Herdeiro Imperfeito escrita por My Dark Side


Capítulo 11
Jogo


Notas iniciais do capítulo

Olha quem reapareceu! É, eu sei que demorei, isso foi por causa, principalmente, de um trabalho que eu só consegui finalizar hoje.
E um bloqueio criativo.
Minha decisão de escrever duas histórias ao mesmo tempo também afetou isso.
Mas, fazer o que.

Muito obrigada pelos comentários no último capítulo!
Sejam bem-vindos, novos leitores.

Espero que tenham uma boa leitura!



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Sequestrado pela minha própria irmã. Como eu poderia imaginar que algum dia isso aconteceria?

Adarie estava sentada na minha barriga, uma tentativa de me manter preso na cama dela, mesmo sabendo que eu poderia simplesmente virar ou empurrar ela para sair dali, mas ela me olhava imperiosamente, e sua cabeça estava trabalhando, eu podia perceber isso por sua concentração e atenção. Se um pássaro se movesse do lado de fora ela notaria, se alguém tossisse no corredor ela escutaria.

O momento em que você mais teme uma pessoa fraca é quando ela é muito mais perceptiva que você.

Ao menos, no meu caso era isso.

— O que foi, Ada? — perguntei cansado do silêncio. — Está difícil respirar.

— Para de reclamar, Gay.

— Você é antiquada. — reclamei.

— Como foi o encontro com o Zeno?

Suspirei e virei a cabeça, tinha sido um encontro agradável, mesmo que ele tivesse tentado fazer todos os desvios possíveis para não contar o diagnóstico que fez de mim. Pode ter sido inútil porque eu não descobri nada substancial de sua vida.

— Vocês mal conversaram, não é? Sorte sua que no Jornal Oficial ele não depreciou a imagem que mostrou aos outros.

— Por que observa ele tanto assim?

Ela abriu a boca para responder, mas mudou de ideia.

— Vamos dormir? Sem a Átia para nos empurrar?

— Tudo bem. — sorri, abraçando ela e puxando para a cama.

Ela estava escondendo algo, apenas podia supor tal coisa por ser seu irmão. Hipátia insistia ter habilidades extras por ser gêmea idêntica, não duvidava de suas palavras, mas não tinha confiança de que isso realmente acontecia. Elas apenas se conheciam um pouco melhor.

— Você estava com medo de dormir sozinho essa noite, não estava? — ela perguntou enquanto nos ajeitávamos. — Seu subconsciente estava apavorado hoje.

— Vamos dormir, pequena cientista.

— Bons sonhos, Gael.

— Boa noite, Ada.

Mesmo fechando os olhos, eu ainda tinha a sensação de que algo estava errado, ela me abraçar foi um alívio e demorou pouco para que eu começasse a sonhar.

Os sonhos são reflexões do nosso subconsciente, nossos medos, nossos pensamentos do dia-a-dia, nossos desejos e os sentimentos mais profundos de nosso ser. Muitas vezes também podem ser um aviso ou, em alguns casos mais raros, uma verdadeira ‘visão’ do futuro, como pequenos lapsos de cores e sons que num primeiro momento não nos parecem estranhos, passados alguns dias temos a sensação conhecida como déjà vu. Estranho é quando esses lapsos de memória acontecem e você tem algum pensamento durante eles, quando você se vê na mesma situação tentamos buscar em vão pelas exatas palavras que vieram a nossa cabeça quando na inconsciência.

— Gael. Gaeeel. Gael!

— Pátia? — coloquei a mão nos olhos para evitar a claridade.

— A primeira e única. Agora, levanta.

— São cinco horas da manhã. — reclamei.

Esse é o horário em que ela geralmente levanta, mesmo que não seja necessário, a rotina de tomar café às oito horas jamais muda. Ela sempre acorda às cinco horas aos fins de semana.

— Hoje tem jogo!

— Você marcou um jogo?! — me apoiei nos cotovelos.

— Hoje é o primeiro sábado de julho. Levanta essa bunda preguiçosa e vai escovar os dentes, está com um bafo que quase me mata! Sem falar que eu não entendo como você não sufoca com essa juba. — ela tirou o meu cabelo do rosto. — Tudo embaraçado... Por que não usa um elástico?

Saí do quarto da Adarie me arrastando, eu já sabia que teria de ser rápido se não quisesse ficar o próximo mês inteirou ouvindo a Hipátia reclamar no meu ouvido que nós não cumprimos o único compromisso do mês que temos com ela.

Estava esperando no fim da passagem secreta meia hora depois, Átia apareceu com um sorriso gigante e Ada seguia ela de fininho. As duas vinham pelos dormitórios dos criados, deixando uma mensagem para Villiane e depois nós podíamos sair.

“Príncipes e princesas nunca podem sair do palácio. ”

Uma afirmação que tenho de negar quando se trata da minha irmã do meio, ela é uma exímia quebradora de regras. Sua escolha quanto ao método de encontrar um cônjuge não foi contrária à sua personalidade independente e libertadora.

— Eu simplesmente amo te ver de cabelos castanhos e óculos, maninho. — ela bagunçou o meu cabelo.

— Cuidado para não arrancar a peruca dele. — Ada tinha colocado as lentes esverdeadas e dois elásticos para ficar com a aparência mais infantil.

— Agora a trupe está completa.

Eu gostaria de começar o dia normalmente, mas visto que era impossível... Era incrível ver como nem com essa quantidade de convidados ela fica parada.

— Gael, não fique com essa carranca, já está cheio de rugas. E não revire os olhos, vai virar tique.

— O que eu fiz para merecer você?

— Foi abençoado. — ela deu um peteleco na minha testa. — Agora vamos, temos menos de meia hora para chegar na quadra.

— Quem é que vai em um jogo às seis horas da manhã?

— Nós. Agora vamos.

Usando o trajeto B-15, levamos vinte minutos para sair das proximidades do palácio sem sermos notados, o que implicava numa corrida até a quadra. O amor dela por esportes era quase impossível de entender...

— Na hora, fez algum milagre? — o capitão do time adversário sorriu, enquanto nos observava.

— Eu acho que perdi um pulmão no caminho. — Ada colocou as mãos na cintura, apertando e respirando ofegante.

— Idem.

— Pelo menos vocês não caíram no chão igual da última vez. — ele se ajoelhou na nossa frente. — Hélia treinou conosco várias vezes neste mês, sabia? Se vocês tivessem seguido o exemplo dela não estariam assim.

Hélia... Oh, Hipátia. Qual eram os nossos codinomes? Franzi as sobrancelhas para Ada.

— Gui, acho que a Ly... — ela moveu os olhos para nossa irmã.

— Oh, sim, ainda não sabemos se é namoro ou não. Definitivamente é alguma coisa, pela quantidade de flertes que aconteceram nos últimos jogos. — o capitão parecia extremamente orgulhoso. — Minha irmãzinha finalmente achou alguém que merece ela.

Engasguei com o ar, pensando no que aconteceria se ele soubesse quem é a Hipátia. A princesa problema, realmente, uma ótima escolha para a preciosa irmã.

— Hoje é vôlei ou basquete?

— Acho que basquete, Ana. O capitão de vôlei pegou a rede por tempo indeterminado. — ele me fitou, inclinando a cabeça. — Não parece muito animado.

— Não estou.

— Faça-me o favor, cara. Você ‘tá aqui, se diverte.

— Eu queria ficar na cama.

— Você sabe como o Gui é, Sam. Um preguiçoso que não levanta nem se o mundo acabar. — franzi as sobrancelhas para a acusação de Adarie.

Oh. Não.

Vou ligar para a rainha Catrina e pedir para o Will ficar por mais alguns dias. Ele tem que me ajudar a superar essa época.

— Vamos começar logo, Samuel! — Hip... Hélia gritou.

— Tudo bem, mandona, estamos indo.

Em todos os jogos eram a mesma coisa, rodadas, rodadas, treinos. Eu e Ada sempre ficávamos juntos, por que? Segundo os experientes: não há melhor maneira de aprimorar suas habilidades são não vencer tendo alguém tão fraco quanto você como parceiro.

Horrível? Concordo plenamente, principalmente quando o trio imbatível jogava junto. O capitão, a cópia e nossa gêmea.

Ainda me lembro da primeira vez Hipátia nos forçou a fugir do palácio, ela pegou roupas dos criados, algumas perucas das fantasias do Halloween e nos empurrou por todo o caminho até a periferia da capital. Isso aconteceu há sete, oito anos e desde então, ela repete as ações ocasionalmente. Obrigatoriamente uma vez ao mês como foi o prometido ao completarmos dezesseis.

— Eu não acredito que vocês perderam de novo! — uma criança exclamou, chamando a atenção para ela.

— Nós acreditamos. — os dois times falando ao mesmo tempo, fazendo ela pular.

— Eles são tão ruins assim?

— A loirinha é um cérebro, o cabeçudo é um inútil.

Tecnicamente eu não sou inútil, eu sou o príncipe de Illéa, eu sou melhor que minha mãe quando se trata de organização, os registros e números são extremamente fáceis de resolver, os relatórios são divertidos de escrever. Leis e reuniões são interessantes.

‘É por isso que você é maluco. ’

— Que horas são?

— Quase oito e meia.

Na minha mente todas as palavras que Villiane usaria para nos repreender começaram a soar incessantemente, como o badalar de meia-noite. Hip estalou a língua, Ada suspirou exausta.

— Nos vamos semana que vem.

— Até mais, Lia! — o capitão acenou enquanto corríamos para longe.

— Por que vocês correm tanto na hora de sair? — ela reclamou. — Poderiam usar essa energia para o jogo.

— Trabalhoso demais, e nós só precisamos andar. Nossa madrinha vai nos matar, mas está tudo ótimo, não? Afinal não é você que ama receber broncas?

Eu poderia ter falado isso se estivesse com a mínima vontade, entretanto para choque da nação foi Adarie. Ao menos, a nação não a conhece quando aqueles dias estão próximos, ela continua sendo a doce e carinhosa caçula, mas seus pensamentos afiados se transformam em falas nesses dias, um pequeno problema para a nossa sanidade.

Vai ser interessante ver como os outros selecionados vão lidar com a situação.

Ela ainda não mostrou seu verdadeiro eu para aquele bando de candidatos a cunhado.

O semblante de Hipátia indicava que ela tinha conhecimento do terreno que estava na nossa frente, instável e cheio de armadilhas. A cautela e hesitação com as palavras teria de se tornar máxima.

— Falando nisso, Gael, não está na sua época?

Neguei, nós andamos o resto do caminho em silêncio, devemos ter levado quase quarenta minutos para chegar. Como era de se esperar, Villiane e Olívia nos esperavam de braços cruzados e olhar irritado, não a Liv, claro, ela estava de olhos fechados, parecia cansada.

— Espero que tenham uma explicação.

Como excelentes irmãos, demos um empurrão para que Hipátia tombasse para a frente e explicasse tudo. O filtro dos eventos era Villi, então ela contaria tudo para nossos pais. Nunca dando uma desculpa, sempre dando os fatos mais importantes, quando a primeira princesa estava envolvida eles nem se importavam com o assunto grandiosamente.

Tentei me mover sem ser notado, mas Olivia me encarou e fez um sinal com a mão, me chamando.

Segui ela até o corredor dos dormitórios, ela se encostou na parede e suspirou antes de me olhar, o mel de seus olhos parecia mais denso e triste, eu já vinha notando pequenas coisas que mudaram nela, como as bochechas mais magras e o semblante cansado.

Eu vinha querendo conversar com ela há algum tempo, mas ao mesmo tempo eu preferiria evitar a encarar a verdade das palavras não ditas.

— Irresponsável. Sair do castelo num sábado com os selecionados aqui? Como você espera-

— Para com isso. — interrompi ela, seus lábios se juntaram, eles estavam machucados, provavelmente por culpa do hábito dela de puxar a pele fina. — Diga o que você trancou.

Eu sabia que eu tinha sido irresponsável, somente com um olhar ela já conseguia dar uma repreensão ainda mais severa que a mãe. Como um sábio disse há muito tempo: o aprendiz superou o mestre.

Ela estendeu as mãos, hesitante, seus dedos esticando e se curvando mostrando a luta interna na qual ela se encontrava, por fim, segurou a minha camisa tremendo. Apoiou a cabeça no meu ombro e começou a chorar. Dei um pequeno passo em direção a ela e passei meus braços por suas costas, tentando reconforta-la. Era difícil, porque cada soluço e lágrima se igualava a uma facada ou soco, apenas reforçando o quão idiota eu era.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo até que foi rápido, não?

Alguma teoria sobre o que está acontecendo? Ou sobre o que aconteceu?



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