100 Dias com Oliver Queen escrita por daisyantera


Capítulo 14
Slade Wilson


Notas iniciais do capítulo

HELLOOOOOOOOOOOOOO FROM THE OTHER SIDEEEEEEEEEEE!!!!!
QUERIA AGRADECER MUITÃO A LEITORA Luzi PELA A RECOMENDAÇÃO FODÉÉÉÉRRIMA (Nyah me deixa xingar) QUE ELA DIGITOU PRA FANFIC! Já falei que vocês são demais? Vocês são demais! F---sticas, inclusive (Meu Deus, hoje eu estou no meu modus xingantion, tenho que parar enquanto há tempo)
Ah, eu sempre falo, falo e falo, mas nunca consigo expressar em palavras o tanto que vocês me surpreendem e me deixam contente! É tipo...Ual, vocês são demais. Apenas ual. Muito, muito, muito obrigada meeeeesmo por todo esse carinho. Sei que sou uma frouxa, desgramada, e que ás vezes (sei) vocês queriam que o tridente do capeta estivesse enfiado onde o sol não bate em mim, mas...O QUE EU ESTOU QUERENDO DIZER É: Vocês são demais, eu sou uma merda, mas ignorem minha demora e não desistam de mim (Daisy tão engraçadinha usando memes, né? Não)
Tá, agora já chega, tô fazendo rascunho pra ENEM de novo. Vamos lá para o capítulo.
CAPÍTULO NÃO REVISADO (DUH)
LEIAM AS NOTAS FINAIS (CRUCIAL DEMAIS E VOCÊS SABEM DISSO, EU FALO MUITO, MAS....mas)
BOA LEITURA!



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Felicity's  Pov

Um Oliver, incomoda muita gente. Dois Oliver, acabaria com a raça humana. Três Oliver, a via láctea encontraria seu fim. Quatro Oliver, dizimaria a galáxia inteira.

― Felicity, eu estou te escutando! ― Oliver resmungou, chutando minha cama pela milésima vez naquela noite. Soltei um grunhido baixo, me amaldiçoando por ter escolhido a cama acima do lunático. Eu estava lhe dando a oportunidade perfeita para me azucrinar.

― Eu juro que quando eu descer daqui, vou arrancar o seu pé! ― Eu prometi, numa voz baixa, esperando que Diggle não acordasse com a nossa terceira discussão da madrugada. Eu simplesmente não conseguia dormir.

Só não sabia se o motivo era por causa do Queen logo abaixo de mim, ou quem sabe, de eu estar na casa de um homem cosplay do Exterminador do Futuro, no meio do nada na China - isso por um acaso faz sentido? - e que ele tinha uma arma. Assim como Diggle, deitado do outro lado do quarto.

Eu estava tãããão na merda!

Se, você conseguir descer. ― Ele pontuou e eu fulminei o teto com o olhar, como se ele fosse o próprio Queen. Não podia o ver no momento, mas tinha a absoluta certeza que detinha o seu habitual sorrisinho sardônico.

I-D-I-O-T-A.

Quando, eu descer daqui, eu vou chutar você onde mais dói. ― Voltei a prometer, com mais força e aquilo arrancou uma risadinha irritante dele.

― No momento, acho que você está esquecendo que eu sou o seu chefe e não temos intimidades o suficiente para cada um atingir certas áreas do outro. ― Pausa ― É claro que isso pode mudar, a qualquer momento, mas não acho que a mudança requeira agressão deliberada nas minhas áreas. Quem sabe, um carinho?

ELE ESTAVA INSINUANDO O QUE? Engasguei com a minha própria saliva e lutei para não morrer ali mesmo, por conta da minha tosse escandalosa. E se Diggle acordasse? Pior, e se Slade acordasse? Lembrava nitidamente que ele havia me dito ter uma arma. Uma fodendo arma que poderia explodir o meu cérebro num segundo.

Virei na minha cama, e ignorando a altura da beliche, inclinei metade do meu corpo para fora e olhei o Queen, deitado despreocupadamente, olhando diretamente para mim. Ele já deveria saber que eu faria aquele movimento, pensei, franzindo os lábios. Meus cabelos caíam feito cortinas ao redor do meu rosto.

― Você é um idiota, sabia?

Para o meu desgosto, a minha voz havia saído mais suave que o pretendido. E eu só pude culpar a falta de oxigênio no meu cérebro, por estar praticamente de cabeça para baixo, encarando o Queen.

Ele curvou os lábios.

― Estou cansado de dizer para você, Srta. Smoak, que só sou idiota, ás vezes.

Reviraria os olhos, entretanto, resolvi não arriscar. Vai que eles caiam naquela posição? Nahhh, melhor não!

― Se você acredita nisso... ― Resmunguei, finalizando aquela pequena discussão, ou pensando que havia finalizado. E voltei para a cama, na minha posição anterior. O teto nunca me pareceu tão atraente.  

03:00 a.m.

Merda, eu odiava aquele teto! Pensei, me revirando na cama.

― Pare de se mexer, está me atrapalhando a dormir.

Fechei os olhos, com raiva. É claro que o idiota ainda estava acordado!

― Não lembro de estar me mexendo em cima de você. ― Soltei, azeda.

― Nem eu.

Franzi o cenho. Era isso? Só isso? Ele concordava comigo?

― Hein?

― Nem eu. ― Repetiu, lentamente ― Mas você quer? Posso te dar uma oportunidade.

Abri a boca, chocada. Por que tudo ele tinha que levar para o lado sexual? Imediatamente, peguei o meu travesseiro e joguei na cama de baixo, rezando que tivesse o acertado bem na cara.

03:30 a.m.

Pedir ou não pedir? Debatia, internamente, com os punhos cerrados rente ao meu corpo.

Soltei o ar pela boca. Pedir.

― Devolva o meu travesseiro.

― Oh, finalmente!

Rolei os olhos, ao ouvir aquele tom infantil. Começava a pensar que a vida era um circo para o Queen e eu era uma de suas atrações.

― Você é a minha atração principal.

Bati o lábio, eu havia falado aquilo em voz alta. Ótimo.

― Muito fofo você.

― Eu sei.

― Não foi um elogio.

― Pensei que tivesse sido.

― Pensou errado.

― Claramente.

Suspirei.

― Não vai devolver o meu travesseiro?

Algo voou, bateu contra parede ao meu lado e aterrissou no meu rosto. Era um travesseiro, mas não o meu.

Merda!

04:00 a.m.

Que droga de fragrância era aquela? O cheiro do Queen estava impregnado até no meu cérebro! E aquilo era desconcertante. Não queria ter o cheiro daquele demônio comigo. Era irritante. Tirei aquele maldito travesseiro de trás da minha cabeça e o coloquei no meu colo.

Era hora de negociar mais uma vez.

― Devolva o meu travesseiro agora!

Okay, negociar não era bem a palavra. Tava mais para: Exigir.

― Por que? Eu estou muito confortável com o seu.

― Pois eu não! O seu é duro.

Uma mentira. O travesseiro do Queen era tão leve e macio quanto o meu. Apostava que tinha pena de ganso.

― Não é só ele.

― Hã?

― Não é só o meu travesseiro que é duro.

IDIOTA!

Joguei o travesseiro em direção a sua cama e cruzei os dedos, novamente, rezando para que dessa vez eu tivesse acertado o rosto do canalha.

04:15 a.m.

― Me dê um travesseiro.

Não havia sido uma manobra muito inteligente da minha parte, jogar o único travesseiro que me restava, na cama do Queen. Nah-uh.

― Qual dos dois?

Desgraçado.

― O meu, é claro.

― Tem certeza?

― Sim.

― Absoluta?

― Oliver...

― Felicity...

Silêncio.

04:25 a.m.

― Vai devolver o meu travesseiro ou não? ― Emputeci de vez.

― Por que eu devolveria?

― Porque é meu!

― Não sei.

― Oliver...

DEVOLVA O MALDITO TRAVESSEIRO E CALEM A BOCA, EU QUERO DORMIR!

Arregalei os olhos ao ouvir a erupção na voz de Diggle. Tão rápido quanto eu mandei o meu travesseiro para a cama de Oliver, eu virei em direção a parede e puxei minha coberta até cobrir minha cabeça. Puta merda, Diggle esteve ouvindo toda aquela discussão e ainda tinha uma arma!

Merda, merda, merda!

Iria calar o bico para a minha própria segurança.

Jesus, Diggle...Tudo isso é falta da sua esposa?

Oliver era louco! Como ele tinha coragem de provocar um homem após acordar? Ainda mais um homem com uma arma? Idiota ele era, louco ele era, suicida ele estava provando ser também.

― Oliver, devolva o travesseiro e cale a maldita boca! ― Ouvi a exigência do Rambo e menos de cinco segundos, senti um travesseiro batendo contra a minha cabeça.

Ai, aquilo doeu!

Mais alguma exigência, papai?

O Queen não tinha amor a vida mesmo.

― Cale a boca, Queen!

Lentamente, espiei entre a coberta, o quarto. Diggle estava de olhos fechados, deitado na sua cama, mas segurava algo em sua mão.

E se eu não calar?

Ainda de olhos fechados e com uma precisão espantosa, ele atacou o objeto na direção que Oliver estava deitado e eu não precisava ser um gênio para saber que o tinha acertado em cheio. Quis rir com aquilo e comemorar ao mesmo tempo.

Percebi que estava fazendo exatamente isso, quando senti o Queen chutar a minha cama.

Cale a boca, Felicity!

Depois daquilo, o quarto permaneceu em silêncio.

(...)

Sabe aquela sensação que você tem de estar sendo observada? Era exatamente aquela que eu estava sentindo. Abri os olhos, alarmada. Droga, eu havia dormido no campo inimigo! Tentando acalmar o meu ritmo cardíaco, lentamente olhei na direção que a força da gravidade parecia querer que eu olhasse e sufoquei o grito, ao encontrar dois olhinhos perspicazes me olhando.

PUTA MERDA!

Okay, não sufoquei o grito não.

Akio estava na escada da cama, me olhando como se eu fosse alguma espécime de estudo científico.

― Falar palavrão é feio, sua mãe nunca te disse? ― Seu tom era um pouco monótono, e ele mantinha a cabeça apoiada nas mãozinhas. Poderia ser uma cena adorável, se eu não tivesse visto sua performance no dia anterior. Eu não estava comprando nada daquilo.

Fiz uma careta, diante a sua pergunta. Minha mãe fazia mais o tipo de me incentivar a xingar, não ao contrário.

― O que você está fazendo aqui?

Ele me estudou por alguns segundos, e eu me ocupei de inspecionar o quarto pelo canto dos olhos. Diggle não estava mais na sua cama, e o ambiente estava silencioso demais para que Oliver estivesse presente. Era só eu e a cria do diabo. Isso era bom ou ruim?

― Oliver me pagou pra tirar a escada da beliche fora. ― Deu de ombros ― Ele disse que você tem medo de altura.

É claro que ele disse, pensei sentindo o meu sangue ferver em minhas veias. Imediatamente, fiquei na defensiva, consciente do meu pequeno trauma de altura e que infelizmente, uma criança ali estava no poder para decidir o meu destino. Ótimo, não poderia ser mais deprimente.

Cruzei os braços, tentando não demonstrar que eu estava intimidada ali.

― E o que você decidiu?

Eu, Felicity Smoak, estava definitivamente pronta para negociar com uma criança. Me sentiria até mal por isso, se aquela não fosse qualquer outra criança.

Akio abriu um sorriso alarmante na minha direção.

Oh, céus! Eu estava encrencada!

― Não sei, eu ainda estou pensando.

Franzi o cenho.

― Pensando no que?

― No que você pode me oferecer.

Eu certamente o poderia oferecer um afogamento grátis.

Estreitei os olhos ― O que Oliver te ofereceu?

― O que você tem para me oferecer? ― Fugiu da minha pergunta, com maestria. Torci os lábios, aquela criança era um perigo! Conseguia imaginar muito bem seu futuro na carreira de negócios. Seria o próximo Lobo de Wall Street.

― Dinheiro? ― Tentei, começando a vasculhar a minha cama com os olhos, à procura da minha mochila. Eu não havia nada realmente bom para o oferecer, mas ele não parecia disposto a aceitar minha oferta, já que me encarava com um ar reprovador que só uma criança poderia carregar. Avá!

― O que tem na sua mochila? ― Questionou e só aí percebi que ele estava perigosamente perto da mesma. Engoli em seco, pensando nos meus preciosos chocolates.

― Roupas. ― Respondi rápido, rápido demais. Ele notou.

― Quero os chocolates que tem aí dentro.

Peste! Ele havia vasculhado a minha mochila enquanto eu estava dormindo!

― Te dou duas barras de chocolate se você me deixar em paz. ― Falei, pegando minha mochila e deixando longe de seu alcance. Ele fez um beicinho, mas não parecia pronto para fazer birra e sim, pensando nas suas opções. Oh, Deus! Mereço mesmo viu...Por isso mentes inteligentes eram perigosas, principalmente quando tinham algum poder em mãos - no caso de Akio, ele tinha o poder de transformar minha estadia num completo inferno - mais do que o previsto.

― Três. ― Ele replicou, resoluto.

― Duas. ― Voltei a insistir, com mais intensidade.

― T..R...Ê...S ― Repetiu, pausadamente, enquanto começava a tamborilar as pontas dos dedos ao redor da escada. Eu sabia muito bem que aquele era o seu jeito de me intimidar - e estava funcionando, um pouco. Se fosse uma situação normal, eu já teria o chutado pra fora daquela escada e fim da história. Mas, eu estava numa ilha, no meio do nada, sem conhecidos por perto. Eu estava completamente desamparada.

Barry Jack e Barry-cão me serviriam de grande ajuda no momento.

― Okay, três. ― Cedi, com um suspiro derrotado, abrindo a minha mochila e dando minhas três barras de chocolate. Ainda haviam me sobrado duas e eu tinha a impressão que eu não as comeria jamais.

Merda!

Satisfeito, Akio saiu saltitante do quarto, mas não sem antes de me responder onde ficava o banheiro da casa. Num pulo, saí da cama, peguei meus utensílios e rumei para o lugar onde Akio havia me indicado que era o banheiro. Após fazer minha higiene, saí por aquele corredor prestando atenção nos sons que eu ouvia, logo, eu estava na cozinha de frente ao clubinho dos "Eu Odeio Felicity Smoak." Tá, okay, exagerei. As únicas pessoas que estavam ali e faziam parte do clube era Oliver e Akio, de resto, eu ainda precisava analisar.

― Bom dia. ― Saudei, constrangida por ser a última acordar.

Contudo, caso alguém reclamasse da minha falta de modos, poderia culpar rapidamente Oliver por aquele meu pequeno deslize. O idiota havia passado horas e horas me perturbando, ou seja, se eu acordei tarde era culpa dele. Na verdade, tudo era culpa dele. E além disso, eu tinha Diggle de testemunha!

― Bom dia. ― O Schwarzenegger foi o primeiro a me saudar, segurando uma xícara de café rente aos lábios, mas como o dia anterior, pude identificar uma insinuação de sorriso ali. Aquilo era um bom sinal?

― Ei, bom dia! ― A bale- Shado, me saudou com um sorriso gentil nos lábios. Ela estava sentada na pequena mesa redonda, de quatro lugares, me olhando brilhantemente. Como alguém conseguia acordar tão feliz daquele jeito, ein? ― Você teve uma noite boa? Eu espero que sim!

Minha noite teria sido boa se eu tivesse matado o Queen quando tive a oportunidade, quis responder, mas deixei aquilo pra lá. Não precisava de mais alguém para testemunhar minha tendência homicida quando o assunto era o sádico-mor.

Para não acrescentar mais uma mentira no meu repertório, maneei a cabeça positivamente, olhando Oliver e esperando que ele me contradissesse na frente de todos, mas diferente da crença popular, ele continuou quietamente sentado tomando o seu café da manhã. Aquilo foi tão estranho que eu passei uns bons minutos, apenas o fitando, até Slade pigarrear atrás de mim.

Eu deveria estar igual uma babaca olhando o Queen daquele jeito!

Depois daquele estranho momento, tomamos o café da manhã ouvindo Shado tagarelando alegremente sobre algo - e eu achei confortável que pela primeira vez, eu não era a tagarela do grupo. Ótimo, já começava a gostar de Shado.

(...)

Após o café da manhã, as pessoas que tinham o cromossomo y naquela casa, resolveram 'sair'. E eu não conseguia imaginar o que 'sair' queria dizer para eles, uma vez que estávamos isolados numa ilha e eu não via nada de interessante para se fazer lá, além de nadar e explorar a floresta. Por isso, estava fazendo companhia para Shado que como Akio mesmo disse, parecia uma baleia encalhada no sofá, cansada e pesada demais para fazer qualquer coisa além disso. Tá bom, eu não deveria concordar com Akio naquela sua observação claramente maldosa, mas...Ah! A criança era uma peste manipulativa que conseguia fazer a visão grudar na sua mente, uma vez que ele falava algo!

― Quem são os pais de Akio? ― Perguntei, extremamente interessada, quando Shado deu uma brecha do seu tópico de Coisas para Contar a Felicity.

Ela franziu o cenho, com a repentina mudança de assunto, e começou a tamborilar levemente os dedos sobre sua barriga.

― Tatsu é a mãe de Akio, ela mora aqui perto, mas geralmente está fora da ilha, por conta do trabalho...Ela costuma vender suas ervas medicinais e antídotos para algumas lojas, e drogarias da cidade. Aqui na ilha ela é considerada uma curandeira e também fez o parto de muitas nativas daqui.

― Isso quer dizer que ela fará o seu parto? ― Concluí e ela confirmou com a cabeça. Entretanto, uma pergunta continuava martelando na minha mente. ― Quem é o pai de Akio?

Seu rosto rosado entristeceu ― O pai de Akio se chamava Maseo, era um ex-militar que acabou morrendo há três anos atrás, quando a ilha foi tomada por uma tempestade.

― Então por isso que Akio fica fazendo suas aparições relâmpagos por aqui? ― Perguntei, apesar de já saber a resposta.

― Sim, Slade não liga pra isso, gosta da companhia dele.

Presumia que sim, uma vez que Shado clamava com todo o fervor que Akio não era tão ruim assim. Além de claro, Akio fazer parte do projeto "Treinando Papai", não tinha dúvidas que o Schwarzenegger estava ganhando grandes experiências com o cria do diabo.

Rapidamente, resolvi mudar de assunto, tentando evitar que a mulher à minha frente começasse a se debulhar em lágrimas - nada sabia sobre grávidas, mas já havia ouvido dizer que por qualquer coisa, elas ficavam sensíveis. Não gostaria que Slade chegasse em casa e encontrasse a mulher em prantos, principalmente na minha presença.

Passamos longas horas conversando sobre alguns assuntos bem mais agradáveis - não tão agradáveis ao ponto dela fazer planos de conspiração comigo contra o Queen -, até Akio aparecer na nossa frente, indicando que os detentores do cromossomo y, estavam também por perto.  

― Tia Shado, quer? ― Ele parou na frente de Shado, oferecendo um biscoito de chocolate que tinha em sua mão. Arqueei uma sobrancelha, diante aquele gesto.

Fazendo uma careta, Shado recusou. E aquilo pareceu intrigar Akio, que enrugou a testa, parecendo ver algo estranho no comportamento da 'tia baleia encalhada'.

― Você não quer? ― Shado voltou a balançar a cabeça negativamente, de um modo efusivo, e Akio pareceu mais intrigado que anteriormente ao invés de satisfeito com aquela recusa. Voltou a insistir: ― Você tem certeza? 

Revirei os olhos, diante a insistência e lembrando-me nitidamente que Oliver fizera as mesmas perguntas para mim, durante a madrugada. Não era à toa que ambos se entendiam tão bem!

― Akio, onde está Slade? ― Shado perguntou ao invés, sua voz soava um pouquinho...desesperada demais. E comecei a observa-la com mais profundidade, tentando desvendar o que estava acontecendo de errado ali.

― Tio Slade? ― Repetiu, dando de ombros ― Tio Slade e tio Oliver estão ainda rondando pela ilha, fiquei com fome e voltei para cá sozinho. Tio Diggle quis me acompanhar, mas eu o ignorei.

Franzi o cenho.

― Tio Diggle?

Ou eu estava ainda profundamente perturbada por ter passado a noite num mesmo quarto que o Oliver, ou Akio tinha a séria tendência de desapelidar as pessoas - o que provava que o seu humor era tanto ou mais instável que o do sádico-mor.

Só para me irritar, ele me fitou por alguns segundos sem expressão alguma e quando bem quis, maneou a cabeça levemente, confirmando minha questão e depois, voltou a sua tarefa de comer os biscoitos.

Curvei os lábios, sentindo já minha boca salivar. Ainda precisava de açúcar no sangue e uma vez que me restavam só duas barras de chocolate, por culpa da cria do diabo parada na minha frente, não vi mal algum tentar me aproveitar da situação.

Shado estava na nossa frente, então, se eu o pedisse algo, seria quase impossível que ele me negasse...Né?

― Ei Akio, não vai me oferecer um biscoito, não?

Usei o meu tom mais suave e a minha faceta mais angelical, esperando uma resposta positiva. Entretanto, a criaturinha voltou-me a olhar-me brevemente, demonstrando uma arrogância infantil, depois virou o rosto e soltou um sonoro: Não.

Esperei que Shado saísse em minha defesa, ao invés, ela continuou sentada no sofá, contemplando a parede, como se nada estivesse acontecendo. Grunhi baixo, frustrada. E eu pensando que havia conseguido uma nova aliada...

― Essa criança chama todo mundo de tia ou tio, mesmo? ― Resmunguei ranzinza, cruzando os braços. Observei que Akio já tinha uma resposta na ponta da língua - com certeza uma malcriada - quando Shado foi mais rápida e respondeu por ele:

― Todo mundo, não. ― Sorriu simpática ― Você ele chama de Loira de Farmácia.

VOU. AFOGAR. ESSA. CRIANÇA.

Olhei mecanicamente para Akio, tendo certeza que já soltava fogo pelas narinas e ele devolveu o meu olhar, com um sorrisinho prepotente. Mas eu ainda tinha uma carta na manga.

― Ah, é mesmo? ― Ironizei ― Eu lembro que ele te chama de Baleia Encalhada sempre quando você não está por perto.

Ops, falei!

Não sabia o que era mais engraçado: Observar o rosto de Shado adquirir todas as colorações possíveis ou os olhos de Akio, crescerem mais a cada segundo. Será que escapuliriam do seu rosto?

― Vou ver se tio Slade está por perto! ― Declarou, numa nítida atitude desesperada de se livrar da retaliação que iria sofrer de Shado. Sem esperar por uma resposta, Akio saiu em disparada em direção a porta, até parar de repente, voltando a nos olhar.

Arqueei uma sobrancelha, achando aquela atitude no mínimo peculiar e estúpida demais. Sabia-se muito bem que quando você tinha uma oportunidade - e ele claramente tivera a dele - a vítima fugia do seu captor, mas no exato momento, ele parecia querer voltar para o seu captor. Aquilo era surpreendentemente idiota!

― Tia Shado, por que você está ai toda mijada?

Prendi a respiração. E olhei lentamente na direção de Shado, o que vi fez os meus olhos saltarem assim como os de Akio anteriormente.

PUTA MERDA!

― AI MEU DEUS! ― Gritei, horrorizada com a percepção que Shado estava prestes a ter a criança dela agora. Não era idiota, sabia muito bem que aquilo não era mijo coisa nenhuma! Num pulo, saí em disparada na mesma direção que Akio, pronta para fugir daquele pesadelo.

― NÃO SE ATREVAM A ME DEIXAR AQUI SOZINHA! ― A louca desvairada, encontrou forças para gritar, enquanto seu rosto tingia a coloração vermelha. Notei quando a mesma começou a segurar o sofá, tentando suprimir a dor do cacete que devia estar sentido, afinal, era um ser humano que estava prestes a sair do seu corpo - e ainda de uma área tão pequena. Tive calafrios, só com o pensamento.

― Eu não sei nada sobre partos! ― Falei, tão ou mais desesperada que a dita cuja que iria ter uma criança saindo da sua vagina à qualquer segundo. Sem pensar muito, empurrei Akio na direção de Shado. ― Você é o filho da parteira, você que resolva isso!

Se um olhar pudesse matar, eu certamente estaria morta após o cria do diabo me olhar intensamente.

― Você é a mulher aqui! ― Ele apontou o óbvio, batendo o pé no chão, deixando claro que não daria mais nenhum passo na direção de Shado. ― Você, resolva isso!

Engoli em seco, começando a refletir as minhas opções. Deixar uma mulher prestes a dar à luz sozinha, seria crueldade demais, contudo, continuar ali seria maldade demais comigo mesma! Sem contar que eu não sabia nada sobre partos, ou seja: Minha presença não iria servir de nada!

Sem pensar muito, empurrei Akio com toda a minha força, em direção Shado deitada já no sofá, pronta para ter o seu bebê. Aos tropeços, ele a alcançou e quando percebeu o seu destino, tentou fugir, mas Shado fora mais rápida e o agarrou.

― NÃO SE ATREVA A PENSAR EM FUGIR, AKIO YAMASHIRO! ― Ela berrava, segurando o garoto com todas as suas forças, ao mesmo tempo que gemia e chorava de dor. Quis rir da cena, porém, tive o pressentimento que acabaria tendo que ficar no lugar de Akio, caso eu o fizesse.

― Baleia do inferno! ― Resmungou ele, quando teve o seu braço detido por Shado.

Shado rangeu os dentes e o olhou duramente. Obviamente, seu comentário não havia passado desapercebido pela bal-mulher mesmo naquele tipo de situação.

― O que você falou, Akio?

― Que você sempre terá o meu amor eterno! ― Retrucou habilmente, me lançando olhares de socorro. Meus ombros começaram a tremer, enquanto eu tentava inutilmente suprimir a minha risada. Porém, o grito de Shado dissipou qualquer inclinação minha para fazer piada da situação. Akio também gritava, tentando se livrar do aperto forte que ela o mantinha perto dela.

Arregalei os olhos.

― Oh, meu Deus! ― Gritei, correndo ao socorro de Akio. Do jeito que tava, a doida acabaria quebrando o braço do garoto! ― Shado, você vai partir a cria do diabo ao meio assim! Sei que ele apronta ás vezes e que você deve tá sentindo uma dor do cacete, além de claro, ele ter te chamado de baleia encalhada...― Me interrompi, ao receber um olhar mordaz de Akio. Okay, eu não o estava ajudando em nada. ―...Pelo amor de Deus, mulher! Escolha outra parte dele pra puxar, ao invés do braço! Assim vai acabar o quebrando todinho. ― Disse e milagrosamente, ela me escutou.

Lentamente, ela soltou o braço de Akio e antes que ele pudesse correr para longe de suas garras, ela o puxou pelo cabelo, soltando um grito bestial, junto com Akio.

― LOIRA DESGRAÇAAAAAAAAAADA! ― Ele berrava, tendo boa parte do cabelo dele preso na mão de Shado.

Lambi os lábios, tentando buscar no fundo da minha mente algum tipo de informação que eu já tivesse visto ou escutado, sobre partos. Imediatamente, comecei a relembrar cenas de filme e num surto de inspiração, comecei a falar:

― Shado, tome respirações profundas, conte de um até três e comece a empurrar. Se for muito, segure mais forte o cabelo de Akio. ― Recomendei calmamente, tentando expressar uma confiança que eu sequer sentia.

Com um olhar exasperado, Akio abriu a boca, pronto para retrucar sobre o meu vasto conhecimento naquela área, quando Shado recomeçou a gritar novamente e puxar o cabelo dele.

― AHHHHHHHHHHH, MERDA, MERDA!!!! ― Ele xingava, com lágrimas borrando sua visão. ― EU VOU FICAR CARECA ASSIM! LOIRA MALD- VACA! ― Ele se interrompeu, ao perceber que usaria uma maldição.

Quase ri, mas a visão que tive me impediu de fazer qualquer coisa, a não ser gritar.

Ah, meu Deus! Puta que pariu!

― AAAAAAAAH TEM UMA CABEÇA SAINDO DA VAGINA DELA! ― Eu apontava, horrorizada. Akio também começava a gritar mais ainda, se possível. ― TIRA ESSA CRIANÇA DAÍ! ― Mandei, sentindo minha pressão cair gradativamente ao ter aquela visão do inferno.

― EU NÃO POSSO VER UMA VAGINA, MINHA MÃE FALOU QUE GAROTOS NÃO PODEM VER UMA VAGINA ATÉ TEREM 30 ANOS!!! ― Berrava ― TIRA VOCÊ A CRIANÇA!

― EU VOU ATRÁS DE SLADE! ― Declarei, pronta para sair voando para bem longe dali o mais rápido possível. Começava a considerar seriamente sair a nado daquela ilha maldita.

― NÃO, NÃO ME DEIXE AQUI SOZINHO COM ESSA MADRASTA DE BELZEBU!!! ― Akio implorava, ao meio de gritos e xingamentos. Franzi o cenho, refletindo como ele conhecia tantas palavras feias assim.

― Quando eu voltar, eu vou tratar de lavar a sua boca com sabão. ― Prometi, lhe lançando um último olhar, antes de sair aos tropeços para fora daquela casa. Conseguia ouvir os gritos de ambos mesclando no ar e aquilo só serviu mais para me impulsionar para bem longe dali.

Precisava urgentemente achar Slade.

E um bote. Para escapar o mais rapidamente daquela Ilha da Loucura.  

Oliver's  Pov

Estava sentado na areia, olhando a uma certa distância, Diggle instruir alguns nativos como construir uma jangada. Ao meu lado, estava Slade, igualmente em silêncio, enquanto olhava a cena toda também.

― Seu amigo é bem esperto. ― Ele começou, num tom neutro e eu detectava algo à mais ali.

― Sim. ― Concordei, lentamente.

― Você o trouxe aqui por isso?

Franzi o cenho.

― Você quer dizer por isso por que ele é inteligente, ou por que eu queria que ele compartilhasse seus conhecimentos com os nativos? ― Questionei, genuinamente confuso. Pelo canto dos olhos, notei quando Slade sentou ao meu lado.

― Na realidade, esse foi o meu jeito discreto de perguntar por que, você trouxe ele contigo nessa viagem. ― Pausa ― Juntamente com a loirinha, é claro.

Ah, ele queria me sondar. Aquilo era tão previsível, que nem expressei alguma emoção.

― Me meti em problemas. ― Foi a minha breve resposta.

― Problemas?

Balancei a cabeça e tomando fôlego, comecei a relatar toda a história. Ao final, ele não julgou ou fez qualquer comentário desagradável, ao invés, apenas soltou a pergunta que valia 1 bilhão de dólares:

― E o que você pretende fazer quanto a isso?

Boa pergunta.Ótima pergunta.

Dei de ombros. ― Bater de frente, talvez. ― Fiz uma careta ― Na verdade, ainda to pensando. Não posso fazer nada precipitado, pode acabar colocando a vida de alguém em risco. ― Admiti, relutante. Era detestável perceber que pela primeira vez em muito tempo, eu não estava no controle da situação. Ainda. Prometi  a mim mesmo, logo eu tomaria controle daquela situação.

Custasse o que custasse.

― Você sabe que se precisar de mim, é só chamar, certo? ― Inquiriu e pelo seu tom, me senti obrigado a lhe fitar, para dar uma revirada de olhos digna de mim.

― Nem imaginava que você estaria disposto a me ajudar. ― Ironizei o óbvio e ele riu.

― Já percebeu que a cada ano você fica mais arrogante? ― Questionou brincalhão, mas pude identificar uma nota de advertência. Mais uma vez, girei os olhos.

― Felicity me dá essa ideia quase todos os dias. ― Resmunguei, a mais pura e idiota verdade. Slade riu com aquilo.

― Falando nela... ― Começou e eu retesei, detectando o perigo iminente. ― Você não acha muito estranho ela se sujeitar a tudo isso? Quero dizer, esse contrato é insano!

Não sabia se eu me sentia ofendido por ele ter me chamado indiretamente de insano - afinal, o contrato todo era obra minha - ou, por achar que Felicity estava sendo submetida a um tratamento injusto, quando eu claramente tinha lhe dado uma opção alternativa: De me pagar os danos causados por ela, com o antigo contrato da QC.

Contrato, aliás, que faria uma grande diferença em Lian Yu. Eu tinha um acordo - indireto, mas tinha - com a minha mãe que caso aquele contrato desse certo, iria trazer um projeto particular para Lian Yu. Pretendia desenvolver a vida naquela ilha que continha apenas centenas de pessoas, carentes de boa infraestrutura e renda. Então, era mais que compreensível eu ter ficado possesso quando Felicity e sua enorme boca, arruinou minha chance de fechar algum contrato com Isabel.

Porém, felizmente, no mundo dos negócios sempre haveriam alternativas - e eu era esperto o suficiente para pensar em uma, durante aquele tempo. Para aquele problema, eu já estava com um meio plano arquitetado.

― O que mais incentivaria uma pessoa a ficar nessa situação, Slade? ― O lancei um olhar depreciativo. Odiava quando as pessoas jogavam aquela carta de eu-sei-o-que-esta-acontecendo-aqui-mas-vou-fingir-que-não comigo.― Dinheiro. ― Soltei, não esperando por sua resposta.  

Foi sua vez de girar os olhos, como se eu tivesse acabado de falar a maior asneira do universo.

― Besteira. Se eu fosse ela, já teria caído fora!

― E eu teria a destruído rapidamente. ― Repliquei, sem pestanejar.

Slade me olhou atentamente e eu tive a sensação desconcertante que ele estava me analisando pela terceira vez naquele dia. Era ridículo! Odiava aquilo.

― Não sei o motivo de tanto trabalho assim...

― Que trabalho? ― O interrompi, rápido, sem conseguir frear o fluxo de palavras que queriam dançar na minha língua. Meu cérebro começava a trabalhar num modo satisfatório de sair daquela situação nem um pouco favorável para mim.

Eu era estratégico, mas ali com Slade, não conseguia pensar em estratégia alguma para escapar do seu questionário que com certeza, no final, me faria refletir sobre algumas escolhas. E eu não queria isso. Talvez, eu devesse começar a fazer uso da minha audição seletiva.

― O trabalho que você está tendo para atormentar uma mulher que você diz claramente não gostar nem um pouco. ― Disse, com um olhar mordaz, de quem sabia mais do que dizia. Franzi o cenho, novamente com aquele mesmo sentimento de ofensa me preenchendo.

― Realmente não dá trabalho algum atormentar Felicity. Tá okay que passei algumas horas redigindo aquele contrato, esperando que não houvesse brecha alguma para ela o contestar. ― Admiti, contra a gosto ― Mas irritá-la no cotidiano? Fácil. Moleza. Trabalho algum. Poderia ficar o dia inteiro fazendo apenas isso.

― E você não acha nem um pouco estranho, após todos esses anos, alguém despertar tanto a sua atenção assim? ― Retorquiu, especulativo e finalmente eu entendi onde ele queria chegar.

Soltei uma risada.

― Nós definitivamente não estamos andando aí. ― Falei, ainda rindo. E depois eu quem era o insano. Ah, claro. Perfeitamente!

― Por que não Queen? Com medo de algumas verdades? ― Espetou, desafiante ― O Queen que eu conhecia, não costumava fugir de alguma situação, muito menos de um questionário inofensivo.

Bufei, começando a me irritar para onde a conversa estava sendo direcionada.

― Se isso é um questionário, você não deveria estar com um caderno anotando tudo que eu falo? Ou quem sabe, com um gravador para passar algumas noites ouvindo a minha voz, enquanto sente a minha falta? ― Retruquei, com um sorriso zombeteiro ― Tudo bem, se você quer alguma admissão da minha parte, eu admito. Felicity, é definitivamente uma pessoa que consegue me tirar do sério facilmente, entretanto, há algo nela que...me atrai. ― Lambi os lábios, percebendo que a minha escolha de palavra havia sido errônea. Atração ainda não era a palavra certa. ― Atrair não, ela apenas me...Surpreende. Isso, ela me surpreende! ― Corrigi, alegremente por finalmente, ter encontrado o termo certo para definir o que eu sentia, no momento, por Felicity.

Pouquíssimas coisas e pessoas no mundo me surpreendiam, e para o meu total espanto, Felicity conseguia entrar naquele quadro da minha vida. Ela era irritantemente surpreendente e atrativamente peculiar. Aquilo era uma mistura perigosa.

 ― Satisfeito? ― Pendi a cabeça para o lado e olhei Slade com a minha melhor cara de inocente. Ele resmungou algo sobre o fôlego, balançou a cabeça como se desaprovasse a minha resposta e se calou. Ótimo, era sinal que ele não voltaria nem tão cedo a falar sobre aquele assunto. Aquilo era bom.

Suspirei, afundando as mãos na areia. ― E Tatsu, quando volta?

Pular para algum outro tópico sempre foi uma ótima estratégia. Apesar de confiar cegamente no meu julgamento que Slade não voltaria a falar daquele assunto, não queria arriscar.

Me olhou de soslaio ― Deve voltar daqui há duas noites. Sinto muito, mas não acho que vocês vão poder se ver dessa vez.

Dei de ombros, fazendo pouco caso. Sempre haveria alguma outra oportunidade, pensei com convicção, tentando ignorar a tragédia que havia abatido Lian Yu há três anos e quando esse mesmo pensamento havia cruzado a minha mente, na última vez que vi Maseo. Sempre haveria uma outra vez. Bem, nem sempre.

Olhei ao redor, procurando Akio e não me surpreendi nem um pouco por ele ter sumido. Ele era um garoto um tanto quanto incontrolável.

― E Akio? Anda te dando muito trabalho? ― Perguntei, sem esconder uma ponta de humor.

Desistiria de um braço só para assistir Slade tentando lidar com Akio e o seu humor temperamental.

― Dando trabalho? ― Soltou um suspiro irritado e eu ri com aquilo ― Oras, imagine! Akio é um amor de criança, é um anjo cuspido na terra! Sempre é muito agradável dizer a ele para não chamar Shado de baleia na sua presença, e as coisas ficam melhores ainda quando ele ingere tanto açúcar durante o dia, que de noite ele falta grudar no teto. ― Sua expressão se suavizou, assim como o seu tom ― Mas sim, Akio é um bom garoto. Quando crescer, Tatsu se sentirá orgulhosa dele, assim como Maseo também iria.

Assenti com a cabeça, concordando. E mais uma vez, uma onda de preocupação se apoderou do meu corpo. Tatsu ficava tanto tempo fora da ilha, tentando ganhar dinheiro para sustentar Akio, que o mesmo passava muito tempo com Slade e Shado, porém sabia que logo aquilo poderia mudar com a chegada do novo bebê.

Torci a boca e comecei a bater os pés de jeito ritmado, na areia, pensando num jeito de conseguir acelerar aquele meu projeto na ilha. Logo as chuvas de verão chegariam e a probabilidade de uma nova tragédia atingir a ilha, eram grandes.

― Pare de pensar. ― Slade falou ao meu lado, em tom de comando. Como muitas vezes, ele provavelmente percebeu quando minha mente entrou no modus operandi. Ele odiava aquilo. Eu gostava.

― A temporada de chuva está chegando. ― Justifiquei ― E ainda não tenho nenhum investimento posto na ilha.

― Você pensará em algo. Mas de qualquer jeito, iremos sobreviver com ou sem sua ajuda. ― Garantiu confiante e eu me limitei ao silêncio, não querendo soltar alguma mentira ou algum comentário sarcástico.

Estava consciente que, ás vezes, minha língua poderia ser mortal.

― E sua mãe, como está?

Após um minuto de silêncio, ele retomou o assunto. Pisquei os olhos, imaginando internamente como eu deveria o responder quanto aquilo.

― Bem. ― Pausa. ― Ela quer que eu case. ― Despejei, denunciando um sorriso no tom da minha voz.

Casar. Eu.

Não conseguia pensar naquilo sem ser intoxicado pela incredulidade que me fazia querer saltar de um penhasco ou pela comicidade que me fazia querer rir até expulsar minha alma para fora do corpo.

Mais uma vez, duvidei que eu fosse o insano ali. Mamãe poderia ser, eu não.

― Casar?! ― O tom exasperado de Slade me fez rir, e eu dirigi o meu olhar para o seu rosto, preenchido de total horror teatral. ― Ual, Oliver Queen irá casar, quem diria ein?! Acho que o mundo está de cabeça para baixo. O que mais será que vai acontecer?

― Terei um filho e um cachorro, numa casinha com cercados brancos. ― Gracejei, fazendo piada daquela situação um tanto quanto peculiar.

― Sim, você se tornará o típico maridão, ein? ― Bateu levemente a mão meu ombro, mas depois sua expressão se tornou séria ― Casamento é uma coisa complicada, Queen. Tem certeza que quer fazer isso? Se você está fazendo isso, por causa da ilha, esqueça. Não vale a pena se prender a alguém que mal conhece... ― Franziu o cenho ― Você não conhece a pessoa, certo? Ou conhece?

Curvei os lábios, num sorriso debochado.

― Em que século você acha que estamos para eu não conhecer a pessoa que possivelmente irei casar com? Além do mais, ― tirei minhas mãos da areia, limpando-as logo em seguida na minha bermuda ― a ilha e o meu projeto, nada tem haver com essa história. Não sou idiota demais para arriscar meus neurônios aturando uma mulher falando no meu ouvido, pelas as próximas décadas. E antes que você possa colocar uma certa loira nessa equação, ― estreitei os olhos, notando quando ele abriu a boca para soltar alguma piadinha ― eu estou somente aturando Felicity por 100 dias. Após isso, meus neurônios voltarão ao normal e eu direi adeus para ela e sua boca inteligente.

― Boca inteligente, ein?

― Okay, boca inteligente não. ― Cedi, revirando os olhos. Havia novamente escolhido a palavra errada para definir algo em Felicity. ― Boca completamente perigosa.

― Ah sim, perigosa. ― Maliciou ― As melhores sempre tem esse tipo de boca.

― Acho que de presente de despedida, irei lhe comprar um filtro. ― O ignorei completamente.

― Não faça isso, irá privar o mundo de assistir uma cena e tanto!

Refleti por algum momento, concluindo que ele tinha razão. O mundo todo deveria assistir o quão...engraçada, Felicity ficava falando tudo que lhe vinha à mente.

― Falando nela...

A voz de Slade me despertou e mais rápido que eu gostaria de admitir, cacei Felicity com o olhar, esquadrinhando todo o perímetro, até a ver correndo em nossa direção, com os cabelos rebeldes ao vento. A cena toda se tornou muito mais hilariante, quando ela errou um pé e saiu rolando pela areia.

Meus ombros tremeram, enquanto eu tentava segurar a risada escandalosa que queria escapar dos meus lábios.

― Jesus, essa mulher é um perigo! ― Slade exclamava, enquanto levantava-se e assistia a cena toda com um olhar divertido.

― Ela e a força da gravidade não se dão muito bem. ― Disse, num tom de confidência, também me levantando.

― Nota-se.

Pelo canto dos olhos, percebi quando alguns nativos e Diggle também pararam para olhar a cena da loira descabelada, correndo como se o próprio satanás estivesse no seu encalço.

Quando ela nos alcançou, estava ofegante e com o rosto todo vermelho, mas mesmo assim, ainda conseguiu gritar:

― SLAAAAAAAAADE!!! TEM UM DINOSSAURO SAINDO DA VAGINA DA SUA MULHER!

Foi o suficiente para fazer todos saírem correndo, de encontro à Shado para lhe dar algum socorro.

Felicity's  Pov

Eu estava perturbada.

E não era pela visão que havia tido da vagina de Shado empurrando um bebê para fora. E sim por algo muito mais aterrador.

Eu estava perturbada por culpa de Oliver. Tá, que não era novidade alguma ele me perturbar, mas...Dessa vez, ele não tinha feito nada comigo. Ao contrário.

Ele não havia feito nada, além de rir. Isso mesmo, rir. Uma risada normal.

Uma risada sem resquício nenhum de escárnio ou maldade. A cada segundo, eu tinha mais certeza que aquela ilha não era nem um pouco normal.

― Ela é tão bonita, você não acha Oliver?

A voz de Shado me fez acordar daquele torpor. Feito urubus, eu e cia rodeávamos Shado que estava deitada na sua cama, segurando o pequeno embrulho rosa. Em expectativa, esperei Oliver respondê-la. Quem sabe ele não me surpreendesse novamente?

Visivelmente desconfortável, ele estudou a bebê:

― Para mim ela...tem cara de bebê. ― Declarou por fim e eu revirei os olhos. Não sabia quem era mais idiota, eu por ter criado expectativas, ou ele por ter dado uma resposta tão bosta.

Diggle bateu no ombro de Oliver, visivelmente numa punição mas disfarçou o gesto com um sorriso, fingindo camaradagem. ― Sua filha é muito bonita, Slade.

O Schwarzenegger assentiu com a cabeça, sem nenhum momento desviar os olhos do pequeno embrulho. A cena era até um pouco adorável, me fazia acreditar que até gigantes imbatíveis tinham o seu ponto fraco.

― Bem, felizmente ela não se parece com um dinossauro, não é mesmo Felicity? ― Oliver virou na minha direção, com um sorrisinho impertinente e eu senti meu rosto esquentar de vergonha.

Idiota, tinha mesmo que lembrar daquilo!

― Como vocês vão chamá-la? ― Desconversei, olhando atentamente o embrulho rosa. Shado me deu um sorriso meio aguado, provavelmente segurando o pranto.

― Rose. ― Respondeu suavemente.

Ual, agora Barry-Jack já tinha sua Rose legítima, pensei divertida.

Shado olhava a filha com tamanha devoção, que eu fiquei até com vergonha de estar junto naquele momento íntimo.

Ouvimos um choramingar, que quebrou completamente a magia do momento e olhamos para baixo, diretamente para Akio que há uma hora, ficava mexendo na cabeça dolorida. Shado havia conseguido arrancar um enorme tufo de cabelo da cabeça dele e esse era o motivo de Oliver ter rido tão abertamente antes.

― Akio, me desculpe, mas você era a única pessoa na linha de frente. ― Shado pedia pela milésima vez, com um sorriso envergonhado.

― Ao menos agora, ele aprende a não chamar mais você de Baleia Encalhada. ― O Queen opinou, ganhando em troca um grunhido irado de Akio.

A cena me fez rir, mas não durou muito, pois logo Shado expulsou todos os homens do quarto...Sobrando apenas eu e ela ali. Imediatamente, me senti desconfortável, fora do lugar. Não sabia o motivo dela querer minha presença exatamente ali.

― Você sabia que eu conheci Slade, por intermédio de Oliver? ― Ela questionou e eu balancei a cabeça negativamente. ― Pois bem, sim, Oliver nos apresentou. Na realidade, eu...eu tinha alguma coisa com Oliver, até ele me apresentar à Slade.

Oh, Deus. Por que eu não estava impressionada com isso?!

Juntei todas as minhas forças para não revirar os olhos e soltar um comentário espertinho. Parecia ao meu ver, que Oliver já havia passado o rodo em todas as mulheres da terra. Mas o mais incrível era que ele permanecia, aparentemente, amigo delas após o fim do "relacionamento."

Ugh! Idiota!

― Ah, é mesmo? ― Fingi um tom de desinteresse, contudo, percebi que falhara miseravelmente ao contemplar os olhos divertidos com que Shado me encarava profundamente.

Engoli em seco.

― Sim. Eu morava na China, Slade era um militar na Austrália, então certo dia, Oliver nos chamou para visitar a ilha. Nós nunca havíamos ouvido falar desse lugar, portanto, logo despertou a nossa curiosidade. Assim que botei os olhos em Slade, foi amor à primeira vista. Mas eu não percebi na hora, eu precisei de um...incentivo. Claro que hoje em dia, eu sei que foi amor à primeira vista sim.

Era agora ou depois que eu vomitava? Não conseguia entender o motivo dela tá falando comigo sua história de amor. Será que ela sentia que iria morrer? Pisquei os olhos, começando a inspecionar de repente. E se ela estivesse com alguma hemorragia interna e ninguém tivesse notado? Shit.

― Oliver logo percebeu isso e nos deu um empurrãozinho para ficarmos juntos. ― Continuava, alheia ao fato de que eu estava prestes a surtar ali mesmo só de imaginar ela batendo as botas na minha frente. ― ...a ilha se tornou um lugar simbólico, portanto, a decisão de largar tudo e vim morar aqui, foi fácil. É inegável que o estilo de vida aqui é mais difícil e muito diferente com que nós estávamos acostumados, mas felizmente, Oliver está pensando num jeito de desenvolver a ilha, ao mesmo tempo que preserva os costumes locais. ― Pausa ― Felicity, por que você está pálida?

PORQUE TALVEZ, EU ESTEJA DE FRENTE A UMA DEFUNTA! OU QUEM SABE, PORQUE TALVEZ ELA TENHA ACABADO DE CONFESSAR QUE OLIVER QUEEN NÃO ERA UM TOTAL CRETINO!

Me encontrei sem fala, o que era um evento quase inédito.

― Felicity? ― Ela chamou novamente, visivelmente preocupada com a minha falta de reação. Lentamente, eu levantei um braço, fazendo sinal de tempo.

Espera só um pouquinho...Oliver Queen, playboy, bilionário, pervertido, desgraçado, havia juntado dois casais - que ao meu ver, nesse pouco tempo, pareciam pertencer um ao outro -, e além disso, estava disposto a proporcionar uma opção de vida melhor para centenas de pessoas num buraco totalmente esquecido por Deus e o mundo?

Era muito para a minha cabeça.

― Ual...Isso tudo é muito...Ual. ― Eu gaguejava, sem parar, não encontrando as palavras certas. Me sentia um peixe fora d'água.  Em contrapartida, Shado deu um suspiro alto, visivelmente aliviada por eu ainda estar viva. Ótimo, sentia o mesmo por ela.

― Sim, ual. Quem imaginava, né? ― Me lançou um olhar matreiro ― O playboy realmente tem um coração, quando quer.

― Uh-hum.

Quando quer meeeeeeesmo, quis dizer, mas guardei para mim.

― Ele é uma ótima pessoa por baixo de todo o sarcasmo e eu me sinto muito agradecida por ele ter me apresentado uma das pessoas mais importantes da minha vida hoje. ― Olhou para o embrulho no seu colo ― E por ter me proporcionado a chance de construir uma bela família. Todos os dias, eu desejo que ele encontre a mesma felicidade, que eu encontrei.

Minha cabeça latejava, tentando desvendar até onde Shado queria chegar.

― Por...por que ― limpei a garganta ― Por que você está me falando essas coisas?

Eu tinha uma certa ideia, pra falar a verdade.

― Oliver nunca trouxe ninguém para ilha, ele trouxe você.

― E Diggle. ― Acrescentei, rapidamente.

Ela bufou.

― Mas trouxe você junto, o que era desnecessário.

Ouch, essa doeu!

― Eu sou a secretária dele, ou seja, sou extremamente necessária.

E essa foi eu, descaradamente, puxando uma sardinha pro meu lado. Eu era necessária uma ova!

― Ele nunca trouxe nenhuma secretária aqui.

― Nem um guarda-costas. ― Rebati vivaz, não querendo perder aquele debate. Era como se a minha vida estivesse em jogo e de algum jeito, ela estava.

― Nem um guarda-costas. ― Ela concordou, mas o brilho determinado que o seu rosto adotou, não me deixou chance de cantar vitória ― O que me faz imaginar o quão especiais vocês devem ser para ele compartilhar esse lugar, que ele considera como um santuário, com vocês.

― Ele não está compartilhando nada, só fugindo. ― Retruquei, me achando bastante petulante agora ― Eu te contei que provocamos um assassino em potencial e talvez, até o final do ano, nossas cabeças estarão rolando por ai?

Ela não se abalou nem um pouquinho, para o meu desgosto.

― Oliver não foge de nada, você sabe disso.

Bem, eu sabia mesmo. Nos poucos meses que eu passei trabalhando com ele, havia notado sua arrogância infinita que o fazia incapaz de refrear suas vontades. Oliver podia ser várias coisas, mas covarde? Dificilmente.

― Por que mesmo estamos falando dele? ― Me fiz de idiota, apesar de ter um pouquinho de verdade no meu tom. Não sabia porque, exatamente agora, Shado resolvera abordar aquele assunto.

Ela abriu a boca, pronta para me responder, quando a porta do quarto foi aberta e Oliver passou por ela, segurando uma bandeja com comida.

― Slade pediu para trazer. ― Ele justificou, ao perceber nossos olhares caírem sobre ele. Com altivez típica e uma segurança invejável, ele equilibrou a bandeja, até deixá-la em cima do criado mudo, do lado da cama de Shado.

Oliver, literalmente, havia nascido para ser rei. Todos os seus movimentos eram sempre altamente bem calculados, só que nunca poderiam ser comparados à de um robô, ele continha com ele uma certa graça. Era invejável como algumas pessoas, nasciam com o DNA completamente correto.

― Obrigada, Oliver. ― Shado agradeceu, com um sorriso dócil e em menos de um piscar de olhos, ela ofereceu Rose para que ele segurasse ― Segure-a para mim, sim? Preciso que alguém fique com ela, enquanto eu como. ― Explicou suavemente, o olhando de maneira persuasiva.

Ela sequer estava falando comigo, mas me senti enrijecer no lugar de Oliver. Nunca havia segurado um bebê na vida e tinha quase, a absoluta certeza, que ele também nunca tinha feito essa tarefa. Tanto, que a sua linguagem corporal, me deu a resposta para a minha pergunta silenciosa.

Ele não fazia ideia de como segurar um bebê.

― Por que você não pede a Felicity?

Como sempre, o cretino jogava a bomba para mim! Abri a boca, pronta para perguntar se eu tinha cara de babá, quando notei o olhar duro que Shado me lançava. Imediatamente, fechei a boca e fiquei parada na minha, esperando o desfecho daquela história.

― Oliver, você está mais perto. Além do mais, Felicity já segurou Rose por um bom tempo.

Eu tinha feito o quê?

Pisquei os olhos, besta por ver Shado mentindo na maior cara de pau para Oliver.

Hesitante, ele pegou Rose no colo e de repente, era como se alguma coisa estivesse dando um pontapé no meu estomago, fazendo-o doer com a imagem, ao mesmo tempo que o meu coração batia aceleradamente por conta daquela mesma dor. O suor se formou na minha testa e eu me senti balançar para trás.

Puta. Merda.

O que estava acontecendo comigo?

Comecei a respirar fundo, tentando não oscilar justamente ali. Sem alternativas, desviei os olhos da cena e me concentrei a olhar minhas unhas dos pés.   

Entretanto, uma força magnética, fez com que eu olhasse para cima e novamente na direção do Queen segurando Rose no colo. E aquela mesma dor, voltou com mais intensidade.

Acho que eu iria cagar nas calças. Ou vomitar todos os meus órgãos.

Nos próximos minutos, eu me desafiei a continuar olhando aquela cena e quando pensei que eu iria, finalmente, vomitar até o meu cérebro para fora, Shado anunciou que havia terminado sua refeição e pegou Rose para sí novamente.

Só após Oliver sair do quarto, levando a bandeja, que eu pude voltar a respirar normalmente.

― Felicity?

Levantei os olhos, para Shado deitada na cama, me observando com um sorrisinho de quem sabia demais.

― Eu não te contei como me apaixonei por Slade, não é mesmo? ― Não respondi e o seu sorriso se ampliou ― Iria fazer dois dias que estávamos na ilha, claro que eu sentia uma atração por ele, mas o momento em que eu tive certeza que eu estava de fato, apaixonada por ele...Foi quando o vi com um nativo recém nascido no colo.

PUTA QUE PARIU!

Não consegui fazer comentário algum, ao invés, apenas saí do seu quarto e me encostei na sua porta. Contei de 1 até 10 mentalmente, e lamentavelmente, chequei a minha cabeça com a mão.

E foi aí que eu percebi que o inadmissível havia acontecido.

― Puta que pariu, puta que pariu! ― Xinguei, batendo a mão repetidas vezes contra a minha testa. Eu não havia feito isso, não, não e não! Definitivamente não.

Ah, mas eu havia sim. E nem adiantava eu me convencer que tinha alguma tara por homens segurando bebês.

Em algum momento do processo, eu havia...Eu havia...Argh!

― EU ODEIO OLIVER QUEEN! ― Gritei irada, por ele ter desencadeado o exato oposto de ódio em mim. Atrás da porta, pude ouvir a risada espontânea de Shado.

E eu tive a mais certeza absoluta que jamais voltaria a ter em toda a minha vida: Eu estava ferrada.

Perdidamente, inegavelmente, inadmissivelmente, ferrada.

(...)

Era madrugada quando pegamos um bote e saímos da ilha, com destino para a cidade mais próxima, que tivesse um heliporto para que nós voltássemos a Star City. Em momento algum, fiz contato direto com Oliver, com medo que os meus olhos me traíssem. Ou a minha boca. Ou minha cara. Ou minha alma.

Nossa despedida com Shado e Slade, havia sido breve, entretanto, a nossa - ou pelo menos a minha, em particular com Akio havia durado mais que o premeditado. Não consegui arrancar nenhuma informação sua, sobre qual objeto de chantagem que ele usava sobre Oliver, mas o pestinha conseguira arrancar minhas últimas barras de chocolate usando como justificativa os tufos de cabelo que Shado havia arrancado de sua cabeça por minha culpa.

O garoto era esperto e isso era inquestionável.

Entendi tardiamente, que o nosso tempo naquela ilha, havia sido exclusivamente o tempo para Oliver conseguir conversar com Slade sabe-se-lá-o-que e não fazer nenhuma atividade turística, apesar de Shado me fazer prometer tentar voltar lá em algum momento, para curtir o lugar.

Sei.

Seria muita curtição ver Akio tendo o cabelo todo arrancado novamente.

Já dentro do avião, tomei coragem para olhar o satan pai - pois o satan filho havia ficado na ilha -, e faltei me desintegrar ao notar que ele já me fitava diretamente.

Engoli em seco, sentindo minha pressão subir. Maldito Queen, com genes dos deuses gregos!

― Seus olhos são reais? ― Despejei sem querer e quando percebi minha mancada, me dei um soco mental. Puta que pariu, parabéns Felicity!

Ele me olhou engraçado.

― Até onde eu lembre, sim.

Ah, ótimo. Isso mesmo Queen, conduza a situação de modo humorado.

― Ah, que bom.

Sério, Felicity? Sério?

Ele arqueou uma sobrancelha e eu sabia exatamente quando ele fazia isso: Quando ele queria soltar algum comentário impertinente.

Merda!

― Akio andou te oferecendo alguma erva suspeita, da coleção da mãe dele? ― Perguntou, com os olhos fixados em mim.

Merda, aquelas duas piscinas cristalinas eram perigosas demais! Alguém deveria arrancar os olhos do Queen fora imediatamente.

― Não, por quê?

― Por nada, esqueça. ― Balançou as mãos num ato de desinteresse e eu achei aquela atitude um pouco suspeita.

― Você acha que vamos demorar muito para chegar em Star City? Preciso checar sua agenda. ― Comuniquei, séria. Minha mente já começava a maquinar as infinitas coisas que teria de fazer quando puséssemos os pés na QC.

Saber que eu havia arruinado, indiretamente, a chance de Oliver conseguir um projeto particular que realizaria em Lian Yu, havia me deixado desconfortável além de sensibilizada. As pessoas lá precisavam urgentemente de alguma ajuda e eu tinha certeza que Oliver e a QC poderiam a fornecer.

― Nós não estamos indo para Star City.

HEIN?

― Como assim não estamos indo para Star City? ― O encarei, boquiaberta. Será que finalmente ele iria me jogar no meio do nada e diria "Bye Felicia" pra mim? Procurei Diggle com o olhar, mas ele estava dormindo no assento ao lado.

Merda!

― Vamos para a Rússia. ― Respondeu brevemente, colocando um dedo no queixo. Porra, ele definitivamente tinha alguma coisa de Zeus¹ nele. ― Felicity, eu estive pensando por algum tempo e...

Oh, não, oh não! Odiava quando ele pensava! Sempre queria dizer que problemas estavam chegando para mim.

―...e agora ando me perguntando... ― Pausa dramática e o declínio da minha pressão ― O que você pretende fazer com o dinheiro que vai receber de mim, após o fim do contrato?

Arregalei os olhos, o encarando incrédula.

ERA ISSO QUE ELE QUERIA SABER? Pisquei os olhos, forte, tentando me convencer que eu não estava num sonho louco. Será que Akio havia me oferecido alguma erva e eu louca, aceitei alguma? Igual uma babaca, continuei encarando o Queen e notei quando seu rosto se tornou sombrio.

― Deixa, esqueça que eu te perguntei isso. ― Ele fez um gesto negligente com a mão ― Eu não preciso saber.

Alguma coisa no seu tom me dizia que ele não precisava saber, mas queria. E aquilo era instigante.

Que. Porra. Estava. Acontecendo?


Zeus¹: Zeus é o principal deus da mitologia grega. Era considerado, na Grécia Antiga, como o deus dos deuses.


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Notas finais do capítulo

Ouvi falar por aí que alguém queria um capítulo com 10k de palavras? Ops, quase cheguei lá...
TÁ, AGORA VAMOS FALAR DE UMA NOVIDADE que quase não é uma novidade para algumas leitoras (Não, eu não tô grávida. Shado 2.0 aqui passa logne). Cês pediram, eu atendi (Tá vendo como eu sou legal?) e fiz um trailer pra fanfic (AEEEEE):

LINK PARA QUEM ESTÁ NO COMPUTADOR: https://www.youtube.com/watch?v=6OoUI2kSPE8
LINK PARA QUEM ESTÁ NO CELULAR: http://www.dailymotion.com/video/x3xiojc
OBS IMPORTANTE: Não é só porque certa cena apareceu no trailer, que irá necessariamente acontecer na fanfic, okay? Okay. Estamos combinadas.

AGORA VAMOS FALAR DO CAPÍTULO: Demorei? Obvio. Mas sou que nem homem gostoso em festa familiar: Tardo, mas chego.

Eu não disse pra vocês que a Shadozinha iria se vingar do Akio pelo Baleia Encalhada? Pois então. Tá aí. Akio agora vai precisar de uma peruca.

Slade plantou a dúvida na cabeça do Queen: O QUE DIABOS A MENINA FELICITY IRÁ FAZER COM O DINHEIRO DO CONTRATO? Nós sabemos, o Oliver não. E acreditem, ele QUER MUITO saber. E quando ele souber...Pode ser que algumas coisas mudem. Porque eu não sei se vocês perceberam, mas...Ele tem uma visão meio cínica das mulheres, principalmente quando envolve dinheiro. Pronto, falei.

JOHN DIGGLE BATEU NO OLIVER DUAS VEZES durante esse capítulo, não sei se vocês notaram. Cês notaram? Não? Releia. Mentira, não releia, olha o tamanho desse troço.

Ah...Maseo ): confesso que fiquei super em dúvida se o fazia vivo na fanfic ou não, acabou que não. Uma pena mesmo, mas...Achei que estenderia muito o capítulo - que aliás, tive que cortar duas cenas entre a Felicity e o Akio QUE EU QUERIA MUITO, mas...Sempre há uma outra oportunidade (Menos pro Maseo, é claro. HEHEHEHE PIADINHA IDIOTA)

Shado sabe das coisas, Slade sabe das coisas...Tá faltando apenas um toque do Diggle.
HAHAHAHAHA O QUE DIZER DA FELICITY COMO PARTEIRA? APROVAM? Eu não deixava a doida fazer o meu parto nem brincando. Akio se saiu melhor que ela.

Oliver Engraçadinho Queen, provocando a Felicity em plena madrugada...Eu sinceramente se fosse ela, não acertaria um travesseiro na cara dele e sim o meu pé...E o que também falar, da nossa Loira de Farmácia surtando ao descobrir que o Oliver é um homem bom, coitadinha, foi muito para o cérebro dela. Piorou mais ainda quando viu o potro segurando a baby Rose (Li por aí, que o Slade tinha uma filha chamada Rose, logo coloquei esse nome.)

A cada dia, o ciclo fecha mais e mais pra Felicity...Ou não. Vamos ver.
OLIVER QUEEN E SUAS IDEIAS MIRABOLANTES, QUE SERÁ QUE ELE VAI FAZER NA RÚSSIA? Aposto que vocês já tem uma ideia muito nítida do que ele vai fazer lá...
Oliver, Diggle e Felicity em Vegas já deu merda. Os três numa ilha, deu meio merda. Agora, os três na Rússia, o que será que pode acontecer? (VAI DÁ BOM?!)

Enfim, vou parar aqui com o texto de ENEM e desejar a todas uma ótima semana, que o plano de saúde de vocês estejam em dia para assistir quarta feira Felicity Smoak com vestido de noiva e...é só! Até mais pessoal, mil beijos (parem de desejar mil flechas no meu orifício anal) ♥♥♥

PS: OBRIGADA PELAS MP'S, fico vomitando arco íris (segundo o dicionário informal, esse é um jeito também de dizer que está feliz) quando vocês me mostram prints de algumas pessoas comentando em outras redes sociais sobre a fanfic, ou vocês mesmo vindo elogiar os capítulos/capa/trailer/a autora sádica/ tirar umas duvidas bem doida/ cobrar o capítulo me ameaçando à base de flechada (Mentira, isso nunca aconteceu, mas se acontecer vou perguntar se vocês vão usar a flecha do Oliver, aí podemos conversar)
ENFIM, obrigadão gente!

PS2: QUEM TÁ READY PRA ASSISTIR FELICITY SMOAK NESSA QUARTA FEIRA, COM VESTIDO DE NOIVA? EU NÃO! (Quem também, inclusive, viu as imagens que saíram hoje com ela vestida de noiva? Me tremi todinha)

AGORA É TCHAU MESMO, BEIJOS GENTE E ATÉ A PRÓXIMA ATT!!! ♥♥♥