Paixões Gregas - Descobrindo o amor (Degustação) escrita por moni


Capítulo 7
Capitulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oiiieeeee
Mais um. esse em especial quero dedicar a IZAMARA COSTA! Sua linda. Obrigada pela recomendação. Adorei! Sempre adoro quando vocês demonstram tanto carinho. Fico sem saber como agradecer e daí corro para escrever mais um capitulo só para poder agradecer. OBRIGADA!! BEIJOSSSSSSSSS



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/657785/chapter/7

Pov – Ulisses

Quando abro a porta sinto o perfume vindo da cozinha, pelo visto minha mulher está inspirada. Sobre a mesinha de centro da sala tem livros e cadernos abertos.

Sophia surge na sala me sorrindo, deixo a pasta sobre um móvel e a abraço, beijo seus lábios.

─Saudade! – Ela me diz carinhosa e fico as vezes me perguntando porque eu achei que podia fugir disso.

─Eu também amor. Cadê minha filha? – Sophia revira os olhos e sorri.

─Não sei da sua filha Ulisses. – Ela diz alto e já sei que Giovanna está escondida. – Sua filha sumiu amor.

─Sophia você não cuida da minha filha direito! – Ficamos os dois meio gritando pela casa. Quase todos os dias isso. – Cadê minha filha em? – Olho em volta para vez se não tem um pé ou braço mau protegido. Quando era pequenina se escondia atrás de cortinas transparentes ou atrás de alguma almofada com metade do seu tamanho, mas com dez anos ela anda mais treinada. – Ela não está grande para isso? – Sussurro e Sophi sorri. – Me dá uma pista.

─Não vi. – Sophi sussurra rindo. – Estou ficando preocupada amor! – Ela diz em voz alta. Depois de vasculhar a sala vou para seu quarto, nada de Gigi, olho em cada canto, desisto e sigo para nossa sala de jogos, nem sinal. Felizmente nossa casa é pequena.

Só resta meu quarto, talvez o forno, mas ela não iria tão longe.

─Eu estou cheio de saudade da minha filha e ela some bem na hora que eu chego? – Olho em baixo da cama, atrás da cortina, caminho pelo quarto começando a me preocupar. Olho pelas prateleiras baixas do closet, atrás dos cabides. – Princesa azeitona! – Ok estou mesmo nervoso, onde ela se enfiou? Puxo a porta de correr da parte reservada do closet onde fica coisas que não usamos em prateleiras.

Já pensava em fechar quando escuto seu risinho escapar. Meus olhos vão subindo sem acreditar, Giovanna está na última prateleira a uns dois metros e meio do chão enfiada num buraco que não tenho a menor ideia de como coube e principalmente como chegou ali.

─Te achei! – Ela ri, coloca a cabeça para fora.

─Oi papai!

─Sua maluquinha. Como se enfiou aí?

─Escalei papai. Foi fácil.

─Garota esperta. Agora vem.

Ergo os braços, Giovanna se contorce no buraco. Tento não rir, Sophia aparece na porta do quarto, olha para cima, primeiro faz cara de brava, depois sorri com uma ruga na testa.

─Como?

─Escalou.

─Estou entalada aqui gente. Como que eu faço?

─Não fica com medo filha. Mamãe amarra uma cordinha para te mandar comida e pode morar aí. – Sophia ri ainda mais, Giovanna se contorce, geme, ri e chora ao mesmo tempo.

─É sério papai. Quando vim foi fácil, estava cheia de adrenalina, agora não consigo sair.

─Viu o que ensina para a menina? – Sophia reclama. – Não fica com medo filha, mamãe manda água também. – Sophia fala de mim, mas também não perde a piada. – Faz alguma coisa Ulisses!

─Bombeiros? Segurança nacional? – Giovanna consegue livrar uma perna e um braço. – Pronto filha, agora só se joga que o papai pega. – Estendo os braços.

─E se não me pegar? – Ela pergunta com os cabelos cobrindo seu rosto enquanto tenta se contorcer no buraco.

─Do chão não passa. Vem. – Coragem é algo que não falta a nossa garotinha, foi criada sem medos, cai e se levanta sabendo que ralar os joelhos é parte de aprender a andar e isso é sobre tudo.

─La vou eu! – Ela grita se jogando meio de lado e caindo em meus braços, quando sente que a peguei e está segura ri adorando a ideia. Olho para Sophi. Isso vai virar mania.

─Peguei você azeitona gigante! – Ela me envolve o pescoço.

─Te amo papai. – Beijo seu rosto e a coloco no chão.

─Também te amo. Como foi seu dia?

─Bom. Deixei uma liçãozinha para você me ajudar.

─Ótimo. Então vamos lá terminar isso.

─Depois banho e jantar.

Me sento no chão da sala depois de desfazer o nó da gravata e tirar o paletó. Ajudo Giovanna com seu dever de casa, ela é inteligente e quase nunca precisa de ajuda, mas quando precisa sou eu que ajudo.

Depois ela vai para o banho e aproveito para fazer o mesmo, quando volto para sala assisto as duas colocarem a mesa juntas.

─Hoje é seu dia de tirar a mesa Gigi.

─Ah mãe, eu tirei ontem, todo dia sou eu?

─Ontem era dia do seu pai, quem mandou cair na conversa dele?

─A gente tinha acabado de chegar de Kirus, eu estava cansado. – Me defendo. – Eu tiro hoje filha e coloco os pratos na lavadora.

─Obrigada papai. Poço jogar um pouquinho de videogame? Em papai lindo que eu amo muito.

─É baixa como sua mãe. Apelar para minha vaidade é jogar sujo princesa azeitona.

─Mas eu posso?

─Vai comer legumes? – Ela suspira. Afirma e beijo sua bochecha. – Então pode. Uma hora e cama. Não é mamãe?

─É. Eu caprichei, podem elogiar muito. – Sophia sorri, não sou o único vaidoso nessa família.

A comida está mesmo ótima, e elogio, elogiaria mesmo se estivesse ruim, mas Sophi tem mão para a cozinha.

─Gigi amanhã a mamãe tem reunião no trabalho, então vai com o Ryan para seu tio, o papai te pega á noite.

─Oba! Adoro quando fico lá, a July sempre fica brincando comigo.

─Faz a lição de casa antes, se não a noite fica com manha querendo dormir e tem um monte de coisas para fazer.

─Papai lá é tudo bem certinho, a gente chega, come e faz lição, depois pode brincar até cansar, tia Annie é muito certinha.

─Obrigada pela parte que me toca. – Sophia aperta seu nariz.

─Aqui é muito mais legal mãe, não se preocupa, amo minha casa.

─Linda. – Agora eu beijo sua testa. Sophia me sorri. Do nosso jeitinho temos uma vida perfeita.

Depois tiro os pratos enquanto Giovanna corre para jogar e Sophia se senta no chão da sala com sua taça de vinho e as mil fotos da formatura.

─Amor depois vem aqui ver as fotos. – Sabia que ela me chamaria para isso. Pego a minha taça e me junto a ela, uma ou duas vezes na semana tomamos uma taça de vinho, não passa disso, a menos que Giovanna esteja na casa do tio como vai as vezes para uma maratona de filmes, pipoca e os jogos.

Quem diria que a casa do Nick um dia seria o lugar onde as crianças Stefanos gostam de ficar?

Assim que me sento encaro as fotos espalhadas sobre a mesinha, em cima de toda a pilha uma me chama atenção, ergo a foto para olhar melhor. É de Josh e Lizzie na mesa do restaurante um ao lado do outro, esse olhar não tem nada de amizade e amor familiar.

─Uou! Viu essa foto? – Mostro para Sophi.

─Por isso deixei por cima, não queria falar nada, queria saber se teve a mesma impressão. Não é um olhar apaixonado?

─Aposto seu braço nisso.

─Aposta o seu palhaço! – Ela me empurra de leve. Rimos juntos, Sophia se arruma ao meu lado, se encosta em meu ombro enquanto olhamos juntos a foto. – Nem vou colocar no álbum, vai que mais alguém tem essa impressão. Quando tirei estava meio envolvida no trabalho e não me dei conta, mas depois quando fui imprimir. Amor acho que os dois estão se gostando.

─Ela ficou uma gatinha, e ele é bem bonitão, sei lá, pode ser só interesse. Acha que eles têm um lance?

─Duvido muito, deve ser um tipo de amor platônico. Josh é tão certinho.

─Pode ser. Ficam bonitos juntos.

─Não acha estranho? – Ela me questiona e penso um momento. Não é meu costume achar nada sobre ninguém.

─Eu devia achar? Por que não consigo ver nada demais nisso.

─Também não vejo, mas e o Nick e o Heitor. Veriam?

─É de se pensar. Nick é todo certinho e o Heitor é um poço de ciúme, eu realmente não faço ideia. – Abro um livro de fotos de Sophi e deixo a foto dentro. – Essa eu vou guardar, quem sabe você coloca no álbum de casamento? – Sophia ri. – Morre o assunto, nada de falar com as senhoras Stefanos sobre isso, nem a Lissa.

─Que chato, seria uma bomba, mas está certo, deixa os dois viverem a vida deles. Como foi hoje? Eles começaram?

─Não. Decidimos deixar para amanhã. Ficaram cada um em seu canto desfazendo malas e descansando, amanhã começam.

─Vai ficar do lado deles? – Sophia me pergunta uns minutos depois quando separava as fotos. – Se não for nossa imaginação e se isso vingar, vai ajuda-los?

─Vou. É claro, posso pilotar o avião da fuga e deixa-los exilados num pais inóspito. – Ela ri, ajudo a separar mais fotos, minha casa agora tem um mundo delas, uma que pega quase toda parede da sala da nossa garotinha com dois anos e um sorriso gigante.

─Pronto. Acabei e já deu uma hora, a espertinha está lá ainda se fazendo de desentendida.

─Ela sabe se dar bem. Eu vou busca-la e coloca-la na cama.

─Vai amor, te espero no quarto.

─Hum, senti um charme, acho que está tentando se dar bem senhora Stefanos.

─O amor proibido e juvenil me inspirou.

─Gostei dessa, acho que me inspirou também. Hora de dormir Gigi! – Grito enquanto caminho para a sala.

─Dois minutos papai. Essa fase está muito difícil. – Me sento a seu lado.

─Quer que eu passo para você?

─Amanhã a gente tenta juntos. Estou com sono. – Ela diz desligando o console e ficando de pé.

─Pronta? – Ela afirma e eu a ergo nos braços, está ficando linda e pesada.

─A gente vai para o Alaska nas férias?

─Vai. A mamãe vai fazer um trabalho por lá. Umas boas fotos para uma exposição.

─E nós dois? – Eu a coloco na cama. Ela se ajeita sob as cobertas.

─Vamos tentar não criar problemas. – Giovanna sorri. Beijo sua testa. – Dorme bem princesa azeitona.

─Conta de novo a história da princesa azeitona que se apaixonou pelo príncipe ervilha?

─Então me dá um espacinho aí. – Ela se encolhe no canto e deito com ela. – Mamãe vai brigar que esquecemos ela.

─Hora da história mamãe! – Ela grita com as duas mãos na boca como se assim pudesse direcionar o som. – Ela já vem vindo, vai começando.

─Era uma vez, um reino muito divertido onde viviam milhares de azeitonas de todos os tamanhos e cores.

─Que cores? – Essa parte é chata. Ela vai lembrar de setenta cores diferentes até conseguirmos avançar com a história.

─Verde, roxa, amarela.

─Azul tinha?

─Tinha.

─Marrom? – Sophia entra em sua linda camisola sensual e eu ainda nas cores das azeitonas. Ela se deita do outro lado abraçada a filha, ri de mim sem qualquer piedade.

─Azul tinha.

─Falei marrom papai. Não distrai ele mamãe.

─Não fiz nada, estou quieta. Já falaram vermelha?

─Não. Tinha vermelha papai?

─Tinha todas as cores do mundo filha. Vamos em frente?

─Tá bom. – Ela suspira, se coloca de lado fechando os olhos.

─A vida era realmente tediosa e um dia a princesa azeitona foi saltar de paraquedas e caiu bem no pais das ervilhas. Lá todo mundo era da mesma cor e ela achou isso muito estranho, então ela encontrou uma ervilha bem charmosa, redondinha e eles se apresentaram é... Dormiu. – Sophia sorri. Beija a testa da filha e deixamos o quarto em silencio, a porta fica entreaberta.

─Ela adora suas histórias. – Passo meu braço por seu ombro e caminhamos para nosso quarto.

─Estou mais interessado naquele papo de amor que inspira. – Sophi ergue uma sobrancelha. – Que acha de nos concentrarmos nisso?

─Adoro suas ideias.

Ela puxa a camisola deixando o corpo perfeito a vista, caminho em sua direção, mas ela dá uns passos para trás.

─Mulher você é o demônio.

Pov – Josh

─Pronto. Ryan dormiu. – Meu pai surge na sala um pouco depois do jantar. – Gatinha a Gigi vem com vocês da escola amanhã. A Sophi te avisou?

─Sim. Ela tem reunião no trabalho. Aqueles malucos vão mesmo para o Alaska.

─O Luka quer ir e o tio está louco de preocupação de deixar.

─Se fosse um lugar quente eu adoraria ir. – July diz deitando a cabeça no colo do nosso pai.

─Daí não seria o Alaska. – Brinco com ela.

─Por isso prefiro nossos parques mesmo, sempre cheio de sol e calor. Odeio frio.

Odeia mesmo, quando chega o inverno é o dia todo ela reclamando, isso quando não tem as crises de asma. Cada canto da casa tem um inalador, todos nós carregamos um nos bolsos e bolsas, dava para montar uma loja disso.

─Papai príncipe eu devia estudar numa universidade do sul.

─Quando quer algo vem com essa de papai príncipe. – Minha mãe ri.

─A gente pensa nisso quando for hora de pensar nisso. – Meu pai avisa. – Agora temos que pensar no seu aniversário de quinze anos.

─Já pensei e avisei todos os meus amigos, tive uma super ideia.

Todos olhamos para July, ela sempre tem mil ideias. Empolgada minha irmã se senta. Passa os cabelos para trás das orelhas. Começa a balançar as mãos. Sempre fala com as mãos.

─Deixa eu explicar. Todo ano nos reunimos na ilha, mas esse ano eu tive uma ótima ideia. Eu realmente tenho tudo papai. E outro dia na aula eu percebi uma coisa, só eu frequento lugares como a associação e o abrigo, meus amigos não conhecem nada desses lugares, então vou fazer meu aniversário no abrigo e cada um tem que levar um brinquedo para as crianças. Meninos levam brinquedos de meninos e meninas de meninas.

Só de olhar para meus pais eu já sinto o orgulho deles. Desde que chegamos a vida deles é ajudar quem precisa, minha mãe vai para associação todos os dias, uma vez por semana para o abrigo, crescemos nesse mundo diferente entre ter absolutamente tudo e não ter nada.

July é uma patricinha rara, tem a autoestima elevada, é vaidosa e toda arrumadinha, mas tem um coração gigante que lembra meus pais, é toda envolvida em causas sociais e está sempre metida em alguma campanha social.

─Acha que seus amigos iriam? – Meu pai pergunta.

─Sim. Todos estão dispostos. Vai ter bolo, doces, nossa família, meus amigos, as crianças do abrigo e quem sabe as da associação, todo mundo misturado, meus amigos podem quem sabe se interessar e depois seguir ajudando.

─É uma ideia fantástica July, só podia vir dessa sua cabecinha brilhante.

Minha mãe a abraça. Ela sorri orgulhosa de si mesma. Depois fica de pé. Beija meu pai e depois minha mãe, segue até mim. Eu a abraço.

─Te amo irmão, eu sei que já disse, mas amo ter você em casa de volta, só sei disso. Boa noite. Tenho aula cedo. Posso começar os preparativos? – July olha para minha mãe.

─Pode. Vamos avisar seus tios. O tio Leon tem se organizar para vir da Grécia.

─Já avisei a Alana. – Elas são inseparáveis, mesmo com um oceano de distância. Se falam todo dia, Luka também. Os três têm praticamente a mesma idade e isso os uniu.

July nos deixa e ficamos eu e meus pais. Minha mãe se junta a ele, meu pai passa o braço por seu ombro, os dois se beijam e penso se Lizzie está bem em sua primeira noite realmente sozinha na nova casa.

─No que está pensando Josh? – Minha mãe pergunta.

─Nada. Só em amanhã, no meu primeiro dia de trabalho.

─Primeiro? Josh você vai trabalhar com seu pai desde os doze anos, já merecia férias e aumento.

─Agora é oficial. Eu atrapalhava muito pai?

─Não. Inclusive deu boas ideias. Por isso seus tios estão nessa briga para substituí-los.

─Vou passar o dia me inteirando com o tio Ulisses, estou aqui pensando se ainda continuo a chamá-los de tios e pai.

─Sobre seus tios isso é com eles, mas se me chamar de qualquer outra coisa que não seja pai nem vou atender. Lutei muito por isso e não vou abrir mão. – Afirmo, eu também lutei, queria dizer, ouvia July dizendo e queria fazer o mesmo, mas morria de vergonha e medo.

─Falei com seu tio Heitor Josh. – Meu coração sobressalta, o que falaram? Será que descobriram?

─Falou? O que falou?

─Sobre o jato, decidimos que vão continuar dividindo, ainda mais agora, acho que talvez tenham que fazer algumas viagens talvez mesmo juntos, vai ser bom ter o avião de vocês.

─Ah! Isso. – Meu alivio é imenso e nem sei se consigo esconder. – Obrigado pai, nem sei o que dizer, ter um jato é... Estranho.

─Espera que tem outra coisa. Eu já venho. – Meu pai me deixa com minha mãe e segue para o escritório.

─Amo você filho. – Minha mãe me diz. – Não importa nada, eu estou do seu lado, eu enfrento tudo que precisar, essa coisa que tem em você que deixa essa nuvem confusa em seu olhar, seja o que for eu estou com você. Quando estiver pronto para contar, estamos aqui.

Fico mudo. Não sei o que dizer, não sei o quanto ela sabe, mas fica claro que sabe mais do que eu posso entender. Me levanto para ir até ela, abraço minha mãe que podia ser minha irmã de tão jovem, mas que me ama como só mães podem amar.

─Obrigado mãe. – Não tento iludi-la dizendo que não tem nada a contar, não sei até quando posso guardar tudo isso dentro de mim.

Meu pai retorna com uma pasta, me estende e olho de um para o outro sem entender. Os dois sorriam.

─O que fez foi grande, maior do que acredita, chegou aqui sabendo quase nada, correu atrás, foi para Harvard por seu próprio talento, apesar de achar que foi por mim. Saiu de lá em primeiro lugar. Temos orgulho do homem que se tornou. E confiança também. Isso é seu. – Meu pai tem uma mão no meu ombro e os olhos cheios de carinho.

─Abre! – Minha mãe pede e abro a pasta.

─O que é isso pai? – Pergunto sem acreditar.

─Primeiro em Harvard. Não me decepcione. Sabe ler esse documento.

─É que não estou acreditando muito.

─Comecei isso quando seu registro chegou. Ações, aplicações, seu tio Leon fez isso comigo, fiz o mesmo, fui construindo seu patrimônio. Se fosse um garoto irresponsável eu não te entregaria isso agora.

─Mas é responsável e totalmente capaz de administrar isso. – Minha mãe continua.

─Isso é seu, a partir de hoje você cuida. Na verdade pelo que seu tio Leon fala vai fazer melhor que eu, talvez melhor que ele também.

─Pai eu não sei o que dizer. É muito, eu só tenho vinte e dois anos, achava que já tinha construído um bom patrimônio para minha idade só com o que fiz com a minha mesada. Isso é... tem certeza?

─Absoluta. – É muita confiança, e responsabilidade também. Me dar conta que ele foi pensando no meu futuro enquanto eu ia crescendo, me sinto parte deles mais do que tudo, como nunca me senti antes, por que deixa claro que ele sempre me viu mesmo como filho. Sinto vontade de chorar e talvez eles nem compreendam que não tem nada a ver com esses milhões.

─Obrigado pai! – Abraço meu pai, depois minha mãe. Então os dois ao mesmo tempo.

─Que história é essa de mesada? – Minha mãe pergunta secando lágrimas.

─Cinco anos, cinco mil dólares por mês, eu gastava no máximo quinhentos dólares, fiz minhas aplicações, comprei ações. Fiz o meu milhão.

─Parabéns, acho que vou ligar para o seu tio Leon e contar. – Meu pai se orgulha.

─Acho bom que leve jeito para isso por que sua irmã só sabe gastar. – Minha mãe brinca.

─Teria sido mais se não tivesse que emprestar dinheiro para July toda vez que nos víamos. – Brinco e os dois riem.

─Onde essa menina enfia tanto dinheiro? – Meu pai questiona com uma ruga na testa. – Ryan me disse que ela deve duzentos dólares a ele.

─Ele precisa saber que ela não vai pagar. – Aviso aos dois. July tem sempre uma causa nobre que precisa de ajuda e pode ser o médico sem fronteiras ou um batom novo, tudo para ela é urgente.

─Bom jovem milionário. Melhor irmos todos para cama, amanhã temos trabalho. – Meu pai brinca. – Será que a Lizzie está bem? Estou aqui me segurando para não ir até lá. Não quero ser o tio chato e intrometido. Por que não vai você Josh?

─Eu? – Levo um susto.

─É, acho que ela não acharia muita intromissão se fosse lá desejar boa noite e boa sorte amanhã. – Meu pai insiste. Desvio meus olhos, minha mãe captura meu olhar e engulo em seco.

─Boa noite filho. Vai lá dar um beijo de boa noite na Lizzie e até amanhã. Vem príncipe. – Minha mãe puxa meu pai pela mão e fico de pé no meio da sala sem saber até que ponto eu e Lizzie temos um segredo. Por que ou minha mãe é muito distraída ou isso foi um bom jogo de palavras.

Seja o que for não vou desperdiçar uma chance de vê-la sem ter que mentir. Aperto o botão do elevador ansioso. A porta se abre dois segundos depois. Toco sua campainha. Enquanto espero levo o dedo a boca. Mordo a pelezinha, adoro que ela sempre está ali, pronta para ser roída e me acalmar.

A porta se abre, paro de morder, mas o dedo continua na boca com o susto de ver Lizzie. Os cabelos soltos, um pijama curto de tecido fino que não esconde muito. Ela abre um largo sorriso.

─Para de roer o dedo! – Ela ralha e desperto.

─Vim te ver. Posso? – Ela me dá espaço, quando passo por ela sinto seu perfume. Como isso é bom.

─Estava aqui pensando numa desculpa para ir te ver. Não sou boa com desculpas, não achei nenhuma. – Ela me diz quando vamos entrando pela sala. Algumas coisas estão diferentes de quando era o apartamento do meu tio Heitor, olho em volta achando mais bonito e alegre.

─Está diferente.

─Tia Sophi cuidou de mudar umas coisas que pedi. Vem ver o que fiz com um dos quartos. – Ela me puxa pela mão, chegamos a uma porta que ela abre e só tem um piso de madeira, espelhos e barras em todo o cômodo. – Meu estúdio.

─Ficou incrível. Não sabia que estava reformando.

─Amanhã vou procurar uma academia de dança, não sei viver sem isso. Quem sabe uma companhia de dança pequena.

─Tem algumas das melhores por aqui. A July conhece. Ela já veio aqui?

─Ela ajudou a tia Sophi. – Olho para ela pelo espelho, gosto dela ao meu lado, Lizzie percebe e olha também. Para do meu lado, passo meu braço por seu ombro. – Ficamos bem juntos. Um dia vou te colocar para dançar comigo. Um “pas-de-deux” – Ela me sorri, fica perfeita quando fala francês. – O que acha? Quem sabe O quebra nozes? Eu sou a Clara e você o príncipe? As vezes penso se assim como ela eu não vou acordar e descobrir que foi tudo um sonho bonito.

Ficamos de frente um para o outro. Toco seu rosto suave. É oficial, simplesmente não podemos mais ficar sozinhos. Meus lábios seguem de encontro aos dela sem autorização, os dela me recebem sem consentimento, nos beijamos.

─As vezes acho que minha mãe sabe. – Conto a ela.

─Te entendo, todo tempo fico esperando minha mãe surgir com um, elementar minha cara Lizzie. Ela sempre sabe de tudo.

Afirmo, depois embora quisesse dizer qualquer coisa só consigo beijar Lizzie mais uma vez. De novo nos afastamos.

─Meu pai me mandou aqui, queria saber se está bem.

─Estou, talvez um tanto solitária. – Vamos de mãos dadas para sala. – Andando de mãos dadas dentro de casa? Isso está mal. – Ela imita nossos pais e tios, brincadeira antiga entre os Stefanos, mas olhamos os dois para nossas mãos.

─Isso está mesmo mal. – Volto a beija-la. – Acho que é melhor eu ir. Vamos nos ver na sexta? – Lizzie sorri.

─Está falando do nosso encontro?

─Sim. Eu passo para te apanhar as oito.

─Ok geniozinho, eu te espero.

─Certo bailarina. Agora melhor eu ir. Boa noite. – Eu a beijo mais uma vez, depois ela me acompanha a porta, nossos dedos entrelaçados. Aperto o botão do elevador. A porta se abre em seguida. – Dorme bem. Boa sorte amanhã em nosso primeiro dia.

─Boa sorte! – Trocamos um beijo rápido e entro apertando o botão da cobertura. Ficamos sorrindo um para o outro como dois tolos até a porta se fechar. Meu sorriso dura até estar na cama, de olhos fechados tentando dormir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
Gente não sei se vou conseguir postar amanhã, mas o próximo será o encontro dos dois.