Aquela Guria. escrita por


Capítulo 2
01 de Julho.


Notas iniciais do capítulo

espero que vocês gostem de ler tanto quanto eu de escrever!
xoxo



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Meu nome é Gustavo. Isso é tudo que você precisa saber, e é tudo que eu vou falar sobre mim, no presente, neste livro. Estou aqui para contar a história de como minha vida, incrivelmente, teve um começo e um fim rápido. Você vai conviver comigo trinta e um dias desde o primeiro dia que eu a conheci, até o dia em que eu a vi partir. Espero que seu coração se aqueça com o começo dessa história e se parta com o final, pois assim quando sentir saudade poderá ter a honra de ler novamente, porque eu jamais poderei vivenciar essa história novamente.

Eu odiava ir pra faculdade na sexta, acho que porque era sexta-feira. Tinha alguma coisa pior do que ir pra faculdade sexta-feira? Sim, tinha. Brigar com a Mariana na sexta-feira. Às vezes eu sentia vontade de me jogar da janela quando ela não conseguia compreender o meu dever de estar no bar na primeira sexta-feira do mês. Era o final de um mês cheio de provas, o primeiro dia era pra poder anuviar a mente, poder ter aquela descarga emocional enquanto tomava uma cerveja bem gelada e sentia os poros do corpo relaxarem. Por isso decidi que naquele dia eu não iria discutir, eu simplesmente desliguei o celular e guardei no bolso.

Depois eu daria uma desculpa qualquer que o celular acabou a bateria e acabaria com aquela briga na cama, de uma vez por todas. Eu odiava discutir, minha pouca paciência não me permitia ser uma pessoa controlada.

– Hey brother! – virei a cabeça na direção da voz e vi meu melhor sentado numa mesa com meus outros amigos.

– Fala aí. – cumprimentei o Eduardo com um aperto de mão e acenei pro resto da galera. Sentei na única cadeira vazia que tinha. – que sexta-feira maravilhosa.

– Pô, nem fala! Ficaria bem melhor se você não estivesse sentado no meu lugar.

A voz feminina aguçou meus ouvidos e eu levantei a cabeça na hora pra ver da onde tinha vindo o som. A garota tinha cabelos longos, até a cintura. Uma tatuagem de alguma coisa no braço e um escrito na coxa que eu não prestei muita atenção no que estava escrito. Ela era muito estilosa e incrivelmente bonita. Droga, ela era gata pra porra.

– Desculpa, não sabia que tinha alguém sentado aqui. – me levantei.

– Os homens em geral nunca percebem nada. – ela disse rindo e sentou na cadeira. – não fica parado aí, vai buscar uma cadeira pra você.

Só que eu não precisava buscar uma cadeira, o garçom ia trazer e... trouxe.

– Gustavo, essa aqui é a Alicia. – meu melhor amigo apontou pra ela. – é a guria mais chata e irritante da faculdade.

Ela riu. Um som alto e escandaloso enquanto tomava um gole fundo da cerveja.

– Isso tudo é amor encubado. – ela estendeu a mão na minha direção. – muito prazer.

– O prazer é todo meu. – respondi e abri um sorriso.

Ela tinha olhos cinzas, eram cinzas mesmo?

O contato foi quebrado com a risada alta que um colega deu no final da mesa.

Meus amigos estavam revezando em contar histórias animadas e percebi depois de muito observar que a Alicia tinha um sorriso muito bonito.

–... Então eu comecei a gritar e acabei escorregando e batendo a cabeça, fiquei com um pano enrolado na cabeça umas duas horas... – era uma história divertida, e a mesa inteira explodiu em uma gargalhada.

Um dos meus colegas de sala estava investindo fundo nela, mas ela parecia não perceber ou não dar bola.

Achava mais provável a segunda opção, as mulheres em geral eram mais inteligentes que os homens.

– E você? – ela perguntou quando a mesa toda prestava atenção na história do Eduardo.

– Eu o que? – perguntei enquanto bebia um gole da minha cerveja.

– Você ta sempre caladinho, não conta nenhuma história. Não tem nada engraçado pra compartilhar?

Os olhos dela eram cinzas mesmo. Nossa, que irado!

– Em geral as pessoas lembram mais das minhas histórias do que eu. – sorri.

– Então você bebe tanto assim? – ela perguntou.

Parecia tanto um desafio.

– Bastante.

Ela riu. Foi mais uma risadinha de “duvido” do que qualquer coisa. Seus olhos ficaram pequenos, e eu não tinha percebido que ela era meio japinha, acho que devia explicar o cabelo liso. Ela podia ser índia, ela era meio morena mesmo...

– Pedi duas doses de tequila pra gente beber. – ela piscou.

– Eu não bebo quente. – fiz uma careta. – não quando eu estou dirigindo.

Alicia pareceu não me ouvir já que sorria e bebia um gole profundo da cerveja. Me concentrei na história do Eduardo, já que aquela era realmente engraçada e eu adorava a parte que ele caia com a cara na areia na minha casa em Angra...

– Chegou as nossas doses! Essa aqui é a sua. – ela empurrou o shot na minha direção.

– Eu disse que não bebo...

– Mariquinha.

Não consegui ouvir o que ela disse, mas consegui ler seus lábios. Alicia virou o primeiro shot sem sal e nem limão e quando ia virar a segunda eu peguei de sua mão e virei de supetão.

O gosto do álcool me deixou atordoado por alguns segundos, mas controlei o impulso de fazer careta.

– Hoje alguém vai ter que carregar o Gustavo pra casa! – todo mundo riu, e eu não consegui distinguir quem falou aquilo já que estava concentrado na expressão da Alicia de contentamento.

– Um brinde. – ela disse batendo o copo de leve no meu.

– Ao que? – perguntei.

– À vida!


Duas horas mais tarde eu estava feliz e alegre, estava animado e contando histórias engraçadas com meus amigos, já estava na minha terceira dose de tequila e sentia que minha língua se enrolava em palavras de mais difícil entendimento, mas eu não estava me importando muito com isso.

Foi só quando eu estava pedindo outra cerveja no bar foi que percebi que eu estava muito bêbado.

– Vamos beber mais uma? – a Alicia perguntou. Ela estava parada do meu lado, os dois cotovelos apoiados no bar, o corpo inclinado pra frente o copo com liquido azul na sua mão esquerda.

– Não sei se agüento. Preciso voltar dirigindo pra casa. – afirmei mais risonho do que minha intenção.

– Ah, qual é! Você é forte, não é? – ela virou de frente pro bar e virou o rosto na minha direção. – e qualquer coisa, eu posso cuidar de você também.

Meus sentidos ficaram muito nublados com aquela pergunta. Ou eu estava muito bêbado e tinha ouvido errado ou ela estava dando em cima de mim.

Abaixei a mão pra ver se a minha aliança ainda estava lá e ela estava, grossa e brilhante como sempre. Será que ela não tinha percebido?

Alicia encarou a minha mão junto comigo.

– O gato comeu sua língua? – ela perguntou.

– Eu não entendi o que você quis dizer. – acho que enrolei um pouco a língua.

Ela riu alto e aproximou o corpo do meu, senti todos os meus sentidos ficarem nublados novamente, apoiei no balcão pra não cair e vi seu lábio se aproximar do meu gradativamente.

Eu estava pensando em alguma coisa muito importante agorinha, o que era? Era alguma coisa sobre compromisso, não era? Eu tinha certeza que era. Tinha alguma coisa na minha mão que eu precisava olhar. Mas eu não queria desviar o olhar do dela. Os olhos dela era cinza, né? Droga, eu precisava me concentrar em alguma coisa. Eu me afastei um pouquinho e ela mexeu no cabelo, um cheiro muito bom veio na minha direção. Era um perfume. Nossa! Mas ela cheirava tão bem, acho que era egeo, eu adorava egeo...

– Entendeu sim. – e se afastou.

E eu consegui respirar.

Quando voltei pra mesa, ela estava impassível. Nada tinha acontecido dentro do bar. Ela ainda fez a mesmas brincadeiras comigo. Nenhum olhar malicioso, nenhum convite indecente. Nada.

E é por isso que eu bebi ainda mais.

Eu estava esperando ela fazer um convite indecente?

Por quê?

Eu tinha uma namorada. Então porque eu estava pensando tanto na garota que estava sentada do meu lado?

Eu só podia estar muito bêbado mesmo.

(...)

Quando acordei estava dentro do meu carro, alguém estava dirigindo ele. Quem era? Abri um pouco os olhos, minha cabeça doía tanto.

– Alicia? – perguntei baixo.

– Eu vou te deixar em casa. Seus amigos ficaram pior que você.

– Você nem sabe onde eu moro... – sussurrei com os olhos pesados.

– Dorme Gustavo, eu disse que ia cuidar de você. E vou.

(...)

Quando acordei de novo o sol estava entrando pela janela, eu estava de cueca e deitado na minha própria cama? Me sentei rapidamente e senti a dor de cabeça me atingir como uma pedra.

– Mas que caralho... – sussurrei.

– Bom dia. – me assustei e virei a cabeça na direção da voz.

A Alicia estava saindo do meu banheiro vestindo minha camisa.

Fechei os olhos enquanto me afundava na culpa.

– Nós dormimos juntos? – perguntei.

– Na mesma cama? Sim. – ela afirmou.

– Nossa cara, eu Alicia... – comecei a falar.

– Depois de te arrastar até a sua cama, você disse coisas como “eu tenho namorada, mas estou louco pra beijar você.” - ela riu. – foi uma coisa bonitinha de se ouvir, eu confesso. Então eu arranquei sua roupa, e você pediu pra tirar sua calça também, então eu tirei. Pedi pra você não dormir enquanto eu ia fazer café, mas quando voltei você já estava desmaiado. E como eu não podia voltar pra casa porque você mora muito longe, eu dormi na sua cama com você.

– Eu não sei nem o que dizer... – sussurrei.

– Não diga. Apenas beba o café, vai melhorar a sua ressaca. – ela sussurrou me estendendo uma xícara.

– Obrigado. – eu disse a olhando.

Ela sorriu.

– Não por isso.


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