quando vocês dois ficaram sozinhos. Como foi? – Sou curiosa sobre eles, ele é diferente com ela e com Carol, as outras mulheres não, mas as duas tem alguma ligação com ele que não entendo.

─Um inferno no começo. Daryl tinha perdido as esperanças, meio que descontava em mim sua frustação. Depois nos entendemos, ficou tudo bem, ele começou a acreditar que ao menos nós dois podíamos recomeçar. Daí nos separamos.

Os dois podiam recomeçar quer dizer o que? Eu penso, mas não pergunto. Não quero ir muito fundo com isso. Eu prefiro não saber, ao mesmo tempo tenho medo de ser pega de surpresa, presenciar quem sabe um beijo, uma declaração.

─São próximos, não é? – Comento.

─Sim. Família. Irmãos.

─Irmãos? – Pergunto sem resistir. Ela afirma me sorrindo agora de modo largo.

─Gosta dele? – A pergunta é bem direta e fico sem reação. – Desculpe, não é da minha conta. Se gostar saiba que não sou um problema.

─Pêssegos. – Maggie diz entrando no caminhão com uma camisa de homem cheia dos frutos. Salva pelo gongo. Nem mesmo eu sei entender completamente como me sinto. Quanto mais responder a esse questionamento. – Maduros, deliciosos.

Ela abre a camisa no assoalho. Brook se senta assonada. Vê as frutas e me olha.

─Pega Brooklyn. – Maggie diz sorrindo. – Que nome esse seu.

─Escolha da mãe dela. – Eu comunico e as irmãos sorriem. Comemos alguns pêssegos, a fome e a sede diminuem com eles. Dá para aguentar mais uma noite ao menos.

Judy adora a fruta. Se suja toda e fico olhando para ela encantada.

─Tadinha. Tão pequena e com fome.

─Não fosse o Daryl e a Maggie terem corrido em busca de comida para ela quando nasceu teria morrido. Felizmente eles deram sorte, acharam leite e ela sobreviveu. Estava no limite. Aprendemos a viver no limite. – Beth me diz e afirmo.

Depois dois grupos de vigia se forma, um para metade da noite e outro para a segunda metade até amanhecer. Eu não sou de nenhum dos dois e isso é bem difícil.

No fundo ainda morro de medo de ser cobrada pela proteção. Daryl fica no primeiro grupo e me deito com Brook. Ela se distrai brincando com a boneca, demora a pegar no sono por que passou boa parte dos últimos dois dias dormindo.

Quando adormece eu me dou o direito de fechar meus olhos. Não demora e uma pequena movimentação acontece. Rick e Michonne deixam o caminhão, Daryl e Glenn entram logo em seguida.

Sinto quando ele se aproxima de mim. Abro meus olhos e encontro os dele. Está de pé nos observando. Parece indeciso sobre o que fazer. Puxo Brook para mais perto de mim deixando espaço para ele. É meu jeito de convida-lo.

Ele se deita. Meu coração dispara. De novo ficamos nos olhando. Aperto a mão com medo de move-la para tocar seu rosto. Ele é bonito. Mesmo sem esconder as marcas do cansaço.

─Vai com eles para Richmond?

─Pensei que seria bom, para ajudar.

─Eu e Brook podemos ir com você?

─É mais seguro ficarem. – Fico muda. Ainda olho para ele, mas não gosto de ficarmos separados. Me dá medo. – Tem medo de ficar com eles?

─Tenho medo de algo acontecer e não estar aqui. De nos dividirmos e nunca mais... – Nem consigo terminar. Acho que eu não posso mais seguir em frente sem ele. Não sei mais como cuidar de Brook sozinha.

– Sou um rastreador, eu encontro vocês.

─Nos encontramos por acaso. – Eu o lembro.

─Não estava procurando por vocês. – Não, ele não estava, a honestidade me magoa um pouco. Me movo para ficar de costas, não quero que me veja chorando. A verdade é como um tapa no rosto. – Você deixou a cidade, foi embora com ela, achei que não queriam ser encontradas por mim.

Eu me mantenho calada, ele está certo, não posso contestar seu argumento e apenas fico de olhos fechados, de costas para ele. Esse encantamento que sinto quando ficamos tão perto não é boa ideia. Já basta tudo que estou enfrentando, não preciso de um amor não correspondido para completar minha dor. Muito menos quando as pessoas mudaram tanto, ninguém mais é o mesmo. Todo mundo sempre acaba capaz de uma maldade.

─ Vou ficar com você... vocês. – Ele corrige apressado. Deve ter medo de eu confundir as coisas. ─ Rick pode formar um grupo forte para ir. Hannah. Me ouviu?

Eu me volto para ele mais uma vez, estamos sussurrando, está escuro e silencioso, mal posso ver seu rosto, então acho que ele não pode notar minhas lagrimas.

─Obrigada. – Queria dizer que ele deve fazer o que achar melhor, que não precisa ficar só para atender um pedido meu, mas não consigo. Eu realmente não sei como seguir em frente sem ele. Isso é por Brook, mas também por mim.

Ainda que ache que ele não me vê como mais do que alguém com quem divide as responsabilidades por Brook. Quando vejo a força e a coragem das mulheres que o cercam eu tenho ainda mais certeza que não sirvo para ele. Que Daryl não me vê assim.

─Está chorando? – Ele pergunta. Está tão pertinho que agradeço Brook entre nós ou eu já teria me abraçado a ele. Nego em resposta. Ele sabe que sim.

─Te dou trabalho. Preferia que eu não estivesse aqui?

─Que ideia. Claro que não. Brook precisa de você. Tenta dormir. Está tudo bem. Vou ficar.

─Sinto muito te prender tanto assim. – Agora ele fica apenas calado. Quando sinto que não vai responder eu apenas fecho os olhos.

Logo é dia, nem parece que dormi. Depois de mais alguns pêssegos retomamos a caminhada e uma hora depois uma casa surge em uma pequena estrada de terra. Tem um carro na frente. Lenha cortada e organizada na varanda. Está completamente fechada e de novo eles repetem o mesmo padrão, dois dão a volta. Rick e Daryl seguem para a porta. Glenn investiga as janelas. Nada.

Eles entram. Daryl sempre na frente. Meu coração se aperta de medo de algo acontecer a ele. Depois de uns minutos os dois saem trazendo um corpo de zumbi.

─Tem mais um lá dentro. – Tyreese e Sasha entram juntos para busca-lo.

Só então podemos entrar. Abraham e Carol ficam investigando a situação do carro. Rosita fica com eles.

Eugene se atira no sofá, parece um garoto grande, é só um nerd assustado e sem direção, tem tanto medo de viver quanto de morrer e sinto pena. Quase sempre eu me sinto tão inútil quanto ele, nossa diferença está no fato de que algo me prende a ponto de não poder arriscar. Brook é meu único medo. Minha sobrinha que amo como só uma mãe poderia amar é o limite entre arriscar e me submeter. Ele é apenas covarde, como o Padre que esconde a covardia sob o manto da religião, mas no fim é incapaz de fazer algo por alguém.

Todos os outros são fortes, corajosos, mesmo Carl que ainda pode ser olhado como apenas um menino. Todo mundo parece capaz de sobreviver mesmo sozinho. Até Beth com aqueles olhos doces e rosto de anjo tem dentro dela a força para sobreviver a todo custo.

─Fica dentro da casa. Vou aproveitar a luz do dia para caçar. – Daryl diz tocando meu braço. Meu coração dispara e minha boca seca. Me sinto tolamente especial. – Uma parte do grupo vai sair em busca de água, combustível, mas alguns vão ficar. Então fica aqui dentro e se lembre, sou um rastreador. Eu te encontro.

Balanço a cabeça em confirmação. Tento ajudar a deixar o lugar habitável, encontramos roupas infantis. Brook fica feliz por poder se trocar. Carol e Tyreese chegam com água.

Depois deles é a vez de Rick chegar com combustível para a viagem, o carro parece funcionar. Está quase anoitecendo quando Daryl finalmente volta. Ele carrega alguns esquilos. Um outro animal pequeno que nem sei distinguir e não tenho vontade de entender.

Brook corre para ele. Sinto pena de como ele se sente confuso com a demonstração de afeto. Daryl não é de dar carinho, mas o fato é que todas essas pessoas que parecem realmente amar e admirar o homem que ele é, também não dão nenhuma demonstração disso. Parecem apenas se conformar que ele é distante.

Ele pode aprender, pode se acostumar. Eu podia... Balanço a cabeça afastando os pensamentos românticos. Não é tempo para isso. Mais uma vez o grupo todo se junta na sala para dormir depois de comer.

─Nem falou que eu estou bem bonita de roupa nova. – Brook diz a ele quando o puxa pela mão para se deitar conosco. Dessa vez fui eu quem fiz a cama e sem convite eu arrumei para os três.

Nitidamente envergonhado ele se deita com Brook. Eu me junto a eles.

─Está bonita Brooklyn. – Ele diz a ela.

─Essa é de menina. Minha tia fala que todo mundo é igual, mas menino não coloca roupa rosa. Por que caçador? – Daryl enruga a testa, e lá vai Brook e suas questões existenciais, quero ver como ele se sai com essa. – Você sabe por que menino não usa rosa?

─Por que são uns bobos eu acho. – Ele responde dando de ombros. – Melhor dormir.

─Ainda tem meninos? – Brook volta a perguntar. – Nunca mais eu vi as pessoas, onde que elas estão?

A leveza do momento se esvai com a pergunta. Eu e Daryl nos olhamos. Qual a medida da honestidade? Ela é ainda uma criança. O que pode entender do mundo que a cerca?

─As pessoas estão se escondendo. Quando tudo melhorar elas voltam. – Eu digo com medo dele ser mais honesto que isso e assusta-la.

─A gente vai andar tudo de novo amanhã?

─Não Brooklyn, amanhã vai ficar aqui dentro, descansando apenas. – Ela sorri para ele. Ergue a mão e faz um carinho em seu rosto. Dá para sentir sua surpresa com o toque. Como aquilo o assusta e confunde. O homem mais forte que conheço não sabe lidar com um afago de criança.

─Boa noite caçador. Fica aqui pertinho. – Brook pede antes de fechar os olhos. Ele nem tem forças para responder. Só mantem os olhos no rostinho dela até que a mãozinha perde a força e escorrega de seu rosto quando ela adormece.

─Vou dar uma olhada se está seguro lá fora. – Ele sussurra antes de sair e deixar a casa. Tara e Sasha entram. Ele deve ter mandado as duas de volta para dentro. Brook dorme profundamente abraçada a boneca. Sem resistir a oportunidade de ficar com ele eu me levanto e vou a seu encontro.

Daryl está de pé na varanda, a besta nas costas e um olhar perdido para a escuridão. Paro a seu lado. Acho que ele vai mais uma vez me mandar embora. Ficamos os dois em silencio.

─A vida toda eu achei que não servia para nada. Seguia o Merle feito um idiota. Odiava as pessoas e o modo como me olhavam. Como se eu fosse lixo. Odiava elas por que era assim que me sentia. Depois do apocalipse eu achei um lugar. Pessoas que precisam de mim. Gosto de cuidar de vocês duas. Esses estranhos viraram minha família, mas quando é noite e todo mundo se deita para dormir os pequenos grupos se dividem e até chegarem eu ficava sozinho nessas horas.

─Brook só confia em você. Eu também. – Ainda bem que não estamos nos olhando. Estou vermelha de vergonha de ter vindo atrás dele.

─A ideia de que são indefesas e precisam de mim me faz bem. Faz com que me sinta importante. Não me atrapalha, não me prende. Estou onde sempre quis estar. Mesmo antes do fim.

─Perto da Brook? – O que espero ouvir com essa pergunta? Quando vou parar de ser idiota? ─ Desculpe. Pergunta tola. Claro que perto da Brook. Eu vou entrar. – Me sentindo absolutamente mortificada eu tento passar por ele. Daryl me impede.

Seu braço me envolve pela cintura. Quando ergo meu olhar para entender o que ele pretende seus lábios investem sobre os meus. Num movimento ele cola seu corpo ao meu enquanto me encosta na pilastra da varanda.

É um beijo voraz, me domina física e emocionalmente, suas mãos apertam meus quadris me imobilizando, não seria necessário, não tenho planos de fugir.

Me torno gananciosa, quero pertencer a ele mesmo assustada com a força daquele momento. O modo como ele invade minha boca, explora e domina. Não tem nenhuma sutileza. Mesmo assim eu quero. Mesmo não sendo um doce momento de amor. Eu quero, é ele, Daryl e quando sinto todo ele colado a mim me dou conta que sempre quis isso.

Minhas mãos sobem de encontro a seus ombros, descansam sobre eles e dão consentimento para ele mover seu corpo ainda mais de encontro ao meu. Devorar minha boca, mal consigo respirar.

Daryl não conhece delicadeza. Não sabe se expressar de outro modo e nesse momento eu não me importo. Deixo um gemido de prazer escapar por meus lábios, é novo, nunca senti nada parecido.

Sua respiração está alterada tanto quanto a minha. Quero perpetuar esse momento. Quero mergulhar fundo sem submergir. Sua boca se solta da minha para descer por meu pescoço, as mãos que apertavam meus quadris se separam e uma envolve minhas costas enquanto a outra mergulha em meus cabelos.

Meus dedos cravam em seus ombros quando com um leve puxão de cabelo ele me faz erguer mais a cabeça e seus lábios encontram meu colo.

A mão que me mantinha em seus braços entra por dentro da blusa e toca minha pele. Me faz queimar e ao mesmo tempo temer. Nunca foi bom, sempre foi força e submissão. Não sei se vai acabar do mesmo jeito e estremeço com a ideia.

Ele se afasta de mim. No mesmo instante, o peito subindo e descendo com a dificuldade de respirar e quero ver seus olhos, quero ver se tem medo, se me deseja. Quero desesperadamente voltar para seus braços.

─Assustei você. – Ele diz com uma voz completamente diferente, ainda mais roca e hermética. Nego apressada. – Sinto muito. Perdi a cabeça.

E eu a fala, quero dizer algo, não sei como pedir que continue, dizer que me fez feliz.

─É melhor você entrar. – Ele me pede. Não me movo. Eu não preciso fazer sempre o que ele quer. O que sinto por ele é intrínseco. Então eu posso tentar lutar.

─Quero ficar aqui. – Aviso a ele. Mesmo na escuridão eu sinto sua surpresa. Daryl não sabe como reagir a esse momento. Bom ele não é o único, não tenho a menor ideia de como enfrentar meus sentimentos.


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Notas finais do capítulo

Quinze capitulos para rolar um beijo? O que é isso dona Mônica? hahahahahahahaha
Pronto, agora chega, vai ter muito romance que é disso que eu gosto, e um pouco de ação. Afinal os mortos caminham e comem carne humana.
BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS