Plano de Mestres escrita por livsnow


Capítulo 4
CAPÍTULO III


Notas iniciais do capítulo

OLÁ ♥ como vão? primeiramente, muito obrigada pelos reviews do capítulo passado ♥ já respondi alguns, vou responder os outros agora! esse capítulo ficou ENORME, espero que gostem ♥ beijoss



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Respirei fundo e olhei mais uma vez minha folha com resumos de química. Andei de um lado para o outro no começo do corredor que levava até a sala da Sra. Parkins.

— Você consegue — sussurrei para mim mesma e chequei a hora no meu relógio de pulso. Ainda faltavam vinte minutos para começar a prova, e nenhum dos quatro do meu grupo de estudo havia chegado.

— Não sabia que a brilhante Annabeth Chase ficava nervosa — ouvi alguém dizer atrás de mim e me virei para me deparar com Thalia Grace.

— Geralmente, não — dei uma risada apreensiva — Mas nunca tive que fazer prova por cinco.

— Não pense assim, se não vai enlouquecer — ela disse — E esquecer tudo o que estudou. Confie em mim.

— Certo — assenti guardando meus papéis na bolsa e respirei fundo novamente — Sem estresse.

— Você parece estar à beira de um colapso nervoso — ela riu.

— Imagina... Vocês vão me matar se eu não responder as questões direito?

— Então, sabe o nosso antigo cara da química? — ela sussurrou — Ele não saiu do colégio, exatamente... A gente escondeu o corpo atrás da quadra de softball.

— Ótimo!

— Ok, agora falando sério: relaxe. Realmente não quero que você tenha um branco porque eu não sei porra nenhuma de química.

— Eu tô calma — disse pra ela — Mais calma que isso eu entro em coma. Onde estão os meninos, mesmo?

— Não sei — ela deu de ombros — Espero que chegando.

Não muito tempo depois que Thalia respondeu, o trio de garotos surgiu no fim do corredor, caminhando em nossa direção. Eles conversavam e riam entre si, e desaceleraram o passo quando chegaram perto da gente.

— Prontas? — Percy perguntou.

— Como nunca — respondi tentando dar um sorriso entusiasmado enquanto juntos caminhávamos os cinco para a sala da Sra. Parkins.

— A loirinha tá nervosa — Thalia disse rindo.

— Ah, não fica assim — Nico, que estava atrás de mim, disse, apertando meus ombros numa tentativa de massagem — Só pensa que vai dar tudo certo. E se não der... que você vai fuder todos nós em química. Nada de mais.

— Você tá realmente me ajudando.

— Tô brincando, Annie — ele riu soltando meus ombros quando entramos na sala.

Assim que entramos, procuramos por uma fileira que tivesse cinco cadeiras vazias enfileiradas. Como a maioria dos alunos chega em cima da hora, não foi tão difícil. Sentamos nas cinco últimas cadeiras da penúltima fileira, coloquei minha bolsa na última e Luke sentou-se à minha frente.

— Lembra: do jeito que a gente treinou, ok? — ele virou-se pra mim.

— Ok.

— Relaxe, vai dar tudo certo — ele disse com um sorriso e eu assenti.

Ok, talvez não fosse preciso tanto nervosismo, afinal de contas. Mesmo assim, era a primeira vez que eu era parte de um esquema tão “grande” assim, e isso dá um puta do frio na barriga.

Dentro de minutos, a sala estava repleta de alunos e assim que um sinal soou a nossa professora de química começou a entregar os testes. Brincava com minha caneta entre os dedos quando ela entregou o papel pra mim. Ouvi Luke sussurrar baixinho um “Boa prova” e eu abri um sorriso, sussurrando “Pra você também” de volta.

Assim que li a primeira página o pânico voltou, quando percebi que não sabia para onde os primeiros quesitos iam. Porra, e agora? Pense, Annabeth Chase, pense. Pense e respire. Você sabe disso. Fechei os olhos por alguns segundos tentando me acalmar. Eu sei o assunto. Respirei fundo. As respostas começaram a aparecer em minha cabeça.

Antes que eu tivesse tempo de esquecer o que tinha que anotar, comecei a resolver a bendita prova. Consegui fazer todas as questões – mesmo empacando em algumas, consegui desenrolar as respostas. Faltavam quarenta e cinco minutos para acabar o teste quando a parte essencial da prova deu vez.

Me ajeitei na cadeira e, segurando a caneta nas mãos, dei um chute no pé de Luke, que entendeu o recado e encostou-se na sua cadeira. Olhei discretamente para os lados, todos estavam focados de mais em suas provas para prestar atenção em mim e Sra. Parkins lia concentrada uma revista de política na frente da sala. Perfeito.

Olhando para meu gabarito, comecei a passar as respostas para Luke. Três toques. Mão direita dele ajeitando o cabelo. Quatro toques. Mão direita tocou a orelha. Dois toques. Mão direita se alongou. Cinco toques. Mão esquerda tocou seu ombro. Repeti os cinco toques. Mão direita rodopiou a caneta no ar. Estava indo tudo ótimo. Depois de alguns poucos minutos eu terminei de passar as quinze respostas, e recebi um chute de Luke nos pés, me avisando que ele já tinha pego tudo e ia começar a passar para Thalia.

Entendi o recado e guardei minhas coisas, caminhando até a mesa de Sra. Parkins e a entregando meu teste.

— Gostou da prova, senhorita Chase? — ela perguntou amigavelmente por trás de seus óculos meia-lua.

— Ah, sim, senhora. Estava ótima — respondi me retirando da sala, indo esperar o resto do meu clube de estudos do lado de fora.

Estava sentada num banco de pedra em frente a porta da sala, aproveitando o sol da manhã, quando Luke saiu, juntando-se a mim no banco. De um a um, o nosso grupo brilhante foi se retirando da sala. Percy foi o último a sair e, assim que o fez, caminhou em nossa direção.

— Você conseguiu, loirinha — ele disse rindo, me chamando pelo apelido que parecia ser compartilhado pelos quatro.

— Consegui — respondi com um sorriso também.

●●●

Eu ainda terminava de calçar minhas sapatilhas quando o meu celular tocou avisando que uma mensagem havia chegado.

Já são quase oito, cadê você? — P. Jackson”

Indo — Annie C.” digitei rapidamente.

— Tem certeza que não vai com a gente? — Silena perguntou sentada em sua cama, em frente a mim.

— Sim. Eu tenho que fazer umas coisas na cidade antes.

— Coisas? — Rachel perguntou da cama de cima do beliche.

— Sim. Nada de mais. Estarei no sushi na hora do almoço, ok?

— Tá com muito mistério, senhorita Chase — Rachel olhou desconfiada.

Nada de mais — repeti pegando minha bolsa — Eu até falaria, mas vocês julgariam.

— Ok, agora você só sai depois de dizer pra onde vai — Silena me intimou e eu a encarei — Você sabe que a gente não julga. Mesmo se você disser que vai pra um sex shop secreto que você achou.

— Eu não vou pra porra de sex shop nenhum — rebati e a morena continuou me encarando — Ótimo, querem saber? Vou pra um hospital. Com Percy Jackson.

— Pra um hospital?! — Silena repetiu.

— Com Percy Jackson?! — Rachel disse com o mesmo tom de surpresa julgadora de Silena.

— Tá vendo? Vocês julgam.

— Por que você vai num hospital?

— Com Percy Jackson?! — a ruiva repetiu do alto da cama.

— Porque eu quero saber como funciona um hospital. E porque ele me chamou.

— Por que você iria querer saber como funciona? — a Beauregard perguntou.

— E por que ele te chamaria? — a ruiva deu procedimento ao questionário.

— Muitos porquês, pouco tempo. Tenho que ir, vejo vocês no almoço.

Peguei minhas chaves e coloquei na bolsa, caminhando até a porta. Quando eu estava prestes a abrir, ouvi novamente a voz de Rachel:

— Ele é um canalha, não vá na onda dele.

— Rachel, por favor — disse rolando os olhos — Eu realmente sinto muito se você decidiu ficar com Percy Jackson durante o verão e achou que realmente fosse durar. Mas eu não tenho muita coisa a ver com isso, afinal, só estou indo na droga de um hospital com ele.

Sai do quarto e fechei a porta a ponto de ouvir a ruiva gritando o meu nome. Dei alguns passos e parei de repente. Ok, talvez tivesse sido um pouco má com Rachel. Retrocedi os passos e abri a porta, enfiando minha cabeça na fresta, com um sorriso amarelíssimo.

— Hey, Rachel... — aumentei o sorriso — Só vim dizer que eu não quis ser rude ok? Mas o Percy realmente pode ser um amigo legal, então não precisa se preocup...

Fechei a porta a tempo de escapar da almofada que ela tinha jogado em mim. Esperei um instante e abri uma fresta da porta de novo, enfiando minha cabeça.

— Você sabe que eu te amo, né?

— É melhor você ir logo, ainda tenho mais três almofadas — ela alertou ameaçando jogar mais uma. Fechei a porta com um riso e segui meu caminho para fora do dormitório.

Olhei no visor do celular, faltavam apenas três minutos para as oito. Aprecei o passo, sabendo que o ônibus saia pontualmente às oito horas. Todo sábado livre para passeio, o colégio disponibilizava ônibus que levavam e traziam os alunos até A Cidade, de quatro em quatro horas. O primeiro saia às oito da manhã, e o último às oito da noite, horário máximo que era permitido o passeio na cidade.

A Cidade, na verdade, era mais para uma grande vila. Tinha uma rua principal, que era a rua comercial, com restaurantes, pubs, lojas e várias casinhas num estilo alemão espalhadas, além de uma enorme e linda praça central. Era bem calma, com uma população pequena – o tipo de cidade que todos conhecem todos -, e sempre recebia os alunos do internato no fim de semana com os braços abertos. Era um lugar perfeito para arear a cabeça entre as aulas da academia.

— Temos quinze segundos, Chase! — Percy gritou quando eu apareci no outro extremo do jardim de entrada do colégio, onde o ônibus estava parado perto do portão.

— Espera! — gritei de volta.

Sai correndo e subimos a tempo. Assim que um monitor checou nossos nomes na lista dos alunos autorizados a sair do colégio, Percy e eu fomos procurar dois assentos disponíveis.

— Primeiramente, bom dia — ele disse quando nos sentamos.

— Bom dia — respondi com a respiração meio ofegante e abri um pequeno sorriso — Anh, Percy?

— Sim?

— Como iremos da cidade para o hospital? — perguntei sabendo que ele ficava mais distante, perto de outra cidade vizinha.

— Meu pai pediu para alguém ir nos buscar e depois nos levar de volta.

— Hum... Ok — assenti, ajeitando minha bolsa no colo.

Demoramos cerca de vinte hora para chegar na cidade. Assim que o fizemos, um cara mexendo no celular e encostado num sedã azul marinho caminhou até a gente.

— Percy Jackson, né?

— Isso — ele respondeu avaliando o cara.

— Meu nome é George Stevens, faço residência com sua madrasta e ela pediu pra eu vir te buscar. Ok?

— Certo — o moreno dos olhos verdes assentiu — Então vamos, o tempo é curto.

Todos assentimos e entramos no carro estacionado. Dr. Stevens nos levou até o tal hospital que a noiva de Percy trabalhava, e nos guiou até a sala de espera, repleta de familiares aflitos, onde uma médica se encontrava apoiada no balcão, escrevendo algo em uma prancheta. Ela era alta, tinha os cabelos loiros cacheados presos em um rabo de cavalo, vestia uma roupa azul do hospital por baixo do jaleco e assim que nos viu caminhou até nós.

— Percy! — ela deu um abraço no garoto — Quanto tempo! Como você está? Está indo bem no colégio?

— Sim, sim, tudo ótimo — ele respondeu encabulado.

— E você deve ser a amiga dele...

— Ah, sim, Annabeth Chase, é um prazer — estendi a mão para cumprimentá-la — Muito obrigada pela oportunidade.

— Oh, mais uma futura colega de profissão?

— Anh, não exatamente...

— Annabeth ainda está decidindo o que vai fazer — Percy explicou.

— Ah, entendo. Bom, quem sabe eu não a ajudo a fazer essa decisão? — ela olhou pra mim com um sorriso — Tenho uma cirurgia marcada para às onze horas, mas, até lá, posso mostrar um pouco do hospital a vocês. Vamos?

Nosso tour começou com uma passada no pronto-socorro. Pessoas correndo para lá e para cá com gases, bandejas, todas as macas cheias com pessoas que tinham desde um corte na testa até um mal-estar, uma gritaria e uma confusão que me fizeram quase ficar perdida. Passamos pelas salas de trauma, mas apenas uma estava em atendimento. Não pudemos entrar, mas Dr. Anfitrite, a noiva do pai do Percy, nos disse que o cara tinha sofrido um acidente de carro. Caminhamos por corredores e mais corredores, com ela nos mostrando sempre o que eram, topamos com vários estudantes internos em estado zombítico, quase dormindo em umas duas macas, residentes atrás de seus cirurgiões professores – assim como Dr. Stevens nos seguia no pequeno tour -. Passamos pela ala cardíaca, neurológica, pediátrica, pela maternidade, repleta de bebês fofos, até que o pager da médica soou em seu jaleco.

— Minha cirurgia está prestes a começar — ela disse virando-se pra gente — Querem assistir alguns minutos?

— A gente pode? — Percy perguntou fascinado.

— A cirurgia toda, ainda não. Mas um tempinho, sim. E então?

Percy virou-se para mim com os olhos quase brilhando e um sorriso estampado no rosto.

— Acho que vai ser ótimo — respondi.

A médica pediu para que Dr. Stevens – que eu percebi que tinha que seguir todas as ordens da médica – nos guiar até um vestiário e nos dar um par das roupas azuis que eles usavam. Vestimos e logo em seguida ele nos guiou até o centro cirúrgico.

— Nada mal, Dr. Jackson — disse rindo pra ele quando ele apareceu com os trajes de médico.

— E aí, o que está achando? — Percy perguntou pra mim enquanto caminhávamos.

— Loucura. Uma completa loucura — disse rindo.

— Sim — ele concordou também com um sorriso — Mas não é lindo?

— Acho que você está apaixonado — eu brinquei e ele riu.

Chegamos no local indicado e lá as coisas eram um pouco mais calmas. Médicos conversavam em um canto, anotando coisas em sua prancheta, enquanto as enfermeiras se dividiam entre o balcão e pacientes na sala de recuperação. Anfitrite nos esperava na porta da sala de preparação. Ela nos deu toucas e máscaras e, após lavar as mãos e se esterilizar, ela entrou conosco na sala de operação.

Uma paciente encontrava-se no centro da sala, deitada em uma mesa e já anestesiada. Seu abdômen estava exposto, enquanto o resto do seu corpo foi coberto com uma espécie de lençol azul. Antes que a doutora começasse a cirurgia, Percy olhou pra mim e, mesmo por trás da máscara, eu tinha certeza de que ele tinha um enorme sorriso no rosto. Não pude deixar de rir também.

Doutora Anfitrite era cirurgiã-geral, eu percebi quando ela começou a cortar o abdômen da paciente com um bisturi. Assim que o sangue começou a se espalhar, Percy deu um passo à frente. Eu, ao contrário, dei um passo para trás. Um embrulho no estômago tomou conta de mim, e tive que controlar minha respiração para não ter um treco ali. Respirei fundo, tentando não me concentrar no sangue, pois sabia que se eu me retirasse da sala, Percy me seguiria, e eu não queria tirar esse momento dele.

O que porra eu estava fazendo ali? Eu não tinha estômago suficiente para ser médica. Uma coisa é você ver uma cirurgia através de uma tela, outra – totalmente diferente – é você ver ao vivo e a cores. É bem perturbador. Estava conseguindo segurar as pontas quando Percy me puxou mais para frente, e eu fiquei cara a cara com o corpo aberto. Uma sensação de ânsia tomou conta de mim no momento em que eu vi as tripas da mulher ali e a única coisa que consegui fazer antes de sair correndo foi murmurar um “Desculpa, não dá”.

Disparei para fora da sala, me curvando sobre um lixeiro e tirando a máscara do rosto. Foquei toda minha atenção em respirar fundo, esperando que a ânsia de vômito passasse, tanto que só percebi outra presença quando senti um toque em minhas costas, me fazendo levantar a cabeça.

— Tá tudo bem? — Percy perguntou — Você tá mais que pálida.

— Medicina. Não dá. Pra mim. Não — eu disse entre respirações ofegadas — Ainda é tudo lindo, mas não dá.

— Percebi — ele disse rindo e passando a mão nas minhas costas.

— Eu sinto muito, por ter saído daquele jeito e ter feito você vir aqui.

— Tá tudo bem — ele respondeu me ajudando a levantar e passando um braço em torno do meu ombro. Ainda me sentia enjoada — Terei outras oportunidades. Além do mais, se quisermos chegar na cidade pra seu compromisso na hora do almoço, temos que sair daqui a pouco, mesmo.

— Ah, sim — falei me lembrando do aniversário. No meio dessa correria, tinha até me esquecido — Quanto a isso... É aniversário de uma amiga minha, nós vamos todos almoçar naquele sushi na cidade... Quer vir também? Para recompensar meu desastre de agora.

— É, acho que é uma boa ideia — ele abriu um sorriso — Eu não tinha planos para o almoço, mesmo...

— Ótimo. Então, vamos trocar de roupa — eu disse caminhando até o vestiário onde tínhamos deixado nossas coisas, sem nem pensar muito sobre o fato de que eu tinha convidado Percy Jackson, o cara que uma amiga minha odeia e boa parte mal fala com ele, para um almoço em grupo. Será que eu fiz merda, mais uma vez?

●●●

— Será que estamos atrasados? — Percy perguntou quando regressamos à cidade.

Chequei no celular e ainda eram doze e vinte, tinha uma mensagem de Silena de quinze minutos atrás avisando que eles já tinham saído.

— Ah, não. Eles vieram no ônibus das doze, então só vão chegar aqui lá pras 12:30. O que me dá tempo de comprar um presente pra Katie — eu disse entrando numa lojinha de lembranças.

Percy e eu nos separamos pela loja enquanto eu escolhia o presente. Quando eu havia finalmente decidido levar uma caixinha de música, Jackson chega para mim com um pesinho de papel em forma de coroa, todo enfeitado com flores.

— Acha que Katie gostaria?

— Ah, você não precisa levar presente — eu disse.

— Não foi isso que perguntei — ele insistiu.

— Sim, ela amaria.

— Ótimo.

Pagamos nossas coisas e saímos da loja às 12:45, com Rachel me ligando.

— Fala, ruiva — eu disse.

— Annie, cadê você?

— Tô aqui na cidade já. Vocês já chegaram?

— Sim, estamos no restaurante — ela disse — Acabamos de conseguir uma mesa.

— Certo, a gente tá indo.

— Ok — Rachel respondeu e eu já ia finalizar a ligação quando ela deu um grito — Espera aí! A gente? A GENTE?

— Nós... — eu disse num sussurro. Merda.

— Nós quem, Annabeth Chase? Não me diga que você chamou o energúmeno do Jackson pro almoço...

— Talvez... — sussurrei novamente.

— ANNABETH!

— Te amo! — desliguei na cara dela antes que Rachel pudesse me passar um sermão.

Continuei andando em direção ao restaurante com Percy quando meu telefone começa a tocar de novo.

— Primeiramente, você não desliga na minha cara — ouvi a voz irritada de Rachel do outro lado da linha — Segundo, o Jackson?!

— Eu te amo tanto! — repeti e consegui sentir ela rolando os olhos.

— Não me venha com essa — ela disse — Você sabe que não me dou bem com ele.

— Tá na hora de superar, né, amor? Até porque já estamos na porta — desliguei o telefone de novo quando chegamos.

Percy abriu a porta pra mim e entramos no sushi. Procuramos a mesa por um instante até que ele me apontou um grupo no canto do fundo.

— São eles? — ele perguntou.

— Ah, sim, são — disse assentido e balancei minha mão quando vi Katie acenando para a gente.

— E aí gente? — disse cumprimentando todos com rápidos abraços — Então, espero que não se importem, mas convidei o Percy pra vir almoçar com a gente.

Para minha sorte, eles não torceram o nariz. Exceto Rachel, que ainda estava emburrada, e Silena, que me olhou desconfiada, todos os outros sorriram e acenaram para Percy também. Não era um grupo muito grande, apenas os amigos mais íntimos: além das minhas duas colegas de quarto, tinham os gêmeos Connor e Travis Stoll, sendo este último namorado da aniversariante, Katie, e Chris Rodriguez.

— Sem problemas, Annie — Katie disse quando entreguei meu presente a ela — Além do mais, conheço Percy, nadamos juntos. Seja bem-vindo.

— Valeu Katie. E ah, feliz aniversário — ele disse entregando o presente meio sem jeito.

— Não precisava.

— Eu insisto — ele respondeu puxando uma cadeira e sentando-se entre eu e os gêmeos.

Como um grande grupo feliz, começamos a conversar entre si, dando altas risadas e falando sobre besteiras sem nexo. Percy, na verdade, conhecia maior parte do grupo: além de nadar com Katie, ele tinha algumas aulas em comum com Connor e Chris, e conhecia Travis de partidas de futebol que os meninos realizavam. No final, Silena já havia perdido a desconfiança e ria conosco, enquanto Rachel ainda tinha a cara emburrada no rosto.

— Sabe, você podia tentar rir um pouco — eu disse pra garota, que estava uma cadeira de distância de mim — Ele realmente é um amigo legal.

— Talvez — ela disse e por um instante eu achei que ela fosse reconsiderar a ideia de o odiar — Mas pra mim ele ainda é o cara que partiu meu coração no verão.

— Rachel... — eu ia começar a dizer pra ela esquecer isso quando o garçom chegou na nossa mesa para anotar os pedidos.

Todos disseram o que queriam, resolvendo pedir uma enorme barca, e eu ainda olhava o cardápio. A verdade é que eu não suportava sushi, só ia pra aquele restaurante por que todo o resto amava. Minha grande sorte é que eles serviam outras coisas lá.

— Vou querer um cheeseburguer — disse pro garçom.

— Você sabe que é tipo uma heresia vir pra um sushi bar e pedir um sanduíche — Percy falou pra mim.

— Não consigo comer sushi — disse fechando o cardápio.

— Como não? — ele me perguntou como se eu tivesse acabado de dizer a maior ofensa do mundo.

— Annabeth Chase tem sérios problemas mentais — Connor, que estava ao lado de Percy, disse.

— Nada disso — me defendi — A humanidade descobriu um fogo por uma razão, e não foi pra comer peixe cru.

— Sua herege — Percy continuou — Você está vivendo sua vida de uma maneira muito errada.

— Sei — respondi rindo dos dois.

O resto do almoço foi tranquilo. Conversamos e rimos um pouco mais, fizemos barulho e brincadeiras, como todo grupo de adolescentes perturbados mentalmente. Quando deu quatro horas da tarde, todos voltamos para a praça central para pegar o ônibus de volta pro colégio.

— Hey, obrigada por hoje — disse para Percy enquanto caminhávamos para a praça.

— Ah, valeu pelo almoço também — ele disse — Seus amigos são muito legais.

— Sim, eles são — concordei rindo — Um pouquinho estranhos, mas muito legais.

— Espero que a manhã no hospital tenha te ajudado, apesar de tudo.

— Ah, sim, com certeza ajudou. Agora sei que nasci pra fazer arquitetura, e não nasci predestinada a fazer arquitetura por causa da minha mãe.

— Isso é bom — ele disse com um sorriso.

— Sim, isso é bom — eu sorri de volta.


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Notas finais do capítulo

e então? o que acharam? tentei descrever mais ou menos como seria o hospital, espero não ter ficado confuso KKK espero que tenham gostado, ainda mais desse início de Percabeth ai