A Vida Secreta de Rachel escrita por L CHRIS


Capítulo 5
Fascinante Poeta


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Encaro as costas largas de Allan, ele parecia dormir profundamente, levando em conta que chegara há poucos minutos, era incrível sua capacidade de dormir rápido, ou de não se sentir culpado.

Respiro fundo.

Todos estavam dormindo, já era madrugada quando acordei com os passos de Allan bêbado chegando. E desde então não consegui mais pegar no sono.

Enquanto encaro as costas de Allan, me pergunto se aquele homem que dorme tão tranquilamente ao meu lado não sentia culpa por tudo que fazia entre o trabalho e a fará com os amigos.

Talvez a culpa fosse para os fracos. Penso com amargura.

Viro-me na cama.

Agora passo a encarar o teto, tudo a minha volta era escuro, já estava tarde, talvez eu devesse dormir. Amanhã o dia seria longo. Eu precisava dormir.

Apanho meu celular no criado mudo e destravo-o, o relógio marcara 03h08min, precisava dormir.

Começo a mexer em meu smartphone, e não demora muito até um instalo invadir minha cabeça. Com todos os afazeres e a preocupação, acabei me esquecendo de Frankie.

Será uma boa ideia? Perguntei-me enquanto clico no navegador da internet.

O navegador ainda estava no site de encontros.

Me pego olhando receosa para Allan, talvez, em meu subconsciente eu tinha medo que ele me pegasse conversando com uma outra pessoa.

Um estranho.

Espero carregar e logo aparece meu perfil, e na caixa de mensagens o numero “1”, Frankie havia me mandado uma mensagem.

Respiro fundo e sinto meu coração bater forte.

Talvez a tamanha falta de adrenalina em minha vida, fizesse que momentos como esse se tornassem algo assustador.

Clico.

Frankie diz: Olá. Por aqui é melhor para conversamos, algumas pessoas de lá são inconvenientes.

(Há oito horas atrás)

Respiro fundo.

Talvez estivesse tarde demais para responder, mas eu resolvi arriscar.

Segurando firme em meu celular começo a digitar.

Chel diz: Desculpe-me. Meu dia foi corrido. Você está bem?

Envio e fico torcendo para ela não está ali. Talvez eu devesse tentar dormir.

Mas antes mesmo de fechar os olhos percebo que é tarde demais, a resposta de Frankie chega rápido.

Frankie diz: Tudo bem. Sinto-me bem. E você? O que faz aqui tão tarde?

Encaro aquela mensagem por alguns segundos, Frankie parecia ser um rapaz tão gentil, diferente daqueles outros grotescos.

O que ele fazia naquela pagina? Perguntei-me.

Chel diz: Insônia. E você?

Frankie diz: Insônia também. Quantos anos você tem?

Demoro um pouco para responder, eu nunca tive nenhum tipo de problema com minha idade, mas naquele momento me sentia um tanto patética.

Chel diz: 32 e você?

Houve demora, a cada minuto que passara me sentia ainda mais patética.

Será que isso era mesmo necessário? Uma mulher com a minha idade procurar companhia em um site de encontros? Pergunto-me em pensamentos.

Frankie está digitando.

A tensão que trazia em minha face se desfez, pelo menos agora eu sabia que minha ideia não tivera o feito desistir de prosseguir a conversa.

Frankie diz: Tenho 22. Aceita vinho?

Por um instante uma ruga se formou em minha testa, o que exatamente ele queria dizer? Era um tipo de código ou ele estava de fato me oferecendo vinho.

Mas antes mesmo que pudesse responder, Frankie começou a se explicar.

Frankie diz: Gosto de tomar vinho quando me encontro só. Ainda mais em uma noite como essa. Você já viu o céu? Ele está fantástico.

Por um instante um sorriso escapou de meus lábios, a quanto tempo não vira alguém se referir ao céu assim, a noite.

Chel diz: Não. Eu já estou deitada.

A resposta de Frankie demorou novamente.

Resolvi deixar minha cama, cuidadosamente deslizo entre os lençóis, a ultima coisa que eu queria era acordar Allan.

Caminho em silencio e vou em direção à sacada da minha casa, puxo uma das cadeiras de balanço que Soia havia nos presenteado.

Sento-me ali, encostando minha cabeça nas costas da cadeira, que começa a fazer um movimento lento, indo e voltando.

Encaro o céu.

Frankie tinha razão, a noite estava belíssima.

Há quanto tempo eu não tirará alguns instantes para observar aquela maravilha.

Às vezes, era como se eu tivesse perdido o lado bom da minha vida.

Chel diz: A noite está realmente linda.

Frankie diz: Você está contemplando-a também?

Chel diz: Sim. Você me deixou curiosa.

Frankie diz: Então me faça companhia

Sorrio.

Chel diz: Claro.

Frankie diz: O que você faz da vida, Chel?

Aquela pergunta de Frankie me fez refletir por um momento.

O que você faz da vida? Repito a pergunta em pensamentos.

Boa pergunta.

Encaro a tela do meu smartphone, mas nada me vem à cabeça, se Frankie soubesse da minha vida patética ao lado de Allan, provavelmente riria de mim.

Chel diz: Sou fotografa.

Respiro fundo.

Aquilo não era totalmente verdade, quer dizer, eu não fotografava há muito tempo. Então resolvi reformular minha resposta.

Chel diz: Já não fotografo há algum tempo.

Frankie diz: Por quê? Fotografia é algo maravilhoso. Qual é seu estilo?

Abro um meio sorriso, Frankie parecia mesmo interessado em saber. O que me fez lembrar-se de Allan, e de suas palavras duras.

“ O melhor é você deixar a fotografia. Rachel, isso é algo banal!”

“ Meus sonhos é algo banal, Allan?!”

“ Você precisa dedicar-se a sua família.”

“ Você não entende.”

“Não! É você que não entende. Para de ser tola!”

Allan tinha razão, eu era uma tola.

Uma tola.

Uma tola por acreditar nas suas promessas, palavras, em seu amor.

Chel diz: Pessoas. Eu gosto de fotografar pessoas, captar cada sorriso, expressão... Cada momento despercebido.

Frankie diz: Captar a alma.

A frase de Frankie me deixou surpresa, parecia que ele sabia realmente o que eu queria dizer.

Parecia estar realmente interessado.

Chel diz: O que você faz?

Frankie diz: Eu? Eu gosto de me aventurar.

Encaro aquela mensagem por um instante.

O que ele quis dizer? Pergunto-me.

Será que ele era uma espécie de mochileiro, ou algo do gênero.

Frankie diz: Eu gosto de viver no limite, gosto de viver a vida como se não tivesse o amanhã.

A frase de Frankie me despertou curiosidade.

Eu que sempre fui tão centrada e decisiva, estava ali, conversando com alguém que tinha paixão pela vida. Uma paixão real.

Por vivê-la. Explora-la.

Chel diz: Isso é fascinante.

Frankie diz: Eu gosto de um trecho do livro de Aldous Huxley, Admiravel Mundo novo. Ele define bem como eu sou. Já ouviu falar?

Chel diz: Não.

Frankie diz: É uma bela obra, você deveria ler. O trecho é mais ou menos assim: Mas eu não quero conforto. Quero a poesia, quero o perigo autentico, quero a liberdade, quero a bondade. Quero o pecado.

Aquela frase era meu oposto.

Respiro fundo.

Frankie tinha algo especial, não só em suas palavras, mas também com a forma que via a vida. Ele não era fútil ou malicioso. Conversar com ele, era como conversar com um bom e velho amigo.

O conhecia tão pouco. Só algumas horas.

Não sabia se Frankie era seu verdadeiro nome, quem era, aonde vivia.

Mas aquilo tudo parecia tão pequeno.

Quer dizer, convivemos com estranhos que conhecemos. Então, conviver com Frankie, não seria muito diferente.

Frankie era fascinante. Um poeta, talvez.

Ele era meu oposto.

Chel diz: Você é intenso.

Frankie diz: Você é doce, Chel.

Meus lábios abrem um sorriso, a quanto tempo não recebia um elogio como aquele, tão inesperado e genuíno.

Frankie diz: Por que está aqui? Você não é como as pessoas que costumam frequentar esse lugar.

Meus olhos percorram a pergunta de Frankie. Talvez, se ela soubesse o real motivo pelo qual estava aqui, ela não me achasse tão doce assim.

Chel diz: Eu sou uma pessoa curiosa.

Frankie diz: Sempre disposta a experimentar coisas novas?

Chel diz: Sim.

Menti.

A minha zona de conforto virou minha morada há muitos anos.

Frankie diz: Já achamos algo em comum, Chel.

Chel diz: Eu tenho certeza que sim, Frankie.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Espero que tenha gostado. Até o próximo capitulo, pessoal!



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