Não era nada fácil para Megan estar ali, naquela triste situação, ouvindo que outra mulher encostou nos lábios do homem que ela queria somente para si.
O ódio apenas aumentava por saber que era aquela infeliz que seu pai havia colocado dentro da sua empresa.

Manuela.

Maldita seja desde que pôs os pés e os olhos em Davi. Maldita seja por ser tão sonsa e fingida. Mas ela ia pagar! Ah, se ia..

– Megan, por favor, acredita em mim.. Eu a rejeitei assim que ela se jogou contra mim.. - ele pedia, a voz em um tom de súplica - Você sabe, que eu não trairia você, Megan, eu te amo..

Megan já o tinha perdoado, rápido demais repreendeu-se ela, mas não deixaria que ele soubesse assim fácil. Ele era culpado também. Pois tantas vezes Megan o avisou das intenções dela e ele negava, dizia que era respeito e admiração, outras vezes chegava a dizer que era amizade.. Tão bobo..

– Diz alguma coisa meu amor! - ele pediu num sussurro, devido ao silêncio dela. Estavam ali há mais de uma hora - Ah sei lá me bate, me xinga, só mostra que está me ouvindo.

Ela lhe deu um tapa no braço. Ele a olhou assustado. Ela lançou-lhe outro.

– Eu te avisei, Davi! - ela disse finalmente - Quantas vezes eu não te falei que ela queria estar no meu lugar.. But, você sempre tão bobo pensava que era ciúmes.. Come on!
– Me desculpe! - ele disse e deixou os ombros relaxarem - Eu não via ela como nada mais além de amiga e colega de trabalho.. - confessou - Eu realmente sinto muito!

Megan respirou fundo. Buscando paciência para lidar com o ser à sua frente. Ela o amava tanto! Mas ele tinha que deixar de ser tão bobo se quisesse levar o relacionamento deles adiante.

– Eu acredito em você Davi! - ela disse lhe encarando - Acredito que never me trairia. E sei que só via aquela nerdestina como friend..

Davi a olhou com os olhos brilhando e não demorou muito para que ele enlaçasse a cintura fina dela e a trouxesse para perto do seu corpo, beijando-lhe com volúpia.
Megan entregou-se de corpo e alma naquele beijo. Era o que pretendia desde que chegou, lançar-se nos braços do homem que a fazia mulher.

***

Jonas sabia que Pâmela ainda estava chateada com ele. Mas não podia deixar que isso se estendesse por mais tempo. Já tinha problemas suficientes, e ficar sem a pessoa que lhe dava forças para seguir em frente não era uma opção viável.
Assim que se viu com a esposa em seu quarto, tratou de enlaçar sua cintura, sentiu falta da presença do corpo dela.

— Drop me! - ela disse virando o rosto para escapar dos beijos que ele queria lj dar - Drop me Jonas!
— Vamos, Pâm! - ele pedia, agora com beijos pelo pescoço - Me desculpe, eu queria poder ter ido mas você sabe que alguém precisa tocar a Marra.
— Davi. Não foi pra isso que você o escolheu? - ela retorquiu, empurrando-o para longe de seu corpo que mesmo ela não admitindo, clamava por ele -

Jonas sentou-se, passando as mãos pelos cabelos nervoso. Na verdade, a Marra não tinha nada a ver com ele não ter ido à Califórnia despedir-se de Jack, e sim que seu cérebro não aguentaria uma viagem tão longa de avião. A aneurisma vinha se tomando dele cada vez mais rápido, as dores eram mais frequentes, assim como as tonturas e as fraquezas, sem contar nos desmaios. O último, à três dias. Por sorte estava em casa, sozinho e Nice que o encontrou inconsciente no escritório e o ajudou. Ele pediu sigilo absoluto, e óbvio.. Ninguém podia saber.

Porém agora, frente à mulher que mais amava na vida, que precisava de uma explicação digna, ele sabia que era a hora de pôr as cartas na mesa, de jogar tudo aos quatro ventos. De poder contar à ela tudo. Ela seria sua base, seu alicerce. Respirou fundo antes de contar. Medindo cada peso de cada palavra. Não queria que ela pensasse que ele estava morrendo, embora fosse exatamente isso que estivesse acontecendo.

— Okay, Pâmela. Eu não fui à Califórnia.. Porque.. Porque.. - suspirou - Eu quero que saiba que eu não estou me despedindo.. Tudo vai ficar bem, tudo..
— Jonas, por Deus. - ela disse impaciente - Fale de uma vez. Está me deixando assustada, right?
— EuEstouDoentePamela. - disse Jonas sem dar pausa sequer para respirar -
— Please, fale devagar. - ela pediu sentando-se ao lado dele -
— Tudo bem. Só me prometa que vai ficar calma! - ele disse e ela assentiu - Eu estou doente. Fui diagnosticado com um aneurisma avançado. Eu sou uma bomba relógio. - falou calmamente, apesar de estar em um furdunço por dentro -

Jonas observou o sangue escoar da pele de sua esposa tomando-a branca feito papel, enquanto ela estava paralisada olhando para o nada, aparentemente em choque pela notícia que recebera. O magnata se preocupou, talvez não pesou as palavras corretamente, já que ela parecia uma estátua ao seu lado. Pegou as mãos dela, e notou que as mesmas estavam gélidas e pálidas assim como rosto dela.

— Pâm, Pâmela, por favor fala comigo! - ele suplicava -

Ela então piscou algumas vezes, virando o rosto tão lento que parecia estar em câmera lenta. As lágrimas então, brotaram dos olhos, saindo em desespero, enquanto a mulher se atirava ao pescoço do marido, soluçando baixinho. A cena por si só era deprimente. E Jonas não se perdoaria jamais por estar fazendo o seu raio de luz passar por essa aflição. Não bastasse a morte do pai, ainda tinha que lidar com um marido doente. “Inútil” xingava-se enquanto amparava a loira.

— Pâm, não chora meu amor.. Vai ficar tudo bem.. - ele tentava acalmá-la e torcia para que aquelas palavras fizessem um efeito nele também - Eu não vou abandonar nem você e nem o nosso amendoim.. Eu juro..
— Jonas.. - ela sussurrou - I love you honey! - completou chorosa - Não quero te perder, eu não aguentaria.. - completou e escondeu o rosto no pescoço dele -
— Eu também não… - ele murmurou - Mas vamos, acalme-se, preciso da sua força meu amor, preciso de você ao meu lado..

Ele sabia que talvez era pedir demais dela, pedir para ser forte, num momento em que ela está tão abalada emocionalmente, acabou de enterrar o pai, e agora recebe esta notícia, era como se dissesse para ela esquecer tudo, seus sentimentos, suas dores.. Mas ele precisava dela. Da sua força, da sua alegria, precisava do seu braço direito, por não dizer o corpo inteiro..
Estava cansado de se sentir sozinho com essa doença, precisava da sua princesa.
Pâmela pareceu entender os pensamentos desesperados de Jonas, ela já não chorava, só fungava. Ela queria estar ali para seu marido, queria que ele soubesse que ela estaria com ele sempre.

— Sorry! - ela disse ficando séria - Eu prometi que iria manter a calma.. But, Jonas, eu..
— Vai ficar tudo bem.. - ele falou calmamente - Confia em mim..
— Eu confio! - ela disse por fim -

E eles tornaram a se abraçar.. Sentindo que o mundo pudesse acabar a qualquer momento, mas eles estavam ali, juntos, para fazer as decisões que mantivessem sua família de pé. Jonas poderia ter todos os defeitos do mundo. Ser hipócrita, egoísta, arrogante, impassível.. Mas ele amava Pâmela com toda a sua alma, pois ela o tinha aceitado como ele era e de presente, tinha dado à ele o amendoim mais complicado do mundo, que ele amava como se fosse seu, e era.

**

Megan estacionou o carro em frente à Marra, entregando as chaves à um funcionário que trabalhava ali.
Por sorte seu pai havia dado aquele dia de folga para Davi e o mesmo decidiu ir para a Plugar passar algum tempo com as pulguinhas que tanto amava. O nerd ainda insistiu para que ela o acompanhasse, ela recusou de coração partido, mas tinha coisas a acertar na empresa do Pai.

Os saltos tilintavam em contato com o piso liso e branco da Marra enquanto a loirinha desfilava apressada procurando uma certa coisa, ou mais especificamente alguém.
Encontrou Zac debruçado sobre um bocado de papéis que ela imaginou serem projetos, não teve tempo para checar se eram mesmo.
Seguiu para o elevador, a sala do diretor de Vendas era um local conhecido por ela. Várias pessoas entraram no elevador fazendo companhia à loirinha. Algumas tiveram a gentileza de lhe dar os pêsames pela sua perda. Ela ficou agradecida.
O seu andar chegou e ela prontamente tirou o corpo curvilíneo para fora daquele pequeno quadrado de metal.

Foi preciso andar apenas poucos metros para ver a figura morena de pé, analisando alguns papéis.. Megan Marchou até ela, fazendo o máximo de barulho possível, para que sua presença fosse notada. Ela, Manuela, virou-se para o barulho e esboçou um sorrisinho debochado, antes de fazer uma cara de pena e dizer:

— Sinto muito pelo teu avô, ele era uma pessoa bem melhor que você!

Megan não disse nada, apenas foram se aproximando, até estar bem em frente à ela. E sem que que a morena percebesse, Megan deu-lhe uma bofetada na cara, acertando em cheio. O olhar incrédulo de Manu denunciava que ela não esperava tal reação e instintivamente a morena levantou a mão para revidar, mas Megan a segurou. Tinha ótimos reflexos, muito bem obrigada.

— Você ficou louca, sua gringa periguete?! - gritou Manu voando em cima de Megan -
— Você lava essa sua boca nojenta de bicth para falar do meu avô. - berrou Megan de volta -

Megan largou a bolsa no chão, distribuindo tapas no corpo da morena que lhe retribuía. Manu acertou um tapa em cheio na cara de Megan e esta ficou mais enfurecida ainda. Meteu as mãos nos cabelos da nerdestina, enquanto lhe estapeava a face. Ambas caíram, Manuela por cima e ela aproveitou, mas não por muito tempo. Megan inverteu as posições, e estava por cima, dando-lhe tapas sincronizadas. Os berros tornavam-se cada vez mais alto, a ponto de chamar atenção de quase toda a empresa..

— Sua patricinha eu vou acabar com esse seu megahair fajuto! - gritou Manu enfiando as mãos nos cabelos da loira -

Um bocado de gente se fez presente ali, vendo toda aquela bagunça, ninguém ousava separá-las. Arthur chegou e viu todo aquele furdunço, ficou irado.

— Murphy!! - gritou pelo indiano -
— Sr. Nigri, o que.. - a frase morreu antes que ele pudesse terminá-la. - Oh My GOD! Vamos separá-las!

Os dois foram então apartar a briga. Meteram-se entre elas, e com muito esforço conseguiram enfim acabar com aquela briga.

— Never more se aproxime de mim e de Davi.. - Megan gritou quando os braços fortes de tuca envolveram sua cintura - Bitch maldita!
— Isso não vai ficar assim não! Eu vou acabar com você! - berrou Manu - Me solta seu idiota! - disse ela para Murphy.

Tuca arrastou Megan para a cantina e pediu para Nacho um copo com água bem gelada.
A cabeça de Megan doía devido aos puxões que Manuela deu em seu cabelo, sem contar que sua pele estava vermelha e que ela tinha quebrado mais de meia dúzia de suas lindas unhas..
Nacho estava boquiaberto, queria saber o porquê de sua garotinha estar naquele estado.

— Mi amor, qué pasó? - quis saber o mexicano -
— Acredita, Nacho, que essa bonitinha teve a brilhante ideia de voltar à adolescência e arrumou briga com a Manu.. - pronunciou-se Tuca olhando de forma incrédula para Megan -
— Aquela bicth beijou Davi, e ainda por cima debochou do grandpa, era uma questão de honra! - justificou Megan bebendo a água -
— Precisava bater nela? - questionou Arthur -
— Não me diga que está defendendo aquela nerdestina?! - Megan rosnou sentindo a cabeça doer -
— Deixa de ser infantil, Megan! - ele repreendeu - Ela ficou tão machucada quanto você.. - ele disse, Megan o fuzilou com os olhos - O que quero dizer é que você pegou pesado..
— Estava com muita raiva! - disse Megan encolhendo os ombros - Mas até que me saí bem, right? - disse e não deixou de sentir orgulhosa de si mesma -
— Já se olhou no espelho? - debochou Tuca - aposto que alguns desses vermelhos vão ficar roxos! - sentenciou em forma de negação -
— Pelo menos ela não vai mais mexer comigo, ou com Davi. - completou Megan fingindo não ouvir o que o amigo dissera -