How much I love U – 2 escrita por Sherry


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Voltei!


Boa leitura sz'



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Ino rolou para o lado na cama, e deitou de bruços no colchão enorme, sentindo o lençol de seda colar no seu corpo suado.

Estava ofegante, com a nuca quente; Podia sentir o coração batendo em seus ouvidos, e um leve formigamento nos dedos dos pés.

Céus, há quanto tempo não sentia aquele formigamento pés... Há quanto tempo não sentia aquele calor que lhe consumia o corpo e a alma... Há quanto tempo não tinha orgasmos como aqueles.

Gaara pegou o braço dela delicadamente, e a puxou na cama, deixando a loira virada para cima. Ela abriu os olhos, e encontrou com sua imagem no espelho do teto do Motel; Estava com os cabelos molhados de suor, o rosto vermelho, e o peito descia e subia, ainda ofegante, seus olhos pareciam topázio liquido tamanha excitação, e seus lábios inchados e vermelhos exibiam um pequeno sorriso sacana que sentira muitas saudades de dar.

Ao seu lado, Gaara estava deitado com as costas escoradas em vários travesseiros, desta forma ele parecia quase sentado. Seu corpo estava mais masculino, e definido, e sua pele estava mais pintada por sardas.

Ele notou que ela o observava pelo espelho, e se levantou da cama completamente nu, indo na direção do frigobar.

— Pega água pra mim. —  ela pediu de olhos fechados —  Acho que to ficando desidratada. —  completou, dando uma risadinha rápida.

Então, um estampido seco fez Ino quase pular da cama. Ela soltou um gritinho de susto, e se colocou sentada na cama embolada entre os lençóis.

— Estamos comemorando. — ele falou, exibindo a garrafa cara de champanhe que havia acabado de abrir.

A garrafa estava espumando, e o liquido descia para todos os lados, sujando a mão e o braço dele, escorrendo para o chão.

— Ah, você deve ta querendo me matar. — ela falou, torcendo o rosto levemente.

Não aguentava nem pensar em champanhe. Não depois do porre que levou no casamento de Naruto e Hinata.

— Lembranças ruins com champanhe? — ele perguntou, com uma expressão maliciosa.

Ino o encarou, de sobrancelha erguida; Conhecia aquela expressão.
 Ele bebeu longos goles da garrafa, enquanto retribuía o olhar dela.

— Você sabe! — ela exclamou, pulando da cama.

Gaara suavizou sua expressão, e deu um sorrisinho cínico para ela.

— Sei. — ele admitiu, puxando-a para perto pela cintura.
— Você quer me obrigar a beber champanhe depois de saber que tomei um porre há tão pouco tempo? — ela perguntou, tentando fazer chame, agarrando-se ao pescoço dele.
— Tem mais de um mês o casamento, já deu tempo de curar o porre. — ele explicou, casualmente.

Ino fez bico, e ele passou a garrafa gelada, delicadamente pelas costas dela. A garota se arrepiou, e ficou na ponta dos pés, para beija-lo.
Mas, surpreendentemente, ele negou o beijo.

— Ta cansado? — ela provocou, com a voz rouca e maliciosa.

Ele franziu os lábios, e puxou a mão dela para o meio de suas pernas, fazendo-a constatar sua nova ereção.

Oh. Já havia perdido as contas de quantas vezes haviam terminado e recomeçado, e ele definitivamente, não estava cansado.

— Quero fazer uma coisa. — ele explicou, em um tom quase solene.

Ino ficaria preocupada se não estivesse vendo a expressão sacana dele.

— Tudo oque você quiser. — ela garantiu, dando um passo para trás e abrindo os braços.

Ela estava nua. Completamente nua, e os cabelos soltos, de braços abertos, com um sorriso ansioso os lábios, dizendo que ele poderia fazer oque quisesse. Ele precisava admirar aquele momento; Então, parou por alguns segundos, apenas para contempla-la.

Ao notar o olhar dele sobre si, Ino fechou os olhos. Queria ser surpreendida, e foi.

Ele usou a mão livre para joga-la por sob os ombros, foi até a suíte do quarto, e a colocou sentada na beirada da banheira de porcelana.

E então, ele deu um banho de champanhe nela.
Desde o cabelo até os pés. No inicio ela se assustou, mas quando ele começou a percorrer todo o corpo dela com a língua, o susto transformou-se em outra coisa, e todo enjoo que ela havia adquirido pela bebida passou, quando recomeçaram a se amar.


...

Cochilaram por alguns minutos, quando o telefone do quarto começou a tocar.

Gaara atendeu rapidamente, parecia que nem havia dormido; Enquanto Ino, tentava abrir os olhos, agarrada nele.

Ouviu ele responder alguma coisa no telefone, e desliga-lo em seguida.

Ela estava quase pegando no sono novamente, mas Gaara tocou o lábio dela com a ponta do indicador. Ela resmungou, e ele segurou o queixo dela puxando seu rosto para cima.

— Vamos? — ele perguntou, em um tom baixo e suave.
— Pra onde? — ela perguntou, a voz rouca e sonolenta.

Ele soltou o queixo dela, e deixou um pequeno sorriso moldar seu rosto.
Ino sorriu em reflexo. Como sentiu falta daqueles momentos íntimos e delicados só deles, que ninguém imaginava que acontecia.

— A recepção ligou pra perguntar se queremos almoço. — ele explicou, enquanto passeava com a ponta dos dedos pelas costas dela.

A loira franziu as sobrancelhas. Almoço? Comer não seria má ideia, estava cansada e com fome, mas haviam chegado no Motel por volta de uma hora da manhã, porque eles iriam querer almoço no meio da noite?

A menos que... Não estivesse no meio da noite.

— Que horas são? — ela perguntou, repentinamente alarmada — Já passou do meio dia?! Mentira! — completou, pulando da cama, elétrica.

Ela cambaleou pelo quarto, se vestindo e catando suas coisas, na pressa ela não achou sua calcinha, e acabou se enfiando na cueca de Gaara.
O ruivo por sua vez, apenas se sentou na ponta da cama, para assistir a loira desvairada, que murmurava consigo mesma.

Ela puxou as cortinas pesadas, e abriu a janela. O sol estava no meio do céu, e a rua estava cheia de gente. Era de tarde! Não podia ser!

Correu pelo quarto procurando sua bolsinha, e a achou em baixo da cama; Pegou o celular desesperada, imaginando as inúmeras mensagens e ligações de sua amiga preocupada... Contudo, o aparelho estava descarregado.

— Ótimo! Muito bom! — retrucou consigo mesma — Sakura deve ta achando que eu morri e to jogada em alguma vala. — completou, parando em frente ao espelho para se olhar — Ah cacete, meu cabelo ta terrível! — reclamou novamente, tentando prender os fios da melhor maneira possível.

Gaara se levantou, andou tranquilamente pelo quarto, pegou uma garrafinha de água do frigobar, bebeu, e vestiu suas calças. Ele tirou o celular de um dos bolsos e olhou as horas.

— Uma e dezessete. — ele finalmente falou as horas.

Ino quase deu um grito, e começou a calçar as sandálias correndo.
Terminou de se arrumar afobada, enquanto Gaara bebia sua água, sentado na ponta da cama, tranquilo, apenas de calça jeans.

— Você só pode ta de sacanagem comigo. — ela reclamou, colocando as mãos nos quadris, autoritária. 

Ah, ele adorava quando ela ficava mandona.

— Eu adoraria fazer mais sacanagem com você. — ele respondeu, casualmente, e lambeu a tampa da garrafinha maliciosamente.

Ino teve vontade de tirar as roupas e esquecer tudo. Chegou a sentar no colo dele, mas se controlou. Precisava ir para casa, falar com Sakura, avisar que estava tudo bem. E além do mais, estava dolorida demais pra mais umazinha.

— Gaara, nós estamos dentro desse quarto há doze horas! — ela falou exasperada.

Ele colocou a garrafinha no chão, e puxou a garota para perto de si, pelas nádegas.

Ela o encarou seria.

— Oque? — ele perguntou, com o rosto encostado no baixo ventre dela — Quer falar com a sua amiga? — perguntou, afastando-se sem muita vontade — Toma, liga pra ela do meu celular. — completou, oferecendo o aparelho para ela.

Ino respirou fundo, e pegou o aparelho.

Certo iria ligar para Sakura. Estava tudo bem, não precisava surtar.

Ligou para Sakura, enquanto Gaara se vestia, e ela andava de um lado para o outro. O celular da amiga chamou, e chamou e acabou caindo na caixa postal. Ligou novamente, mas ela não atendeu. Ino então, deixou um recado na caixa postal, e mandou um sms, só para Sakura não colocar Itachi e toda policia Japonesa atrás de Ino.

Mais tranquila, ela entregou o telefone a Gaara, e foi no banheiro lavar o rosto, demorando-se enquanto se olhava no espelho. Estava com olheiras, os lábios estavam inchados e apesar de parecer abatida, seus olhos brilhavam como nunca; Soltou o cabelo novamente para prende-lo melhor, e viu algumas suaves marcas de dentes pelos ombros, e um vermelhão incomum no pescoço.

— Gaara, eu trabalho em uma floricultura. — começou, saindo do banheiro com as mãos nos quadris — Não posso aparecer lá com essas marcas... — completou, observando-o terminar de amarrar o cadarço do tênis.

Ele não respondeu, apenas se aproximou e parou, virando a cabeça de lado, mostrando o pescoço. Havia uma sinuosa marca tapa no lado direito do rosto dele, que já estava sumindo, mas pelo fato de sua pele ser tão clara, ficava bastante evidente; Havia também uma forte marca de unha, três unhas para ser mais específico,  que desciam em vincos marcados de sangue seco, do queixo até o pescoço.

Ino pestanejou, não se lembrava de ter feito aquilo. Não com tanta intensidade. 

— Eu não... — ela balbuciou, ligeiramente boquiaberta.

Ele virou de costas e levantou a camisa. Os arranhões nas costas eram ainda maiores e mais profundos,  alguns deles pareciam bem doloridos, e ainda minavam sangue, manchando a pele sardenta que ela tanto adorava.
Ele virou-se de volta e abaixou a camisa.

Não era nenhuma novidade que Gaara gostasse que ela fizesse esse tipo de "carinho" nele, na hora do sexo, a novidade, era que ela sequer havia notado que tinha feito. A saudades estava mesmo forte.

— Quer que eu tire as calças pra você ver como ficou o... — começou, em um tom quase divertido, mas ela o cortou.
— Não precisa. — ela garantiu, meio constrangida — Eu sei que não arranquei pedaço. — completou, sentindo as orelhas arderem em vergonha.

Céus! Há quanto tempo não ficava constrangida assim com algum homem? Ele era o único que conseguia esse efeito nela.

Ele encostou a testa na dela, e passou o dedo indicador pela bochecha dela, antes de beija-la. Foi um beijo diferente dos outros. Não foi urgente, ou voraz. Foi calmo, profundo, tranquilo... Era algo novo, cheio dos sentimentos que foram se acumulando durante os anos que passaram longe um do outro.

Quando deu por si, já estava agarrada nele.

Ficaram abraçados por alguns segundos, até que ele se afastou, e ofereceu a mão para ela.

Saíram do Motel ainda de mãos dadas; Ino tagarelava sobre ter decidido se tornar mais independente e ir trabalhar para se sustentar.

Quando deu por si, estava entrando um condomínio residencial, duas quadras depois do Motel.

— Aonde estamos indo? — ela perguntou, curiosa.

Três prédios de cinco andares formavam o condomínio fechado; Com direito a praça com parquinho, e até uma piscina.

— Pra minha casa. — ele anunciou, com a maior naturalidade do mundo.

Ino sentiu-se ligada na tomada. Iria saber onde ele mora. Onde ele mora! O lugar onde ele vive, onde ele dorme! Talvez ele finalmente fosse contar tudo aquilo que ela queria saber, sobre seu passado.

Entraram no elevador, com a cabeça de Ino em um turbilhão! Ele iria contar pra ela, só podia ser isso. Tinha algo de especial acontecendo!

Pera’... — ela começou pensativa, enquanto saiam do elevador. — Se você mora aqui, porque me levou pro Motel? — ela perguntou, confusa, procurando o rosto dele enquanto andavam pelo corredor lustroso.

Gaara a olhou pelo canto do olho.

— Você não gostou? — ele perguntou, em um tom seco.

Mas ela conhecia aquele tom; Não era grosseria, na verdade ele falava daquele jeito quando ficava ofendido.

— Gostei, claro! — ela se adiantou em responder — Só curiosidade mesmo. — completou, se arrependendo da pergunta.
— Sempre curiosa... — ele comentou, parando em frente a uma porta.

Tirou as chaves do bolso da calça, e abriu a porta. O apartamento era grande, mas não era grande como o apartamento que dividia com Sakura e Itachi.
O chão era de assoalho, e as paredes eram brancas. Tudo bem arejado, móveis sóbrios, e nada muito pessoal. Mas o cheiro que vinha da cozinha... Esse sim era pessoal, e agradável. 

Para sua total surpresa, Temari colocou a cabeça na porta da cozinha.  

— Maninho, finalmente você apareceu. — Temari anunciou, acenando rapidamente — E achou a Yamanaka! — exclamou, erguendo uma sobrancelha confusa para Ino.
— Boa tarde. — Ino cumprimentou, acenando animadamente.

Temari assentiu, e voltou-se para a cozinha.

Gaara tirou os sapatos e Ino fez o mesmo. Ele foi para a cozinha, e ela foi atrás, sentindo-se incrível por estar finalmente desbravando o território de Gaara.

— Temari, você cozinha muito bem, o cheiro está ótimo... — Ino entrou na cozinha elogiando, tentando criar um clima agradável e ameno entre as duas.

Mas oque encontrou na cozinha foi inesperado. A loira mais velha estava sentada em cima da mesa, com um livro no colo e quem preparava toda a comida, era Kankuro.

— Ah, que surpresa boa te ver de novo, Ino. — o moreno falou, acenando com a colher de pau.
— Você achou que eu que estava cozinhando? — Temari perguntou, cética — Que gracinha! Você alem de louca, é inocente. — completou, com um ar de divertimento.

Gaara ignorou os irmãos solenemente, atravessou a cozinha e foi até a geladeira; Ele pegou uma lata de cerveja, e acenou oferecendo uma para Ino, mas a garota recusou, e Temari, mesmo sem ter sido solicitada, aceitou a bebida.

— Se o Gaara tivesse avisado que te traria aqui, eu teria feito algo melhor. — Kankuro se lamentou, olhando as panelas no fogão.
— Ah, não que isso. Não se preocupa. — a loira garantiu, dando um sorriso.

Gaara voltou para perto de Ino, e ofereceu uma cadeira para ela se sentar a mesa, ao lado dele. Ela aceitou, havia dormido pouco, estava com fome e estava fraca de tanto fazer sexo.

Muito deliberadamente, os olhos de Temari desviaram-se  de seu livro e focaram em Gaara por alguns segundos.

— Passou a noite brigando com gatos? — a Sabaku perguntou, voltando-se para sua cerveja. 

Um sorriso maroto se formou nos lábios dela, Kakuro deu uma gargalhada calorosa, mas Gaara apenas continuou com sua cerveja, e olhando para Ino, como se ela fosse algum tipo de artefato mágico em sua cozinha.

De repente Ino entendeu que Temari estava se referindo aos arranhões do irmão; Diabos, por que precisava ficar tão lerda na presença de Gaara?

— Temari, cala boca. — o ruivo falou tão casualmente, que sequer pareceu um fora.

Temari pareceu não se importar, e voltou ao seu livro.

— Não leva pro lado pessoal as coisas que a Temari fala. — Kankuro começou, tirando seu avental de cozinheiro — É que nenhum homem quer uma sargenta que nem ela, ai já viu? A coitada fica solitária e ranzinza. — completou, lançando um olhar de cumplicidade para Gaara.

O ruivo assentiu brevemente, e lançou um rápido sorriso de cumplicidade para o moreno.

— Pra sua informação, to saindo com um cara. — Temari respondeu áspera, batendo com o livro em cima da mesa.
— Uh, quem é o coitado? — Kankuro provocou, cruzando os braços.

Temari pulou da mesa, bufando. Ela se irritava com muita facilidade, era impressionante.
Ela marchou até o irmão moreno, e por um segundo Ino pensou que a loira fosse bater nele, mas ela apenas pegou um prato no armário e começou a se servir.

Sentaram-se na mesa, e comeram a maravilhosa refeição que Kankuro havia feito. Talvez fosse a fome de Ino, mas nunca havia comido um curry tão bom na vida!

Agradeceu pela comida, e antes que pudesse se levantar Kankuro estava lavando a louça. Pelo rumo da conversa dos irmãos, percebeu que ele morava no apartamento do andar de baixo, e Temari dividia aquele apartamento com Gaara. Oque explicava porque o ruivo não quis levar Ino para passar a noite com ele ali, ele não morava sozinho afinal.

Passaram quase meia hora na sala, vendo um filme na TV; Como uma família normal, em que o irmão levava a namorada em casa, e a cunhada ficava junto para recebe-la.

— Vou tomar banho, pra te levar em casa. — o ruivo anunciou, levantando-se de supetão do sofá.

Ino sequer teve tempo de dar alguma resposta; Ele já estava saindo da sala.

Pensou em voltar sua atenção para o filme, e espera-lo voltar. Tinha esperanças de que a tão esperada conversa com Gaara aconteceria a qualquer momento.

— Pela sua cara, o Gaara ainda não falou com você, né? — Temari falou, em um tom cansado e compreensivo.

A Yamanaka desviou os olhos da TV, e olhou para sua cunhada com curiosidade.

— Do que estamos falando? — a mais nova perguntou, amistosa.
— Estamos falando do porquê o Gaara sumiu de Konoha, naquela época. — a Sabaku falou, sem rodeios.

Houve um pausa entre as duas loiras. Ino virou-se no sofá, para ficar de frente a outra; Estava ficando louca, ou finalmente estava tendo aquela conversa? Sério? E com Temari?

— Que cara é essa garota? Achei que esse fosse um assunto do seu interesse. — Temari falou, juntando as sobrancelhas.
— E é do meu interesse. — Ino respondeu de imediato, juntando as mãos em frente ao corpo — Eu só pensei que ele que fosse tocar no assunto comigo. — completou, sincera.

Temari estalou a língua nos dentes, e rolou os olhos.

— Você não conhece o Gaara? — perguntou retoricamente, com um ar quase maternal — Ele é muito fechado, não sabe como falar isso pra você, por isso eu to aqui. — explicou, acenando com a mão no ar, displicente.

Ino assentiu, ligeiramente ofendida. Oras, Gaara aparecia depois de anos, levava ela pra uma longa noite de sexo selvagem, com direito a banho de champanhe e tabefes pra todo lado, mas não conseguia dividir algo sobre seu passado com ela.

— É meio irônico que ele tenha problemas com intimidade... — Ino comentou, azeda.
— Pra você, é fácil julgar, não foi contigo — a mais velha retrucou, em um tom amargurado.  

Ino pensou em dar uma alfinetada nela também, mas o olhar duro e de sofrimento que Temari lançou, a calou. Havia muito na historia daquela família... Muito mais do que ela sequer podia imaginar.

— Gaara foi embora de Konoha, principalmente por causa de mim. — Temari contou, com um suspiro resignado.

Ino abriu a boca levemente, e sentiu seu corpo ficar tenso. Finalmente teria a explicação que tão desejara, mas desta vez, não estava feliz ou ansiosa para ouvir...

— Eu vou tentar resumir a historia toda, por que é uma merda. — Temari falou, fazendo uma breve careta — Como você sabe, Kankuro é o mais velho, e o Gaara é o caçula. Nossa mãe morreu no parto do Gaara, e então, ficamos com nosso pai.
“ Sem a nossa mãe por perto, o velho ficou meio desamparado, e começou a culpar o Gaara da morte dela. Você deve imaginar como era horrível ver nosso pai maltratando o Gaara e excluindo ele de todas as brincadeiras infantis, passeios escolares, e tudo que fosse relacionado a diversão.
Por causa disso, o Gaara não teve muito contato social, e acabou crescendo meio recluso e calado.
A vida era uma merda, mas dava pra levar. Mas, as coisas pioraram depois que eu menstruei, na época o Kankuro tinha 15 anos, o Gaara 11 e eu 13... Eu não tinha ninguém pra me explicar sobre como era “ser uma mocinha”, e eu vi meu corpo mudar, sem entender...”  — ela respirou fundo, e pareceu engolir um bolo que se formava em sua garganta.

Ino já sentia vontade de chorar. Estava com as mãos geladas, imaginando o desfecho da história.

— Você precisa saber Ino, que oque você vai ouvir não é bonito, e nem agradável. — Temari avisou, seriamente.

A Yamanaka assentiu, solene.

— Enfim, o velho começou a me assediar, e eu, criança idiota não percebi. Foi aos poucos, primeiro com olhares, depois com pequenas palavras, e gestos sutis. Isso durou um ano inteiro, até que Kankuro percebeu, e confrontou ele.
“ Então, o velho disse que se o Kankuro era homem pra enfrentar ele, deveria ir embora de casa, ou ser homem para trabalhar fora e ajudar a sustentar a casa.
Como o Kankuro não queria deixar a gente sozinho com o velho, ele passou a trabalhar... E com a escola em período integral, e o trabalho de meio período o ele quase não ficava em casa.
O velho então, se aposentou, e passou a ficar ainda mais em casa. Eu passava a maior parte do tempo agarrada com o Gaara e com medo.
A coisa ficou séria, depois de uma tarde de tempestade, que eu contrariei a vontade do velho e fui buscar o Gaara na escola. Você sabe, que quando chove muito, não liberam as crianças sem os responsáveis, e Kankuro só saia do serviço meia noite, o Gaara não poderia esperar... Então, eu fui buscar ele.
Quando chegamos em casa, estávamos os dois ensopados e tremendo de frio. O velho tava na sala, com tudo escuro, eu não vi ele sentado na poltrona... — contou, com os olhos perdendo o foco.

Ino já sentia as lagrimas se formando em seus olhos.

— Ele levantou da poltrona e começou a me bater com um fio de cobre, que havia soltado do ferro de passar. Só deu tempo de eu trancar o Gaara na cozinha pra ele não apanhar também.
Eu levei a maior surra da minha vida. Apanhei tanto que o fio de cobre cortou minhas roupas, e eu acabei toda ensanguentada e semi nua na sala.
Não satisfeito... O velho veio tentar me molestar. Ele falou coisas horríveis, e ... Eu tentei me debater e me defender, mas eu já estava debilitada da surra, e era mais fraca que ele.
Eu só conseguia gritar desesperada, mas o barulho da tempestade abafava tudo.
Me lembro de ouvir a voz do Gaara gritar meu nome da cozinha, e então eu apaguei... Os médicos disseram que talvez eu nunca lembre, porque entrei em choque. Só lembro vagamente depois que tudo acabou e a sirene da policia tava alta... O corpo pelado do velho jogado no chão da sala, todo mutilado... E o Gaara coberto de sangue, segurando a faca, e abraçado comigo no canto da sala, dizendo que tudo ia ficar bem. — contou por fim.

Ino estava chorando. Chorando de soluçar. Se ouvir aquilo fora terrível, ter presenciado era ainda pior.

— Depois disso, foi a maior confusão judicial. Ficamos quatro anos separados, eu e Kankuro com nosso tio Yashamaru, e Gaara em uma casa para menores infratores... Quando finalmente decidiram que Gaara era inocente e só agiu pra me defender, foi tarde demais. A cidade toda já estava cheia dos rumores que o Gaara era um assassino sanguinário. — contou, com a raiva contida na voz.

Ino pestanejou perplexa. Sentiu sua boca amargar de raiva.

— Mas, como assim? — perguntou ultrajada, a voz quebradiça pelo choro — O Gaara foi uma vítima nessa situação! Assim como você e o Kankuro! Nenhum de vocês tinha estabilidade mental e emocional pra nada! Deveriam ter sido amparados, e não julgados. — completou, esbaforida.

Temari deu um pequeno sorrisinho duro.

— Teoricamente falando sim, mas você sabe como é a sociedade... Eles julgaram meu irmão de assassino sanguinário, e tio Yashamaru se viu obrigado a nos emancipar, pra que pudéssemos sair da cidade, e tentar viver em paz em outro lugar. — explicou, com o olhar vago.

Ino ficou em silêncio por alguns segundos tentando conter o tremor pelo corpo.

— Você entende agora, porque o Gaara não podia te contar nada sobre o passado dele? — Temari explicou, de um jeito maternal — Ele não se sentia no direito de falar sobre isso, porque era algo que também me envolvia... Como ele ia explicar pra você que matou uma pessoa? Você tem noção agora, do porque o Gaara não queria te contar isso? Ele tem medo de você se voltar contra ele, assim como todas as outras pessoas fizeram. — completou, quase sussurrante.

Ino parou para pensar nas palavras de Temari. Gaara não matou apenas uma pessoa, ele matou o próprio pai. Mas diferente do que podia se imaginar, a loira não culpava ou crucificava o ruivo... Ela sofria por ele, imaginando como deveria ser para ele carregar esse peso?
A mente da garota começou a trabalhar... Agora ela entendia o silêncio continuo de Gaara sobre sua família, entendia a insônia dele, os pesadelos que ele tinha, o jeito super protetor dele com ela... Era tudo reflexo de sua infância.

— E então... ? — Temari perguntou, tentando conter a tensão.

Ino se jogou em cima de Temari, abraçando-a com ternura.

— Ah, eu julguei vocês tão mal, me desculpa! — pediu, choramingando.

Temari ficou sem jeito de inicio, mas a abraçou de volta rapidamente.

— Eu também peço desculpas... — Temari começou, com a voz abafada.

Ino soltou a cunhada do abraço para olhar para ela.

— Por que você ta pedindo desculpas? — a Yamanaka perguntou, perplexa.
— Eu causei uma má impressão em você, na primeira vez que nos falamos. Tentei te afastar do meu irmão, mas, não foi por maldade... Eu ainda estava superando as coisas que haviam acontecido e, eu não acreditava em relacionamentos amorosos... E também, fiquei com medo de você descobrir sobre nosso passado, e fazer como a outra garota tinha feito. — explicou, olhando para baixo.

Temari era sempre tão forte e determinada... Vê-la sendo tão sensível, mostrava uma nova perspectiva sobre tudo para Ino.
 
— Que outra garota? — Ino perguntou, com a voz aguda.

Mas antes que Temari pudesse responder, outra pessoa respondeu.

— Tentei me relacionar com uma garota pouco tempo depois que sai da casa pra menores infratores... — Gaara começou a falar, enquanto entrava na sala.

Ele havia tomado banho. Estava com o cabelo molhado e cheirava a sabonete. Estava só de calça, e sem camisa, secando os cabelos com a toalha de banho.

— Mas... Não deu certo. — ele completou, sentando-se no braço do sofá, ao lado da irmã.
— É. E olha que a cachorra nem soube da historia toda. Ele só contou que havia saído há pouco tempo de uma casa pra menores infratores, e ela já foi chamando a policia e fazendo maior escândalo... Precisamos nos mudar de novo... — Temari complementou o relato, aborrecida.
— Ai, a gente acabou chegando em Konoha. — ele falou vagamente — E você me encontrou. — completou, fixando o olhar em Ino.

Ino só conseguia cair no choro. Queria tanto poder ampara-los. Quem sabe coloca-los em uma redoma de vidro e dar amor e carinho pra sempre. 

Houve um breve silêncio, onde Ino apenas chorava, compadecida pelo sofrimento dos irmãos. Temari entendeu que era sua deixa, e saiu da sala em silêncio.

Gaara saiu do braço do sofá, e sentou-se ao lado de Ino, rígido como um pedaço de pau.
A loira só precisou de meio segundo para se jogar nos braços dele, e cobri-lo de beijos.

Ele ficou catatônico por alguns segundos, antes de aninha-la em seus braços.

— Tudo bem? — ele sussurrou, acariciando as costas dela.
— Não! Não ta nada bem! Eu to arrasada Gaara! — ela falou bom a voz abafada, o rosto no pescoço dele — Por isso você foi embora quando o Deidara disse que sabia algumas coisas sobre você... Você não queria divulgar a tragédia da sua irmã. — ela constatou, afastando-se o suficiente apenas para olhar em seu rosto.

Ele tinha uma expressão de desconforto extremo, mas assentiu para ela.

— Não culpo seu irmão. Na época a matéria que saiu nos jornais, não ajudava pra minha imagem... — comentou em um murmuro contrariado —  Deidara achou que tava te protegendo de um assassino lunático. — completou, usando uma espécie de humor negro.
— Não fala isso! Nem brincando. — ela esbravejou, chorosa.

Ele tirou a toalha nos ombros, e enxugou o rosto dela.
Ino já estava ficando com os olhos inchados de tanto chorar, mas fez um esforço pra parar quando viu a expressão que Gaara fazia; Ele parecia que estava prestes a desmaiar, ou vomitar. Ele sempre fazia essa cara quando Ino chorava.

— Você parece que ta tendo um derrame. — ela falou,  soluçando.

Ela terminou de enxugar o rosto, e jogou a toalha para longe. Respirou fundo, e o olhou nos olhos dele, segurando seu rosto com as duas mãos.
As sardas no nariz, os olhos verdes profundos, os cabelos ruivos... Se Ino não tinha coragem de ser grosseira com ele adulto, como era possível alguém ter tido coragem de maltrata-lo quando pequeno?

— Não to gostando do seu choro. — ele explicou, meio defensivo — Ta tudo bem... Com a gente? — perguntou, parecendo incerto.
— Não acredito que você ta achando que eu vou sair gritando pedindo socorro pra policia igual a sua ex idiota fez. — ela falou estressada, colocando o dedo no rosto dele.

Gaara semicerrou os olhos, como quem diz “ Não vai? ”.

— Então, no que você tava pensando? — ele perguntou por fim, passando os braços pelas costas dela, para segura-la em seu colo.
— Tava pensando que era um absurdo alguém maltratar um mini—Gaara. — ela confessou, ultrajada.

Ele deu uma rápida risada, e a abraçou, encostando o rosto na curvatura do pescoço dela.

Ino sentiu todo aquele peso desaparecer. Era como se Gaara tivesse largado um fardo enorme, e ela também. Não haviam mais segredos, ou coisas não resolvidas.

Era como se pudessem respirar um novo ar.

— Eu não perdi você de vista todo esse tempo. — ele confessou em um sussurro abafado.

Ino sentiu seus olhos se encherem de lagrimas novamente, e o abraçou com mais força. Era impressionante como alguém tão ferido, ainda tivesse uma capacidade tão grande amar.

— Você não sabe como eu fico feliz em saber disso. — ela respondeu, com sinceridade.

Já não sabia se chorava de tristeza ou alegria, mas em algum ponto, os sentimentos se mesclaram, trazendo uma certa compreensão ao coração de Yamanaka... O amor, é como as flores... Existem vários tipos, porem alguns deles, são como as flores do deserto, raros, lindos, resistentes, e apenas florescem nos lugares mais inóspitos e improváveis.


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Notas finais do capítulo

Penultimo capítulo, antes de terminar! RETA FINAL!

Espero que estejam gostando, e que deixem reviews!
Muahaha revelações nesse capítulo hein?! q'

Até o próximo!