A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 27
Quero dançar com você | A Elite


Notas iniciais do capítulo

♥ OINNNNN DE NOVOMMMMM ♥ Espero muito que gostem! É um dos meus capítulos favoritos na história! ♥ *olhos brilhando* Pus toda minha sinceridade e amor nesse capítulozinho *



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Não preciso realmente olhar muito além

Não quero ter que ir aonde você não me siga

Não vou reprimi-la, esta paixão aqui dentro

Não posso fugir de mim mesma, não tem onde me esconder

Do seu amor me lembrarei para sempre

 

Não me faça fechar mais uma porta

Não quero mais sofrer

Fique em meus braços se você se atrever

Ou devo imaginar você ali?

Não vá para longe de mim

Não tenho nada, nada, nada

 

Não me faça fechar mais uma porta

Não quero mais sofrer

Fique em meus braços se você se atrever

Ou devo imaginar você ali?

Não vá para longe de mim, não

Não vá para longe de mim

Não se atreva a ir para longe de mim

Não tenho nada, nada, nada,

Se eu não tiver você, você

Se eu não tiver você

Oh, oh, oh

— I Have Nothing, Whitney Houston

 

— Sabe quando eles vão aparecer? — Finnick perguntou, com uma taça de champanhe na mão. — Estou ansioso pelo jantar. Ouvi dizer que vão servir aquele Cozido de Carneiro. — Ri, negando, jogando a cabeça para trás.

— Meu Deus, você só pensa em comida, cara. Sossega. Parece até que está com pressa para ir a algum lugar. Tem um encontro, jovem? — perguntei, olhando com cara de quem sabe de tudo.

Queeeê? — Afinou a voz um pouco, como se fosse um absurdo o que eu dizia. — Eu só quero comer! Comer! Boca foi feita pra comer muita comida!

Gargalhei, pois ele colocou na boca um monte de bolinhas de queijo que estavam no palito na boca de uma só vez.

— Mas os salgadinhos estão divinos. Eu poderia levá-los para meu quarto e passar noite comendo esses enroladinhos de salsicha e bolinho de queijo. — Ele sorriu, bebendo um pouco do champanhe. — Legal essa sua fantasia de caveira mexicana — eu disse, mordendo meu maravilhoso espetinho com queijo.

— Obrigado... — disse cordialmente, bebendo mais um pouco de champanhe.

— Oh, lá vem ela — Gale disse, aproximando-se de nós com uma taça de vinho na metade, com sua fantasia de esqueleto. Ele foi muito criativo.

Todos voltamos nossos olhos para o topo da escada,  batendo palmas, e eu fiquei imediatamente encantado com toda a formosura que Katniss carregava ao lado de sua família. Eu sabia que seus pais não eram exatamente como pais, e que a irmã tinha um passado escuro por causa dos Sulistas, e apenas isso, mas eles dessa vez pareciam uma verdadeira família.

O rei e a rainha estavam de mãos dadas, e Prim com um braço entrelaçado ao de Katniss, olhando para a primogênita com um olhar questionador, talvez perguntando-a o que fazer agora, e isso me fez rir suavemente.

O rei vestia uma bermuda, chinelos e camisa branca que lhe cobria os braços, com os cabelos arrumados em um topete desajeitado. Pendurado em seu pescoço, ao invés de inúmeros boches e medalhas, havia um colar de flores, típico do Distrito 4. Com certeza, essa é a forma a qual ele gostaria de se vestir todos os dias.

A rainha estava com um vestido longo, preto, com glitter um pouco, mas enquanto desciam as escadas, tinham bastante destaque, mostrando que simboliza o céu escuro com estrelas ou, mil e uma noites, um livro dos Dias Escuros. Seus fios loiros como o ouro estavam em um penteado que eu não conseguia ver com clareza, mas seu rosto estava tão suave como o dia, mesmo que com maquiagem escura.

Prim estava de noiva cadáver, o que me fez rir. Era genial. Sua aura angelical ainda estava lá, pela forma que ela sorria, andava, falava, mas realmente tinha ficado "sobrecarregada" pela fantasia, a boca rosada, preta, as bochechas arroxeadas. Mas ainda sim era Prim, minha amiga mais nova.

Katniss... Acho que todos os homens quando olharam para ela, suspiraram interiormente. Ela estava simplesmente magnífica com a fantasia de camponesa, com um vestido bege florido, que ia até seus pés, e a partir da cintura, tinha uma outra camada, mas verde, em seu tom favorito, tendo suas belas curvas da cintura e quadril marcados por um corpete externo marrom. Era simples, mas realçava seu rosto, seus cabelos lindos, soltos livremente, com apenas uma mecha de cada lateral presas como uma, contidas em uma trança perfeita, olhos brilhantes como nunca e os lábios... ah, os lábios cobertos por um batom vermelho bem leve.

Cada um tomou seu par, e minha intenção era dançar com Katniss, porém Logan estava mais perto, logo a convidou para dançar. Ela foi com um sorriso radiante que me dava raiva. Eu quem deveria estar lá!

— Bem, a Princesa está lá, com outro, o que acha de me conceder esta dança? — Stefan perguntou, e eu sabia que ele estava brincando, mas eu estava com tanto ódio e inveja de Logan, que o olhei nos olhos, e disse:

— Não, cara, me desculpe. — Balancei a cabeça em negativa, levantando uma mão, como se realmente negasse. — E não me toca. É muito estranho. — Ele riu sinceramente, e eu também, então demos um toque. — A garota que está realmente gostando está por aqui hoje? — perguntei, sorrindo torto.

— Hm... Sim, está sim, mas eu estou com vergonha de ir lá falar com ela — respondeu, colocando as mãos no bolso da calça jeans, depois de arrumar a regata branca. — E fora que essas blusas me dão muito frio! Eu vou chegar nela todo arrepiado! Que estranho! — Não segurei uma risada da cara dele, que estava claramente com medo e inseguro, e joguei a cabeça para trás, rindo mesmo. — Peeta! — Brigou comigo, muito sério, cruzando os braços e eu ri mais, tendo que cobrir a boca com as duas mãos, para que não ouçam minha risada quase maquiavélica.

— Cara, chega nela e pergunta se ela gostaria de dançar. Apenas isso. Seu maluco. — Dei dois tapinhas em seu ombro, e caminhei para a mesa que meus pais, Amélia e Ben estavam.

— Por que não está dançando? — minha irmã perguntou, tirando os óculos de mentirinha. — Tem várias moças por aí. Até mesmo Delly. — Dei de ombros.

— Procurei por ela a noite toda, mas não a encontrei em lugar algum. Digo, até vi ela com o Cato, ambos sorrindo por aí, mas depois disso não. — Meu pai riu, balançando a cabeça em negativa. — Qual foi?! Eu vi ela crescer! — A música era bem animada, com diversas luzes piscando, e o Grande Salão estava cheio, com convidados especiais, e uma banda bem tranquila e boa na escolha das músicas no canto. — Quer dançar comigo? — fiz a pergunta, estendendo-a minha mão por cima da mesa, com um sorriso no canto do rosto bem sincero. Eu sentia falta de Amélia. E eu desejava que nosso tempo juntos fosse maior.

— Mas é claro! — Segurou minha mão, e então fomos até onde estava o menor número possível de conhecidos, dançando totalmente diferente do que a música pedia, e ríamos disso, depois, inventávamos novos passos horríveis, como fazíamos na sala de casa.

— Fiquei sabendo do que aconteceu. Você levou seus amigos para o abrigo, não foi? – perguntou, sorrindo. — Falaram que são os seus empregados, mas para ter feito isso, são seus amigos, não são?

— Mesmo que não fossem! — Aumentei um pouco a voz por causa da música. — Eles merecem. Eu não podia deixá-los para trás. — Seu sorriso se aumentou, então me deu um soco leve em meu ombro.

— Esse sim é o meu irmão! — Sorri, grato por tê-la aqui, e dando-me a verdadeira honra de poder dançar com ela. Se não fosse minha irmã, definitivamente seria minha melhor amiga. Segurei suas mãos, e nos balançamos, de forma engraçada, atraindo a atenção e sorrisos animados dos outros.

Ficamos rindo, em passos irregulares, por umas quatro músicas seguidas, com Ben entre nós, pulando, vibrando, então começaram umas batidas mais lentas, para casais, quando uma Delly vestida de branco apareceu. Sua fantasia era de um anjo, como todas as criadas, porém eu não sei se alguma delas estava tão bem nessa roupa como ela.

Finnick estava dançando com uma ruiva, Annie, uma das amigas de Katniss, e também criada, Gale com Katniss (meu coração deu uma acelerada com isso), e os outros Selecionados tinham um par, assim como os casais. Bom, Stuart estava com Amanda, por causa da altura, e ela parecia querer bater na cara dele por isso, Stacy sonolenta na mesa, e meus pais dançando devagarzinho em um canto, fazendo-me sorrir, quase emocionado. Meu pai dizia alguma coisa para a minha mãe que a fazia rir, fechando os olhos.

— Me desculpa interromper o momento irmãos... — Delly disse, risonha. — Mas eu poderia dançar com seu irmão essa dança? — Amélia sorriu, ofegante por causa dos nossos passos descompassados, e tomou Ben nos braços, que puxou ar com força, assustado.

— Dancem três, por favor. Estou morrendo de cansaço e Ben está morrendo desidratado aqui. — Minha alma gêmea passou a mão na testa de nosso irmão caçula, que suava demais, e tinha o rosto todo vermelho. — Ele está quente. Melhor levá-lo para dormir.

— NÃO! — gritou o moreno de cinco anos. — Não quelo! Quelo dançar até minhas...minhas... — Balançou as perninhas com força no colo de Amélia. — Isso aqui doelem! Não quelo imir! Nãããoooo! — Fez uma careta de choro, com os olhos ficando cheios d'água.

— Você pode ir dormir comigo essa noite — sussurrei alto. — A princesa deixou. — Ele deu um sorriso enorme, mostrando todos os seus dentinhos, fazendo eu sorrir de volta. — Mas precisa obedecer a Mel.

— 'Tá! — Beijou minha bochecha, então logo abraçou minha irmã, que me olhou questionadora sobre a última informação. Assenti, com um suave sorriso, e ela devolveu o mesmo, sumindo, infelizmente, do meu campo de vista.

— Hm... Conversou com a Katniss? — perguntou Delly, sabendo a resposta, quando minha mão foi para sua cintura e outra segurava na sua. Apenas senti sua mão nas minhas costas. Era como se uma barreira estivesse impedindo que algo fosse como antes.

— Sim, querida. Nós conversamos bastante — eu disse, um pouco sério, guiando-os pelo salão com os passos que o rei e a rainha davam, pois eu não sei dançar. Até que estávamos indo muito bem. — Assim como você conversa com Cato agora. — Sua risada foi sincera, pois seu corpo oscilou em minhas mãos.

— Com ciúmes, Pepe? — Usou meu apelido. Golpe baixo. — Nós dois só dançamos. — Olhei para Katniss, que sorria, com o queixo no ombro de Gale, que era dois palmos mais alto que ela, e o mesmo contava algo com um sorriso também. Aquilo me incomodava. Tanto quanto Delly conversando e dançando com Cato.

— Então é assim que chamam as conversinhas por aí... — respondi, de forma quase ousada, olhando para meus pés. Ela riu, e riu mesmo.

— Mas eu sou apaixonada por você. — Então, tudo me era confuso. — Com ciúmes, meu bem? — Aproximei mais um pouco os nossos corpos, dentro do padrão, e ela sorriu torto, olhando-me de forma intensa, pelo ritmo que a música tinha. — Isso não pode haver entre nós se não temos nada.

— Você sabe que não é bem assim.

— E como é? — Ficamos em silêncio por alguns instantes. — Quando penso em você, reflito se devo ou não insistir. Não quero desistir de você e de tudo o que tivemos, mas se eu tiver esperanças, preciso que me conte.

Eu sabia que Delly era totalmente sincera sobre tudo o que via, ouvia, falava, pensava, e eu também sabia de seu esforço para esconder as lágrimas que estavam em sua voz triste, mas um sorriso calmo, com um leve sorriso no canto. Pensar em terminar tudo com ela me era doloroso.

— Katniss não tem falado comigo há umas duas semanas. Só o essencial. — Ouvi ela suspirar. — Não sei se fiz algo errado para ela dar atenção somente aos outros.

— Entendi — disse, baixo. — Você gosta dela. Gosta mesmo dela. — Eu não disse nada. Fiquei em total silêncio, pois não tinha o que dizer.

—  Estou me lembrando da festa da Anna Luise — falou baixo, e eu ri.

— Foi só uns docinhos que eu nem pude comer por causa da minha alergia e um bolo que eu também não pude comer, com refrigerante — falei, sorrindo. Era uma ótima lembrança, ninguém nos vigiava, e éramos suficientes com o pouco.

— Nós dançamos a maior parte da festa — sussurrou baixinho. Work Song começou a tocar, e eu me lembrei.

— Mais da metade da noite. E no final, fomos escondidos para o sótão, lembra? — Ela riu baixo, e nos aproximamos um pouco mais.

Garotos trabalhando no vazio

É esse o melhor jeito de enfrentar o calor sufocante?

Eu só penso no meu amor

Eu estou tão cheio de amor que mal podia comer

Não há nada mais doce do que o meu amor

Nem ao menos quis o fruto da cerejeira

Porque meu amor é tão doce quanto pode ser

Ela me dá dor de dente só por me beijar

— Nos beijamos várias vezes. Você me colocou no colo, e nos girou, falando o quanto me amava. Essa era a música que tocava, e você cantava junto.

Às vezes, essa memória sobrenatural das mulheres... Arrepia.

Quando minha hora chegar

Coloque-me gentilmente na terra escura e fria

Nenhum túmulo pode me segurar

Eu vou rastejar de volta até ela

— Eu me lembro — respondi, lembrando-me de tudo, querendo desesperadamente sentir o que eu sentia antes. Nada acontecia. Por quê?

Quando meu amor me encontrou

Eu estava há três dias numa bebedeira pecaminosa

Eu acordei com suas paredes ao meu redor

Nada em seu quarto além de um berço vazio

E eu estava queimando em febre

Eu não me importava muito o quanto vivi

Mas eu juro que pensei a ter sonhado

Ela não me perguntou nem uma vez sobre meus erros

— Você parece que não está mais aqui — disse, se afastando um pouco. — Peeta...

— Sim? — Nós nos movíamos devagarzinho, mas não como um casal de amantes, e sim de amigos.

— Ouvi falar que tem um rapaz gostando de mim. — Meus olhos logo encontraram os dela. — E eu o conheço.

— O que isso significa? — Não sei qual a melhor reação para se tomar. Fico triste ou feliz? Com raiva ou animado?

— Que você tem tempo para arrumar esse seu coração e descobrir a que te faz mais feliz. Eu gosto muito desse rapaz, Peeta, mas nada acontece até você se decidir. — Atreveu-se a dar um beijo na minha bochecha – que poderia ser na boca, não me incomodo – e sorriu torto, com os olhos tristes e cheios d'água.

— Delly... — Eu queria abraçar ela, e dizer que está tudo bem, mas a música estava no final.

— Está na hora de decidir pelo coração, Pepe. Essa Seleção não vai durar pra sempre, você sabe. — Sua mão deslizou para longe da minha, e eu quis chorar. Não faço ideia do que posso fazer para não gerar tanta dor nela, mas também não magoar Katniss, e eu sair pouco machucado. Impossível.

Antes do fim da música Work Song, voltei para a mesa, e me sentei ao lado de Stacy, colocando a cabeça dela em meu ombro, fazendo carinho. Ela adormeceu em questão de segundos e eu sorri. São 22h da noite ainda, mas minha mãe nos ensinou tão certinho, que não importa o que esteja acontecendo: o horário de dormir é às 22h da noite, e quem passar disso, vai ter que dormir mais cedo ainda no dia seguinte. Bem, depois de mim, Stacy é a que mais dorme. Dormir é chave para a felicidade.

Depois é comer. Comer muito.

— O que pensa que... Oh! Ela dormiu! — Katniss chegou na mesa, e ficou boquiaberta. — Quer que eu peça para alguém levá-la para seu quarto? — Assenti, em silêncio, para não acordar minha irmãzinha. Ela tem 17 anos, é quase um ano mais nova que eu, mas quando dormia tinha os mesmos traços de quando tinha 14. Eu pareço mais novo assim dormindo?

Meu pai chegou com minha mãe, que estava abraçada a ele, com um sorriso torto, e ela estava linda, parecia uma Rosa branca que tinha acabado de desabrochar. Seu cabelo loiro estava em um coque alto, com uma mecha de cada lado do rosto, em um cacho perfeito. Ela estava linda demais com um vestido vermelho, e os lábios da mesma cor, parecendo uma verdadeira rainha.

— Vou pedir para Cal cuidar disso. Um instante. — Só deu tempo de eu dizer o quanto minha mãe estava linda e ela sorrir de volta, respondendo com um "eu sei", pondo alguns fios atrás da orelha, e Katniss retornou com um guarda simpático. Ele pegou Stacy no colo, e meu pai se despediu de mim e da Princesa, com um desejo de boa noite, fazendo nós dois sorrirmos.

— Não tem mais ninguém pra dançar, não? — perguntei, tomando-a pela mão, guiando-nos para o meio do Grande Salão.

— Noooop! — disse animada. — Guardei a meia-noite para você, e dançar contigo até meus pés protestarem. Saiba que sapatilhas são muito confortáveis, e são elas que eu estou usando agora, meu bem. — Ri, quando ouvi uma das músicas que tocou quando nos beijamos pela primeira vez.

You and me got a whole lot of history! — Cantei e ela sorriu para mim, e eu sorri de volta. — Eu sei por que fiquei no final — falei, fingindo um ar superior e ela riu divertida.

— Por quê, querido? — Esperei mais um pouco da música, e cantaram.

Mini bares, carros caros, quartos de hotel e novas tatuagens

Bons champanhes e aviões particulares, mas isso não significa nada

Porque a verdade é que eu percebi que sem você aqui, é apenas uma mentira

Este não é o fim, este não é o fim, nós podemos fazer isso, você sabe, você sabe

Sorri.

— O melhor sempre fica para o final. — Minha mão segurava a dela, mas outra estava em suas costas. Ela se aproximou mais de mim, e eu poderia beijá-la agora. Seus lábios estavam tremendamente beijáveis.

— Sim, sempre fica — falou, olhando em meus olhos. — Posso te levar a um lugar?

— Hm... — Fingi estar pensando em um milhão de planos. — Acho que não vou poder. Sabe como é... Sou muito ocupado. — Ela riu, jogando a cabeça pra trás. — Vamos logo. — Puxou minha mão e nos encaminhou para uma varanda no Salão, e encostou as portas, ignorando alguns olhares sobre nós.

— Primeiramente... — começou, com um sorriso torto esperto. — Você ficou incrível com essa jaqueta e cabelo desajeitado com gel. Segundamente... — Pegou um pouco de seu cabelo e colocou sobre o ombro esquerdo. — Fiz minha escolha! — Meu coração bateu forte no peito, e eu me arrepiei.

— E-e-escolha? — Cocei a nuca, fechando um pouco os olhos. Quem ela pode ter escolhido? Marvel ou Blane?

— Sim, eu fiz! — Parecia calma e convicta. — E quero que seja o primeiro a saber porque... — Colocou os braços ao redor do meu pescoço, e eu sem sentir rodeei sua cintura os meus. — Minha escolha é você, Peeta — disse olhando dentro dos meus olhos, e eu me perdi por alguns instantes dentro daquela imensidão cinza.

— O quê...? — Ri, sem acreditar. O quão sério isso poderia ser? — Cá estava eu, vendo sua fantasia de longe, e comparando com a minha.

— No ano que vem, eu poderia me fantasiar de arbusto, e você de florzinhas! — disse com um sorriso enorme.

— Katniss... — Tentei afastá-la, mas ela não deixou, e balançou a cabeça em negativa, com um sorrisinho esperto. — Eu vou estar aqui no ano que vem? Em outubro?

— Hoje é 23 de novembro — disse, pensativa. — Halloween deve ser comemorado no dia 31 de Outubro. Absolutamente, você precisa estar aqui novamente no dia 31 do ano que vem para darmos uma festa juntos no dia certo. Por que não estaria aqui no ano que vem?

Eu não sabia o que dizer, e nem o que pensar.

— A semana toda, você me ignorou cem por cento, ficou saindo com os outros garotos por aí. E eu vi você com a minha mãe e meu pai, pensei que você estivesse contando que eu estou fora da Elite e da Seleção, mesmo que tenha ido dormir no meu quarto três dias atrás, já que houve um atraso na vinda das famílias. — Ela sorriu lindamente, radiante, brilhante como a lua cheia de hoje. Seu sorriso era a Lua, e seus olhos duas estrelas cadentes.

— Peeta. — Afastei-me, tirando com cuidado seus braços do meu pescoço, dando três passos para trás.

— Não, tudo bem. Eu acho. Sou um Sete de origem, Finnick é o favorito do povo... Fico feliz por ele e tudo mais, e... Você só pode estar ficando louca, ou eu, não sei. — Eu quis chorar. Mas não o fiz. Talvez de noite, abraçado a Ben.

— Ai, meu Deus! — Cobri a boca com as mãos. — Peeta, para. Eu pensei que soubesse quais são minhas intenções e qual era sua condição, estando seguro disso. — Eu estava entendendo, mas mesmo assim, algo estava confuso.

— Quer a verdade? Tuudo bem. — Sorriu torto. — A verdade é que coloquei mais cinco rapazes, dos quais eu me identificava mais, os da escolha dos meus pais, do povo, e você. Queria dar mais uma chance, porque fiquei assustada pela forma a qual você chamou minha atenção. Desde o começo, era só você e você. — Senti minhas bochechas queimarem. — Só que quando me disse sobre os seus sentimentos, cara... — Olhou para o corpete, afrouxando um pouco, e relaxou, com um sorriso, porém seus olhos tinham aquela tristeza que eu nunca sabia decifrar. — Eu fiquei tão leve, tão bem, que uma parte de mim não acreditou, e eu precisei repassar todas as palavras em minha cabeça novamente que me disse e repeti-las para Delly, Madge e Annie. Perdão, mas eu tinha que fazer isso. Não duvide quando eu digo que é realmente difícil ter o que eu quero. É tão raro que sei quantas vezes tive o que quis na vida, e foram três. — Olhou-me carinhosamente.

— Você... Hm... Isso significa que... — Cocei a nuca, e baguncei ainda mais meus cabelos, sentindo os olhos arderem. Eu iria chorar se não me segurasse.

— Quando disse que gostava pra valer de mim, eu pensei que você fosse dar pra trás, sabe? Orei pra caramba, o que foi ótimo, e você ficou. Você permaneceu, mesmo depois de tooodas essas situações. Procurei uma outra alternativa, só que tudo me leva até você, Peeta Mellark, ex-morador do Distrito Sete. — Encarou-me com um sorriso que me destruía, de tão... apaixonado que eu fico. — Talvez, eles não sejam o que eu procuro. Na verdade, não sei o que procuro, e nem sei se algum ser humano sabe o que procura até encontrar. Encontrei você.

O único reflexo que eu tive, foi de abraçar ela, com todas as forças que eu tinha, e ela cercou meu corpo com seus braços finos da maneira certa.

— Katniss, eu vou falhar. Não sou bom o suficiente, e você vai ver isso — sussurrei, com meus lábios a pouquíssimos milímetros de tocar seu pescoço. — E a sua mãe vai acabar com a gente.

— Você é perfeito. — Beijou bem devagar o meu pescoço, e olhou em meus olhos. — E eu vou te ensinar tudo o que eu puder, durante todo o tempo que eu estiver disponível. Não se preo... — Não permiti que ela falasse mais nada, e a beijei, trazendo-a para o mais perto que eu pudesse, e ela também estava interessada nisso, passando as duas mãos pelas minhas costas, parando em meus ombros.

Beijar ela era como se milhares e milhares de coisinhas caminhassem por meu corpo, e eu me sentia enormemente feliz. Ela sorriu durante o beijo, e eu não aguentei, puxando-a para longe da sacada, encostando suas costas na parede, aproximando-nos ainda mais.

O ar começou a se fazer necessário, mas eu a beijei até os meus pulmões queimarem, e não parei, beijando sua bochecha, depois o pescoço, indo para sua nuca, que estava quente. Eu também sentia meu corpo arder, mas podia conter a emoção, afastando-me dela, para não continuar a trilha de beijos que já tenho planejado em mente. Estávamos a um palmo de distância, ofegantes, sorridentes. Ambos sabíamos o que isso significa.

Tomou-me pela mão, e voltamos para o Salão, indo para o centro dele, ignorando alguns olhares pesados, de pessoas que desconfiavam do que fazemos, mas a gente estava tão feliz, que nem se importava.

Pus uma de minhas mãos na base de suas costas, e outra segurei sua mão, sentindo minhas mãos formigarem de pura emoção. Eu sei o que isso significa.

— Amanhã, dispensarei os outros Selecionados, para a alegria do povo e da minha mãe, que não precisamos nos preocupar por hora, mas farei tudo no tempo certo. Quero que conheça a suíte do príncipe, ao lado da minha. — Sorri, sem nem conseguir imaginar como será estar sempre tão perto dela todos os dias. A voz de Katniss era baixa, bem próxima ao meu ouvido, e aquilo me causa cócegas, bem leves, mas causava. Não contei para que ela não use isso contra mim dia desses. — Ah, e pode começar escolhendo o que vai querer em seu quarto, e precisará de mais dois criados. Quero que se sinta totalmente confortável, porque essa será a sua e a minha casa. Nossa casa. — Eu queria levá-la para meu quarto, e amar ela, descobrir o significado dessa expressão, beijar todo o seu rosto, e dormir abraçado a ela. Seu rosto era tão sereno, tão sincero, que eu não sabia como agradecê-la. Agora eu posso ver que estar sem ela é inimaginável.

— Oh! — Sorriu para mim. — E precisará decidir se sua família ficará aqui no palácio ou em uma casa próxima. Vou ajudá-lo em absolutamente tudo.

Umas batidas firmes no meu coração pensavam em Delly, com certeza nos observando em alguma parte do Grande Salão. "E Delly? E Delly?!", mas ignorei esses pensamentos, porque Katniss estava nos meus braços agora, dançando comigo. Katniss me tinha tanto na palma de suas mãos, que eu fiquei surdo a essas vozes.

— Em breve, quando eu encerrar A Seleção, terei que "te pedir" em casamento, mas a gente muda o jogo, e você me faz o pedido para não sair da tradição — disse brincalhona, com um sorriso no canto do rosto, e eu ri, escondendo meu rosto em seu pescoço, por estarmos na mesma altura. Eu amava estar ali, na curva de seu pescoço, sem me importar com mais ninguém. — Quero que seja tão natural quanto respirar para nós dois. Não é um pedido que vá se repetir. — Sorri, e me afastei para depositar um beijo no alto de sua cabeça. — Sério. — Olhou-me nos olhos, com tanta sinceridade, que senti vontade de chorar. Ela é bem sincera quando quer. — Quero que saiba que eu vou estar aqui para te ajudar em qualquer coisa que quiser e precisar. Farei o meu possível para que se sinta bem.

— Para, por favor... — Tirei uma mecha da frente de seus olhos, colocando atrás de sua orelha. — Eu não tenho nada para te dar em troca. Nada mesmo. Isso não é justo! — Ela sorriu torto, serenamente.

— Eu só quero e preciso da sua companhia. Tudo o que eu quero é que prometa ser meu parceiro, ser meu, quero tudo o que você é, tudo o que faz... — Seus olhos faiscavam, enquanto dávamos leves voltas em torno de nós mesmos conforme a música, e os cristais do lustre refletiam em seus olhos. As luzes estavam todas acesas, mas ela era a luz que mais iluminava o salão. — Você me promete isso?

— Com a minha vida. — Não pude aguentar e selei nossos lábios, tendo minha atitude aprovada por ela, que levou uma mão para a minha nuca, só que logo nos separamos. Foi rápido demais para terem notado, para ter tirado uma foto, e o seu cabelo cobriu o que havia acontecido. — Eu nunca vou te deixar. — Eu não fazia ideia do amanhã, mas eu sabia que teria que ser com ela. Até que eu morra.

— Eu espero que sim, meu bem. — Sorri, não sendo incomodado pela forma que me chamou, e beijei sua bochecha, sentindo-a corar. — Oh, Peeta! Tem gente olhando! — Ri alto, divertido.

— Desculpe se acho suas bochechas uma das coisas fofas do mundo. — Ela riu, fingindo não ter gostado do elogio.

— Bela forma de dizer que estou gorda!

— Sossega, sabe que é bonita — falei, beijando seu ouvido e ela deu uma risadinha engraçada, que me fez rir. — Ai meu santo chocolatinhooooo! — Coloquei as mãos na bochecha, como Prim. — Você tem nervoso!

— Todo mundo tem! — disse, cruzando os braços, convencida.

— Orgulhosa. Vai ver só. Vou me aproveitar disso quando dormir sem fone! — Ela riu, bem descontraída, mesmo que a música lente devesse causar outra reação em nós.

— Então significa que dormiremos muitas vezes juntos na mesma cama? — Arqueou uma sobrancelha e eu senti meu rosto pegar fogo totalmente. Eu posso ter 18 anos, mas o que eu sei sobre malícia é como uma gota que tilinta no balde vazio. Não sei nem como a coisa se sucede "naquela hora". Mas ninguém precisa saber.

— Eu gostei do ponche que serviram essa noite! — Mudei de assunto, trazendo-a para perto, e coloquei a cabeça em seu ombro. Meus olhos encontraram os de Amanda e Stuart, que estavam literalmente saltitantes com a cena.

E você pensando que seria eliminado... — Amanda moveu os lábios, revirando os olhos. É gratificante saber que minha ligação com meus irmãos não tenha desaparecido.

— Katniss? — Uma de minhas mãos estava em sua cintura, e outra em suas costas, enquanto ela tinha as dela ao redor do meu pescoço.

— Sim? — Sua boca estava próxima ao meu ouvido, por causa da dança. Wildfire tocava, como um poema em melodia, embora estivesse longe de romance ou algo assim, mas me dava vontade de dançar, suspirar.

— O que falou com meus pais e Amélia? — O olhar de Stuart e Amanda eram sugestivos. — Eu vi vocês quatro no jardim. — Senti ela sorrir tranquila.

— Eu perguntei se tinha permissão de fazer minha escolha — falou baixo, como se fosse um segredo só nosso.  — E eles me falaram que querem que você seja feliz. Se eu for a garota que você ama, tudo bem. Ah, e sua mãe ficou emocionada, enquanto a sua irmã deu um ataque de risada. Acho que estava nervosa. — Ri, quase chorando também. — Oh! É mania dos dois! — Afastou-se um pouquinho para olhar para mim. — Que meigo!

— Para, você está me deixando mais envergonhado do que eu imaginei que podia me deixar — eu não sabia que reação esboçar. Estou feliz demais para fazer qualquer outra coisa além de rir e sentir vontade de chorar.

— É compreensível seu nervosismo. — Ergueu um pouco a cabeça de forma soberba. — Eu sou a futura rainha de um dos maiores países do mundo, meu bem. Não é para qualquer um. Considere-se uma pessoa de muita sorte.

— Não é para um pacato Selecionado, é? — Ela sorriu.

— Não, não é. — Balançou a cabeça em negativa. — E você nunca foi, desde o início.

— Não sei o que você e algumas pessoas veem em mim — falei, abaixando a cabeça, pensativo.

— Você é especial. Apenas isso. Você é você, você vê o que está errado e tenta consertar sem ser mal. É bom com quem não merece, gentil também. Sabe o quanto isso é difícil?

Era inevitável minhas bochechas ficarem vermelhas demais, desviando o olhar, mordendo o lábio inferior.

— Odeio tantos elogios de uma só vez porque nunca sei a maneira forma de agradecer — eu disse, vendo-a sorrir.

— Acho que poderia começar me acompanhando na festa dos empregados do Palácio que vai acontecer no mês que vem — aconselhou-me. — Todos estão presentes. Acontece na noite anterior à noite da véspera de natal.

— Seria um enorme prazer, Princesa — eu respondi, sorrindo torto, sereno. Ela me dava paz.

Mudamos de assunto, começando a fofocar sobre algumas pessoas, que não envolvia os outros Selecionados e suas famílias, criticando algumas coisas, depois rindo feito dois idiotas, nos perdendo incontáveis vezes no meio da dança.

— Peeta, você nunca viu o meu quarto — disse, depois que sentamos em uma mesa afastada de tudo e todos, mas sabíamos que nos fotografavam e filmavam, por isso ela cobriu educadamente a boca para dizer isso, que fez com que meu estômago congelasse.

— O-o-oi? — Ela riu, mas eu realmente havia ficado nervoso. — Seu quarto. Não posso entrar lá.

— Ah, pode sim! — exclamou, dando de ombros. — Até o Cato já foi lá, duas vezes — contou, despreocupada, pegando três coxinhas pequenas, pondo uma de uma só vez na boca enquanto mergulhava outra no ketchup, sem se incomodar com o guardanapo.

Arqueei as sobrancelhas para ela, formando uma linha reta com a boca, como se dissesse um "aé?", acusatório.

Ela riu, cobrindo a boca, corando um pouco. Fez um sinal para eu esperar ela terminar de comer, então suspirou, fechou os olhos, abrindo-os logo em seguida.

— Não precisa ficar enciumado. Você já beijou muito a sua ex-namorada. E isso o que aconteceu com o Cato faz umas duas semanas, quando eu estava incerta, mas não se preocupe, nada demais.

Revirei os olhos, balançando a cabeça em negativa, ficando de bruços na mesa, olhando para ela.

— Golpe baixo ter usado meu relacionamento anterior... — eu murmurei, suspirando. Delly, Delly, Delly. Mas meu coração gritava outro nome, um que começava com K.

— Peeta, foi mal — a morena disse, tocando em meu ombro, atraindo meu olhar para ela novamente. — Foi mal. Nada vai acontecer entre eu e nenhum outro Selecionado, eu já fiz minha escolha, e você? Fez a sua?

Olhei em seus olhos cinzas, lembrando-me de seu pedido e da minha promessa, minutos atrás, sentindo meu coração disparar, meus dedos pinicarem, então, abri um sorriso sincero, passando um dos meus braços pela sua cintura, trazendo-a para um abraço, e beijei o alto de sua cabeça, vendo-a fechar os olhos, com um sorriso torto. Maps tocava em alto e bom som, e o engraçado é que um trecho da música diz "meu mapa me leva até você", e é exatamente isso.

Quase pude ouvir os gemidos de frustração dos que observavam a cena com câmeras, esperando um beijo e o que colocar na capa das revistas e jornais e programas de televisão.

— Eu adoraria ir para o seu quarto conhecer, qualquer dia desses, mas hoje meus irmãos estão aí. Acho melhor a gente deixar para o momento certo, vamos deixar a razão falar mais alto.

Sugeri, sentando-me ainda mais próximo dela, com os pés descansando embaixo da mesa, totalmente relaxado, pegando um kibe, passando no ketchup também, comendo de uma só vez, e ela comeu outra coxinha.

— Eu acho que a gente deva brindar! — ela exclamou, já que não tinha ninguém ocupando as mesas próximas, pois era a mesa dela. — Eu estou muito feliz! E não bebi nada!

Ri, assentindo, pegando meu copo com refrigerante e ela fez o mesmo, divertida.

— Um brinde à felicidade? — sugeri, comendo uma bolinha de queijo, também sem pegar um guardanapo. A vida é curta demais para se comer salgadinhos com elegância e total higiene.

— Pode ser! Um brinde à nossa felicidade — disse o nossa um pouco mais baixo, e eu entendi, abrindo um sorriso maior para ela, tocando nossos copos. — O que me faz ficar feliz em "esconder" temporariamente a minha escolha e o nosso futuro casamento... — entrelaçou seu braço ao meu, também usando a ligação da mesa embaixo para apoio dos pés. — É saber que um dia a gente vai poder deixar isso bem claro em pouco tempo.

Só em pensar de que isso ia acontecer, abri um sorriso ainda maior, aprovando o nosso lanche, que era bem melhor do que peixe e vinho brando, melhor do que cozido de carneiro e vinho tinto. Nada se compara a salgadinhos e refrigerante, absolutamente nada. Se você estiver feliz, ao lado de alguém que te deixa feliz.

A festa se esticou até a uma e meia da manhã, e eu subi depois que o rei veio me dar um abraço, sorrindo animado demais, indicando que talvez bebeu alguma coisa, mas eu vi pelos olhares que trocou com Katniss de que sabia que a Seleção teria logo um fim e ele poderia ficar em paz. Caminhei com a Princesa, futura Rainha, aos risos até as escadas, quando encontramos Stuart e Prim conversando normal, mas percebi que meu irmão estava mais corado, era claro, ainda mais que a sua fantasia era de príncipe, mas Prim demonstrava alguns sinais de nervosismo, mexendo nas mãos, porém os dois falavam olho no olho, como gente grande.

Cutuquei Katniss, com um sorriso, pedindo para ela fazer silêncio, e ela olhou na direção deles, sorrindo.

— Crescem tão rápido — sussurrou, enquanto espiávamos atrás da escadaria. — Mas não acho que há algo acontecendo. Ela só tem 12 anos.

— Stuart tem 14. Completou cinco meses atrás — eu disse, no mesmo tom que ela, espionando os dois. — Quando é o aniversário da Prim?

— Mês que vem essa coisinha faz 13 anos.

— Aí, só eles esperarem ter 21 anos, não falta muito! — brinquei, mas em tom de verdade, fazendo-a deitar a cabeça no meu ombro. — Calma, nada vai acontecer, não.

— Eu sei, Peeta. A questão é que eu me sinto velha! Quando ela tiver vinte e um, eu terei vinte e seis anos! — ri, balançando a cabeça em negativa. — O que foi?

— Você fez 18 anos há três meses, como pode se sentir velha, Katniss?

— Eu vi ela nascer, seu bobo! — exclamou, boquiaberta, mas com um sorriso. — Vamos deixá-los à vontade.

E subimos as escadas sem falar muita coisa, apenas do quanto a noite foi boa. Ela me deixou na porta do meu quarto, onde lhe dei um beijo na bochecha de despedida, juntamente com um sorriso, que ela devolveu, caminhando tranquila indo para o próprio quarto, dando algumas olhadas para mim, que ri, e apenas entrei quando não tinha mais como vê-la.

— Eu ia tomar banho agora! — Amélia exclamou, rindo, com as roupas para tomar dormir em mãos, enquanto Ben dormia serenamente na minha cama, coberto com um edredom grosso, ressonando silenciosamente, como um verdadeiro anjinho. Sorri.

— Deixa eu tomar com você logo — pedi, e ela assentiu, fazendo pouco barulho, entrando no banheiro.

Peguei uma roupa confortável qualquer e parti para o banho, despindo-me sem vergonha alguma, assim como minha irmã já estava debaixo do chuveiro, nua. Quem não conhece a gente pensa maldade, incesto, etc., mas não é assim. A gente é irmão, melhores amigos. Qualquer coisa que possa acontecer entre a gente está completamente fora de cogitação.

Na nossa casa no Sete, era muito comum nós dividirmos o chuveiro, rindo, contando como foi o nosso dia, depois dormíamos na mesma cama, e mesmo aqui no palácio, não podia ser diferente. Enquanto passava shampoo no cabelo, eu passava sabonete no corpo embaixo d'água, rindo quando me contou que se assustou da risada do Gale.

— Todo mundo se assusta, não se preocupe com isso — eu disse, divertido. — Aliás, Amélia, tem uma coisa que eu preciso te contar.

Ela assentiu, entrando debaixo d'água, deixando que a água morna levasse embora todo o shampoo.

— Pode falar, sou toda ouvidos.

Sorri, quase emocionado. Tudo podia mudar, menos essa nossa amizade e relação sincera entre irmãos.

— Katniss vai terminar com a Seleção. E já fez uma escolha — eu contei tudo, desde o pedido até o que eu senti quando a morena me deixou aqui na porta, e nesse meio tempo, terminamos de tomar banho. Depois de vestir as roupas da cintura para baixo, sentei-me na borda da banheira, terminando de contar enquanto ela penteava o cabelo. Parecia uma princesa, ainda mais com o short de dormir de seda rosa clara e uma blusa de malha de manga comprida na cor branca. Seus cabelos também lhe davam essa impressão, indo até a cintura, de forma uniforme, entre o loiro e o castanho.

— Olha, Peeta, ela conversou com a gente, digo, comigo, mamãe e papai no jardim, creio que você viu, certo? — assenti. — Você não pode aparentar amar ela do nada. Ou você ama ela desde sempre ou isso foi apenas algo momentâneo, já que você é o menos provável de ser escolhido entre todos os outros, embora as pessoas lá fora gostem muito de você — disse, calma como sempre. — Ultimamente eu venho dado uma trégua para essas coisas de sentimentos e tudo mais, e a cada dia que olho para os nossos pais, acredito que o amor possa existir, mas é o seguinte: eu quero ver você feliz, Peeta. Ela faz você feliz? Você ama mesmo ela?

Parei e refleti em suas palavras, sentindo um pouco de dor de cabeça só em pensar todos meus momentos incríveis ao lado de Katniss, em todas as reações do coração e do corpo ao lado dela.

— Não precisa me responder — Amélia disse, sorrindo, caminhando até mim, segurando meu rosto entre as mãos. — A gente de fora sabe a resposta. Agora o que resta é você responder, Príncipe Consorte.

Beijou a ponta do meu nariz, fazendo-me sorrir torto, apreciando seu ato carinhoso. Eu não sei o que seria da minha vida sem ela.

— Vem, vem dormir, foi o melhor dia e noite em meses, mas temos que dormir — disse, puxando minhas mãos, depois de me dar uma blusa de malha para dormir. Concordei, suspirando cansado, embora com uma felicidade indomável dentro de mim.

Nos deitamos na cama, abraçados. Meu braço esquerdo ao redor de sua cintura e o direito debaixo do meu travesseiro, enquanto sua perna direita estava sobre as minhas, trazendo-me para perto, e Ben a abraçou pelas costas, então com o meu braço que a envolvia, envolvi ele também, meu pequenininho, e assim dormimos. Stuart chegou mais tarde, ficando ao lado de Ben. Meu peito ardia tanto de felicidade que quase chorei, e naquele momento eu podia jurar que as coisas finalmente iam entrar em seus devidos lugares. E dessa vez, definitivamente.

E a última coisa que pensei antes de dormir com um sorriso no canto do rosto foi no rosto de Katniss, sorrindo, fechando seus olhos cinzas feito a mais linda e intensa tempestade depois que beijei a ponta de seu nariz antes de vir para o meu quarto.


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Notas finais do capítulo

~editado!:D~
Bem, galérom, foi isso! Peço desculpas se ainda parece meio longo e cansativo o rumo das coisas, mas vai dar uma suave enrolada ai nos próximos capítulos, mas eu juro, juro mesmo, que vou dar mais um pouco de ação e mais coisas políticas. Está na hora de fazer o Peeta voltar para a realidade dele um pouco mais, assim como está na hora da Katniss tomar mais atitudes de uma verdadeira rainha. Digo que o próximo capítulo será o clímax dessa segunda fase!
Vamos aos spoilers!
Música: Like I'm Gonna Lose You, Meghan Trainor ft. John Legend
"Então meus lábios se entreabriram, e todo o ar saiu dos meus pulmões.
Meu Deus.
A mesma pilastra que prenderam Stuart uma vez na praça do Sete, e ao lado, uma espécie de retângulo, sustentado por duas madeiras grossas e fortes, com dois espaços em seus extremos.
— Gale... — falei, tocando no braço do moreno ao meu lado. — Olha bem para aquilo ali.
O rosto dele tinha uma expressão de pasmo.
— Eu já vi a segunda no meu Distrito. Você acha que... — Quando virou seus olhos para mim, a gritaria foi ainda maior, e eu senti que meu coração ia sair pela minha boca.
Levamos nossos olhos para o centro, onde guardas puxavam Finnick por correntes atadas em algemas, que estava com a bochecha sangrando, assim como o nariz. Suas roupas tão bonitas da noite passada estavam sujas, como se tivesse lavado na sujeira. Seu cabelo estava uma bagunça também, como se tivesse pego um secador e gel, passando por todos os fios.
Mas Annie, se não me engano esse é o seu nome, conseguia estar pior. Parecia que tinha sido mergulhada em uma piscina de lama, deixando apenas seus fios ruivos de fora, ainda presos na trança embutida da noite passada.
Sua sobrancelha sangrava, assim como o canto de sua boca. Juntei as minhas mãos no meu colo com força, por não estar conseguindo acreditar no que eu via, e no que está prestes a acontecer!
— Céus... — Blane murmurou, perplexo, como todos.
Finnick levantou os olhos, um pouco fechados por causa da luz do Sol, e nossos olhos se encontraram por uma fração de segundos, mas ele logo voltou a olhar para baixo, com passos doloridos. Ergueu o olhar mais uma vez, procurando alguém na multidão, então, eu olhei para os seus pais, que estavam uma cabine ao lado da das famílias dos Selecionados, incluindo a minha. Sua mãe tremia, aos altos soluços, enquanto o irmão mais velho e o pai tentavam ser um pouco mais fortes, mas não parecia funcionar tão bem assim.
Porém, em meio a toda a dor, a toda angústia e sofrimento, os dois estavam próximos e andavam com um certo orgulho, davam passos um pouco mais decididos.
Não. Não, não, não..."
Me desculpem por não ter nenhum trecho, ou qual vai ser a música ou poema, mas é que o meu celular está passando por certos problemas de memória cheia, e eu ainda tenho mais dois dias aqui nos Estados Unidos, por causa do meu intercâmbio, e tipo, eu chegarei no domingo, ai na segunda-feira tem aula na escola de manhã, e eu não posso faltar, ou seja: Eu estou ficando louca.
Mas não se preocupem quanto as atualizações, já estou escrevendo o próximo, que é bônus. Assim que eu tiver QUALQUER ideia sobre qual pode ser a melhor música para os próximos capítulos, virei aqui correndo editar.

Espero que tenham gostado, fiz com muito carinho e cuidado pra vocês, e como eu disse, é um dos meus capítulos favoritos! ♥ E se não gostou, eu também ADORARIA saber qual é a sua opinião! Eu amo opiniões!
PS.: Link do Peeta e Katniss caso não tenha ido! http://cdn3.teen.com/wp-content/uploads/2015/06/emma-roberts-evan-peters-kissing.gif
https://67.media.tumblr.com/e0e836e31d67de2770dc599b72dd24e7/tumblr_o977lpOhU01u676k2o1_500.gif
BEIJÃÃOOOOO, ESPERO VOLTAR MUITO CEDO, EU ESTAVA COM MUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUITASSSSSSSSSSSS SAUDADES! ♥