A Vida Secreta de Rachel escrita por L CHRIS


Capítulo 6
Meu devaneio


Notas iniciais do capítulo

Sei que andei sumida, peço perdão a todos que estão acompanhando a história. A todos uma boa leitura!



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O soar agudo do relógio me desperta de qualquer devaneio que eu poderia ter daquele momento em diante. Meus olhos encaram o lugar onde estou. Um suspiro me enche os pulmões. Estava sozinha em minha cama.

Sinto-me estranha, minhas pernas adormecidas, estavam compostas de um formigamento estranho, aliso minha nuca a fim de espantar aquela sensação de arrepio e calor.

Respiro fundo.

E flashes do meu recém-sonho me vêm à mente, Frankie estava nele, por cima de mim, entre gemidos e palavras sujos fazíamos amor, um amor intenso. Uma foda. Concluo espantada.

Eu estava tendo fantasia erótica com alguém que nem ao menos sabia quem era. Aquilo era doentio. Pensei incrédula.

Meu corpo ainda estava dormente, e mesmo depois do banho não melhora, aquilo era surreal, nunca havia me sentido assim. Ainda mais por uma fantasia sonolenta, algo que jamais se tornara real.

Respiro aflita, era como se houvesse algo de muito errado comigo, e talvez houvesse. E eu sabia bem aonde encontrar a solução.

Pego meu celular determinada.

Destravo.

O próximo passo fora entrar no site, como um milagre Frankie estava ali, disponível para mim.

Algo que Allan nunca estivera. Pensei com amargura.

Toquei a tela e por um momento me senti tímida, ainda com o corpo envolvido na toalha e úmido pelo recém-banho. Imaginei que talvez ele descobrisse minhas reais intenções atrás daquela mensagem. Encaro a tela e penso se é uma boa ideia clicar. Talvez, fosse melhor esquecer toda aquela loucura. Frankie só era algo diferente da minha habitual rotina, e coisas fora do habitual tem tendência a estragar tudo.

Mas estragar o que? A minha vida patética? Confrontei-me em pensamentos.

Chel diz: Olá

Frankie diz: Chel, você tão cedo por aqui. Como passou a noite?

Transando com você em pensamentos.

Chel diz: Bem, até. E você?

Frankie diz: Estou melhor agora. Sua companhia me alegra a manhã.

Frankie tinha uma forma peculiar de me fazer sentir-se bem. Ela sabia exatamente o que dizer, como se já me conhecesse.

Era quase mágico, se a situação não fosse realmente complicada.

Deito-me contra a cama, repousando minha cabeça contra o travesseiro macio.

Frankie diz: Chel. Estive pensando. Você tem alguém? Eu digo, um relacionamento?

Meu coração quase pulou pela boca, aquilo estava mesmo acontecendo?

Porra! Pensei, sem saber exatamente o que dizer. Por um lado queria ser sincera com ele, e dizer o real motivo por estar ali. Mas as únicas coisas que posso conseguir com aquilo era uma indignação e um ponta pé na bunda. O que seria realmente péssimo, pois ainda não estava preparada para me afastar de Frankie.

Sim, eu tenho alguém. Respondi mentalmente.

Chel diz: Não. E você?

Frankie diz: Também não. Eu gostaria de me encontrar com você. Que tal sábado agora? Poderíamos tomar um drink, nos conhecermos melhor. Claro, se você quiser.

Li e reli aquela mensagem quase dez vezes, o que eu poderia fazer em um momento com aquele? Frankie estava me convidado para um encontro casual, que tinha todas as chances para ser um encontro romântico ou um encontro cheio de sexo ardente. E eu, com a minha perfeita vida de mãe de casa não podia apenas aceitar me encontrar com um estranho. Aquilo passaria de um simples devaneio para algo mais sério, uma traição. E a ideia não me parecia certa, pelo menos não naquele momento.

Então eu fiz o que devia fazer, eu já não era mais a garota de 10 anos atrás, e eu tinha consciência disso. Aquilo era errado, principalmente para mim, mulher que sempre fizera as coisas certas, e agora, não seria diferente.

Eu não o respondi.

Apenas, deixei a conversa e exclui o meu perfil em seguida.

Aquele era o fim da minha vida secreta na internet. O fim dos meus sonhos eróticos, o fim do que poderia ser uma historia quente, ou mais um caso de traição.

Aquele era o fim de Frankie.

Frankie. Seu nome pairou em meus pensamentos.

****

Dias depois.

Encaro meu reflexo no espelho de moldura antiga que fazia parte da decoração daquela festa, minha fisionomia está péssima, pareço bem mais velha do que realmente sou. Era como se aquela garota dos olhos sonhadores tivesse morrido em alguma parte da minha existência. Como se nada importância, nada que tivesse relação ao que eu queria.

Encaro meus filhos, eles brincam com as outras crianças ao redor da piscina, todos parecem se divertir aquela noite, parecia que eu era a única figura deslocada naquele local de comemoração e alegria.

– Cuidado com a piscina, crianças! – Alerto os meninos que ali se divertiam.

– Toma. Você está precisando. – A voz que surge atrás de mim é a de Megan.

Encaro minha irmã por um instante, estava linda em um vestido longo cor caqui dourado, seu cabelo preso em um rabo de cavalo preso ao topo da cabeça, deixara ainda mais elegante. Por um instante eu invejei sua felicidade – a dela e de todos ali presentes – pareciam tão satisfeitos com suas vidas perfeitas, e eu? Eu era só uma coitada infeliz com o próprio casamento incapaz de tomar qualquer escolha.

Apanho a champanha que Megan me oferecera e bebo em um único gole, talvez, beber fosse o único jeito de não me sentir tão infeliz. Pelo menos naquela noite tão importante para meus familiares.

– Vai com calma, não queremos repetir a cena dos seus 22 anos. Aquele dia você deu trabalho.

Rimos.

– Talvez, uma boa loucura fizesse bem para a minha vida. – Meu tom de voz sai tristonho e Megan parece perceber.

– Está acontecendo algo? Notei que está cabisbaixa.

Tentei dar meu melhor sorriso, mas naquele instante me senti uma cadela falsa por tentar negar o obvio.

– Sim, está tudo ótimo.

Era o aniversário de meu pai, e como todos os anos, estávamos reunidos na casa de meus pais. Era uma festa para poucos convidados, mas não deixara de ser elegante; com direito a um bom Buffet – frutos do mar não faltara em qualquer comemoração do meu pai, era quase como uma tradição da família - e uma boa musica dos anos 60. Meus pais estavam alegres naquela noite, ele brincara e ria para todos ali, e mamãe parecia estar nas nuvens enquanto dançara suas musicas favoritas na adolescência. Em alguns momentos eu poderia observar os olhares deles, e ali, eu tivera certeza que ainda se amavam com ardência, se amavam de verdade.

O que eu sabia sobre o amor entre um homem e uma mulher? Pensei amargurada.

– Cadê Allan? Logo começara a sessão de fotos, você conhece o papai, família reunida é quase uma regra. – Alertou Megan

Olho para ela e depois para aquelas pessoas que riam, comiam e dançavam, meus olhos percorrera uma por uma, mas Allan não estava entre elas.

– Eu vou procura-lo – Anunciei – não deixe o papai começar sem mim. – Alertei antes de sair entre os convidados segurando a barra do meu vestido na cor preta.

A casa dos meus pais era uma casa modesta, típica entre pessoas da idade deles– um lindo cercado branco, duas cadeiras de balança, cortinas brancas e uma linda pintura em um amarelo claro. Havia um grande espaço nos fundos da casa, um belo jardim e a área da piscina aonde ocorria à festa.

Era uma linda casa, para um lindo casal. Pensei com um sorriso.

À noite, estava espetacular, o céu negro estava preenchido por gotas brilhantes, e a lua cheia iluminava o gramado enquanto pisava com meu salto agulha a procura do meu marido que sumira em meio aos convidados.

Ligo para ele, mas é inútil, seu celular da caixa posta.

Desligo o celular, voltando com ele para dentro da bolsa.

Olho em volta e naquele momento sinto raiva pelo sumiço repentino de Allan, ele realmente conseguira superar-se, sumir em plena comemoração para meu pai, era uma tamanha gafe.

Já havia desistido da procura, quando notei que o carro de Allan ainda estava na rua próxima a casa. Isso significara que Allan ainda estava na casa.

Sinto-me aliviada.

Eu sabia o quão importante era para meu pai ter toda a família ali, reunida, e mais do que isso, eu não queria desapontar meus pais naquela noite.

Estava prestes a girar meus calcanhares para retomar minha procura quando percebo algo estranho no carro de Allan. Inclinei meu rosto na tentativa inútil de tentar enxergar, ou, apenas não acreditara no que estava acontecendo.

Sinto meu estomago embrulhar.

Naquele momento a minha única vontade é correr em direção aquele carro e tacar uma pedra, para que talvez acertasse a cabeça daquele homem imundo.

Respiro fundo e posso sentir algo ferver em meu estomago enquanto noto aquele carro balançar sem parar.

Ódio. Sinto ódio.

Allan estava fodendo no carro aonde meus filhos iram se sentar daqui algumas horas.

No meu carro. Carro da minha família. Penso petrificada.

Aquilo era demais até mesmo para mim, a mulher do ano. Penso com sarcasmo. Mas será que aquele era de fato o significado de ser mulher? Aguentar calada as traições do marido.

Obvio que não. Conclui furiosa.

– Seu filho da puta – Murmurei entre dentes, as lagrimas saíram involuntariamente.

Eu sabia de suas traições, mas eu nunca havia me deparado com algo assim.

Quem seria a mulher que estaria fodendo com meu marido? Muito provável que seja alguém do meu circulo de amizades.

Por Cristo! Penso enojada.

Quantas mulheres que já sorriram para mim que trepara com meu marido? Questiono-me, concluindo o quanto fora inocente esses anos por achar que suas traições terminara nas farás que tivera com amigos por ai.

Trinco minha mandíbula, e meus olhos se iluminam com ódio e indignação.

Limpo minhas lagrimas com força nos dedos e naquele instante sinto uma dor súbita invadir meu peito.

Como pude me submeter aquilo? Era claro que eu merecia muito mais do que aquele nojento porco imundo homem.

E era isso, sim, era exatamente isso.

Eu merecia muito mais.

Frankie. Eu merecia alguém como Frankie.

Apanho meu celular em uma atitude desesperada, eu precisava falar com ele, ou pelo menos tentar, já fizera dias desde que o ignorei.

E agora, a única coisa que queria era aquele encontro.

F-R-A-N-K-I-E . Soletro seu nome mentalmente enquanto recupero minha conta no site.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? Obs: Sim, o próximo capitulo Frankie irá aparecer. Rs Até o próximo capitulo, pessoal!



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