Serena escrita por Maria Lua


Capítulo 7
Duas conversas indesejadas




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Era sábado. O que, uma semana atrás, significaria ir ao clube, aproveitar o sol, começar uma série televisiva, ir ao cinema, comer frutos do mar, ou simplesmente ficar de bobeira com os amigos e namorada. Hoje o meu sábado se resume a confinamento. Na noite passada peguei bastante comida para me entocar em meu quarto até, pelo menos, ninguém mais estar lá fora. Não queria ver a diretora, não queria ver a Violet, e muito menos a Serena.

Está bem, isso não é totalmente verdade, mas eu não poderia me dar ao luxo de querer vê-la. O dia anterior me fez ver o quanto aquilo era errado e arriscado. Ela nos colocou em uma situação complicada onde poderíamos nos prejudicar muito facilmente. Ou melhor, eu poderia, já que ela é altamente defendida aqui dentro. É claro, ela tem seus problemas, mas a colocam em um pedestal! Já conseguia ouvir os tablóides dizendo:

“Aluna de colégio interno de catorze anos de idade é assediada por seu professor, o único homem do ambiente, jovem”, na melhor das hipóteses! Poderiam dizer ser estupro, também. Ou poderiam dizer que a espanquei. Ou que a esfolei. Todos sabem como a mídia é...

Estava silencioso no meu quarto procurando um bom site para assistir novamente o filme O Bebê de Rosemary quando ouço batidas na porta. Eu juro, senti como se estivesse em meu quarto em minha casa. Abri a porta tão naturalmente que esqueci que não queria ver ninguém. Foi quando girei a maçaneta que torci para não ser a Violet. Nós teríamos que conversar, mas seria uma conversa difícil demais para um sábado.

Mas as minhas preces foram atendidas. Não era a Violet. Era a Serena. Não conseguia decidir qual seria conversa mais constrangedora.

– Srta. Doolitle. – eu falei, mas ela entrou de supetão, e com muita habilidade fechou a porta atrás dela.

– Eu já disse que para você é Serena. – falou, e então caminhou até sentar em minha cama. – Bem legal o quarto. Não imaginei que tivesse tantos pôsteres, especialmente de filmes e bandas. Bem legal mesmo.

Caminhei até parar em sua frente.

– O que você quer, Serena? – respirei fundo.

– Te entender. Eu sei quando acabo me tornando um incômodo para alguém, mas... Você age como se quisesse distância, mas me olha como se retribuísse minhas ações. – ela falou e sentou-se de perna de índio na cama. Soltei o ar e sentei em sua frente.

– Serena, tente olhar pelo meu ângulo. Eu sou um professor. Você é uma aluna. Eu sou jovem, não tenho experiência, e tive a sorte de conseguir um emprego em um ótimo colégio. E só o consegui porque trabalhei duro, apesar de ter um pai professor me ajudou muito a conseguir essa oportunidade. Mas eu posso jogar tudo isso no lixo ao me envolver com você. Posso ser demitido, se pensar positivo. Mas posso ficar com a ficha suja, nunca mais ser aceito como professor ou até mesmo ser preso. – expliquei calmamente a situação. Ela aparentou pensar por uns instantes.

– Mas... Isso quer dizer que, se não fosse isso, você iria se aprofundar em nós dois? – perguntou, trazendo seu corpo para mais perto do meu.

– Esse não é o ponto. A questão aqui é que eu não posso arriscar meu futuro, e até mesmo essa conversa é arriscada. Não posso fazer isso por você. – falei quase suplicando enquanto afastava meu corpo do dela, que estava cada vez mais próximo. Eu estava me esforçando muito para negar isso. Vê-la ali, em minha cama, era como em meus sonhos. Eu sentia meu coração bater tão forte que tinha certeza de que ela também o ouvia.

– Então você quer parar com tudo isso? – ela perguntou, levantando um pouco mais a sua saia, revelando as belas pernas que tem. Hoje ela estava sem casaco. Vestia uma camisa pólo que foi cuidadosamente desabotoada, mostrando o seu colo. Cada parte nova de seu corpo me fascinava e tornava mais difícil tomar aquela decisão. Mas eu precisava.

– Sim. Quero parar.

Ela abaixou a cabeça por um instante.

– Então... Esse é o nosso último momento a sós.

– Sim. – concluí.

– Em seu quarto. E não há chance de ninguém nos pegar aqui. – ela ergueu os olhos para mim. – Acho que merecemos uma despedida razoável.

Não tive tempo para pensar. Ela praticamente voou para cima de mim. Foi rápido e ao mesmo tempo doce. Seus lábios pousaram nos meus com uma facilidade muito grande, se encaixando perfeitamente. Nosso beijo era perfeito. Os dois sabiam o que fazer e como fazer. Se ensaiássemos não seria melhor que isso. Uma de suas mãos subiu para a minha nuca, acariciando o meu cabelo. A outra agia rapidamente. Em meio ao beijo ela corria por meu peitoral até enfim encontrar o que queria. O começo da calça. Ela puxou a minha camisa de dentro da calça e, com muita habilidade a desabotoou. Estava quente. O ambiente daqui era mais quente que o da minha cidade, mas no momento estava fervendo. Não a ponto de suar ainda, mas eu sentia todo o meu corpo queimando de uma insolação interna incontrolável. Sentia que ela também estava assim. Nossos corpos arrastavam-se um no outro. Passei minha mão por suas costas e comecei a puxar a sua saia por cima. Logo as suas pernas estavam de fora. Eu as apalpava, as sentia. Todo aquele momento já era extasiante para mim, e eu ansiava por mais. Estava indo mais além do que a minha moral me permitia. E o nosso beijo não pausava. Passávamos minutos nos sentindo e nos aproveitando ao máximo, até que, muito ágil, ela me virou a ponto de me deixar na cama, sentando por cima de mim. Só nesse momento paramos de nos beijar, nos encarando. Ela sorria muito com os lábios um pouco vermelhos. Eu sentia-a sentar em meu órgão. Sentia todo o seu peso, o seu volume, os seus detalhes. E agora mais do que nunca: ela tirou a sua camisa. Eu via seus seios pequenos em seu sutiã e admirava como se fosse a coisa mais linda do mundo. As curvas de sua cintura, os ossos do seu colo, tudo a fazia ainda mais atraente. Eu a queria muito. Ergui minha coluna para beijá-la de novo, e lá estávamos nós... Deitados em uma cama, ambos sem camisa, nos beijando e passando a mão por todo o nosso corpo. Conhecendo-nos. Isso é mais do que eu jamais sonhei. É melhor do que tudo que poderia imaginar. E é real.

Era real. Mas, como sempre, algo nos atrapalha. Ouvimos batidas na porta e, rapidamente, segurando o riso, Serena se escondeu na suíte. Eu levantei rápido e ajeitei as coisas. Escondi a camisa dela junto com seu sapato debaixo da cama. Respirei fundo e gritei “já vou”. Passei a mão no mouse do computador para parecer que estava usando e devagar abri.

– Nós precisamos conversar. – Violet falou entrando de vez no quarto, com o olhar preocupado. Foi então que ela olhou para o meu corpo, provavelmente notando algo de diferente. Nesse momento eu preciso admitir: não tinha o que se fazer.

Ótimo. Mas que maravilha.


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