Madrugada Lua Nova por Edward Cullen escrita por csb


Capítulo 2
CAPÍTULO 02 - TENSÃO




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2. TENSÃO

 

 

— E então o leão se apaixonou pelo cordeiro — murmurei.

— Que cordeiro imbecil — suspirou Bella.

— Que leão masoquista e doentio.

 

Fechei os olhos.

Minha cabeça rodava à medida em que eu tentava expulsar as lembranças ruins — como o sabor inigualável do sangue de Bella — para focar-me apenas nas felizes, que ardiam em cores nítidas e vivas. Eu precisava me agarrar àquelas palavras — as palavras que significavam a vida para mim. Precisava de todas as maneiras me segurar ao motivo maior que ainda mantinha meus braços e pernas juntos ao corpo nesse instante de tortura, que fazia com que as boas memórias ainda brilhassem no momento em que eu mais necessitava de um ponto de luz na escuridão: o amor.

A dor era lancinante e o veneno incendiava cruel dentro da boca.

Com uma determinação fora do comum, prendi novamente a respiração.

 

— Você tem um sono muito profundo, não perdi nenhum detalhe. — Meus olhos perfuraram os dela. — O falatório veio antes disso.

— O que você ouviu? — perguntou ela.

Suspirei.

— Você disse que me amava.

— Você já sabia disso — lembrou ela, sem graça.

— Mesmo assim, foi bom ouvir...

Ela escondeu o rosto em meu ombro e sussurrou:

— Eu te amo.

— Agora você é a minha vida — respondi, completamente embriagado pela perfeição do momento.

 

Senti os músculos da face se contorcerem — cada pequeno pedaço tremendo como se estivesse eletrizado, recebendo um choque profundo. As entranhas do corpo se reviravam enquanto eu tentava loucamente distinguir as vozes alheias que nada mais eram agora do que sussurros distantes, ecoando desconexos nos buracos escuros de minha cabeça. Eu precisava de apoio, mas a ajuda vinha unicamente das vozes de minha própria memória.

 

— Você nunca, nunca, jamais pense em nada parecido de novo!  Não importa o que possa acontecer comigo, você não pode se machucar! 

— Eu jamais a colocarei em risco de novo, então esta é uma discussão inútil — eu disse.

 

Agora você é a minha vida. Agora você é a minha vida. Repeti obstinadamente para mim mesmo, tentando tatuar as palavras em algum lugar dentro do cérebro — buscando uma maneira de fazê-las agir efetivamente em meu socorro.

Eu te amo... Eu não vou machucar você! Você é a minha vida agora. Eu não vou machucar você! Repeti e repeti.

Milagrosamente, a insistência funcionou e eu fui me acalmando, os nervos relaxando, os olhos ainda cerrados. Com a mesma rapidez com que o veneno havia se alastrado, ele se esvaiu de minha boca quando canalizei os pensamentos somente para as vozes que começavam a ganhar sentido em minha mente outra vez.

— Emmett, Rose, levem Jasper para fora. — Era Carlisle com o timbre tranqüilo que os séculos de experiência no hospital haviam lhe proporcionado. Eu o invejei e também me culpei pelo sentimento.

— Vamos Jasper — disse Emmett com autoridade.

— Desculpe-me Bella. — Esme bateu a porta da sala.

Agora você é a minha vida. Eu não vou machucar você!

Eu sabia que estava de frente para ela e que, talvez, abrindo os olhos, a cena pudesse ser chocante demais, insuportável demais. Eu voltaria à estaca zero. Mas eu precisava vê-la para, quem sabe, apegar-me aos traços de seu rosto lindo, sentir o peso real de sua fragilidade injusta... Eu tinha a obrigação de socorrê-la, de livrá-la da situação em que eu a havia colocado deliberadamente.

Então abri as pálpebras devagar e encontrei um rosto estranhamente calmo, embora surpreso — se Bella forçava serenidade não sei dizer. Contrariando minha prévia preocupação — que agora parecia fora de contexto —, os olhos amendoados apaziguaram instantaneamente os resquícios de desespero, como um remédio injetável, e trouxeram-me de volta os pensamentos racionais; somente eles. Mesmo sem olhar o sangue — que a essa altura já devia escorrer em maior quantidade —, eu ainda sentia a dor latente pelo corpo. A diferença era que, agora, eu conseguia controlar os instintos com mais confiança, calculando friamente cada movimento para que eu não sucumbisse em derrota outra vez.

Eu queria pedir desculpas a ela, mas não pude sussurrar sequer uma palavra, ciente de minha respiração completamente presa.

Abaixei-me junto a ela, assumindo uma posição estrategicamente defensiva.

— Deixe que eu me aproxime, Edward — disse Carlisle.

Eu assenti e relaxei mais um pouco quando ele se ajoelhou, inclinando-se a fim de examinar o braço de Bella.

— Tome, Carlisle — disse Alice, passando-lhe uma toalha.

Ele sacudiu a cabeça.

— Há vidro demais no ferimento. — Carlisle estendeu a mão e rasgou uma tira longa e fina da bainha da toalha de mesa branca. Enrolou-a no braço de Bella, um pouco acima do cotovelo, fazendo um torniquete. — Bella, quer que eu a leve ao hospital ou prefere que cuide de você aqui mesmo?

— Aqui, por favor — sussurrou ela.

— Vou pegar sua maleta — disse Alice.

Edward, Carlisle chamou-me em pensamento. Você não precisa passar por esse sofrimento, filho. Deixe que eu cuide de tudo.

Balancei a cabeça em sinal negativo. Ele me devolveu o movimento, concordando.

— Vamos levá-la para a mesa da cozinha — disse ele.

Levantei Bella sem esforço, mantendo os olhos semicerrados para evitar qualquer deslize enquanto nossos corpos estivessem grudados. Segui os movimentos de Carlisle, que andava a meu lado, prendendo o braço de Bella com uma firmeza calculada.

— Como está se sentindo, Bella? — perguntou Carlisle.

— Estou bem — respondeu ela, a voz estável.

Abri os olhos por completo.

Alice estava lá e a maleta preta de Carlisle já estava na mesa embutida na parede. Com a cabeça virada para o outro lado, sentei Bella gentilmente em uma cadeira e Carlisle assumiu a outra, começando o trabalho.

Não olhe para o sangue!, aconselhou-me ele.

Fiquei de pé ao lado de Bella — mirando a parede da frente —, ainda sem respirar.

— Pode ir, Edward — suspirou ela.

— Posso lidar com isso — insisti com palavras curtas, cuidando em apenas soltar o ar sem inalar qualquer mísera partícula dele.

— Não precisa ser um herói — disse ela. — Carlisle pode cuidar de mim sem sua ajuda. Vá tomar um ar fresco.

— Vou ficar — eu disse entredentes.

— Por que é tão masoquista? — murmurou ela.

Revirei os olhos.

Carlisle intercedeu:

— Edward, você poderia aproveitar e encontrar Jasper antes que ele vá longe demais. Tenho certeza de que ele está aborrecido consigo mesmo e duvido que agora vá ouvir alguém que não seja você.

— É. — Bella concordou ansiosa. — Vá falar com Jasper.

— Você podia fazer algo de útil — acrescentou Alice.

Franzi a testa quando percebi que todos eles estavam unidos contra mim e resolvi ceder. Além disso, meu ar estava acabando e eu não conseguiria dizer qualquer outra palavra sem inspirar.

Depois de atravessar a porta da sala, saí em disparada no meio das árvores, enchendo os pulmões com o ar puro e gelado que batia em minha cara a uma velocidade inumana. À medida que eu me afastava de casa e me aproximava do rio, de onde vinham os sussurros conhecidos, minha mente começava a ser bombardeada pelos pensamentos conflitantes dos outros quatro — como se minhas próprias angústias já não estivessem sendo suficientes. Em menos de trinta segundos, eu os encontrei.

Jasper estava de pé, completamente imóvel, os olhos melancólicos fitavam vagamente o rio escuro e refletiam o filete de luz que a lua minguante despejava na água. Ali, no interior da floresta, qualquer mísera porção de claridade se destacava como um outdoor iluminado. Rosalie e Emmett, com os rostos nebulosos misturados à noite, ainda seguravam Jasper pelos braços — agora para que ele não fugisse — e tentavam inutilmente consolá-lo.

Eu sou um monstro e não é justo que ainda se importem comigo. Mesmo em minha mente, a voz de Jasper era áspera, cheia de sofrimento. Um sofrimento que ele não merecia...

Edward, disse Esme. Ela dava cobertura, da outra margem do rio, de onde teria uma visão ideal caso Rosalie e Emmett falhassem. Seu semblante, ainda mais branco em contraste com a escuridão, evidenciava o misto de vergonha e tristeza que inevitavelmente a corroia por dentro. Tente conversar com ele, filho. Ele não disse uma palavra desde que o trouxemos para cá.

Aproximei-me devagar, pensando nas milhões de frases que eu podia dizer e que, ao mesmo tempo, pareciam tão ridiculamente insuficientes. Emmett fez um movimento com a cabeça e pediu em pensamento para que eu ficasse de frente para Jasper. Mas, temendo o confronto direto com a conseqüência de minha irresponsabilidade, covardemente, preferi posicionar-me ao lado de Rosalie, que não me privava de seus comentários inoportunos.

Quantas vezes eu avisei! Você está desestruturando nossa família por conta de uma “humana” que não sabe sequer abrir um presente sem se machucar.

Lancei um olhar indiferente para ela. Eu já possuía problemas demais para preocupar-me com suas considerações de cunho pessoal.

Por favor..., insistiu Esme. Não sei quanto tempo ainda conseguiremos segurá-lo aqui.

Eu não sabia por onde começar. Eu podia dizer a Jasper quem era o verdadeiro responsável pela tragédia, mas como fazer com que ele compreendesse que somente eu merecia sucumbir em sofrimento e culpa, mais ninguém?

— Jasper... — murmurei. — Não se torture assim, meu irmão.

Ele não disse absolutamente nada, tampouco pensou.

Emmett olhou para mim, encorajando-me. Do outro lado do rio, Esme acenou com a cabeça para que eu continuasse insistindo.

Eu obedeci:

— Sou o único responsável por tudo isso.

Não tente inverter as coisas, vociferou Jasper.

— Acredite em mim, não estou invertendo nada e sei que não mereço o seu perdão — eu disse. —  Mas se me concede o mínimo de sua piedade, deixe-me lidar com a culpa sozinho. É tudo o que peço.

Não seja melodramático, Jasper sorriu debochado. Parece até que não se importa... Você deveria me detestar, eu quase matei sua namorada! Agora isso é pouco? Em que mundo você vive?

— Esse é o problema. Estou vivendo em mundo que não me pertence... — admiti, as palavras doíam fisicamente por serem tão verdadeiras.

Você ama Bella e isso é irrevogável.

— Mas isso não me dá o direito de expor você a uma situação tão difícil quanto essa. Difícil para todos vocês, na verdade... — Mirei os outros três, mas eles se desviaram de meu olhar. 

Você quer dizer que preferia ficar longe de Bella?

Só de ouvir isso, fui tomado por um tremor gelado na espinha. Mas eu estava sendo tão sincero que as frases fluíam naturalmente de minha boca:

— Não é tão simples assim... Quanto vale a vida de Alice para você?

Ele se calou.

— Pois então — continuei. — Fui egoísta e me envergonho disso. Pensei somente em mim, naquilo que me era mais confortável, que me fazia mais feliz. E agora vejo como fui errado.

E eu ajudei a piorar as coisas...

— Eu não tinha o direito de torturá-lo assim, tampouco podia exigir que Bella tivesse um convívio normal com um bando de vampiros, que arriscasse sua vida a cada instante em que estivesse no meio de nós. Porque era uma simples questão de tempo. Inevitavelmente, em algum momento, essa loucura não se sustentaria. Eu estive cego, meu irmão. E agora não sei o que fazer... Estou completamente perdido.

Eu tinha que ter me controlado! Que droga!

Bufei.

— Nenhum vampiro pode exigir autocontrole diante do sangue quente e derramado, do sangue humano que há tanto tempo você tem heroicamente se privado. Acredite, foi mais difícil para mim, Jasper. Eu quase voei em cima de Bella, você não faz idéia. Se não fosse pela força sobrenatural do amor eu não teria sido capaz de recuar sozinho. Como você não foi...

Sou parte da família e era meu dever manter uma boa convivência com Bella. Portanto, não fiz a minha parte, não consegui manter-me fiel a você. E é por isso que vou embora. Se Alice ainda me quiser, depois disso tudo, ela saberá onde me encontrar. Mais cedo ou mais tarde, ela verá...

Ninguém estava preparado para minha reação.

Fiquei de frente para Jasper, segurei seus ombros e olhando bem fundo nos olhos dele comecei a gritar:

— Não! Jasper, não!

Então minhas pernas cederam e eu caí no chão, curvando-me sobre os joelhos. Jasper se abaixou imediatamente — levando Rosalie e Emmett junto com ele — e levantou-me pelos braços, mas eu mal sentia sua pele tocando a minha. Eu estava completamente anestesiado, dilacerado pela dor que se espalhava por meu corpo, destruindo tudo. Ouvi Esme pular o rio e juntar-se a eles. Não tive coragem de olhar para ela, mas sua cara devia estar mais branca do que osso.

Por alguns segundos, pensei que não fosse agüentar, que meu corpo fosse explodir a qualquer instante — estraçalhando-se em mil pedaços — e cheguei a desejar o fim de tudo. Porque não era difícil concluir. Inevitavelmente, aquela tragédia mudaria o rumo das coisas e eu não conseguia sequer supor o que seria de mim se eu tivesse de abrir mão de Bella para salvar-lhe a vida. Nesse caso, eu preferiria a morte e ficaria grato se ela se consumasse ali mesmo.

Houve um silêncio arrastado em que ninguém ousou dizer uma palavra. Até mesmo a natureza pareceu silenciar-se em respeito a meu desespero — ou talvez eu estivesse ficando surdo; o início do processo de falecimento...

Foi Jasper quem quebrou a tensão, pronunciando-se em voz alta pela primeira vez:

— Lamento mais do que pode imaginar.

Apertei os lábios.

— Eu preciso de você — supliquei. — Preciso de todos vocês...  Não tenho forças para tomar qualquer decisão sozinho. Por favor...

Estamos com você, filho. Jamais o abandonaremos. A voz de Esme era de uma sinceridade tão absurda, carregava tanta devoção, que eu comecei a me acalmar um pouco.

Jasper franziu o cenho e suspirou, depois olhou para os lados:

— Podem me soltar — ordenou. — Não vou fugir. Preciso de um tempo para mim pois quero muito pensar em tudo, mas posso lidar com isso mais um pouco.

Rosalie e Emmett se entreolharam rapidamente, desconfiados, e então me encararam, esperando que eu desse o aval, a garantia de que Jasper não estava blefando. Mas ele nunca havia sido tão franco.

— Façam o que ele diz — concluí.

Jasper sorriu para mim e, completamente livre, lançou os pensamentos de solidariedade dentro de minha cabeça logo depois de me abraçar:

Se eu ainda servir para alguma coisa, saiba que pode contar comigo...

— Obrigado — agradeci.

Emmett e Esme o imitaram enquanto Rosalie manteve-se afastada, de braços cruzados, a expressão séria velava um silêncio profundo. Quis dizer alguma coisa a ela, quebrar o conflito, mas fui distraído pelos pensamentos conhecidos que, subitamente, começaram a inundar minha cabeça — a intensidade das vozes aumentava a uma velocidade surreal.

— Alice... — murmurei.

Não demorou meio segundo para que a voz de Alice — ainda melodiosa apesar da perceptível aflição — se misturasse ao ar.

— Carlisle está terminando — disse ela, olhando para mim. Depois correu ao encontro de Jasper, apertando-o por trás. Ele se virou imediatamente e a beijou no alto da cabeça.

— Como ela está? — perguntei.

— Calma como sempre. — Alice suspirou. — Bella me surpreende a cada dia...

— Bom, eu... eu tenho que levá-la para casa...

Faça isso, filho, disse Esme, encorajando-me.

Eu sabia que meus olhos estavam duros e que havia uma enorme chance de permanecerem congelados para sempre. Ainda assim, esforcei-me para lançar um olhar sereno na direção de cada um deles — um olhar de paz —, antes de voar pela floresta, de volta à minha inescapável realidade.

Entrei devagar na sala de jantar escura, bem a tempo de ouvir a voz de Carlisle vinda da cozinha:

— Agora acho que devo levá-la para casa — disse ele para Bella.

— Eu faço isso — interferi, atravessando a sala em direção aos dois. Tentei manter-me suave, forçando uma expressão normal no rosto para que Bella não desconfiasse de que, por dentro, eu estava completamente despedaçado. Meu esforço deveria parecer convincente, afinal eu tinha décadas de experiência em fingimento. Mas a julgar pelo ritmo repentinamente ansioso da respiração de Bella, minha venerável habilidade no quesito auto-camuflagem parecia não funcionar corretamente agora.

— Carlisle pode me levar — disse Bella.

Sem disfarçar, ela deu uma rápida olhadela em sua blusa, onde o sangue havia ensopado o tecido de algodão azul-claro.

— Eu estou bem — garanti. — Vai precisar se trocar. Charlie teria um infarto se a visse desse jeito. Vou pedir a Alice para lhe arrumar alguma roupa. — Saí de novo pela porta da cozinha.

Esme já havia voltado e estava limpando o chão em que Bella caíra quando cruzei a sala principal em direção à varanda. Não trocamos olhares e eu também evitei vasculhar os pensamentos dela.

— Alice, você poderia vir até aqui, por favor? — eu disse para a noite escura, em um tom mais alto do que o usual, sabendo que Alice me escutaria perfeitamente se não tivesse ido muito além das margens do rio.

Demorou apenas alguns segundos para que Alice aparecesse na minha frente como se tivesse se materializado do nada.

— Bella precisa de roupas — expliquei.

— Tudo bem — disse Alice. — Pode deixar que eu cuido disso.

Entramos juntos pela porta dos fundos. Alice correu para o lado de Bella, deixando-me para trás.

— Vamos — disse Alice. — Vou lhe dar alguma peça menos macabra para vestir.

Bella seguiu Alice até o quarto. Fiquei na cozinha.

— Como está Jasper? — perguntou Carlisle.

— Está muito infeliz — respondi. — De início, ele quis fugir, mas Rosalie e Emmett o impediram. Agora está mais calmo devido à conversa que tivemos.

Carlisle parou em minha frente, pousando as mãos em meus ombros. Houve um silêncio arrastado até que ele perguntou:

— E você? Como você está?

Suspirei.

— Arrasado.

— Não se torture tanto, filho.

— Não existe outra forma de lidar com isso. Carlisle.... Bella podia ter morrido hoje... aqui, na nossa frente. Na minha frente. E a ameaça não veio só de Jasper. Não sei como me contive, como não avancei... — Baixei os olhos, envergonhado.

Carlisle levantou minha cabeça, forçando-me a encará-lo. Eu o fiz e ele sorriu para mim.

— Vamos encontrar uma solução. Você vai ver.

— Eu... eu já encontrei a solução. — Meu peito ardeu. — Só não sei se serie capaz de levá-la adiante.

— Não tome nenhuma decisão precipitada. Leve Bella para casa e depois conversaremos melhor sobre tudo isso. Você precisa se acalmar. Precisa pensar com mais clareza.

Escutei passos vindos da escada.

— Vá, Edward. Coragem... — insistiu Carlisle, soltando meus ombros.

Corri até a porta da frente. Quando Bella chegou ao pé da escada, abri a porta em silêncio.

— Bella, leve suas coisas! — gritou Alice. Ela pegou os dois pacotes e a câmera e os colocou no braço bom de Bella. — Pode me agradecer depois quando tiver aberto.

Aja com naturalidade, Edward. Tudo vai se resolver. Tenho certeza, pensou Alice.

Esme e Carlisle deram um boa-noite em voz baixa enquanto trocavam olhares confidentes comigo.

Em direção ao carro, passamos correndo pelas lanternas japonesas e pelas rosas que agora nada mais eram do que lembretes inadequados. Eu não disse uma palavra, apenas abri a porta do carona e Bella entrou sem se queixar. Eu temia o inevitável instante em que tivéssemos de conversar sobre qualquer assunto e por isso, covardemente, tentava prolongar ao máximo o doloroso silêncio entre nós. A impressão que eu tinha era de que bastaria apenas uma palavra para que a bomba de angústia fosse detonada de vez.

Sentei-me no banco do motorista, observando de canto de olho Bella chutar, para baixo de seu banco, uma fita vermelha — que certamente ela acabara de arrancar de seu novo sistema de som. Senti uma pontada de amargura. Depois de tudo o que Bella passara — depois de escapar da morte —, ela ainda tinha a frieza necessária para se preocupar em esconder qualquer pequena coisa que pudesse lembrar-nos do acontecido. E sei que ela fazia isso mais por mim do que por si própria.

Girei a chave do carro, ainda sem olhar para Bella ou para o som. De algum modo, o ronco alto do motor pareceu intensificar o silêncio e a distância entre nós. Senti-me péssimo, preso em um poço fundo de insensibilidade.

Eu dirigia rápido pela estrada escura e sinuosa quando Bella resolveu quebrar o gelo:

— Diga alguma coisa — pediu.

— O que quer que eu diga? — perguntei, secamente. A indiferença forçada protegia-me do desespero, da vontade de gritar, de largar o carro no meio da estrada e fugir para qualquer lugar onde a dor da culpa pudesse ser abrandada pela certeza de que, longe de mim, Bella poderia ter uma vida sem riscos. Uma vida normal e verdadeiramente feliz.

Ela se encolheu com meu distanciamento.

— Diga que me perdoa.

Eu não podia estar ouvindo isso... Fui tomado pela raiva.

— Perdoar você? Pelo quê?

— Se eu tivesse sido mais cuidadosa, nada disso teria acontecido.

— Bella, você se cortou com papel... Isso não é motivo para pena de morte.

— Ainda é minha culpa.

Foi o bastante.

A bomba de angústia, que eu cuidadosamente vinha guardando dentro de mim, explodiu de uma só vez:

— Sua culpa? Se você tivesse se cortado na casa de Mike Newton, com Jessica, Angela e seus outros amigos normais, qual seria a pior coisa que poderia acontecer? Talvez eles não achassem um curativo? Se você tivesse tropeçado e caído sozinha em uma pilha de pratos de vidro... sem que ninguém a atirasse nela... mesmo assim, qual seria  a pior conseqüência? Você teria se sangrado no banco do carro enquanto eles a levavam para o pronto-socorro? Mike Newton poderia ter segurado sua mão enquanto eles a suturavam... E ele não teria reprimido o impulso de matá-la enquanto estivesse por lá. Não tente assumir responsabilidades por nada disso, Bella. Só me deixará mais revoltado comigo mesmo.

— Como é que Mike Newton veio para nesta conversa?

— Mike Newton parou nesta conversa porque Mike Newton seria uma companhia muito mais saudável para você — rosnei.

— Eu prefiro morrer a ficar com Mike Newton — protestou ela. — Prefiro morrer a ficar com alguém que não seja você.

— Por favor, não seja melodramática.

— Então não seja ridículo.

Não respondi. Porque seria completamente infantil — e até mesmo inútil — alimentar a discussão. Somente fechei a cara e olhei através do pára-brisa, tentando descobrir na madrugada escura qualquer fenômeno mágico que tivesse o poder de me distrair, que expulsasse toda a raiva de dentro de mim. Que me fizesse acordar do pesadelo, ainda que minha incapacidade de dormir me tirasse qualquer mínima esperança.

Nenhum de nós disse mais nada até que eu encostei o carro em frente à casa de Charlie e desliguei o motor, ainda mantendo as mãos grudadas ao volante.

— Vai passar a noite aqui? — perguntou ela.

— Tenho que ir para casa.

 Eu precisava ir para casa. Precisava conversar com minha família, sacramentar a decisão — só de pensar, minha cabeça deu voltas aflitas e, de repente, a discussão tornou-se totalmente insignificante. Problemas ganham valores diferentes à medida que se pode comparar o tamanho do estrago que cada um deles provoca. 

 

— Por meu aniversário.

Bella e sua inabalável teimosia, que fazia dela uma pessoa inteiramente dada às incoerências de comportamento... Ela era desapegada a regras e padrões desde que os fins justificassem os meios. E eu, um completo bobo apaixonado, caía facilmente em sua rede, embriagado por seu jeitinho meigo, quase medroso, de tentar me convencer.

— Não se pode ter as duas coisas... — insisti. — Ou quer que as pessoas ignorem seu aniversário, ou não. Ou uma, ou outra. — Minha voz ainda era severa, mas não tão séria quanto antes. Eu estava pisando em terreno perigoso, embora me faltasse coragem para recuar.

Ela suspirou e nós dois sabíamos que era só uma questão de tempo. Que se ela insistisse mais um pouco eu acabaria cedendo. Eu estava arrasado, dilacerado em mil pedaços, tomado de pavor e medo. Mas meu amor por ela era tão imensamente absoluto que, mesmo na tribulação, meus lábios conseguiam se estreitar em uma linha discreta de sorriso. Como se, de alguma maneira, meus músculos tivessem autonomia e reagissem sozinhos ao sensor “presença de Bella”.

— Tudo bem — continuou ela. — Decidi que não quero que você ignore meu aniversário. Vejo você lá em cima.

Golpe baixo. Golpe baixo.

Bella deslizou no banco e saiu do carro. Reclinou o corpo e começou a juntar os presentes. Franzi o cenho.

— Não precisa levar isso.

— Eu quero — respondeu ela.

— Não quer, não. Carlisle e Esme gastaram dinheiro com você.

— Vou sobreviver a isso. — Desajeitada, ela enfiou os presentes sob o braço bom e bateu a porta com o pé. Agi rapidamente e num piscar de olhos eu já tinha saído do carro e estava de frente para ela.

Meu Deus... Eu tinha de encontrar uma maneira de não oscilar em minha decisão final, fosse ela qual fosse. Mas parecia estranhamente impossível resistir agora.

— Pelo menos me deixe levar — eu disse ao pegar os presentes. — Estarei em seu quarto. — As palavras saíram automaticamente.

Ela sorriu vitoriosa.

— Obrigada.

— Feliz aniversário. — Suspirei e inclinei o corpo para beijá-la.

Ela ficou na ponta dos pés e tocou meus lábios frios com ardor, entusiasmada demais. Certamente encarando aquilo como um gesto de rendição, um beijo de libertação. Mal sabia ela que liberdade era a última das sensações no turbilhão confuso que havia se tornado o meu cérebro.

Quando afastei o corpo, ela se foi. Eu já estava escondido, camuflado na escuridão feito um bicho predador, no instante em que escutei Bella bater a porta e iniciar uma conversa despretensiosa com Charlie. Mas não prestei muita atenção. Fui engolido pela noite e pelos pensamentos torturantes que a solidão me trazia.

A solidão — mesmo que temporária — instigava meus medos, minhas dores. Porque de fato, no fim de tudo, só restavam minha consciência atormentadora e eu, completamente esmagado por ela. Encarar meus medos era tão difícil que chegava a me causar dor física e mais uma vez tentei aprisionar minhas aflições dentro do peito, adiá-las para mais tarde na esperança infantil de que, talvez, junto de minha família, eu pudesse encontrar uma solução milagrosa e salvadora para os meus problemas. Uma solução que parecia não existir.

Eu tinha ódio de mim. Tinha verdadeiro nojo de ser um vampiro sedento, um monstro assassino e desalmado. Eu só queria ter a chance de poder trocar minha carcaça imortal por um frágil corpo humano. Eu abriria mão de todas as minhas experiências, minhas lembranças, minhas habilidades incomuns. Eu trocaria absolutamente tudo pela possibilidade de viver uma história tranqüila ao lado de Bella — uma história de amor verdadeiramente infinita. Namoraríamos como um casal apaixonado e então casaríamos e teríamos filhos. Enfrentaríamos juntos nossa quota justa de problemas comuns — e, em sua maioria, perfeitamente solucionáveis. E quando a velhice inescapavelmente nos alcançasse e nossos corpos respondessem a ela de maneira agressiva, gastaríamos nossa última gota de energia em um passeio pela praia. Sentaríamos em um banquinho na orla, de frente ao mar, as mãos enrugadas entrelaçadas, e acenaríamos orgulhosos para nossos netos rodeados de castelos de areia. Seríamos inteiramente felizes em um mundo normal até que nossas almas se libertassem enfim e partissem seguras para continuar a história do lado de lá. E no lado de lá também estaríamos juntos, prontos para viver a única eternidade que realmente valia a pena, que não causava dor.

— Boa noite, pai. — Era Bella, despedindo-se.

Ouvi seus passos na escada. Eram mais pesados do que de costume. Seus pés pareciam socar o chão como se ela carregasse duzentos quilos nas costas. Depois houve um barulho de porta batendo e eu tive certeza de que Bella estava no banheiro quando também ouvi a água corrente.

Velando um silêncio mortal, aproximei-me novamente da casa e escalei as paredes do lado oeste até saltar pela janela entreaberta.

Cada pedacinho do quarto de Bella guardava um aroma inexplicável. Eu poderia ficar ali para sempre, sorvendo as delirantes sensações como uma droga feita especialmente para mim. Deitei no meio da delicada cama e comecei a brincar ociosamente com a caixinha prateada do presente. Não pude deixar de ver meu reflexo no papel laminado.

Minhas olheiras estavam impossivelmente mais escuras, os olhos carregados de qualquer coisa apavorante. As linhas da boca apertadas em um risco indecifrável, como se estivessem congeladas — estando eu sozinho, meus músculos perdiam a autonomia. Eu podia até dizer que estava mais velho. E, mesmo que eu me esforçasse muito, não havia como esconder: naquele momento eu era a própria materialização da desesperança.

— Oi — eu disse, quando Bella entrou no quarto.

Ela não me respondeu. Apenas veio em direção à cama, tirando os presentes da minha mão e subiu no meu colo.

— Oi — disse ela, enfim, aninhando-se em meu peito de pedra. — Posso abrir meus presentes agora?

— De onde veio esse entusiasmo todo? — perguntei. Porque, de fato, não podia ter vindo de mim.

— Você me deixou curiosa.

Ela pegou a caixinha que era um retângulo comprido e achatado. O presente de Carlisle e Esme.

— Permita-me — sugeri, temendo que ela se acidentasse outra vez.

Peguei o presente e rasguei o papel prateado com um único movimento. Depois lhe entreguei a caixa branca.

— Tem certeza de que consigo levantar a tampa? — zombou ela. Não achei graça e fiz questão de ignorar o comentário. A tranqüilidade com que Bella lidava com uma situação tão delicada deixava-me ainda mais chateado. Ela possuía o inexplicável dom de querer assumir as responsabilidades do mundo. E eu ficava péssimo com isso, principalmente se os crimes fossem meus.

Eu sabia o que esperar do presente. Dentro da caixa havia uma longa folha de papel grosso com uma quantidade imensa de letras impressas. Ela levou quase um minuto para entender que eram duas passagens de avião.

— Nós vamos a Jacksonville? — perguntou animada, mas parecia forçar.

— A idéia é essa.

— Nem acredito. Renée vai ficar louca! Mas você não se importa, não é? É ensolarado, você terá que ficar entre quatro paredes o dia inteiro.

— Acho que posso lidar com isso — eu disse. Na verdade, esse era o menor dos meus problemas agora. — Se eu fizesse alguma idéia de que você ia reagir de modo assim tão adequado a um presente, eu a teria feito abrir na frente de Carlisle e Esme. Pensei que você fosse reclamar.

— Bom, é claro que é demais. Mas vou levar você comigo!

Eu ri. Friamente, claro.

— Agora que queria ter gastado dinheiro com seu presente. Não percebi que você era capaz de ser razoável.

Ela colocou as passagens de lado e pegou o meu presente. Eu podia ver a curiosidade inflamar seus olhos. Mais uma vez, fui rápido e tirei o presente de sua mão, desembrulhando-o com presteza.

— O que é? — perguntou, visivelmente perplexa.

Não respondi. Tirei o CD e estendi o braço em volta dela para pegar o CD player na mesinha de cabeceira. Apertei play e esperei em silêncio. A música começou.

Bella ficou muda, os olhos arregalados. Eu esperava por uma reação sua, mas ela visivelmente estava impossibilitada de falar. As lágrimas encheram seus olhos amendoados e eu as enxuguei com as costas da mão antes que elas pudessem cair.

— Seu braço está doendo? — perguntei, angustiado.

— Não, não é meu braço. É lindo, Edward. Não poderia ter me dado nada que eu amasse mais. Eu nem acredito. — Ela ficou quieta para poder ouvir.

Eram as minhas músicas, minhas composições. A primeira peça no CD era a cantiga de ninar de Bella. Fiquei realmente feliz com sua reação.

— Não achei que me deixaria comprar um piano para eu tocar para você aqui — expliquei.

— E tem razão.

— Como está seu braço?

— Está bem.

— Vou pegar um Tylenol para você.

— Não preciso de nada — protestou ela. Mas eu a ignorei, tirei-a do colo e fui para a porta.

— Charlie... — sibilou Bella.

— Ele não vai me pegar — prometi ao sair sem fazer barulho pela porta e voltar, chegando à porta antes que ela tocasse o batente.

Entreguei a Bella o copo do banheiro e o frasco de comprimidos. Ela tomou sem questionar.

— Está tarde — observei.

Levantei Bella da cama com um braço e puxei o cobertor com o outro. Deitei-a com a cabeça no travesseiro e prendi o cobertor em volta de seu corpo. Deitei a seu lado — por cima do cobertor, para que ela não ficasse com frio — e passei o braço em volta dela. Ela encostou a cabeça em meu ombro e suspirou feliz.

— Obrigada de novo — sussurrou.

— Não há de quê.

Fez-se silêncio por um momento, enquanto nós dois ouvíamos a cantiga de ninar se aproximar do fim.

— No que está pensando? — perguntou ela, num sussurro.

Hesitei, mas acabei por responder:

— Estava pensando no certo e no errado.

— Lembra que eu decidi que você não deveria ignorar meu aniversário? — perguntou ela e era claro que queria me distrair.

— Sim — concordei, cauteloso.

— Bom, eu estava pensando, uma vez que ainda é meu aniversário, que eu gostaria que me beijasse de novo.

— Está gananciosa essa noite.

— Sim, estou... Mas, por favor, não faça nada que não queira — acrescentou irritada.

Não pude deixar de rir e suspirar.

— Deus me livre de fazer algo que eu não queira — eu disse num tom de desespero ao colocar a mão sob o queixo dela e puxar seu rosto para o meu.

O beijo começou normal. Fui cuidadoso como sempre, e o coração dela reagiu exasperado como sempre. Mas de repente, meus lábios ficaram mais urgentes, reagindo às evidências que se passavam em meu cérebro, temendo que aquele beijo fosse de fato o último. Minha mão livre girou pelos cabelos dela e segurou o rosto de anjo com firmeza junto ao meu. As mãos dela também se entranharam em meus cabelos provocando-me arrepios incontroláveis. Ela atravessava claramente os limites da cautela, mas não me importei. Seu corpo quente debaixo do cobertor fino espremeu-se no meu com ansiedade.

Quando parei repentinamente, munido de um autocontrole surreal, ela estava quase sem fôlego. Afastei seu delicado corpo com as mãos firmes e gentis.

— Desculpe — eu disse. — Isso não estava nos planos.

— Eu não me importo — disse ela, ofegando.

Franzi a testa no escuro.

— Procure dormir, Bella.

— Não, quero que me beije de novo.

— Está superestimando meu autocontrole.

— O que é mais tentador para você: meu sangue ou meu corpo? — ela me desafiou.

— Dá empate. — Abri um breve sorriso, contra a vontade, mas logo depois fiquei sério de novo. — Agora por que não pára de abusar da sorte e vai dormir?

— Tudo bem — concordou, aninhando-se mais perto de mim.

Ela ficou quieta e eu imaginei o que estaria pensando. Apertou o braço machucado contra meu ombro frio e eu supus que o ferimento estava começando a incomodar.

Não demorou muito e ela adormeceu.

Cuidadosamente, desvencilhei-me de seus braços moles, ajeitei a coberta sobre o corpo de anjo e saltei pela janela sem olhar para trás.

Fiquei surpreso ao ver o Volvo na garagem e não tive dúvida que era obra de Alice — talvez ela até estivesse por ali, escondida atrás das árvores, vigiando-me para que eu não fugisse.

Sentei no carro e, por um longo momento, fiquei só olhando, sem enxergar pelo pára-brisa molhado.

Eu não sei se estava pronto, mas isso não importava. Girei a chave do motor e tomei o rumo de casa, onde minha família me aguardava para a decisão final. Quando o dia amanhecesse e o sol despontasse por detrás das nuvens acinzentadas no céu, muito provavelmente eu estaria dando adeus a tudo o que havia de bom em mim. Viver não valeria à pena embora eu não tivesse muitas chances contra isso. Não me restaria quase nada a fazer senão me rearranjar entre os cacos de um Edward mais severo, rude e infinitamente mais triste.


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Notas finais do capítulo

Façam uma escritora feliz: COMENTEM POR FAVOR!!!!     LEIAM TAMBÉM: "Ilha de Esme-o início" http://fanfiction.nyah.com.br/viewstory.php?sid=64853   "Ilha de Esme por Edward Cullen (da lua de mel até a gravidez)": http://fanfiction.nyah.com.br/viewstory.php?sid=65021

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