Paixões Gregas - Descobrindo o amor (Degustação) escrita por moni


Capítulo 9
Capitulo 9


Notas iniciais do capítulo

Suas lindassssssssssssssssssss
Espero que gostem. POV do Heitor para começar e depois do JOSH.
BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSS



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Pov – Heitor

Liv está dormindo ao meu lado, os cabelos espalhados pelo travesseiro, o sono tranquilo, eu a amo como no primeiro dia, amo como amava no altar quando disse não todo atrapalhado.

Quatro filhos depois nosso amor é o mesmo, muito mais por que ela luta por nós que qualquer outra coisa. Ainda me perco em um ciúme bobo as vezes, mas Liv tem esse jeito maduro de me fazer ver a verdade. Temos a família que sonhamos ter. Grande e unida, ao menos unida em coração já que minha princesa ganhou o mundo e foi construir sua vida do outro lado do oceano.

Liv se move, a pulseira balança e os pingentes ficam a mostra, o cachorrinho brilha. Sinto falta dele, das suas encrencas, do seu companheirismo, do focinho úmido me acordando todas as manhãs, passando de cama em cama para dar bom dia.

De correr atrás dele quando roubava algo, de cuidar do prato de comida para não ter roubo, de prestar atenção ao andar para não pisar nele sempre enrolado em mim. Sinto falta das obrigações de um pai de cachorro, banho, passear, recolher sua sujeira.

Não tem como substituir Dobby, como um filho ele é único, mas queria outro amigo peludo, um novo companheiro, mas não posso pedir a Liv para começar tudo de novo, sapatos roídos, meias desaparecidas, barro pela casa.

Nossa vida é complicada, corrida e nem temos certeza se vamos ficar ou partir. Não, ela já faz tanto, trabalha fora, cuida de crianças, gerencia a casa e os filhos, me lembra de todas as mil coisas que esqueço um segundo depois por que estou sempre distraído admirando meus anjinhos e minha mulher. Definitivamente não é hora para isso.

─Bom dia amor! – Ela diz sorridente, vem para meus braços. – Faz tempo que acordou?

─Quase agora. Sábado silencioso né? Quase dez da manhã. – Ela afirma, Dobby era nosso despertador, para ele todos os dias era um domingo então ele nos arrancava cedo da cama, quando não temos ele, acabamos por dormir mais.

─Os meninos ainda na cama é novidade. – Liv diz quando beijo seus cabelos. – Vamos falar com eles?

─Sobre ir ou ficar? – Ela me questiona. Afirmo, me movendo para olhar para ela, beijo seu pescoço, conheço seu cheiro em qualquer lugar, de olhos vendados, conheço o cheiro de cada um deles.

─Sim. Acho que a gente tem que decidir juntos, mas o que me importa mais que tudo é você Liv, eu já vivi lá, já vivi na Grécia, aqui, eu me acostumo, mas e você?

─Quero viver onde meus filhos vivem amor, e sinto que eles vão nos deixar um por um, passamos cinco anos vendo nossa filha de dois em dois meses, talvez até mais, se estivéssemos lá teria sido muito menos, como Josh que estava sempre com os pais.

─Verdade. Acho que podemos fazer isso, a casa pode ficar fechada, não precisamos realmente nos desfazer dela, podemos vir em temporadas, passar férias. Pode ficar para toda família.

─Pensei nisso, se formos não quero me desfazer dela. – Liv me olha sorrindo. Mexe em meus cabelos. – Pensei que quando ficarmos velhinhos e cheios de netos, porque amor com quatro filhos vamos ter muitos netos. – Sorrio com a ideia. – A gente pode voltar, e curtir um ao outro nessa casa onde nossos filhos nasceram, contar aos netos as histórias de quando os pais eram crianças.

─É um bom jeito de envelhecer. – Beijo seus lábios. – Então é isso, a casa fica independente de irmos ou não.

─Amo você Heitor. Muito mais do que pode compreender. – Acho que ela tem razão, de vez em quando tenho medo de fazer alguma tolice e perde-la. – Agora vamos levantar e preparar café da manhã, temos compromisso depois de conversarmos com eles.

─O que? – Faço uma rápida análise e não lembro de nada.

─É surpresa para os Stefanos, coisa minha. Vai, ainda quero falar com eles antes disso. – Ela me dá um beijo, isso não incentiva muito deixa-la, mas me resigno ficando de pé.

Depois do banho, descemos para preparar o café. Nos acostumamos com isso, um ajuda o outro e mais rápido do que poderia ser feito uns anos atrás a mesa está posta. Emma é a primeira a descer, vem toda arrumadinha, num rabo de cavalo que balança quando corre pela escada. Minha garotinha de onze anos.

─Bom dia. – Ganhamos beijo e depois ela se senta. É de longe a mais carinhosa.

─Bom dia papai, bom dia mamãe. O que a gente vai fazer hoje?

─Mamãe que sabe filha.

─Só vão descobrir na hora. Onde estão seus irmãos?

─Não vi ninguém. – Ela avisa pegando leite.

─Eu estou aqui, o Harry está jogando videogame. – Daniel avisa ainda de pijama e com cara de sono. – Estava com a maior fome do mundo. – Ele diz mordendo uma fatia de queijo.

Liv vai até a ponta da escada e grita por Harry, uns minutos depois ele desce correndo, está sempre correndo.

─Oi gente. Acordei primeiro que todo mundo hoje, daí fiquei lá jogando um pouco. O Luka falou lá no grupo dos primos que o aniversário da July vai ser sabe onde?

─Onde? – Pergunto apenas para deixa-lo feliz, Nick já avisou faz uns dias.

─No abrigo, sabe aquele lugar de crianças carentes? Achei legal, você não acha?

─Acho. Agora café.

Harry, pega um copo de suco, depois uma fatia de melão, é o mais saudável de todos. Puxou a irmã Lizzie.

─O que a gente vai fazer hoje? – Harry pergunta. – Acho que podíamos ir no cinema e depois dar uma volta.

─Vamos num lugar que eu escolhi, mas não vou contar. – Liv avisa e logo estão os três se olhando ansiosos. – Nem adianta perguntar. Quero todo mundo vestido e penteado depois do café.

Isso é como um inibidor de apetite e um minuto depois estão todos correndo escada acima para se arrumar.

─Preciso me arrumar também? – Pergunto quando ela se senta em meu colo. Liv me beija.

─Não. Está um gato como todos os dias.

─Eu também não posso saber?

─Principalmente você. É uma surpresa para você.

Me animo, mas assim como as crianças fico curioso. O que pode ser?

─A gente vai fazer um ultrassom para quem sabe saber se tem mais um bebê não planejado a caminho?

─Não amor. – Ela ri se encostando em meu ombro. – Só pensa nisso, nada de bebês, pelo menos não desse jeito.

Isso não ajuda muito, só me deixa mais curioso, logo as crianças descem correndo, Harry e Danny primeiro.

─Vem logo Emma, você está linda já! – Harry grita da beira da escada. – Oh pai! Chama ela.

─Calma filho, ela já vem. – Liv sai do meu colo. – Vamos todos tirar a mesa do café, assim na volta não tem nada para fazer. Almoçamos na rua, seja lá onde estamos indo.

Emma desce num vestido rosa e cabelos soltos, toda bonitinha minha princesinha. Depois da cozinha arrumada nos reunimos na sala.

─Antes de irmos temos que conversar. – Liv avisa os garotos que se olham acusadores. – Ninguém fez nada, que eu saiba. – Ela me olha e dou de ombros, também não sei de nada. Ainda.

─Pensei que era bronca. – Harry diz aliviado. Todos reunidos na sala.

─Eu e o papai estamos pensando na possibilidade de morarmos todos nos Estados Unidos. Queremos ouvir a opinião de vocês.

─No nosso apartamento que a Lizzie mora agora? – Emma questiona.

─Com ela? – Danny continua. Todos têm muita saudade da irmã.

─Não gente. Lizzie cresceu e precisa ter a casa dela. – Liv comunica eles fazem careta, eu também, somos gregos e na Grécia filhos costumam ficar com os pais até o casamento.

─Também não acho nada demais morarmos todos juntos. Que fique registrado. O Josh voltou para o Nick. – Eu lembro Liv que sorri.

─O Josh é diferente. A história dele é diferente, ele ainda precisa deles. Lizzie não, ela precisa de vida própria e não um pai controlando seus passos.

─Sim senhora. – Cruzo os braços um tanto malcriado, ela ri despreocupada.

─Pensamos em uma casa, uma como essa, com jardim, espaço e ar fresco, perto da Lizzie, o papai trabalharia no escritório com os tios e viríamos ver nossos amigos em férias umas semanas no ano, nossa casa continuaria aqui.

─E temos que mudar de escola? – Daniel questiona.

─Iriam estudar com o Ryan a Gigi e a July. Na mesma escola que eles, passariam mais tempo com os primos, tudo que fazem aqui fariam lá, ballet, natação, esgrima, só que em outros lugares.

─E ainda vamos para ilha sempre? Ver o Luka e a Alana? – Harry questiona. Realmente como a Grécia esta perto vamos muito, talvez diminuísse um pouco.

─Sim. Por que não? Sempre que quiserem e nos aniversários como de costume.

─Eu quero, não ligo de mudar de escola. – Danny avisa, Emma fica pensativa.

─E a Lizzie ia poder ir na nossa casa toda hora?

─Essa é a melhor parte, vamos montar um quarto bem legal para ela, uma sala de ballet para minhas bailarinas e Lizzie pode vir sempre, quem sabe nos fins de semana? – Nem olho para Liv, não quero uma bronca. Começo a achar a ideia muito boa.

─Por mim tudo bem então, não me importo. – Olhamos para Harry, ele parece pensativo.

─Não quer Harry?

─Quero e não quero. – Ele diz um tanto confuso. – Quero ficar perto da Lizzie e dos primos, mas também quero ficar com meus amigos.

─Não vai perder seus amigos, vai vê-los em férias, eles podem viajar para nossa casa, e essa casa fica, para recebe-los quando estiver aqui. Mudanças podem ser boas, vai fazer mais amigos.

─Isso é mesmo. – Harry é muito bem relacionado, só perde mesmo para July e Luka, os dois mais expansivos da família.

─Quer um tempo para pensar?

─Não seria democrático, por que vocês quatro querem. A Lizzie também quer que a gente vá? – Ele questiona.

─Quer sim, ela sente falta de vocês, de todos nós. – Liv diz a ele que balança a cabeça concordando.

─A gente já perdeu o Dobby, então acho que é bom ficarmos todos perto. Eu aceito, vou gostar também.

─Então está certo. Podemos começar a pensar sobre isso, ver casas, escolas, as suas tias vão me ajudar com isso. Emma pode ir para escola de ballet da July, Lizzie está frequentando as aulas lá também, à noite é claro. Vamos achar um clube para o Danny praticar natação e um professor de esgrima para você Harry, e claro as aulas de francês e italiano continuam com a mamãe. – Liv sorri, eles concordam.

─Agora a gente pode ir para esse passeio secreto? – Emma pede e fico de pé. Também estou curioso.

─Podemos. Eu dirijo, será surpresa até chegarmos. – Liv pega a chave do carro e não discuto.

Os três vão sentados atrás fazendo planos para casa nova, listas e mais listas de tudo que esperam conseguir na mudança. Cama de navio pirata, campo de futebol, piscina interna. Eu e Liv só trocamos olhares. Quem sabe não dá para realizar pelo menos uma parte disso?

Os caminhos que o carro percorre não me dão a menor pista. Leva meia hora o que me parece bastante tempo em se tratando de Londres num sábado de manhã. Até que ela para o carro e para minha surpresa estamos no mesmo abrigo de animais abandonados que um dia viemos buscar Dobby.

Encaro Liv sem acreditar. Fico mudo, sem saber o que dizer, ela me olha e seus olhos estão marejados.

─Também sinto falta dele me atormentando, mas não é por isso que estamos aqui. Estamos aqui por que amo você e não aguento te ver triste.

Solto meu cinto de segurança e o dela, puxo Liv para meus braços, beijo seus lábios longamente, nem me importo com a ansiedade das crianças só quero agradecer por isso.

─Te amo. Amo tanto que nem cabe mais nessa palavra. Vamos mesmo entrar aí e levar um deles para casa?

─Vamos. Aqui, em Nova York, que importa, sempre vai ter lugar para ele, então pode entrar e escolher bem mal como fez da outra vez, pegue o mais levado e teimoso de todos, um que ame seus filhos mais que tudo na vida e que te siga feito sombra, mas por favor, tira essa nuvem de dor que está nos seus olhos. Isso está me machucando.

Afirmo com um nó na garganta, ela me conhece bem demais para esconder dela como me sinto, isso é o que mais desejo para meus filhos, que um dia cada um deles tenha um par que os ame mais que tudo. Beijo Liv mais uma vez.

─A gente vai ficar aqui esperando vocês dois namorarem? – Harry resmunga.

─É gente namora em casa, deixa a gente escolher o Potter.

Danny surge entre os bancos com um rostinho lindo, bagunço seu cabelo. O cachorro já tem nome, então é melhor ir de uma vez.

─Venceram, a gente termina isso em casa. – Digo a Liv que afirma, acho que um mundo de planos passa por sua mente como pela minha, ela me beija antes de deixar meu colo e descemos todos.

Como da primeira vez vamos passando pelos espaços, alguns em gaiolas, outros soltos em pequenos canis, pequenos, grandes, filhotes, adultos, fico me perguntando como alguém deixa um animalzinho para trás, como desiste. É como desistir de um filho. Não entendo isso.

No meio da visita um filhote grande e amarelo como Dobby choraminga ao nos ver, passa a pata pela grade tentando sair. Olho para ele e me sinto voltando no tempo.

─Posso tirar ele daí um pouquinho e ver como ele se dá com as crianças? – Pergunto ao rapaz de uniforme que nos acompanhava.

─Sim senhor, ele tem por volta de seis meses, é um tanto atrapalhado, nos recomendam ser honestos com quem vem buscar animais, para não acontecer de devolver, então quero que saibam que ele foi devolvido uma vez.

Parece que temos um bagunceiro em potencial. Abro a grade, tiro o bichinho de lá e não sei se foi boa ideia, não acho que possa devolve-lo aquela prisão. Ele me lambe o rosto, abana o rabo, se contorce em meu colo e me sinto de volta em casa. Isso é lugar comum, é como gosto de viver.

Três pares de mãozinhas ansiosas acariciam o pequeno, ele os lambe, cheira, frenético, ansioso.

─Deixa eu pegar papai.

─Eu primeiro Emma, sou mais velho.

─Eu aguento papai! – Danny tenta puxa-lo de mim, no fundo queria entrar na briga e dizer que nem segurei ele direito ainda, mas vamos ter tempo, então coloco o cachorro no chão, ele fica completamente maluco rolando com as crianças. Os três riem, caem, são lambidos, recebem arranhões. Mordidinhas carinhosas.

─Foi devolvido por agressividade? – Liv questiona quando parece ficar claro que a busca acabou.

─Não senhora, foi por conta de pares de sapatos italianos. – O rapaz olha para o chão evitando rir. Troco um olhar com Liv. É disso que precisamos. Já me vejo correndo atrás dele enquanto Liv grita que eram seus sapatos preferidos.

─A última palavra é sua. Não é Potter? – Digo sorrindo, ela ri, descansa uma mão em meu peito.

─Já deu até nome a ele senhor pai de cachorro e vem com esse papo que a última palavra é minha? – Ela olha para o rapaz. – Acho que o Potter já tem casa, onde assinamos?

É uma gritaria abaixo de nós, os três comemorando enquanto lutam por sua atenção, o cãozinho desesperado para atender a todos. Harry carrega Potter um pouco, depois Emma, enquanto assinamos o documento de adoção responsável, Daniel rola com o cachorro no chão do escritório.

Aproveito para deixar um gordo cheque de doação, é um trabalho bonito e alguns nunca vão ter chance de ter uma família. Depois saímos todos.

─Agora eu carrego ele até o carro, não queremos que ele fuja pela rua. – Aviso pegando o cachorro, vamos caminhando para o carro. – Harry sabia que te acho grande o bastante para ir na frente com a mamãe?

─Nem vem papai, quer ir atrás só para ficar mais tempo com ele. – Não custa tentar. Quando os três se acomodam no banco de trás solto o cachorro com eles e fecho a porta.

─Agora vamos para um pet shop, vacinas, banho e compras. – Aviso e Liv ri de mim, balança a cabeça por que sabe que sou meio apaixonado por cachorros, eu não sabia disso, até ter um, mas agora por mim tinha uns cinco.

─Espera Potter está me esmagando! – Emma reclama.

─Aí! Ele bateu a cabeça no meu nariz. – Daniel avisa.

─Acho que devia chamar furacão! – Liv brinca dirigindo para o Pet em que sempre cuidamos de Dobby. O veterinário nos informa que ele não tem seis meses, tem no máximo quatro e que vai ficar muito maior que o Dobby. – Mas que dedo podre você tem para escolher filhos peludos. – Liv me acusa, mas no fundo está feliz, se tinha uma nuvem em meu olhar ela se foi com o riso das crianças e as lambidas de Potter.

Pov - Josh

Abro os olhos e a primeira coisa que penso é Lizzie e que eu a pedi em namoro, me esforço para me envergonhar disso, achar alguma culpa, mas não consigo, só consigo pensar no corpo dela de encontro ao meu, da voz suave dizendo que precisa de mim, o beijo, as mãos, o sorriso limpo e vivo.

Ela é toda feminina, linda, inteligente, sinto necessidade dela, é como uma fissura, um vício. Penso em alguns garotos que passaram pela associação e não conseguiram ficar por estarem viciados demais na vida que tinham nas ruas e agora quase posso compreende-los, eu não consigo ficar sem ela por mais que isso possa magoar as pessoas que mais amo no mundo.

É sábado e fico pensando num modo de passar algum tempo com ela, por mim corria para seu apartamento e passava o dia beijando Lizzie. Meu coração acelera só com a ideia.

Salto da cama e corro para o chuveiro, não sei bem como é namorar na vida adulta, se dividir entre ter uma vida e viver esse amor. O que conheço disso são meus pais e tios e eles vivem o tempo todo perto uns dos outros, é como quero viver. Lizzie vai ter que me parar, me dizer quando passar dos limites com ela.

Quando desço eles estão em torno da mesa do café da manhã, menos July, será que está passando mal da asma?

─Bom dia. Cadê a July? – Pergunto me juntando a eles, Ryan tomando sua tigela de cereal despreocupado, minha mãe e meu pai tranquilos demais para July estar de cama.

─Desceu para convidar a Lizzie para andar de bicicleta com a gente no Central Park, seu tio Ulisses vai nos encontrar lá. Vai também? – Meu pai pergunta e fico pensando se ela vai aceitar ou inventar uma desculpa, se ela não for então também não vou e passamos mais tempo juntos.

─Eu? – Pergunto tentando ganhar tempo, escuto o elevador, me estico um pouco para olhar a porta e vejo July e Lizzie entrarem conversando. – Vou, claro que vou, vai ser legal.

─Bom dia família! – Lizzie cumprimenta, me olha rápido, se senta ao lado da minha irmã, depois de beijar a cabeça de Ryan.

─Vai com a gente Lizzie? – Ryan pergunta.

─Vou. E vou roubar um pouco desse seu cereal. – Ela se serve. – Tio Nick acha que minha bicicleta ainda está boa? Não uso ela há mais de um ano.

─Dou uma olhada antes de irmos. – Aviso apressado pensando que podemos ter uns minutinhos sozinhos no deposito da garagem.

─Sei bem quais são seus planos Josh. Não me engana. – July me olha rindo, fico pálido, é bem a cara dela descobrir e jogar a história ao vento.

─July eu...

─Quer fugir da louça. Está de volta em casa faz uma semana e até agora nada de voltar a rotina. Não tem mais o dia do Josh nessa casa, não?

─Tem até dia do Ryan. ─ O pequeno resmunga engolindo a última colherada, sinto meu corpo relaxar.

─Domingo é meu dia então. – Eles me olham todos. Domingo ninguém cozinha. – Tudo bem. Segunda-feira.

─Melhor. – Meu pai brinca. – Come e vai ver a bicicleta da Lizzie, a gente cuida da cozinha e encontra vocês na portaria.

Sinto uma leve culpa pela inocência do meu pai em nos juntar mesmo sem querer, mas então Lizzie me lança um sorriso e a vontade de estar com ela vence a culpa e o medo.

─Só isso Josh? – Minha mãe questiona. – Príncipe esse menino não come direito.

─Sua mãe tem razão Josh. Come ao menos uma torrada. – Esses são meus pais, dizem que são todos iguais e acho a mais pura verdade. Pego a torrada, me sinto ansioso demais, a garganta trava e descubro que estar apaixonado me tira o apetite.

Quando finalmente estou livre do café da manhã e me ponho de pé, Lizzie faz o mesmo.

─Vamos Lizzie, é melhor ter mesmo certeza, mas se ela não estiver boa alugamos uma no parque.

─Parece bom. – Ela me acompanha, entramos no elevador, aperto o botão da garagem e assisto apressado a porta se fechar, no instante seguinte puxo Lizzie para meus braços e beijo ela longamente, quando o elevador para e nos afastamos ela está rindo.

─Estava louco para fazer isso. – Ela afirma.

─Abri a porta correndo de manhã achando que era você e era a July. Não sabia se aceitava o convite ou inventava uma desculpa.

─Fiz o mesmo. – Chegamos ao deposito, cada apartamento tem um.

─De tarde diz que tem compromisso. Vamos passar a tarde juntos.

─O que vai dizer?

─Eles não me perguntam não, mas vou dizer que estou no Chad. Sei lá, só vou sair.

─Podemos ver série a tarde toda. Não série de Nerd. – Ela me avisa. – Já vai querer ficar vendo Big Bang Theory.

─Eu sei que quer ver aqueles caçadores de fantasmas. – Reclamo olhando as bicicletas uma ao lado da outra. – Me ajuda que é obvio que a sua é a última. – Vamos tirando uma a uma. – Eu sei que acha os caras bonitos.

─É coincidência os irmãos Winchester serem bonitos Josh. – Ela diz rindo.

─Muito engraçado. Nada de série. Vamos ver futebol.

─Nada de futebol. Nem vai lembrar que existo se começar a ver jogo. – Largo a bicicleta encostada na parede e a puxo para meus braços.

─Acha mesmo que vou prestar atenção em qualquer coisa com você do meu lado? – Ela me envolve os ombros, suspira, morde o lábio e só quero fazer o mesmo. – Vamos só namorar enquanto passa qualquer coisa na televisão. Quem se importa? – Beijo Lizzie mais uma vez.

─Vai geniozinho, olha se minha bicicleta está boa. – Ela se afasta, confiro as rodas, a corrente e os freios, tudo parece bem. Não sou nenhum especialista.

─Tudo certo. Está em perfeito estado. Eu acho.

Escutamos movimentos, entrego a bicicleta a ela e logo a família está toda a nossa volta.

─Tudo certo Josh? Não quer que a Lizzie esmague esse nariz lindo que ela tem no asfalto.

─July você é uma princesa. – Beijo minha irmã. – Está tudo certo. Vamos? – Todos tocamos os bolsos, menos July e Lizzie.

─Eu trouxe meu inalador gente. Que coisa! – July ri. Eu também trouxe e meu pai e minha mãe com certeza também. É um habito ir trocando ele de bolso conforme nos vestimos. Durante os cinco anos de faculdade eu tinha um sempre comigo como se fosse asmático, não conseguia evitar.

O dia não está quente, mas também não está gelado e vamos pedalando até o parque um quarteirão de casa. Lá seguimos pelas alamedas, Ryan apontando esquilos, tentando persegui-los, apostando corrida com July que sempre perde porque não pode acelerar demais.

Fico pensando como a vida dela seria sem eles e seus cuidados. A asma dela é grave, atrapalhou um pouco seu crescimento, a deixou magrinha e delicada, linda, como uma boneca, mas um tantinho frágil.

─Se não pararmos eu vou morrer. Só sei disso. – Ela solta a bicicleta se jogando na grama. Ri e respira com dificuldade. Paramos todos para ela descansar. Meu pai se senta a seu lado, puxa o inalador do bolso e oferece a ela.

─Uma só e ficamos até ficar legal. ─ Ele mesmo espirra em sua boca.

─Por isso todo mundo anda sempre com um. – Lizzie comenta ao meu lado.

─Menos ela que tem um vasto vazio no lugar do cérebro.

─Acho que já ouvi isso. – Tio Ulisses surge. – Já pararam? – Ele me aperta a mão, beija Lizzie, depois beijamos tia Sophia e Gigi surge com capacete, joelheiras e cotoveleiras.

─Oi Josh! – Ela me ergue os braços, eu a abraço. – Que saudade. Quando que vai lá em casa me ver?

─Qualquer dia desses.

─Vou jogar futebol hoje. – Ela avisa. – Meu pai não gosta, mas eu estou gostando um pouco.

─Legal. – Nos sentamos todos. July começa a respirar com mais calma. Giovanna some um momento com sua bicicleta, meu pai começa a caça-la com o olhar. Ainda está sempre atento a todos.

─Gente olha isso! – Ouvimos seu grito e logo ela descia uma das alamedas desgovernada. Um casal passava de mãos dadas. – Sai da frente! – Ela grita desviando e caindo na grama. Ela para um lado, a bicicleta para o outro. – Viu isso papai?

─Muito louco filha. Machucou?

─Nadinha. – Ela se põe de pé e vem empurrando a bicicleta. Depois meu tio acha ruim que os irmãos implicam com ele, não contente em ser maluco ele e a mulher ainda criam Giovanna do mesmo jeito.

─Muito louco Ulisses? – Meu pai reclama. –Ela podia ter se machucado.

─Por isso está toda cheia de segurança. Olha esse rasgo aqui. – Ele mostra uma cicatriz na batata da perna. Foi aqui mesmo no parque quando cai na ponte. A Sophi tem suas marcas também. É a vida.

─Tudo bem Ulisses, não tinha jeito quando era novo agora que ficou velho então é que não tem conserto.

─Velho? Como assim velho? Me acha velho? – Ele olha para meu pai todo tenso, eu e Lizzie sorrimos lado a lado, sentados no chão, minha mão toca a dela que me sorri. – Mais alguém me acha velho? Sophi você acha?

─Não tio. Você não é velho, é um gato, o melhor tio do mundo. – July se pendura em seu pescoço, ama Ulisses apaixonadamente.

─Coisa mais linda que o papai comprou para o titio. – Ele beija July, só mesmo meu tio Ulisses pode se referir a nossa adoção desse modo sem parecer ofensivo. –Josh e Lizzie, vocês que já são mocinhos e podem andar sozinhos vão caçar sorvete para todos, vi o sorveteiro do outro lado do parque.

A gente podia fazer uma graça, mas não, saltamos ficando de pé um segundo depois e só pedalamos para o mais longe que conseguimos. Quando estamos longe o bastante saltamos da bicicleta. Nos sentamos sob uma árvore. Só quero meia hora como os casais que sempre vi no parque. Ela se senta em minha frente, se encosta em meu peito e beijo seu pescoço.

─Perfume de Lizzie. – Digo em seu ouvido, ela dobra o pescoço arrepiada e risonha.

─Tio Ulisses é legal até quando não sabe que é. – Ela me diz se virando para me beijar. Acaricio seu rosto. – Josh, é mais bonito que os irmãos Winchester. – Faço careta e Lizzie ri, depois eu volto a beija-la.

─Sei!

─Parece sonho estar os dois aqui de namoro.

─De namoro é? – Brinco do jeito que ela fala, Lizzie, me morde o lábio. – Isso é bom.

─Acha? – Ela pergunta. Mordo seu lábio. – É bom mesmo.

Eu a abraço mais forte. Beijo seu pescoço e ficamos um longo momento ali. Só os dois. Apreciando a beleza do parque.

─Vamos voltar Josh, eles vão sair atrás da gente.

─É melhor. – Voltamos pedalando lentamente, um ao lado do outro, sorridentes feito um casal de adolescente, me sinto assim, acho que todo mundo que se apaixona sente. Queria dizer a ela, mas tenho medo dela me achar maluco se disser que a amo, decido esperar um outro momento.

─Cadê gente? – Giovanna nos questiona. Olhamos um para o outro. – Não foram comprar sorvete?

─É eu fiquei aqui com a maior vontade. – Ryan me diz e sinto pena.

─Ah! Claro o sorvete. ─ Nem lembramos de sorvete. ─ Rodamos o parque e nada dele.

─A gente cruza com ele por aí, vamos andar. – Meu pai se coloca de pé. Pedalamos um tempo, tomamos sorvete e depois procuramos um restaurante com mesinhas externas para almoçarmos em família.

─Meninos o álbum está lindo. Vou pegar segunda-feira e mando para o escritório. – Tia Sophi avisa durante o almoço. – Todo mundo vai ter o seu, não se preocupem. – Ela avisa minha mãe antes que ela pergunte.

Os celulares vibram ao mesmo tempo anunciando mensagem, já sabemos que é algum dos mil grupos que essa família tem.

─Heitor ganhou um cachorro novo! – Meu pai avisa sorrindo para a foto do tio com o cachorro. – Potter. – Ele olha para Lizzie.

─O Danny escolheu. – Ela sorri. – Como é lindo. Olha o sorriso do meu pai! Minha mãe é perfeita.

─Eu acho cachorro um perigo. – Tio Ulisses ganha olhares e sorri. – O que? Eu acho mesmo, tomara que esse fique bobão que nem o Dobby.

─Criado no meio das crianças e mimado pelo Heitor vai ficar. – Minha mãe comenta.

─Elizabeth! – Uma voz masculina chama e olhamos todos.

Um ruivo mais ou menos da minha idade está de pé, sorri para ela com cara de idiota. Tem um sotaque inglês que percebo só pelo modo como pronuncia seu nome.

─Elliot! – Lizzie afasta a cadeira sorrindo. Sorrindo muito eu tenho que admitir. – Você aqui? Em Nova York? Quanto tempo!

Os dois se abraçam, sinto algo ruim, estranho, um pouco como quando eu era obrigado a vê-la com John, mas agora mais forte, algo que me oprime. Quero ir até eles e afasta-los.

─Está linda. Parabéns pela formatura.

─E você? Está de férias?

─Não. Queria fazer surpresa, não esperava encontra-la antes de segunda-feira, mas consegui um emprego na empresa da sua família como trainee.

─Puxa que incrível. Achei que ficaria na Inglaterra, trabalhando com seu pai. – Elliot, o garotinho amigo dela de infância? É esse cara? O fã de Harry Potter que ela falava toda hora? Não gosto dele, não gostava antes e gosto menos ainda agora.

─Achei que seria muito bom me testar em outro lugar, abrir horizontes. – Ele olha para ela todo apaixonado, só Lizzie não vê isso? Ou vê? Eles vão ficar ali se olhando para sempre? Será que já posso demitir alguém?

─Corajoso, muito bom. – Ele a abraça mais uma vez. Que tipo de gente fica abraçando assim as pessoas sem autorização, na frente da família. – Eu vou deixar você almoçando com sua família. Meu celular é o mesmo. Me liga, quem sabe almoçamos na segunda-feira?

─Claro que sim. Boa sorte. – Ele beija seu rosto e continua seu caminho, ela volta a se sentar.

─Que gato Lizzie! Quantos anos ele tem? – July pergunta sorridente.

─Minha idade. Vinte e dois.

─Humm. Acho que ele estava te paquerando. Vai sair com ele? Que lindo que ele é, forte, alto, ruivo, lindo.

─Para July. – Reclamo. Ela revira os olhos e dá de ombros.

─Somos só amigos July. Desde crianças, nos separamos quando eu fui para Harvard e ele Oxford, nos falamos algumas vezes por telefone e depois só.

─Ele pareceu não sentir o distanciamento. Foi logo abraçando. – Não resisto ao comentário.

─Josh para de ter ciúme de todas as garotas da família! – Gigi me diz e me espanto, olho em volta, ninguém pareceu muito atento. – Também achei ele bonito.

─E velho pequena. Muito velho, ache alguém da sua idade bonito.

─Mas você é mais bonito que ele, você é mais bonito que quase todo mundo, só não é mais bonito que meu pai, porque meu pai é o maior lindão, não é papai?

─Isso mesmo filha. O papai é lindo e?

─Charmoso.

─Irresistível! – July continua.

─Ulisses você paga para elas? – Meu pai pergunta.

Os dois começam suas provocações que vão longe já que meu tio Leon não está aqui para defender meu pai, meus olhos pregam nos de Lizzie.

Pego meu celular. Não aguento esperar até estarmos sozinhos. “Vai almoçar com ele?” Ela disfarça um momento antes de ler e responder, já eu não tenho paciência para disfarçar. “Pensei em irmos os dois, ele é legal, vai gostar dele.”

Assim pode ser, desfaço a careta, quero mesmo estar perto e ver qual é a desse cara, para mim ele está apaixonado por ela. Aposto que Lizzie nem sonha com isso.


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Notas finais do capítulo

Beijosssssssssss
Obrigada pelo carinhoooooooooooo