Herdeiro Imperfeito escrita por My Dark Side


Capítulo 10
Tecnicamente


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, gente linda! Como estão?
Eu sei, eu sei, eu demorei mais do que o normal, mas a culpa não é totalmente minha...
Tá, é sim, mas não fiquem bravos, por favor.

Tenham uma maravilhosa leitura!



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Cruzei as pernas, observando Lizandro se levantar de seu lugar e caminhar até Hayden, que aguardava com um sorriso no rosto. Tia suspirou do meu lado, fazendo eu olhar de relance para ela.

— Esses olhos violetas são de matar qualquer uma. — ela cochichou, fazendo eu dar uma risada. — Não faça isso, preste atenção nas entrevistas, um deles será o meu cunhado, irmãozinho.

— Lizandro, Lizandro... Você ao contrário do outro ficou, não é mesmo? — Hay se sentou após cumprimentar o loiro.

Se bem que a variação de tons de loiro era surpreendente, loiro escuro parecia castanho. Uma vez uma princesa do Sul reclamou quando falei que seu cabelo era preto, ela insistia que era castanho escuro, eu realmente não via a diferença, mas não discuti a respeito.

— Ah, você está falando do meu xará? Sim, ele foi para casa, mas isso não é motivo para enfatizar que eu fiquei. Ele também era incrível.

Os Lizandros eram parecidos em pequenos detalhes, mas o garoto de olhos violetas era mais leve e divertido, ele parecia realmente não ligar para a pressão que apareceu no momento que rosto apareceu no dia do sorteio.

— Como foram os encontros com vossa alteza?

— Ah, o príncipe Gael? — ele me encarou e fez um bico, inclinei a cabeça para a frente concordando, o gesto o fez sorrir. — Ele é um péssimo caçador. Nunca espere sobreviver com ele na floresta, ele é inútil.

— Levou ele para caçar? — minha mãe sussurrou se aproximando de mim.

— Não exatamente. — respondi num tom ainda mais baixo.

Na verdade, deixar o povo pensar que nós tivemos um encontro tão emocionante era melhor, porque na realidade não passou de uma maravilhosa tarde com brincadeiras infantis. Ele me fez regressar à época em que uma sala vazia podia ser um campo de batalha.

— Ele nem conseguiu pegar um coelho! São as criaturas mais fáceis, e ele sequer conseguiu!

— Eu gostaria muito de saber a história completa, mas ainda temos outros dezoito selecionados para entrevistar. Pode chamar o seu colega que parece um pouco perdido?

O próximo na fila era o Oliver, ele era curioso. Principalmente por ele simplesmente ficar encantado com lugares muito coloridos ou com pequenos detalhes que chamavam a sua atenção. Ele tinha olhos de águia, tão amarelos quanto os da própria.

— Boa noite, Hay. — ele sorriu cumprimentando o entrevistador com beijos na bochecha.

— Ah, por favor, primo. Vamos ser mais formais hoje é uma data especial.

A risada de Oliver era uma parte cativante dele, tão contagiante que fazia você rir também. Ele chocalhava os ombros e ficava constrangido, desviava os olhos dourados para o outro lado e evitava olhar para qualquer um por alguns segundos. Uma idiossincrasia que notei no segundo encontro.

— Não precisava... declarar para toda Illéa o nosso parentesco.

Remexi na cadeira, afastando as costas do encosto. Ele havia pausado, como no primeiro encontro quando afirmou que queria procurar palavras melhores para descrever o que sente e o que pensa.

Ser mais formal.

— Sua beleza tem que ser explicada, nosso DNA perde apenas para a família real.

Ele tinha uma linha de pensamento rápida, conseguia me fazer rir e se esforçava, tudo isso tornava ele uma pessoa muito curiosa. Quando Hayden contou-me que Oliver era seu primo quase foi desacreditado, afinal, sua família visitava-o ocasionalmente e quase todos seus parentes me foram apresentados em fotos.

— Alteza! — ele me gritou com um sorriso que acentuava as rugas precoces de seu rosto. — Como pode ser tão monótono? Só cinema? Não sabe fazer nada melhor?

— Não é como se eu tivesse um leque de opções.

— Vamos fingir que acredito nessa bobagem.

Meu pai estava se esforçando para não gargalhar, eu podia ouvir os risos engasgados dele e não precisava me virar para ver minha mãe fazendo sinais para que ele se controlasse.

Sua escolha para que Hayd apresentasse a seleção foi realmente visando a nossa interação, por demais, nós éramos uma balança. Respostas afiadas e brandas de mesma intensidade, faria todos se divertirem. Nem os mais poderosos conseguem sobreviver a uma rotina monótona.

— Oliver parece ser um bom candidato. — Adarie comentou com um sussurro, ela estava mais distraída desde que Will chegou no palácio, por isso me surpreendi.

— Acha mesmo?

— Ele era cego até pouco tempo atrás, não? — seus olhos tinham um trançado de azul e castanho, se tornando mais claros conforme se aproximavam do centro, ao contrário de Hipátia, cujos olhos eram como estrelas e estrelas sobrepostas formando raios irregulares de ambas as cores.

Confirmei com um aceno, ela repetiu o gesto e fitou o próximo selecionado.

Ethan, ele era baixo, menor que Adarie e tinha olhos próximos do centro do rosto, um nariz muito fino e a cabeça relativamente pequena comparada ao corpo. Talvez apenas eu que estivesse muito acostumado com o porte físico da minha família e as cabeças grandes da mesma.

Comparado aos outros... Ele era mais gentil, apesar de ter uma aparência meio bruta por causa dos músculos, foi o primeiro a tentar despertar gratidão e constrangimento no primeiro encontro. No entanto, eu sabia que ele tinha uma paciência curta, ele aguentava muita coisa em alguns momentos mas soltava as respostas para quem tivesse mais perto.

Evan era seu companheiro fiel — ou seria ao contrário? — o homem era mediano e esguio, com um linguajar mais atiçador. Ele realmente queria despertar algo nas pessoas ao redor e sabia como fazê-lo. Sua pele era mais escura que a de Henrique, e tinha um porte muito mais atlético.

— Ora, ora... Quem temos aqui? Seria um estrangeiro?

— Russo.

Descruzei as pernas e me inclinei para a frente, eu tinha que observar melhor o que o Alexei tinha a dizer.

Em nosso primeiro encontro eu já tinha notado algo estranho ao seu redor, acredito que essa sensação piorou consideravelmente quando os franceses afirmaram conhece-lo de algum lugar.

Na primeira semana ele era a opção mais inválida, não tinha conhecimento da língua principal de Illéa, o que dificultaria muito em relações nacionais. Surpreendentemente, se tornou quase fluente com pouco mais de duas semanas.

— Boa noite, Starkite.

— Opa, pelo sobrenome? Já tem ódio de mim?

— Apenas um costume de meu país natal.

Dez segundos depois Hy chutou meu pé de leve, para chamar a minha atenção. Observei com o canto do olho enquanto ela apontava para o próprio ombro, endireitando a postura logo em seguida.

‘Ele está tenso, quer sentar perfeitamente, mas não o faz. ’

Estranho, será que era uma atuação? Isso acontecia muito quando nós escapulíamos do palácio por alguns minutos para ficar entre as pessoas. Ficávamos tensos por tentar andar relaxados, muito estressante e desgastante.

— Então vamos ao costume de Illéa, Alexei, o que acha da seleção?

— É um evento... Desgastante, não? Realmente é a impressão que tenho, acho que aquele método dos três anos de destino era bom.

— Você conhece? — Hayden se assustou, foi impressionante, realmente.

Quando se alcança a primeira maioridade, os príncipes e princesas herdeiros do trono tinham permissão de ter três anos de viagens para explorar o reino/país que desejassem e tentar encontrar seu conjugue. Minha mãe fez isso, ela encontrou meu pai dois anos após começar a busca.

Essa era uma das opções para caso não tivéssemos encontrado um amor ou no palácio ou entre os nobres.

— Vish, Gael, parece que só o estrangeiro conhece, os outros estão confusos. — Hayden se virou, colocando o braço nas costas da cadeira para me encarar. — Tem certeza que eles estão prontos?

— Não se preocupe, aquilo começará semana que vem. — ele piscou rápido e franziu as sobrancelhas velozmente, quase imperceptível, quando compreendeu o que dizia arregalou os olhos como um animal assustado.

— Você e vocês aí no banco. — apontou para Alexei e os outros. — Meus pêsames.

— Exagerado.

As outras entrevistas foram interessantes, alguns pareciam bem normais na frente das câmeras. Outros ou relaxados demais ou confiantes demais. Claro que tiveram aqueles que estavam nervosos e a cada palavra a voz subia um tom, ao fim, foi relaxante. Poderíamos jantar e dormir, tudo o que eu queria era chegar no quarto e descansar, mesmo que fosse apenas por algumas horas.

— Gael... Não pensa que vai escapar da gente não. — Hipátia me cutucou. — Eu sei que o William ainda está no palácio, mas eu ainda tenho as perguntas para você.

— Não pode fazê-las amanhã?

— Nada disso, resmungão. Você tem que ter ao menos um encontro com um dos selecionados esta noite.

— Por que? — ela se inclinou furiosa.

— Você não foi em nenhum encontro com o Zeno nessas duas semanas. — ela afirmou. — Desviou os olhos, criança. Pode me dizer o motivo?

— Simplesmente, ele é infantil.

— Por que não ele no primeiro dia, então?

Bufei e ignorei ela o resto do jantar, Hipátia se manteve em silêncio igualmente. Levantei-me, despedindo-me de meus pais com um aceno. Subi as escadas indo direto para o terceiro andar, meu quarto não era o melhor refúgio para escapar de minhas irmãs, no entanto, era bom o suficiente.

— Que droga. — dei um soco na porta após fechá-la, agora só falta a Adarie aparecer para me dar um sermão.

— A princesinha está irritada? Que coisa fofa... — levei a mão à maçaneta, contudo a pessoa prendeu o meu pulso antes que a alcançasse, prensou-me à porta com o próprio corpo e colocou a outra mão na minha boca. — Sabe, deixaram um jornal na biblioteca, por uma mera coincidência eu entrei lá pela primeira vez e li a notícia. Chocante, você sabia?

Medo. Eu não tive tempo de acender a luz depois de entrar. Estava tudo escuro e eu estava sozinho, ao menos pensava isso. Ele é pesado, não consigo encontrar a minha voz. Preciso gritar, se o fizer algum guarda vai aparecer e levar para longe.

— Imagina a reação de um simples súdito ao ler a notícia de que os primogênitos da rainha Megara eram princesas trigêmeas. Hipátia, Adarie e Winnie. Um nome muito fofo para a mais velha, não é? Winnie. Muito mais feminino que Gael.

Ele soltou meu pulso e passou o braço pela minha barriga, tirando os meus pés do chão. Estava paralisado, mas sentia meu coração tremer apavorado, eu queria gritar, mas não encontrava voz. Minha mão tentou ir para a maçaneta de novo, o que fez ele me apertar ainda mais.

— Então além de mulher é canhoto? Achei que isso não fosse aceito bem entre a realeza, Winnie. Você tem que aprender a agir como uma princesa, abaixando a cabeça e respeitando as ordens do rei. Nós falaremos e você seguirá, não importará se você será o mais velho. Fingir ser um homem só para receber a coroa mais poderosa é uma atitude horrível. — ele riu. — Será que você é mulher mesmo? Deve ser, ficou o tempo inteiro calada.

Ele me soltou, minhas pernas não me aguentaram e caí no chão.

— É bom que você aprenda, você é frágil, medrosa e impotente. Não me interessa o nome que você usa, a sua natureza não muda. — eu abri a boca, mas não senti nenhum som sair, não ouvi nada. — Eu falei para não gritar!

Abri os olhos, meu coração estava disparado, o ar não parecia ficar muito nos meus pulmões, eu estava nervoso e assustado.

— Gael? ‘Tá tudo bem? São três horas da manhã... — Hipátia se puxou e deitou em cima de mim. — Vamos dormir... Nós... vamos ter um jogo amanhã. — ela falou com vários bocejos, colocou a cabeça no meu pescoço.

— Pátia... Vai para lá. — Adarie reclamou. — Gael, dorme, por favor. Está tudo bem, foi só um pesadelo.

— Por que vocês estão na minha cama?

— A gente responde quando acordar, agora vira para lá e me dá um espaço, eu estou quase caindo.

Virei, fechei os olhos, tentando dormir de novo, Hip se mexeu e deu um tapa no meu rosto, resmunguei. Adarie passou por de baixo do meu braço e ficou com a cabeça na minha cintura, minha outra gêmea enroscou as pernas dela nas minhas colocando os pés gelados nelas.

Agora eu lembro o motivo pelo qual paramos de dormir juntos.

Se eu não for rápido elas vão começar a roncar, e minha noite de sono vai ter terminado aí.

— Gael! Levanta! Já são sete horas!

— Que dia é hoje?

— Sexta-feira. Vamos logo, preguiça!

Apertei a minha cabeça, tinha alguma coisa errada...

— Tem certeza que não é sábado?

— Sim, eu tenho. — Hipátia deu um tapa na minha cabeça. — Levanta, ruivo. Hoje é dia do Jornal. Você saiu com todos os garotos, não é?

Isso trouxe uma sensação familiar, como um déjà vu. Hum...

Pedaços do sonho apareceram na minha cabeça, engoli em seco.

— Você está preocupado com o que achamos ontem? Não vai acontecer nada demais, você já ia contar a verdade para eles, não ia?

— Oi? — Adarie estava na porta do quarto, ela revirou os olhos.

— Gael, se arruma, nós temos que ir para o café.

— Eu acho que vou tomar café em outro lugar hoje... — elas arquearam as sobrancelhas e se entreolharam.

— Você não saiu com um dos garotos, não é?

— Não acha que vai ficar meio óbvio de você sumir com ele no café? Você não fez isso com nenhum outro.

— Talvez seja uma maneira dele mostrar o quanto está arrependido, Átia. — Adarie sorriu, desviei os olhos, ela conseguia ser intensa demais quando queria.

As duas eram aterrorizantes, os únicos que conhecem este lado manipulador e intenso de Adarie são aqueles que convivem com ela todos os dias, quando ela e Hipátia se juntam para realizar um plano maquiavélico ou que vai contra as regras impostas aos membros da monarquia... São um time imbatível.

— O loirinho está quase morrendo de ansiedade, sabia disso?

— Loirinho? Que loirinho, Ris? — Hipátia estava bem perto de Ada, consumida pela curiosidade, mas a nossa caçula só apontou o queixo na minha direção.

Uma frase muda que fez a impaciente bufar.

‘Ele sabe de quem estou falando, é o suficiente. ’

Após trocar de roupa eu pedi para o mordomo levar a carta para o quarto do rapaz, em seguida desci as escadas e fui em direção ao alojamento dos criados, as chances de encontrar Villiane ali eram gigantes, não demorou dois minutos para ver ela se apressando para fora do quarto enquanto o marido dela ria de sua natureza atrapalhada.

— Oh, Gael. Que surpresa, o que faz aqui?

— Tem como preparar uma mesa para dois na sala que você considera a mais adequada para um encontro?

— Hum... Que tal o jardim? Está sol e vai ser bom para mudar os ares.

— Ótima ideia! Muito obrigado! Em quanto tempo você consegue arrumar as coisas?

— Trinta minutos, leve ele pelo caminho das flores.

— Muito obrigado mesmo. — sorri.

Subi rapidamente as escadas e parei na frente da porta do quarto dele. Respirei fundo, ajeitei o blazer, toquei no peito e suspirei aliviado. Bati na porta, colocando um sorriso no rosto.

— Vossa alteza. — a criada que abriu a porta era uma das novas, se não me enganava ela tinha uma irmã gêmea. — O senhor Limes estará pronto em alguns segundos.

— Já estou pronto, Vanessa. — Zeno apareceu sorridente na porta. — Vocês já podem ir descansar.

— Muito obrigada, senhor. — ela acenou com a cabeça e fez uma última reverência para mim. — Vossa alteza.

— Vamos? — ele perguntou, fechando a posta do quarto sem se virar, seus olhos estavam excessivamente brilhantes.

— Por aqui.

Ele ficou em silêncio, só olhando para o ao redor, demorou alguns notáveis minutos até que se pronunciasse pela primeira vez desde a saída do quarto.

— Tem tantos detalhes pequenos que eu fico perdido, eles são incríveis. Oliver contou sobre eles para mim no outro dia, não imaginei que fossem tantos. Você já tinha percebido?

— O que? — o olhei, seus olhos estavam mais azuis a meia luz do que o usual.

— Os pequenos rococós nas molduras e as variantes nas cores das paredes que mostram uma textura padronizada. Além dos veios no chão que parecem se conectar. Eu estou tão enjoado de pisos brancos que nem me interessei em observá-los.

— Enjoado?

— No hospital os pisos são brancos. É monótono e brilhante demais, eu percebi isso quando cheguei aqui, com todas essas variações de cores. — ele fez um gesto mínimo com as mãos. — A área das crianças é mais colorida, ainda assim continua bem próximo do branco opaco, ou um perolado. Minha mãe fala que eu vi tanto branco na minha vida que eu posso numerar diferentes tons dessa cor.

Os guardas abriram as portas para o jardim quando nos aproximamos o suficiente.

— Nós vamos tomar café no jardim? — ele questionou parando alguns passos a minha frente.

— Sim.

— Então esse é o meu primeiro encontro “romântico”? — fez aspas com os dedos.

— Por que não seria romântico?

Ele coçou a ponte do nariz, desviando os olhos por milésimos de segundos antes de responder.

— Apenas algumas conversas não podem fazer um verdadeiro romance, somente um interesse pode surgir, não concorda?

— Concordo.

Meu estômago roncou, ele arqueou as sobrancelhas e sorriu com gentileza. Molhei os lábios e continuei o caminho. Ele não tinha comentado nada sobre estar ou não com fome, o que eu estranhei, normalmente as pessoas fariam um comentário, ao menos isso aconteceu com os outros.

“Não são todos iguais. ”

“Dê ao menos uma chance a todos. ”

Minha mãe reclamou comigo após perceber que tinham apenas mais dezoito selecionados com apenas duas semanas. Ela me fez prometer que eliminaria um por semana, pois a seleção deveria durar até agosto. Um tempo demasiado em minha opinião, vendo tudo o que pode ser feito com apenas um mês.

“Se você não fizer isso não vai se apaixonar. ”

Infelizmente eu adoraria que Adarie estivesse errada, ela deixou claramente implícito que eu não queria me apaixonar, nem tentar. Escolher a melhor opção para o reino seria a melhor para mim também, não seria? Qual sentido haveria em escolher alguém que não consegue fazer uma lei ou um decreto corretamente? Se tornar rei ou príncipe consorte sem possuir as características necessárias...

— Uau, está incrível, não está? — a indagação me tirou dos devaneios, fazendo eu procurar o motivo do elogio.

Havia uma mesa preparada com um suporte de três camadas no centro, com sanduíches, pequenos bolos e variados chás. Villiane nos cumprimentou e pediu licença, se afastando devagar. Havia um arranjo floral pequeno no topo das camadas, junto aos chás.

— Realmente.

— Você está sério demais para essa hora da manhã. — ele reclamou, quando afastei a cadeira para me sentar, fez o mesmo. — Elliot ia adorar essas coisas. Iria começar a atuar no lugar de uma dama da corte, iria queixar-se e lamentar-se por cinco minutos direto. — comentou.

— Ah, ele faria isso mesmo.

Elliot era tão extrovertido que chegava a ser assustador, sempre exagerando nos gestos e não tinha sequer um grama de modéstia. Era muito interessante quando ele exagerava os gestos minimizando o espaço de movimentos, ficava tão rígido e esnobe que era impossível segurar a risada, principalmente por conhecer condessas que agiam naturalmente da mesma maneira.

— O Oliver provavelmente ficaria analisando o material com os olhos de águia e o Lizandro faria um mapeamento do ambiente para depois explorar; Ethan e Evan se sentiriam ofendidos, eles provavelmente prefeririam um buffet só de bolos. — ele continuou, pegando alguns sanduíches e colocando no prato. — Kyan ficaria constrangido, Alexei se adaptaria a situação.

— Conhece os outros tanto assim?

— Um diagnóstico pessoal. Não é nada demais.

— Tem um diagnóstico para mim também? — entrelacei os dedos e apoiei o queixo neles.

— Hum... — ele encarou a xícara que segurava entre as mãos. — Tenho.

— Poderia me dizer?

Superava as minhas expectativas, ele tinha calma e não falava incansavelmente, estava anormalmente quieto e estranhamente maduro, o oposto do que eu esperava, tendo em vista sua pouca idade. Completados dezesseis anos nos dias de inscrição, o mais novo selecionado e inscrito do país, era de se esperar que fosse um idiota imaturo, exagerado e sem consciência das prioridades.

Até que ele é agradável.

— Acredito que não, vossa alteza. Afinal você possui dois diagnósticos.

— Isso quer dizer que você me vê de duas maneiras diferentes ou que eu tenho um transtorno? — ele apoiou a xícara no prato sem fazer um tintilar e levantou os olhos.

— Tecnicamente sim.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? No próximo capítulo vai mostrar um pouco mais da relação do príncipe com os outros selecionados, além de um ou dois encontros. Quem sabe, não é?
Espero que tenham gostado!



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