E agora, Legolas? escrita por Primadonna


Capítulo 1
P: A última promessa


Notas iniciais do capítulo

Hey, amores! Tudo bem? Faz tempo que não posto nada no Nyah, rs.
Bem, estou com essa fanfic em mente há meses e só agora pude ter a oportunidade de escrever e postar, inclusive demorei por conta da capa, que foi feita pela maravilhosa designer do N!C.
Espero que gostem desse prólogo!



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Três semanas

Uma única lágrima escorria pelo rosto do rei diante da criança de orelhas pontudas que dormia profundamente entre vários lençóis brancos, iluminado apenas pela luz do luar que atravessava a abertura entre as janelas do quarto. As mãos, machucadas por conta da última batalha, apoiaram-se na barra de madeira que sustentava o topo de um pequeno cercado ao redor do príncipezinho, segurando-a com força. Ele respirou fundo, apertando os olhos.

— O que eu vou fazer, Eleniel? — perguntou para a esposa como se ela estivesse realmente ali. Talvez porque aquele fosse o seu maior desejo.

Eleniel saberia o que dizer a ele. Colocaria a mão sobre seu ombro com brandura, dizendo palavras que o confortariam como o mormaço do ínicio do verão em uma manhã fria. Ela faria com que ele reunisse coragem para enfrentar todas as consequências de sua guerra, o ajudaria a lidar com suas perdas. Mas ela não estava ali. Um dos débitos que Thranduil havia saldado naquela guerra que ele próprio havia iniciado foi a perda da esposa, o que, para ele, era um tanto injusto.

Não por si, mas por ela. Eleniel foi a única que, durante toda a guerra de ideias que mais tarde iria se tornar física, tentou consertar todas as falhas das relações entre homens e elfos com apenas palavras e possíveis melhorias, coisas que realmente fariam a diferença quando o motivo da disputa era território. Queria manter a segurança pelo seu reino e especialmente pelo seu filho. Mas, como Thranduil havia dito vezes e vezes antes, os homens não eram como os elfos ou até mesmo como os anões, os rivais de natureza. Não, os homens conseguiam ser piores que qualquer outra espécie, deixando o poder levá-los a loucura.

Eleniel percebeu que seus argumentos e tentativas eram falhos quando os homens invadiram o seu reino. Roubaram de seu povo, destruíram lares, tiraram a vida de muitos elfos que ela havia convivido desde que era uma menina — o que, para os elfos, era muito tempo — e causaram-lhe pânico ao ver que aquela não era a situação em que iria criar seu filho, seu pequeno príncipe. A ira tomou conta de si e ela havia entrado na guerra ao lado do marido, deixando a imagem de rainha adorada e adotando a rainha temida. Queria que os homens pagassem pela dor e sofrimento que causaram ao seu povo, e foi tentando salvá-los que ela teve o corpo rasgado por uma lâmina de prata.

Estava ligada ao mundo por apenas um fio que manteve-a alerta o suficiente para que pudesse falar pela última vez com seu marido. O rei da Floresta Verde havia corrido no campo de batalha até a esposa, sem se importar em tocar seu rosto frio com os dedos sujos de sangue ou tirar o arco e a aljava que sufocava seu corpo frágil. Tentava dizer que tudo ficaria bem, mas a mentira nunca fora o ponto forte de Thranduil. Ele, até o momento em que sua esposa o fez prometer que cuidaria de seu filho como se ela estivesse ali antes de fechar os olhos, nunca havia sentido dor ou infelicidade.

Vendo ela morta, sem vida no meio de escombros com uma espada atravessando-lhe o peito, ele deu um único golpe na cabeça do líder dos humanos, colocando um fim naquela guerra. Após aquilo, havia gritado. Gritou como se nunca tivesse sequer falado antes, impedindo que fosse controlado. Até mesmo seu primo e aliado Dáin, que havia mantido desde sempre a postura de durão, havia ficado comovido pela situação. Foram necessários quatro elfos para afastar o rei para fora do campo de batalha e outros cinco dias para que ele se recomposse e lembrasse que aquilo era apenas o começo.

— Eleniel deixou uma parte de si para que você pudesse levar para a vida toda — o mago Gandalf, no sexto dia após o fim da guerra, havia dito para Thranduil. O rei havia rido de desgosto, no entanto.

— Ele é igual a mim.

— Não, ele não é — Gandalf olhou profundamente o berço em que se encontrava o bebê que havia vivido apenas dois ciclos lunares. — Ele não tem um traço semelhante aos seus. Você vai cuidá-lo e amá-lo da forma que ela faria.

Ele havia ficado com aquilo rodeando sua mente por dias. Finalmente havia tomado coragem para realizar o último pedido da única pessoa que havia visto o lado bom de si na vida. Os olhos azulados do elfo abriram-se, encarando a imagem embaçada do pai acima de si. Após alguns segundos atordoado, ele sorriu, como se estivesse feliz por finalmente ver o rosto do pai depois de quase duas semanas.

— Olá, garoto — a voz grave e baixa de Thranduil murmurou. Ele era a cópia exata de si, desde os cabelos dourados que nasciam no topo da cabeça até os dedos dos pés com unhas curtas. Por mais difícil que fosse aquilo, ele prosseguiu: — Vejo que você teve um bom sono.

Thranduil retirou as mãos do berço, pegando o pequeno corpo com uma delicadeza que era estranha para ele. Acomodou-o entre os braços, sentindo os olhos perderem a característica marejada aos poucos. Ele agora estava mais sério, mas mantinha o olhar fixo no pai.

— Parece que agora somos só eu e você, não é? — ele perguntou. Caminhou até a janela, observando o céu estrelado e virando o bebê na direção do céu. — Você sabe, nós não podemos ver as estrelas o tempo todo, mas sempre sabemos que elas estão aqui. Eu espero que você sempre lembre disso quando pensar em sua mãe, especialmente porque o nome dela significava estrelas.

Ele continuou olhando para o céu por mais algum tempo, até perceber que o filho caiu no sono. Ele colocou-o no berço novamente, sentando-se na cadeira ao lado. Lembrou-se de Eleniel e outra vez seu corpo pareceu entrar em uma única onda de tristeza. Aquele pequeno momento que havia tido havia sido tirado outra vez.

— E agora, Legolas? — Thranduil perguntou baixo. — O que vai ser de nós?


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? O começo é pra ser bem dramático, mas as coisas tendem a melhorar e o pequeno Legolas logo está vindo para trazer mais felicidade.
Devo postar num prazo de duas em duas semanas, até porque ela ainda não está pronta :/ mas prometo que vai até o final, inteiramente planejada!
Não se esqueçam de comentar e acompanhar, é muito importante para mim!
Um beijo.