Ainda Vou Domar Esse Animal escrita por Costa


Capítulo 55
Inseguranças (Bônus 3)


Notas iniciais do capítulo

Fala gente! Esse capítulo estava pronto há dois dias, mas minha net tem andado ruim e eu acabei esquecendo de postá-lo. Desculpem pela demora.
Espero que gostem. :)



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Quando o Ricardo falou sobre comprar o pônei eu não estava totalmente segura, mas agora, vendo a Alien montada no Ptolomeu, o pequeno pônei Piquira de coloração baio, fez tudo valer a pena. A pequena aprendeu rápido como mover o bicho. É até um pouco vergonhoso para mim. Minha filha, de três anos, aprendeu a montar mais rápido que eu. Vergonhoso.

—Você está ficando preguiçoso, Cuzco. –Falei, para o bode deitado ao meu lado no banco da varanda.

Ele engordou um pouco esses últimos anos. Imagino que seja pelas atenções demasiadas que ele recebe. Ele consegue tirar um petisco de cada um que vem aqui fora, especialmente da Bianca. Ela adora esse bichinho. A Titília é que fica com ciúmes.

—Cuzco, dá um espaço pra mim. –O João falou, retirando o bode e se sentando no lugar dele. Cuzco ainda deu uma cabeçada na perna dele antes de andar para longe.

—Bode rabugento! –O João reclamou.

—Você tirou o pobre do lugar dele. Eu faria mais que uma cabeçada em suas pernas.

—Essa cabeçada é o pior dos meus problemas.

—Brigou com a Mariana?

—Antes fosse.

—Então...?

—Eu não quero te preocupar com os meus problemas, Sofia.

—João, eu estou grávida de um pouco mais de 5 meses de um garoto. Minhas costas estão começando a doer e minhas pernas a incharem. Graças a Deus esse projeto de Alien não gosta de futebol e chuta pouco minhas costelas. Eu te garanto que o seu problema não vai ser maior que os meus.

—Eu não sou bom o bastante para a Mariana.

—Por que não?

—Ela é linda, maravilhosa, inteligente. Uma arquiteta fantástica. Ainda fala inglês, espanhol e é uma fotografa profissional e só tem 27 anos. Eu sou um nada com meus 31. Eu nem terminei a sétima série e nunca serei digno dela.  

—Esse é o seu “grande” problema? João, pelo amor de Deus! De auto piedade aqui nessa casa já me basta o Ricardo. Aquela mulher te ama. Se o problema é graduação, vá estudar e se forme em algo, ora!

—Não, eu não quero mais estudar. Eu nunca quis fazer faculdade. Meu sonho sempre foi trabalhar na terra, cuidar de animais. Tudo o que eu faço aqui.

—Então qual o problema, criatura?

—O problema é que a Mariana merece algo melhor que eu. Um homem que não a envergonhe e ela tenha orgulho de exibir em público.

—E por que ela não teria orgulho de exibir você?

—Sério? Olhe pra mim, Sofia: Não sei falar direito, não sei como me comportar com etiqueta, sou pardo e do cabelo ruim.

—Pode parando por aí. Sem racismo consigo mesmo. Você é lindo. Eu queria ter essa cor. Eu pareço um fantasma de tão branca que sou. Seu cabelo não é ruim, ruim são essas ideias de que cabelo “bom” é só o lisinho. A Mariana te ama assim, do jeito que é. Pergunto de novo: Qual o problema?

—O problema é que ela nunca vai querer casar comigo.

—Guenta lá! Casar com você?

Ele tirou uma aliança simples de ouro do bolso e me mostrou.

—Eu conversei com o Moacir e ele está ansioso para que eu peça a mão dela.

—Agora entendi. Você não sabe como pedir a mão dela.

—Eu já pensei em como fazer isso milhares de vezes, mas nunca deu certo. Sempre algo nos atrapalha. Da última vez eu a levei em um restaurante chique e iria fazer isso lá, mas eu nem sabia o que cada comida era com aqueles nomes estranhos. Aquilo é o mundo dela, não o meu.

—Quanto tempo você está com esse anel?

—Pouco mais que um mês.

—Esse é o problema! Você já pensou demais e criou mil teorias em sua cabeça de um futuro. Por que os homens tem que ser tão idiotas?

—Sofia?!

—Sim, vocês são uns idiotas e uns inseguros, ao menos os homens dessa casa. Deixa de auto piedade e peça a mão da mulher que você ama. Não me faça obrigar os dois a se casarem.

—Você não me acha pouca coisa para ela?

—Pouca coisa você vai ser se não pedir aquela mulher. Deus, um Ricardo dois não! Deixa de insegurança, João. Ela te ama.

—Eu vou pedir, eu acho. Como eu posso pedir ela?

—Peça no celeiro.

—No celeiro?

—Não é o lugar que vocês sempre fogem para fazer amor?

Ele me olhou mais vermelho que um pimentão.

—Não me olhe com essa cara. Eu já salvei vocês algumas vezes do Ricardo e do Moacir.

—Como você sabe?

—Vocês não são muitos discretos e eu passo tempo demais aqui na varanda. Acho que se tornou um pouco óbvio quando os dois apareceram amarrotados e com palha nos cabelos.

—Acho que você tem razão, Sofia.

—Claro que eu tenho razão. Casem logo que eu quero que vocês sejam os padrinhos desse pequeno aqui na minha barriga.

—Você vai querer que eu seja o padrinho do seu filho?

—Não vejo um padrinho melhor. Você e a Mariana, mas quero que se casem primeiro.

—Será que ela vai aceitar?

—Era mais fácil eu não aceitar o pedido do Ricardo que a Mariana não aceitar o seu.

Ele me abraçou um pouco de lado e agradeceu antes de sair feliz. Tem dias que dá vontade de bater neles. Esse aí tá parecendo que conviveu muito tempo com o Animal, pegou até as inseguranças dele.

***

Demorou menos de uma semana para a Mariana aparecer com o anel no dedo. O João está com um sorriso enorme no rosto. O Moacir se fez de durão, mas eu sei que ele também está feliz. Quem tem andado muito pensativo é o Ricardo. Aquele lá vai aprontar e eu quero ver o que ele vai aprontar antes dele fazer.

Assim que colocamos a pequena Alien na cama, fomos para o nosso quarto.

—Amor, ainda está acordado? –Perguntei, depois de uns momentos.

—Estou. Você está bem? Nosso Alien está bem?

—Estou bem e o bebê também.

—Fico feliz. –Ele falou, se movendo para plantar um beijo sobre a minha barriga. Eu achei que ele fosse parar de fazer isso nessa gravidez, mas me enganei. Ele continua o mesmo romântico incorrigível.

—O que você está aprontando?

—Aprontando?

—A sua sobrinha vai casar e você ainda não surtou, pelo contrário, está calado até demais.

—Você se importaria se eu cedesse um pedaço das nossas terras para a Mariana e o João construírem a casa deles? Pensei em dar como um presente de casamento.

—Por que me importaria?

—As terras podem estar em meu nome, mas tudo o que tenho são seu e dos nossos filhos. Eu não faria uma coisa assim sem falar com você.

—Claro que eu não me importo. A Mari e o João são da família. Acho até que eles ficariam muito felizes com isso. O Moacir também.

—O Moacir quer dar as economias dele para a filha. Uma ajuda para ela construir a casa. Isso aqui vai ficar pequeno para tanta gente. Eu não queria que eles se mudassem. Se quiserem, seria bom que construíssem aqui.

—Eu também adoraria ter eles por perto. Não afastar as crianças quando eles tiverem filhos.

—Filhos? A Mariana não tá grávida não, está? –Ele perguntou, assustado.

—Não, amor, mas eu acho que será uma questão de tempo até que aconteça. Você já viu como ela adora a Bianca?

—Ela gosta mesmo daquela garota. Ela e o João estão estragando a pequena.

—Não mais que você. Eles podem estraga-la com doces, mas você estraga bem pior que isso. Acho que foi hoje mesmo que você e o Moacir saíram com ela e ela voltou com uma miniatura do E.T do filme. Eu sei que agora ela está na fase das miniaturas, mas eu não me lembro daquele.

Ele deu um sorriso amarelo e concordou com a cabeça.

—Ela ainda é criança e quero que ela tenha tudo o que quiser, amor.

—Eu sei, Ricardo, mas precisamos ter um limite. O quarto dela já não tem mais espaço. Isso não é bom para uma criança.

—Mas ela quase nunca me pede nada. Eu dei esse porque ela me pediu.

—Ela não precisa pedir, você dá sem precisar.

—Eu vou tentar me controlar mais. Pelo menos até o bebê nascer. Eu sei que não vou me controlar com um novo filho em casa.

—Eu sei que você não vai. Só tente não estragá-lo tanto quanto a Bianca.

—Tentarei.

Ele me puxou para um beijo que levaria a outras coisas se não fossemos interrompidos por um pequeno Alien e uma cachorra se esgueirando em nossa cama.

—Que foi, amor? –O Ricardo perguntou, a puxando para ficar no meio de nós. A Titília aproveitou a deixa e deitou junto.

—Nada, papai.

—Bianca, o que conversamos de falar dos problemas? Se estiver com medo, não tem problema, querida. Basta falar. Papai e mamãe irão te proteger.

—Eu não consegui dormir.

—Então agora conseguirá. Você vai dormir com a gente e ficar bem protegida. Você quer dormir com a gente?

—Eu posso?

—Não precisa nem perguntar. Nossa cama sempre terá espaço para você.

—Também tem espaço pro Conde?

—Claro. Quer que eu o pegue para você?

—Quero.

—Espere aqui, querida, que papai já volta.

O Ricardo levantou, mancando com a ajuda da bengala, já que está sem a prótese, e foi pegar o morcego de pelúcia dela. Como se não bastasse trazer só o Conde, ainda veio com o Alien, o primeiro que ele comprou pra ela. Depois diz que vai parar de estragá-la.

—Confortável? –Ele perguntou.

—Tô. Obrigada, papai.

—De nada, querida. Agora vamos dormir. Boa noite.

—Boa noite.

Ela Deu um beijo no Ricardo, outro em mim, na Titília e, em um gesto que ela fez pela primeira vez, beijou minha barriga.

—Boa noite, irmão. –Falou antes de deitar e dormir quase imediatamente.

O Ricardo olhou para mim com cara de choro. Eu também queria chorar. A Bianca não falou muito sobre o bebê até agora e estávamos inseguros que ela estivesse um pouco enciumada e com raiva, mas esse gesto só prova o quanto ela já gosta do irmão.

—Boa noite, Bianca. –Falei, colocando um beijo no topo da cabeça dela e me ajeitando para dormir. As coisas não poderia estar melhores.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Se desejarem, deixem vossa opinião.
Agradeço por lerem!
Um forte abraço e até mais!



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