No. 7 escrita por Himaku


Capítulo 1
No. 7




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Saudosismo maldito!

— Ahn?

Shion não estava bem de memória naquele momento. Onde estava? Era claro, iluminado através de um céu lilás, porém sem sol, o que deixou o homem confuso o suficiente para ter de se levantar e cerrar e abrir os olhos buscando enxergar melhor o novo ambiente. Confusa. Essa era a perfeita palavra para aquela situação. Sua consciencia se assemelhava a um quadro pintado apenas de preto, sem nenhum detalhe, apenas uma pressão enorme sobre sua mente: nada aparentava existir, ele era simplemente um bebê após o parto de sua mãe. Mas quem era a mãe..?

O que era aquele lugar de qualquer forma? Shion se via apoiado em uma encosta, sobre um solo desertico e pedregoso, com morros de terra aparentemente árida, ambos o solo e as elevações pintados em uma cor semelhante a areia. Assim como o céu, o ambiente era indefinidamente vasto e pelo que Shion poderia perceber, aquele cenário montanhoso se repetia da mesma forma ao infinito, a não ser em uma das direções, como Shion percebera ao se virar de costas: uma grande muralha se estendia do chão, indo em direção aos céus com uma altura de provavelmente 50 metros e no nivel do solo, situada proximo ao centro do muro dentro de seu campo de visão, estendia-se a partir de um portão fechado uma fila de 4 pessoas, todas com a mesma expressão no rosto: incerteza total. Shion percebeu que deveria seguir aquilo, caso queira ter alguma informação do que estava acontecendo. E queria. Andou depressa até o local, ainda se situando no espaço, seu andar era cambaleante.

— Ah... Com licença! — pediu ele ao último da fila e ao chegar a seu encontro, percebeu em sua aparência um jovem adulto com o cabelo vermelho, liso e curto, de certa forma lembrava-lhe de alguma coisa dentro da dimensão negra de memórias perdidas. Seu rosto era hilariamente comprido e tinha a mesma altura de Shion. — Que lugar é esse? Onde estamos?

O locutário parecia distraido. Seus olhos tremeram e voltaram a si.

— Ahn… ah, eu também não sei. Para falar a verdade, eu tenho a sensação de que isso é o que chamamos de Mundo.

—… Mundo? — o jovem estava tão duvidoso sobre sua situação quanto Shion, mas seu discurso despertou seu interesse. Como mundo? — É… Qual o seu nome, mesmo?

— Eu acho que é... Cabeça-de-raposa? — o tal estava tão avoado que não poderia nem lembrar com clareza o próprio nome e Shion pôde se espelhar, também não tinha certeza dessa suposta identidade, ou é assim que é chamado esse tipo de nome. O “cabeça-de-raposa” soava tão confuso e fraco que poderia ser confundido com qualquer coisa. Shion contou come era chamado também — Esse lugar… O Mundo, onde os seres vivos moram, onde o relacionamento e a troca de informações são possíveis, onde se pode espelhar sua função através do esforço… Acho que é isso, mas eu não sei.

A conversa chamou atenção do homem à frente, mais velho, com uma expressão assertiva e um sorriso curto:

— Ei, não liguem pra isso crianças. — Crianças. Shion não parecia ter o corpo de uma criança, assim como Cabeça-de-Raposa (ou apenas Raposa, como preferiria denominar, devido a suposta estranheza do nome). Se fosse julgar, parecia ter por volta de 20 anos, isso o fez ainda mais confuso sobre sua própria identidade, o que não era nem um pouco necessário. — Se esse é o mundo ao não, o nome desse lugar é No. 7, olhem ali. — Apontou para uma placa na sobre o portão na muralha e realmente era esse nome, e faria sentido pensar que para ser o sétimo, deveriam haver mais seis localidades como aquela, mas por que exatamente o numero sete?

— Ei, moço! Você sabe mais coisas sobre esse lugar? — devido às duvidas de Shion, onde estavam exatamente, o que estariam fazendo ali e o que deveriam fazer, onde estavam os outros seis números, o que encontrariam nesse Mundo…, estava disposto a arrancar qualquer resposta.

— Calma, criança, aqui nós cinco também acabamos de chegar — uma pausa. — Ei, aparentemente somos seis agora! — disse, enquanto apontava para o mesmo lugar onde Shion surgira no Mundo, entretanto um outro jovem, com cabelos escuros, bagunçados e pele pálida, vestindo um manto branco. Nesse momento, Shion percebeu que todas as pessoas estavam usando uma roupa como essa, o que para ele provavelmente representaria que naquele Mundo a igualdade prevaleceria entre os humanos. Uma utopia?

— Um garoto.. ? — Shion sentiu a mesma sensação que sentira minutos atrás novamente, ao ver a condição em que o menino se encontrava, aparentemente sem consciência nenhuma e estupefato no chão. Ele queria o ajudar, queria mostrar a direção onde deveria seguir, mesmo sem nenhuma estrutura para se sustentar a não ser o próprio nome, sentia que deveria apoiar o recém-chegado em uma outra estrutura estável, algo para se segurar nesse Mundo confuso, em… No. 7, talvez porque pensasse que poderia agregar outra companhia, já que era praticamente solitário… — Oi, vamos trazê-lo conosco! Ele parece que não vai acordar!

Os próximos 4 da fila, por favor, se aproximem.

Era uma voz robótica feminina, vindo do portão de No 7. Shion não sabia o que fazer, sua solidão o empurrava em direção ao menino desacordado no solo pedregoso, porém sua razão fazia força para entrar pelo portão, já que era provavel encontrar as respostas para as suas perguntas. Contudo encontraria companhia, calor humano? Antes que pudesse concluir alguma coisa, sentiu-se puxado ao portão semi-aberto, provavelmente por Raposa, já que fechou os olhos dessa vez, pensando que tudo poderia ser um sonho e que se cerrasse fortemente as pálpebras iria se transportar a outro Mundo, com sentido. Apenas andou conforme era conduzido e ouviu a abertura se fechar com um estrondo em suas costas. Sua cabeça ainda latejava.

Shion, Cabeça-de-raposa, Yume, Satoru: esses quatro nomes foram convocados ao Mundo por Elyurias, a Senhora do Tempo e da Vida, que rege por esse local. Respeiteis o nome pelo qual vós fostes chamados. Respeiteis onde o vosso corpo nasceu no Mundo. Respeiteis No. 7.


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