P.O.V. Comandante James.

O exército de bruxas era composto em sua maioria de mulheres e ainda assim massacraram os meus melhores homens. Elas tinham a sua disposição três dragões enormes que eram imunes a flechas, espadas, tinham vampiros e muitos outros tipos de monstros.

O reforço chegou. E elas rapidamente mataram o reforço. Aqueles eram os arqueiros mais habilidosos que eu já vi.

Eu estava disposto a lutar até o fim, mas os meus soldados não estavam.

—Chega. Estamos nisso á três dias e em três dias elas mataram milhares dos nossos e nós não chegamos nem na linha de frente delas.

—Caim!

Caim largou a espada e ficou de joelhos.

—Eu me rendo.

A comandante veio cavalgando calmamente e parou diante de Caim. Ela desmontou e estendeu a mão para ele.

—Fez a escolha certa irmão. Você está livre, sua servidão acabou.

Ela o ajudou a levantar-se, curou suas feridas e voltou a formação.

—Mais alguém?

Um a um os meus soldados se renderam. Foram curados pelas bruxas e eu fiquei sozinho.

—Ainda se recusa a se render?

—Nunca me renderei.

—Então vai pra casa garoto. Aqueles que se renderam são bem vindos para passar a noite e recobrar as forças, vamos fornecer provisões para que possam voltar para suas famílias. Vamos!

Eles se renderam e elas os acolheram? Como assim?

No dia seguinte ao raiar do dia os soldados retornaram montados em cavalos e com provisões e um deles carregava um cavalo a mais.

—Pra que esse cavalo?

—Um presente da poderosa bruxa Ísis para o meu comandante. Ela disse que o nome do cavalo é Tornado.

Era um belíssimo garanhão negro, com uma cela da mesma cor.

—Porque ela me daria um cavalo? Eu não me rendi.

—A bruxa admira sua coragem e lealdade. Por isso o cavalo.

Montei no cavalo e marchamos de volta á cidade do vaticano onde o papa nos esperava.

—E então?

—Fomos derrotados. O exército delas massacrou o nosso, elas tem os melhores arqueiros que eu já vi, elas tem três enormes dragões que se curvam a sua vontade. Com uma baforada dos bichos metade do nosso exército morreu, os projéteis das catapultas e trabucos bateram numa barreira sólida e mágica e voltaram matando mais dos nossos, em resumo elas mataram grande parte do nosso exército colocando nossas próprias armas contra nós. Haviam vampiros, bruxas-vampiro, uma variedade de demônios e uma chamada Alana.

—Você fracassou? O que houve com o resto dos homens?

—Os que sobreviveram se renderam, todos menos eu. As bruxas, os curaram, lhes deram asilo, provisões e cavalos.

—E pelo que me lembro seu cavalo era branco.

—Ele era, mas morreu no campo de batalha incinerado pelo fogo dos dragões.

—E onde arrumou esse cavalo negro?

—Foi um presente da bruxa. Gastão disse que ela o deu para mim por valorizar minha coragem e lealdade aos meus.

—Você não se rendeu? Tem certeza?

—Tenho. 

Gastão intercedeu por mim.

—O Comandante foi o único que não se rendeu.

—Então você se rendeu?

—Sim. Você não estava lá, então não tem direito de julgar-me.

—Eu sou a voz de Deus na terra! Ele sussurra sua vontade em meu ouvido.

—Começo a me perguntar se é mesmo a voz de Deus que sussurra em seu ouvido. Começo a me perguntar se não és vós o servo do Demônio, afinal nos mandar para chacinar mulheres e crianças inocentes não pode ser a vontade de Deus.

—Ousa questionar-me?!

—E você ousa julgar-me?! Porque você não levanta essa sua bunda papal desse trono sai da cidade e vai lá brigar com a bruxa você mesmo?!

—Ousa levantar a voz para mim?

—E você ousa pensar que sabe alguma coisa sobre bruxas? Você nos mandou para a morte sem exitar e elas nos resgataram, nos deram cavalos e provisões para voltar para casa. Elas tiveram piedade de nós.

Os soldados começaram a se amotinar. E eu a pensar.

—Gastão está certo! A bruxa curou meu filho enfermo sem cobrar nada mesmo depois de nós a termos atacado!

—É! Elas ensinaram o povo do vilarejo a ler a bíblia e o povo disse que nada do que vocês dizem é verdade, por isso que quis aprender e elas estavam certas. Enganaram a gente!

—É! Vocês extorquem o povo que já é pobre, dormem com as mulheres dos outros! Mas, na bíblia diz não adulterarás! Não cobiçarás o que é do seu próximo! Não mentirás!

P.O.V. Papa Borgia.

Que droga! Bruxas malditas.

—E o que te faz pensar que elas te derem a tradução correta da palavra de Deus?

—O simples fato delas saberem recitar cada capítulo, cada versículo, cada parábola de cabeça e em latim. São as exatas palavras que eu escuto quando vou á missa de domingo. Elas sabem falar as palavras com uma pronúncia perfeita e um monge chamado Martinho Lutero confirmou tudo o que elas disseram.

—Lutero? Aquele miserável!

—O senhor o conhecia?

—Não. Só ouvi falar.

—Engraçado, porque o próprio Lutero disse que fez parte do alto clero e que foi treinado e ensinado por você. Disse que era seu aprendiz e quando ele lhe disse que o senhor devia dizer a verdade ao povo porque mentir era pecado, o senhor disse que conhecimento era poder. Mas, ele perturbado por sua consciência ele afixou em 31 de outubro de 1517 as suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo e vale ressaltar irmãos que dia 31 de outubro é o dia sagrado das bruxas.

—É verdade.

Então, meu próprio exército voltou-se contra mim e me atacou. Quando acordei havia uma mulher de preto que me estendeu a mão e disse:

—Venha. É hora de atravessar.