Jonathan estava começando a ficar impaciente quando ouviu passos descendo as escadas. Clary descia as escadas vestindo  o que iria para festa. O irmão da ruiva a observava enquanto ela descia cada degrau. Olhando para o tipo físico da irmã, Jonathan percebeu que ela não era mais aquela garotinha de grandes olhos verdes e cabelos ruivos que vinha passar férias em Nova York.

Clary estava quase nos seus 19 anos e ele nem se quer se deu conta que sua irmãzinha estava crescendo. As conversas mensais que os dois tinham pelo Skype, quando a irmã ainda morava no outro continente, o impediam de ver o crescimento da irmã.

Quando Clary desceu o último degrau, Jonathan suspirou.

— Estava quase desistindo de te levar. - Falou o irmão, fazendo a ruiva revirar os olhos.

— Não demorei tanto assim! - Protestou ela.

— Que seja... Vamos, se não vamos chegar para a festa do próximo ano. - Falou John tirando as chaves do bolso da calça jeans.

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A festa acontecia na casa da fraternidade que Jonathan pertencia. Era uma tradição, todo final de semana antes das aulas do semestre começar na Columbia, a fraternidade fazia uma festa. A melhor era no final do verão quando as aulas do outono iriam começar.
Era o segundo ano que Jonathan ia nessa festa. Seu pai fizera parte dessa fraternidade, isso contou muitos pontos quando entrou nela há um ano atrás. A fraternidade se chamava Clave e seus membros se autodenominam "Caçadores de Sombras".

Ao entrarem pela porta da casa, Jonathan percebeu que sua irmã recebia vários olhares dos convidados. Apesar de nunca admitir em voz alta, Jonathan achava sua irmã linda. A vontade dele na hora era manda-la ela para para casa e mudar de roupa para dispersar os olhares que a ruiva estava levando. Nesse exato momento, John percebeu que sua diversão foi por água abaixo pois teria que ficar de olho na sua irmã mais nova. Afim de impedir que algum marmanjo encostasse um dedo nela.

No memento que viu Jonathan Morgenstern seguido por uma ruiva mais baixa que ele, Tessa soltou um longo suspiro. Isso fez com que Sophie percebesse que algo estava errado com a amiga. Sophie seguiu olhar da amiga, se deparando com uma ruiva familiar e logo percebeu o que estava havendo.

Apesar de tantos os olhares que a garota de olhos verdes havia atraído para si, um em especial fez Tessa sentir incomodo pela garota. Ela nunca tinha se sentido assim, mas o olhar que William Herondale estava lançando a ruiva, estava fazendo com que a morena sentisse seu rosto esquentar.

— Seu problema tem dois nomes: Will e Herondale. - Falou a garota que tinha a cicatriz no rosto.

— Sempre - Suspirou a morena.

— Você já voltou a falar com ele? - Perguntou Sophie.

— Não, ele não me ligou desde que ele disse que voltaria de Gales - Falou Tessa.

— Então ele descobriu?

— Não sei, Jam é o melhor amigo dele e eu... Enfim... Nem sei o que pensar - Tessa olhou para o piso de madeira da casa.

— Ele vai entender - Consolou a amiga.

— Não, não vai... O que eu fiz foi errado. Ele é uma boa pessoa e  não merecia isso. Eu sei, eu mereço isso! - Ela levantou o olhar para falar com a amiga.

— Você merece o que?

Uma garota de longos cabelos negros e com um batom vermelho chegou perto das duas. Por mais que a morena de batom fosse o sonho de consumo da maioria dos homens na face da Terra, Tessa estava mais preocupada com a ruiva que acabara de chegar com o loiro platinado.

— Longa história, Izzy. - Tessa ficou agradecida pela resposta de sua amiga.

— Will de novo? - Arriscou Izzy.

— Está tão óbvio assim?! - Falou Tessa.

— Estava observando vocês duas de longe... Tessa, você não tira os olhos do primo de Jace. - Izzy olhou para o local onde Will estava. - Ele está com outra menina, não está?

— Ela estava na audição para entrar na Columbia - Falou Sophie.

— Se você sentir melhor, vamos falar mal dela - Falou Izzy. - E ela dança bem?

— Técnica ela tem. Mas o pé esquerdo dela... - Sophie fez uma careta.

— Está aí uma coisa que você tem. Um pé esquerdo bom - Falou Izzy.

Tessa sorriu com a observação da amiga.

— Agora, me mostre quem é a garota para podermos falar mais mal dela - Falou Izzy.
Tessa indicou a garota que estava começando uma conversa com Will.

— Ah ela... Ela é irmã do Jonathan, pelo menos ela se veste bem. Jace estava comentando comigo sobre ela. Ele encontrou ela perdida no campus nesses dias. Parece ser uma boa pessoa. Mas vamos fingir que ela é uma vadia e falar mal dela. - Falou Izzy.

— Lembre-se Tessa, você tem um pé esquerdo fenomenal - Observou Sophie.

Tessa não deixou de sorrir sobre os comentários feitos pelas duas. Ela suspirou e decidiu que Will Herondale não estragaria a sua diversão. Como ela queria que isso fosse verdade.

Além de Jonathan, Clary não conhecia ninguém na festa. O que era bom, já que ninguém poderia julga-lá e fofocar sobre ela. Isso geralmente ocorria quando ia em alguma festa em Londres. Era só a ruiva chegar para começar os burburinhos das pessoas.

Apesar dos olhares não incomodarem ela - ja que uma vez estava acostumada com esse tipo de atenção - um deles a chamou a atenção. Era familiar. Ela se lembraria dos olhos azuis em qualquer lugar. Talvez as pessoas não fossem assim tão desconhecidas. Com um sorriso no rosto, Clary foi até o sujeito que estava a encarando.

— Não saberia que o nosso próximo encontro seria tão em breve assim - Falou o garoto de olhos azuis.

— Surpresa estou eu por te ver curtindo festas estilo americanas. - Comentou a ruiva.

— Acredite, são melhores dos que as britânicas - Falou Will.

— Sério?! Então... Você também faz parte da fraternidade? - Questionou Clary.

— Na verdade não. Meu primo faz parte, então eu vim com ele. Cá entre nós, não iria perder a festa do ano.

— Certo você - Os dois riram.

Dois garotos se aproximaram dos dois. Um estava com um copo descartável nas mãos e tinha cabelos castanhos e olhos cor de avelã, Clary reparou que seu braço era totalmente tatuado. O outro que não trazia nada consigo tinha cabelos negros e olhos tão pretos quanto.

— William, seu babaca inglês, para de falar suas asnices inglesas para a coitada - Falou o garoto tatuado.

— Primeiro: não sou inglês, segundo: eu tenho uma conversa extremamente interessante. Pergunte para ela - Will apontou para a ruiva ao seu lado.

— Que seja, vocês escocês estão todos no mesmo lugar... E você não vai nos apresentar sua nova amiga? - Perguntou o mesmo garoto.

— Essa é Clary, encontrei ela hoje cedo correndo perto de casa - Falou Will

— Me fale onde você corre, porque eu acho que vou começar a correr por lá - Falou o garoto de cabelo castanho e com o braço tatuado.

— Que palhaçada é essa? - Will e Clary ouviram uma voz atrás deles.

A ruiva revirou os olhos ao perceber o timbre reconhecível da voz do sujeito.

— Sabe como é Jonathan, mina nova na parada... - Começou o garoto tatuado.

— Mina nova na parada é o meu orifício, ela é minha irmã! - Esbravejou Jonathan.

— Nós dois acabamos de chegar, William que estava se engraçando com ela primeiro - Defendeu o garoto de olhos pretos.

Jonathan lançou um olhar assassino para o garoto de olhos azuis. Se um olhar pudesse matar, Will estaria de baixo da terra há séculos.

— Jonathan, se aquieta! Não aconteceu nada, eu e Will estamos só conversando. Você não tem direito de ficar me perseguindo. - Retrucou a ruiva.

— Regra número um para passar o semestre na Columbia: nunca, em hipótese alguma, você deve falar com algum menino, especialmente aqueles que estejam no meu círculo de amizade. Entendido? - Ralhou Jonathan.

— Você está com ciúmes, Jonathan! Se eu estivesse ainda no outro lado do mundo, você não estaria agindo assim. Você nunca se importou com quem eu me relacionava! - Retrucou novamente Clary.

Ela não estava totalmente errada. Nas breves conversas dos dois tinham no Skype, uma vez ou outra ela mencionava sobre um cara que ela estava saindo. Jonathan não sabia muito da história dos dois e por estar a milhas de distância, não podia fazer nada a respeito.

Aqueles meninos que estavam ao redor da sua irmã - a irmã que viu correr de fraudas pela casa e que deixou para trás quando se mudou para Nova York - não a mereciam. Ele conhecia bem as intenções dos três ali. Isso incomodava Jonathan mais do que deveria. Aliás, o garoto sentia culpa por não participar da vida da irmã.

— Eu estou te avisando sobre as intenções deles. Eles vão te usar e depois te jogar fora! Estou te poupando de um trabalho de catar seus caquinhos depois disso. - Pouparia também do trabalho de sofrer junto da irmã quando isso acontecesse. 

Clary sabia que irmão estava fazendo isso devido a culpa que sentia. Mas isso não a impediu de sentir raiva. Os seus olhos verdes estavam faiscando. Os mesmos olhos que seu irmão tinha. A ruiva amaldiçoou o loiro platinado por isso. Amaldiçoou também os avisos que Janathan achava que tinha direto de dar.

Ela era esperta. Mais esperta do que Jonathan achava. Ela sabia as intenções de todos ali, mas não graças ao escândalo de Jonathan. Graças a ela mesma. Ela sabia dos riscos por experiência própria, sabia no que poderia dar. Na maioria das vezes ela ignorava eles e acabava se arriscando.

Clary deu um suspiro irritadiço e lançou um olhar de ódio para o irmão - Muito parecido com aquele que Jonathan lançou para Will alguns minutos antes. Ela se desmembrou do grupo e se dirigiu para uma das portas que dava para o lado de fora da casa. Mas sem antes falar:

— Você não tem o direito de falar isso para mim. Você não sabe o que eu passei em Londres. Então, não se intrometa e não justifique suas ações bancando o "Irmão ciumento e protetor". Nós dois sabemos que você não é isso.

Esse foi o tiro de misericórdia. Jonathan não respondeu a irmã. Não valia a pena. Mas suas palavras soaram duras e querendo admitir ou não, Clary tinha um pouco de razão.

A ruiva saiu da casa mas sem antes ser seguida por alguém.