Tem uma história
de uma ela qualquer
que ficava entre os cadernos e os livros
pensando em alguma outra coisa.
Ela passou andar descalça
para ver se conseguia correr no pasto
atrás de uns cavalos coloridos
que só existiam em Platinplanto
E aí ela iria roubar os cavalos
e dar para algum outro alguém.
Também costurava na varanda da avó
que cozinhava no fogão a lenha.
E naquele dia ela esta costurando uma caveira roxa
Para algum outro alguém.
Ela se afundava cada vez mais na carteira da escola
pensando em Química Orgânica e vestidos de renda
para poder olhar no espelho.
Alguém pra favor avise para ela que ela não nasceu
pra ser bonita e pra chamar a atenção
Será que ela realmente acha que alguém se importa com ela?
Pelo menos ela continua sonhando com alguma coisa
Por que todo dia ela sobe um degrau. 
Mesmo que ela fique cada vez melhor
pensando em outros
Ela não passará disso. 
As pessoas vão dizer obrigado
E depois a transformarão em tijolos para um muro
Então se alguém quiser contar essa história de novo,
conte na primeira pessoa. 
Porque ela foi deixada no vento,
e se desfez em pétalas murchas,
e ninguém viu, e nem se lembrou.
Ela era ninguém.