Recomeço escrita por Supernatural Girl


Capítulo 16
Avistando um futuro novo




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Acordo em um quarto escuro. A cama é confortável, mas não conseguir olhar em volta me incomoda. Estico a mão para acender o abajur, mas em vez de encontrá-lo, toco em uma pele gelada e grito. A luz acende e Alec me olha confuso.

— Ninguém entrará aqui sem ser nós Claire. Não precisa temer – diz Alec calmamente.

É fácil falar, mas o dia do ataque ainda está fresco em minhas lembranças. A surpresa, o impacto, a dor e as vozes. Não consigo apagar da minha mente.

— Você voltou!

É a única coisa que consigo dizer. Ele sorri e me responde:

— Não podia deixá-la sem treinamento por muito mais tempo.

Tomo meu café da manhã e sigo para o treinamento. Parece que minha rotina voltará à normalidade – se é que posso chamar isso de normal.

Alec volta pegando muito mais pesado nos treinos. Começamos o treinamento para remover a audição. Preferiria começar a remover apenas meus barulhos, mas ele quer que avancemos mais rápido. O problema é que remover ruídos é extremamente difícil. Eu posso estar focada em remover o barulho de uma conversa e de repente um carro buzinar – não que isso vá acontecer aqui porque não temos carros nessa área de Volterra -, por isso, eu preciso encontrar uma forma de tirar toda a audição dessa pessoa e não apenas algo específico. Mas, fazer Alec entender isso é ainda mais complicado.

— Isso é muito difícil – digo após mais uma tentativa frustrada.

— Você precisa parar de focar apenas nos seus barulhos e prestar atenção em todos – diz Alec pela centésima vez – Você precisa se esforçar mais. O próximo ataque pode ser amanhã!

Então os romenos não estavam por trás disso. Isso não bom. Voltamos à estaca zero. Será que os Volturi possuem outro palpite?

— Você está me ouvindo? – pergunta Alec – Estou tentando manter você viva, será que você pode parar de ser mal agradecida?

Olho para ele surpresa. Durante todo esse tempo, ele nunca havia falado comigo desse jeito. Alec é simpático na maior parte das vezes.

— Mal agradecida? – grito me descontrolando – Mal agradecida? Eu procurei vocês para ficar viva, então não aja como se eu não estivesse nem aí para a minha vida porque eu estou. Agora vocês só se preocupam comigo por causa dos meus poderes. Se eu fosse como todos os humanos que vocês matam toda a semana, estaria morta porque eu não teria valor nenhum e seria apenas um desperdício de tempo. Nem a recepcionista pode ter um futuro melhor. Quando elas entram, sabem que não sairão vivas daqui mesmo fazendo o melhor para agradá-los. Eu sabia disso quando vi para cá. Sempre soube que quando vocês soubessem dos meus poderes, eu nunca mais sairia daqui e aceitei isso mesmo assim. Estamos aqui o dia inteiro fazendo a mesma coisa: tento tirar sua audição, faço barulhos para ver se funciona, não funciona, você grita comigo e diz que eu não estou me esforçando, mas eu estou fazendo o melhor que posso, mas meus poderes têm limitações e vocês todos sabem disso, por isso irão me transformar em vampira. Para eles aumentarem. Então não me trate como invencível e não me chame de mal agradecida, porque isso eu não sou. Sou muito grata pelo o que vocês fazem por mim e se você não tem um pingo de paciência, não precisa mais me treinar.

 Alec ficou me olhando incrédulo durante todo o meu discurso, mas ao ver me dirigindo para a porta, ele entra na minha frente. Ele ameaça dizer alguma coisa, mas o corto. Entro em sua mente e faço com que ele permaneça parado enquanto vou em direção à saída.

Considerando que fui atacada por dois vampiros malvados que queriam a minha morte há alguns dias atrás, sair sem companhia e sem avisar ninguém não foi a melhor das minhas decisões, mas estava tão brava que só pensei nisso ao chegar ao estacionamento de ônibus.

Aqui é um dos meus lugares favoritos. Tudo bem que não visitei muitos lugares durante minha curta vida, mas a vista da cidade daqui de cima é linda. Todas as casas acesas no escuro fazem parecer que o céu desceu e suas estrelas são mais alcançáveis.

— Desculpe – alguém diz próximo a mim. Com o coração acelerado e me arrependendo de ter saído sem avisar, me viro para encontrar Alec parado há alguns passos – Eu não deveria ter pegado tão pesado assim.

— Não – concordo tentando acalmar meu coração – Não deveria. Assim como não deveria ter me assustado - Ele sorri.

— Aqui é lindo.

— Sim, normalmente é para cá que eu venho quando preciso de um pouco de paz. Imaginar que minha vida é normal e que eu não fugi de casa e acabei morando com vampiros, os ataquei, fugi para morar com outros vampiros e agora tem outros vampiros tentando me matar.

Alec ri.

— Olhando por esse ângulo, sua vida é bem confusa realmente. Nem posso imaginar o esforço que você faz para se manter sã – concordo com a cabeça – Sabe, a vista lá de cima é um pouco melhor. Não tem essas árvores na frente.

Alec aponta para a colina atrás de nós. Várias vezes me peguei avaliando a colina procurando uma forma de subir, mas não encontrei nenhum tipo de apoio. Porém, Alec tem seu próprio jeito. Ele me puxa para perto dele e pula. Fecho os olhos e em alguns segundos, sinto o chão sob meus pés novamente.

— Abre os olhos – Alec diz. Posso sentir que ele está sorrindo.

Faço o que ele diz e olho em volta. As casas que já eram menores lá de baixo estão ainda mais. Aproximo-me mais dele segurando seu casaco com medo de cair.

— Eu venho aqui de vez em quando também – Alec diz ainda com o sorriso no rosto – Você pode se sentar se quiser.

Saio dos braços de Alec e me sento calmamente no gramado. Não estamos muito mais alto do que estávamos, mas consigo ver a cidade com mais facilidade.

— Obrigada – digo a Alec – Você foi o único que me defendeu.

— Você estava ouvindo, não é? – pergunta Alec – Aro nos informou que você provavelmente usaria seus poderes para saber o que estaríamos falando. Parece que ele não estava errado.

Permanecemos olhando a linda vista por um tempo antes de ele continuar.

— Não acho que você tenha alguma culpa quanto ao ocorrido. Também não acho que você irá nos trair. Você abandonou os romenos porque eles não a trataram bem. Tudo bem que você só veio aqui para garantir que eles não viessem, mas eu acho que você encontrou uma casa aqui. Você não tem mais nenhum lugar para ir. Se tivesse, não teria ido morar com vampiros. Não tem como você conhecer outros clãs. Aro leu sua mente antes de te ensinar a protegê-la.

— E eles não vieram? Os Romenos?

— Não. Fomos vê-los nessa última viagem. Eles não estavam sabendo de nada, mas ficaram felizes em saber do ataque. Como o esperado.

— Eu estou com medo – admito – Quando eu vim para cá, achei que esse seria o lugar mais seguro do mundo. Mas não é. Eu não sei quem quer me matar e nem o motivo. Eu...

— Ei – Alec pega minha mão. Ele olha nos meus olhos tão sério que sei que o que ele diz é verdade – Eu não vou deixar ninguém te machucar.

Ele põe a mão no meu rosto e se aproxima de mim. E me beija.


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Notas finais do capítulo

Desculpe a demora para publicar o capítulo. Espero que tenha valido a pena a espera ;)



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