Herdeiro Imperfeito escrita por My Dark Side


Capítulo 5
Insônia


Notas iniciais do capítulo

Hey!! Demorei mas vim antes que o ano acabasse!
E isso é um Presente de fim de ano, já que eu não consegui fazer um presente de Natal.
Agora o baixinho do capítulo anterior tem nome e nós tivemos um pequeno salto no tempo porque eu gosto de deixar vocês curiosos sobre os encontros.
Malvada? Talvez um pouco, mas eu ainda não estou preparada para escrever um. Por que? Hum... Boa pergunta.

Feliz Natal (atrasado) e que tenham um maravilhoso Ano Novo!

Vejo vocês lá embaixo.



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Passei a mão na calça para tirar um pouco do suor excessivo por causa do nervosismo, devia ser a vigésima vez que o fazia. O Jornal Oficial começaria em alguns minutos e eu já não conseguia focar em nada.

Graças ao bom tempo, os selecionados não falariam nada hoje, afinal o príncipe seria entrevistado, assim como o rei. O baile em comemoração ao seu aniversário estava próximo, o que fazia toda a atenção se concentrar nos preparativos.

— E aí, lindeza? Sabia que você tem que relaxar? — ele sussurrou colocando a mão nos meus ombros e massageando, me fazendo reclamar de dor. — Está tenso demais.

— Pare. — ainda não conseguir descobrir o nome dele, mesmo procurando e tentando conseguir dicas aca e acolá, não obtive sucesso.

— Por que? Olhe em volta, ninguém está prestando atenção em nós, estamos no canto mais afastado do palco, não é motivo para deixar seus desejos arderem?

Soltei um xingamento, ele riu com graça. E se afastou, virei para encará-lo e repreendê-lo direito, porém ele tinha pego um livro de bolso e colocado em cima dos olhos.

— Idiota, vai ser expulso desse jeito.

— Você se preocupa? — ele levantou o livro deixando os olhos escuros faiscantes a mostra.

— Não me importo, só espero que não fique choramingando depois. — levantei o queixo de desviei os olhos.

— Oh, lindeza... Não fique assim, quando eu sair você vai comigo.

— Eu não sou sua lindeza!

— Não coloque palavras na minha boca, Kyan.

Eu preciso descobrir o nome dele, urgentemente.

— Cinco, quatro, três, dois, um, gravando!

— Boa noite, Illéa. Gostaria de começar dando os avisos... — Hayden Starkite começou a falar e se movimentar pelo palco, causando risadas nos bastidores com seu jeito extrovertido.

Ele havia sido designado há poucas semanas para este cargo, o que foi uma surpresa, visto que ele tem aproximadamente a nossa idade, no começo de seus vinte anos. Acho que por volta de vinte e quatro.

Anúncios sobre modificação de orçamentos, criação de projetos, detalhes sobre o baile real, detalhes e mais detalhes, eu estava desesperado. Agora a realidade decidiu bater à porta, o escolhido pelo príncipe também vai ter que saber tudo isso, e auxiliar nisso.

O fim do Jornal Oficial foi uma bênção, sério. Sabia que nós teríamos que jantar e depois ser liberados para voltar aos nossos quartos. Já estava sem fome por causa do nervosismo, mas então eu vi o que estava sendo servido.

Peixe, mais especificamente salmão, isso me fez lamber os lábios, eu tive que esconder com a mão. Eu estava quase babando só com a visão, parecia tão delicioso. Talvez se eu colocasse um pedaço na minha boca ele iria se desfazer e me levaria ao paraíso.

— Eu vou me casar com o cozinheiro! — afirmei me jogando na cama.

— Isso não seria um pouco exagerado de sua parte? — Jean perguntou dobrando o blazer e apoiando no braço. — sentei para poder fita-lo.

— Como um sábio disse alguma vez: a beleza acaba, os dotes culinários permanecem. — eles riram. — Falando nisso... Jean, sabia que tem um dos selecionados que é seu xará?

— Já cruzei com ele algumas vezes. — ele fez uma careta. — Homem estranho.

— Por que?

— Ele é bruto e tem uma inteligência abaixo da média. Confesso que o chamaria de idiota. — Ginevra estava sentada no chão jogando cartas com Olivia. — Faz uma distinção clara e preconceituosa na relação criados e senhores. Antiquado.

Sua voz estava carregada de desgosto, recordando a atitude dele durante a aula de dança.

— Gin, o que você faria se ele fosse o seu selecionado? — cruzei os braços curioso pela resposta.

— Não tenho que me preocupar com isso, pois ele não é. — sorriu. — Se fosse eu pediria para voltar. Trabalhar na cozinha é muito melhor do que ter de aturá-lo.

Interessante. O relógio já marcava dez horas da noite. Estava ficando tarde, mas eu ainda estava completamente acordado.

— Vocês estão dispensados, amanhã eu acho que o dia vai ser cheio, certo?

— Sim, vocês vão ter outra entrevista com o príncipe. — Olivia se levantou e bateu na saia para tirar a poeira, enquanto Jean abria a porta. — Por que o espanto? — ele questionou.

— Outra entrevista? — arregalei os olhos. — Como assim?

— Tem vinte e oito de vocês. Seis foram eliminados no primeiro dia, um durante a semana. Acho que ele quer fazer mais uma limpeza até segunda, mas não tenho certeza.

— Limpeza é um jeito bem grosseiro de se referir a eliminação. — Olivia falou passando pela porta. — Tenha uma boa noite, senhor Wain.

— Se você diz. — ele revirou os olhos e se dirigiu para a porta. — Boa noite. — se despediu.

Mais essa. Agora tenho mais uma preocupação, será que algum dos outros selecionados sabem? O que será que pode acontecer... Esta é uma ótima pergunta, não é?

Começo a questionar o motivo de tudo isso acontecer, afinal, ele tem que se apaixonar, como alguém se apaixona por entrevistas? O Gael é mais do que aparenta ser e...

Quem será que viria ao meu quarto agora? Levantei e caminhei até a porta, as batidas continuaram, sem serem intensificadas, apenas repetidas.

— Et si il dort? — alguém perguntou num sussurro.

— Je doute. Kyan, eu sei que você está acordado!

Alexei. O que ele está fazendo aqui essa hora?

— Oh! Olá, lindeza. — o acompanhante dele sorriu.

— Je sui Russe, je ne parle pas anglais, Lot. — Alex pareceu reclamar.

— Je ne parle pas allemand, je dois lui parler en anglais.

Se eu tivesse frequentado a escola da cidade vizinha, aprenderia francês como segunda língua, mas isso não aconteceu. No entanto, eu sei alemão. O baixinho contou no outro dia que falava francês. Como nós teremos uma conversa civilizada se não existe uma língua em comum?

— Entrem logo, eu quero saber por quê estão no meu quarto essa hora da noite.

— Bom, o Sas foi no meu quarto e pediu para eu vir com ele até o seu quarto, mas não sei o motivo. Ele mal deixou eu colocar o robe. — minha atenção foi completamente para o que ele estava vestindo, o que o fez cruzar os braços e se virar, corando. — Pervertido!

— Você que não deveria ter falado. — fitei Alexei e arqueei as sobrancelhas, pedindo uma explicação.

— O Lloyd...

— Elliot! — corrigiu, Alex fez uma careta.

— Lloyd também deve saber do que organizam...

— Je suis Elliot! — ele xingou no final, fazendo nós dois arregalarmos os olhos.

Ele estava vermelho de vergonha e raiva, mordendo os lábios e tinha desviado os olhos para o chão.

— Desculpe. Posso ir embora agora? — ele nos encarou com um misto de arrependimento e tristeza, tanto que esqueceu de falar em francês.

— Pode... — antes que terminasse ele desapareceu. — Por que ficou insistindo com o nome dele? — coloquei as mãos na cintura.

Alexei sentou na minha cama e brincou com os dedos. Murmurando coisas ilegíveis em russo.

— Traduz.

— Eu queria que ele soubesse do nosso acordo de sábado.

— Por que? Apenas me lembro de concordar que somente nós teríamos ciência dessa busca. Afinal, quem fez o acordo com você fui eu, caso eu quisesse...

— Já vi que foi uma perda de tempo, desculpa e obrigado. — ele saiu.

O que raios aconteceu aqui? Se alguém tiver alguma ideia, por favor me explique! Bufei e dei as costas, sentando na cadeira perto da escrivaninha.

Depois de ter certeza que nenhum visitante apareceria pelos próximos dez minutos, peguei um caderno e comecei a desenhar. Insônia ataca nas piores horas... Não lembro o porquê de eu não ter conseguido dormir antes... Qual foi? Era algo importante que alguém falou, quem será? Hum...

Se esqueci não deve ser algo necessário para a sobrevivência da humanidade.

Fiquei alarmado quando vi um pequeno vislumbre de raios de sol na janela, seria tarde demais para tirar uma soneca? Bocejei e dei alguns passos na direção da cama, pousando meus olhos no relógio.

Que horas deveríamos ser acordados? Seis? Sete? Torci os lábios ao ver que já estava marcando cinco horas. Como que eu ainda não desmaiei de cansaço? Talvez fosse uma boa ideia assistir o nascer do sol da sacada, faz anos que eu não faço isso. Sem falar que é muito mais original — e cansativo — a assistir o pôr-do-sol.

Lápis de cor, papéis de rascunho, conferir se a grade da varanda é segura... Todos os preparativos estão feitos, agora eu finalmente posso fazer um nascer ao vivo.

A natureza é perfeita, todas as suas cores e formas. Até o cantar dos pássaros que iniciam o hino do novo dia, os pequenos e terríveis insetos que atrapalham nosso descanso durante os dias quentes, o som das gaivotas que sobrevoam o mar e os tiros...

Tiros? Arregalei os olhos e andei de costas até tropeçar no batente e cair no chão.

— Senhor Ryan! — um guarda abriu a porta de supetão, ele correu e agarrou meu braço. — Você tem que vir comigo, os rebeldes...

— Meus desenhos! — olhei para trás, passei a mão recolhendo todas as folhas e deixei que ele me guiasse.

Ouvi gritos e pessoas caindo, selecionados saíam dos quartos com robes e acabados, isso não impediam eles correrem seguindo as ordens dos soldados.

Depois de percorrer um labirinto de corredores, curvas e escadas para chegar ao abrigo da família real, pudemos nos jogar no chão e pensar claramente pela primeira vez.

Um ataque rebelde estava acontecendo, por que eles não noticiavam sobre isso? Se minha mãe souber o que está acontecendo ela pode ter um ataque. Será que isso acontece com frequência? Por que eles não falam?

Eu me lembro que houve uma época de paz, os rebeldes desapareceram, por que retornaram?

Procurei pelos rostos mais conhecidos. Alex e Higor estavam sentados em um canto, exaustos; Cherles era o mais próximo da porta, conversava calmamente com um guarda.

— Lindeza... Se importa se eu te usar de travesseiro? — olhei para cima, o baixinho estava com um lençol ao redor dos ombros. — Por favor?

Revirei os olhos e movi para o lado, ele se sentou e colocou a cabeça nas minhas pernas.

— Desculpe pelo chilique mais cedo... Eu detesto o meu primeiro nome. — confessou.

— Não se preocupe. O mesmo acontece comigo. — suspirei encostando a cabeça na parede.

A família real estava afastada dos outros, as gêmeas e o príncipe conversavam, constantemente olhando ao redor; a rainha passava a mão nas costas do rei e fazia um monólogo entre sussurros. Tinham primeiro socorros nas prateleiras, assim como comida que duraria por meses.

Eu espero, realmente, que esse ataque não dure meses. As nossas famílias surtariam e seria desesperador, o que será que as outras nações fariam a respeito se um ataque rebelde durasse meses? Iriam intervir? Será que conseguiríamos dormir em paz sabendo que tem uma luta eterna sobre nossas cabeças?

— Você está horrível. — Cherles comentou me analisando.

— Obrigado. — sorri. — Qual é a situação?

— Não consegui informações. Você viu o Zeno por aí? Ele não apareceu, nem aquele... Qual é o nome? Thomas.

— C-como? Eles não estão aqui? Achei que todos tivessem vindo jun...

Mal terminei a pergunta os dois selecionados e um guarda apareceram. Zeno carregava o inconsciente Thomas nas costas, ambos estavam arranhados, mas não parecia ser algo grave. Cherles correu na direção deles, eu teria feito o mesmo se não tivesse alguém dormindo em cima de mim.

O príncipe se aproximou deles devagar e começou a questionar o que aconteceu, Zeno respondeu alto o suficiente para todos ouvirmos.

— Eu tenho um sono pesado, demorei para acordar, o guarda estava me levando, uma das ajudantes do Thomas estava desesperada porque ele não acordava de jeito nenhum, isso me lembrou que ele tinha falado sobre o nervosismo do Jornal Oficial, fez ele ficar a noite de quinta completamente acordado. Então decidiu tomar um sonífero para dormir, acho que ele exagerou na dose. — riu. — Ele está ressonando como um bebê, vê? Quando acordar vai estar mais perdido do que surdo no bingo. Faz sentido não faz? Afinal se você participar de um bingo e for surdo, como vai ouvir os números? Como você vai conseguir alguma coisa se eles apenas gritam? Conseguiria acompanhar a linguagem labial? E como será que eles mesmos gritariam bingo? Interessante isso, acho que deveríamos fazer isso algum dia, afinal...

Eu ainda vou cronometrar para ver quanto tempo esse menino consegue falar sem ser interrompido. Sério, ele fala demais isso é incrível. Será que ele é um contador de histórias?

É... Acho que dormir não faria mal, afinal eu não sei quanto tempo vai durar o ataque... Ah! Eu ainda tenho os papéis, poderia fazer aquelas dobraduras que meu pai me ensinou. Como é que se faz o pássaro mesmo?

Os minutos passaram, e com eles eu consegui uma frota de pequenos barcos, algumas flores, um pássaro quebrado e eu ainda tentava lembrar como se fazia o chapéu. O mais simples eu esqueço, como isso é possível?

— Está tudo bem? — Gael perguntou se abaixando na minha frente. — Você parece cansado.

— Ótimo eu estou. — bocejei, cobri a boca com a mão. — Desculpa. Estou exausto, mas não tenho planos de dormir. Como os outros estavam?

— Você devia fazer como o seu amigo, ele está capotado. — acenou na direção do baixinho, cujo nome acredito ser Elliot. — Alguns estavam apenas assustados, porque eles teriam que participar disso se entrassem no exército, nenhum chorou e tinha uma dupla que estava bem calma, provavelmente por eles já terem passado um ano no exército. — passou a mão pelo cabelo vermelho. — E outros dormiram, como Alex, Higor e essa pequena criança no seu colo.

— Isso acontece com frequência?

— É raro, esse é o primeiro em... dois anos, talvez. — arregalei os olhos. — É, o motivo não está claro, eles aparecem quando algo os incomoda e somem. E como são bem raros, não são noticiados, nunca ocorreram mortes. — ele fez uma careta, estreitando os olhos de gelo. — Acho que é isso.

Por que rebeldes apareceram? Será que eles têm um motivo para tais ações?

Será... O que seria impactante o suficiente para agitar as pessoas? A seleção é um marco, óbvio, depois de tantos anos sem ela... Tem algo mais...

O mundo naturalmente tem seu preconceito, por isso as pessoas tentam esconder suas características que as tornariam alvos de atitudes agressivas, conservadores normalmente detestam mudança e... bom, Gael é o primeiro príncipe a mostrar de um jeito inusitado que prefere meninos à meninas.

Ainda assim, falta algo para fazer o laço, a ligação entre os fatos, uma resposta que talvez mude...

O anúncio da seleção, o Gael disse que a inscrição de meninos se iniciaria. Não, não foi ele. Quem foi? Foi... foi o rei. O rei quem deu a bomba, não o próprio Gael, por que não foi o Gael?

Isso é pior que um bicho de sete cabeças.


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Notas finais do capítulo

Começar apostas é inútil, perguntar os ships não.

Explicando as apostas, eu quero ver quem vocês acham que serão parte da elite, temos que ter em mente que são 10 pessoas nela.

Se não quiserem dizer os ships porque acham que eu vou matar um deles, façam uma aposta.
E mortes não estão planejada na história.

Ah, e de quem vocês gostariam de ter um POV adicional?



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