Annabele Vermont escrita por Annabele


Capítulo 18
A de Annabele.




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Senti uma ardência forte no ombro e na barriga, estava com calor e suava bastante, demorei alguns segundos para focalizar a visão. Quil e Jacob estavam sentados debruçados sobre a cama, eu estava coberta com um lençol branco e vestia as roupas que estavam amarradas em mim quando fui baleada. Percebi um suspiro de alívio, dos dois simultaneamente, ao me verem acordar. Quil segurou minha mão.

–O que está sentindo Anna?

–Ta ardendo... – Levei minha outra mão em direção à ardência na barriga, mas Jacob a segurou.

–Se você encostar vai arder mais, é melhor deixar cicatrizar. Logo vai passar.

–A Leah ta bem? Estão todos bem? – Perguntei olhando para o Quil que tinha uma angústia enorme no olhar.

–Sim, estão.

–Então o que foi Quil, por que está assim?

Ele bufou.

–Eu falei que não era nada Anna, que você poderia continuar... eu devia ter dito pra você ir em outra direção... – Ele desviou o olhar.

–Cala a boca Quil! – falei irritada. – Foi um acidente, você não poderia prever, e eu estou bem, não é qualquer tiro de espingarda que vai me matar!

Ele sorriu, mas ainda havia tristeza em seu olhar.

Seth e a Leah entraram no quarto, Jacob se afastou um pouco, estavam todos aliviados por que eu estava acordada.

–Cara Anna, achei que você não fosse sair dessa, deve ter tido umas 5 convulsões enquanto estava dormindo, todo mundo ficou apavorado! – Seth falou segurando minha mão. Apenas sorri.

Sue, a mãe deles entrou no quarto e veio conferir minha pressão e batimentos, provavelmente foi ela que retirou as balas de mim, afinal não podiam me levar a um hospital.

–Está tudo se normalizando querida, você perdeu bastante sangue, por isso a cicatrização vai demorar um pouco mais, mas acho que amanha você já estará bem melhor. – Ela sorriu delicadamente e saiu do quanto, Billy entrou em seguida.

–Graças a Deus você está bem! – Segurou minha mão entre as suas. – Quase nos matou de susto Anna...

Apenas sorri, meu piscar de olhos estava mais lento do que o normal. Estava cansada.

–Acho melhor você dormir um pouco, precisa descansar para sarar logo. –Quil falou.

Todos concordaram e saíram do quarto, antes de adormecer pude ouvir Jake falando para o Quil descansar também que ele ficaria ali.

Então eu dormi, sob a guarda de seus olhos.

Quando acordei já era noite, olhei para o relógio na cabeceira da cama, eram 2 horas da madrugada, ainda não tinha identificado de quem era a casa onde eu estava. Quando olhei para o outro lado, Jake estava me encarando fixamente sentado em uma cadeira perto da parede.

–Está se sentindo bem?

–Estou com sede.

Ele levantou e pegou um copo com agua do criado e me ajudou a beber. Minha barriga ainda ardia, mas o ombro já estava melhor.

–Está sentindo fome?

–Bastante.

Ele saiu do quarto e voltou com um prato fundo.

–Quer que eu te ajude a comer?

–Não precisa, o braço direito está bom.

Peguei o prato da sua mão.

–Sopa? – perguntei decepcionada, ele riu.

–A Sue falou que você precisa poupar energia até da digestão, pra cicatrizar logo.

–Poupar energia... – bufei. Comi uma colherada, até que não estava tão ruim.

Jacob sentou novamente e ficou me olhando até eu terminar o parto. Depois ele o levou para a cozinha e me fez beber um pouco mais de água. Então ficou me olhando novamente, de onde estava sentado. Me senti um pouco desconfortável.

–Você também devia descansar um pouco...

–Não estou cansado, pode dormir. Vou ficar aqui.

Preferi não argumentar mais, então depois de algum tempo olhando pra ele em silencio eu adormeci.

Quando acordei já estava bem melhor. Dessa vez Seth estava no quarto.

–Bom dia, bela adormecida!

Sorri. Já era 10:40 da manha da quarta feira. Sentei-me na cama e já não sentia mais ardência. Sue veio trocar meus curativos, os ferimentos estavam bem vermelhos, mas já completamente fechados. Já estava conseguindo andar, então eles me ajudaram a ir até a cozinha para almoçar na mesa. Jacob, para a minha surpresa, estava dormindo no sofá da sala, não havia ido embora.

Quando estava quase terminando minha sopa ele acordou e foi até a cozinha.

–Como está se sentindo hoje?

–Bem melhor. – Respondi sem olhá-lo – Quando vou poder ir pra casa Sue?

–Vou só aferir sua pressão novamente e se estiver normal você pode ir.

Depois de almoçarmos ela me liberou para ir pra casa. Jacob foi me levar. Durante o caminho ficamos completamente calados. Ele me ajudou a descer do carro, seu perfume tão próximo de mim, me fez lembrar dos velhos tempos.

Ele me acompanhou até dentro de casa.

–Você tem certeza que está se sentindo bem?

–Tenho Jacob.

–Não quer que eu fique aqui?

Hesitei por algum tempo.

–Pode ir tranquilo, já estou bem. – falei virando as costas.

–Anna, se você precisar de qualquer coisa, é pra me ligar ok?

–ok.

Então depois de algum tempo parado ele saiu.

Me senti estranha durante o restante do dia, vazia.

No meu celular haviam 4 ligações do meu pai. Então retornei.

–Oi pai.

–Annabele? O que aconteceu? Por que não foi trabalhar?

–É, eu, não passei bem ontem e hoje. Mas amanha retorno.

–Sua mãe estava preocupada.

–Diga que já estou melhor.

–Está bem. Até mais.

Ele desligou o celular. O vazio aumentou. Fui dormir mais cedo.

No outro dia, Quil me ligou logo cedo para saber como eu estava, fui trabalhar com os curativos, mas não sentia mais dor. Cheguei atrasada para almoçar, tinha muito trabalho acumulado. Os garotos se surpreenderam ao me ver entra.

–Você não devia estar trabalhando Annabele Vermont! – Quil falou bravo.

–E vou ficar em casa fazendo o que? Já estou bem Quil, não precisa se preocupar. – Dei um beijo em seu rosto. E ele me abraçou com um braço.

–Eu sinto muito tá bem?

–Você não tem que sentir! Nem eu sinto muito ok.

Big J se aproximou. E recolheu os pedidos.

Jacob me olhava periodicamente, sem encontrar com meus olhos.

Na verdade todos eles me olhavam de forma estranha, parecia que estavam falando em suas mentes “Tadinha, sua vida já esta uma bosta e ainda leva dois tiros”. Aquilo já estava me incomodando.

Quando estávamos todos no estacionamento, os garotos se despediram e foram embora, Jacob ficou lá me olhando com aquela angústia nos olhos.

–Anna... – ele começou a falar. O Interrompi.

–Jacob eu não quero que você fale nada ok? Não agora. Não por que eu fui baleada. Não desse jeito.

Abri a porta do carro e entrei. Ele ficou calado me vendo sair de lá. E eu fiquei calada a tarde toda.

Já estava escuro quando a Clarie me ligou.

–Vem aqui em casa jantar com a gente?

–Vou ver Clar, não to muito no clima.

–Se você está boa para trabalhar, também tem que estar para sair com os amigos.

– Ok, mas vou mais tarde.

–ok

Fui pra casa e tomei um longo banho de banheira, depois comi um croassaint e decidi me arrumar para ir à casa da Clarie, é claro que a única coisa que me passava na cabeça era se o Jake estaria lá.

Saí de casa bem arrumada, já eram 10 horas da noite quando cheguei. Infelizmente, antes mesmo de descer vi que Jacob não estava lá. Preferi não imaginar onde ele estaria. Desci do carro, estavam todos sentados na frente da casa.

–Até que enfim! – Clarie veio me receber.

Sentei com eles e conversamos descontraidamente por algum tempo, já era 11 horas quando o carro do Jacob se aproxima na estrada, não sei se sinto alívio ou nervoso.

Ele desce da camionete, e deslumbrante como sempre, caminha até nós.

Me olha fixamente por alguns instantes e senta na minha frente. Eu sei onde ele estava, e agora sinto nervoso.

Depois de mais algum tempo de conversa, quando eu já estava me preparando para ir embora meu telefone toca.

Olho no visor. Jacob Black. Olho para ele e ele está conversando normalmente com o Embry sobre um carro do trabalho. O telefone toca por alguns instantes e chama atenção dos outro. Resolvo atender. Minha espinha gela.

–Oi. – falo.

–Oi – Ela fala sorrindo. Quase sem acreditar, estreito meus olhos. Todos reconhecem sua voz do outro lado, e as respirações param por alguns segundos.

–Estava dormindo Annabele?

–Não.

–Desculpe incomodar, mas é que o Jake esqueceu o celular aqui em casa e seu nome era o primeiro da lista, começando com A né? – Ela ri – Então queria pedir para você avisá-lo...

Olho fixamente para ele, ainda sem acreditar no que estou ouvindo.

–Claro, vou ligar para o Billy.

–Obrigada Annabele, tenha uma boa noite.

Desligo o telefone e ainda continuo incrédula. Ele me olha sem expressão no rosto.

Enquanto guardo meu telefone na bolsa, falo para mim mesma, mas para que todos escutem.

–É claro, porque não seria mais fácil ligar direto para o Billy! –Rio sombriamente.

Embry riu. Jacob ainda continuava estático.

Levante e parei na frente dele.

–Acho melhor você ir buscar seu celular antes que ela chegue à letra B e tenha a brilhante ideia de ligar para ela mesma!

Todos riram, menos eu e ele. Fui para meu carro bufando de raiva. Essa garota me tira do sério. Mas é exatamente o que ela quer. Dirigi até minha casa decidida a não pensar mais naquele assunto. Retirei os curativos, estava quase completamente cicatrizado. Pelo menos alguma coisa estava voltando ao normal em mim.

A sexta feira sempre me faz sentir autoconfiança. Vou cedo para a Vermont de salto alto e calça jeans justa. Nancy me trás uma tonelada de contratos para assinar, mas termino rápido e decido ir ao salão fazer as unhas e hidratar o cabelo. Já falei que adoro sexta feira?

Chego ao restaurante depois de todo mundo. Sento-me ao lado da Leah e Seth.

Procuro não olhar diretamente para o Jake.

–Cabelo cheiroso! – Seth elogia.

Apenas sorrio em resposta.

–E então o que vamos fazer hoje? - Pergunto para Leah. Ela sorri.

–O que todos nós vamos fazer hoje, certo? – Quil me repreende.

Reviro os olhos.

–Acho que a gente tem que ficar de boa na casa de alguém. – Jacob fala sem me olhar– Tivemos uma semana muito tumultuada.

Olho para ele fixamente.

–Bom, vocês eu não sei! Mas eu e a Leah vamos conhecer um lugar novo que abriu em Forks, se quiserem ir, são bem vindos! – digo desviando o olhar. Ele continua me olhando.

–Então vamos todos! – Quil fala.

Depois de comer, combinamos de nos encontra lá, Leah iria para minha casa e nós iriamos juntas.

Já são 19 horas quando a Leah chega em casa. Comemos uma torta de frango que eu tinha em casa e conversamos por algum tempo. Depois fomos nos arrumar, as duas vestidas para matar. Vestidos justos, salto alto e maquiagem.

Leah estava se divertindo comigo, era bom ser eu novamente.

Chegamos tarde ao local, era uma balada com mesas e musica eletrônica. Estava lotado. Todos já estavam nos mandando mensagem por que estávamos atrasadas. Assim que passamos pela portaria, avistamos o pessoal em uma mesa do outro lado. Até chegarmos lá alguns rapazes mexeram conosco. Na verdade isso foi bem conveniente. Jacob estava com a cara fechada. Embry assoviou quando chegamos.

–Acho que você deveriam pegar leve com as roupas, não precisa de muito pra deixar os caras de Forks animados. – ele riu.

Mal sabe ele que não são os caras de Forks que nos interessam. Eles já haviam bebido bastante. Quil ia encher meu copo, mas o impedi.

–Hoje não! – ele me olhou espantado.

Já havia decidido não beber essa noite. Não queria fazer merda.

Ao contrário de mim, Jacob estava encharcando. Ficamos um bom tempo jogando conversa fora na mesa, até que fomos para a pista, nos dispersamos facilmente. Estava dançando com a Leah, quando de repente, ao me virar, esbarro em Jacob, que já não estava sóbrio. Nos olhamos por algum tempo. Então ele se aproximou do meu ouvido para falar, a pesar de não ser preciso para que eu escutasse bem.

–Você não devia fazer isso Annabele!

–Fazer o que Jacob Black?

–Tudo isso!

Ele continuou sem se afastar, um arrepio tomou meu corpo inteiro.

–Desde ir embora para Chicago até ficar dançando assim aqui. Tudo isso Annabele!

Me afastei e olhei em seus olhos.

–Você também não deveria fazer isso comigo. – Ele ficou me encarando por um bom tempo, com os olhos dentro de mim. Depois abaixou a cabeça e cerrou os dentes.

–Isso tem que acabar Anna!

– Não depende só de mim Jake.

–Depende sim!

Então ele saiu e foi embora, e eu fiquei completamente atordoada com aquela conversa.

Durante o sábado e o domingo nos reunimos duas vezes mais, porem Jacob não apareceu em nenhuma delas. Aquilo estava me deixando maluca. Ele me deixava maluca, desde o instante em que o conheci. Sou realista o bastante para admitir isso.


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