Eu, filho de Severus Snape? Nunca! escrita por AFM


Capítulo 14
Os olhos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, aqui está mais um capítulo, espero que gostem!

Agradeço à todos que leem e acompanham minha história e principalmente aos que comentaram o último capítulo: "Taw", " sakurita1544", "Maylaila Black", "CatrinaEvans", "Anne Marrie Vroengard", "haynny", "Vívian R", "Gabi Rollins" e "fantasminha".



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Snape estava pensativo, sentado em seu escritório. À todo momento, as palavras que seu pai lhe dissera sobre Harry pareciam bombardear sua mente.

–Eu não nasci para ser pai -Snape disse em baixo tom.- Mas já que sou, irei resolver esta situação de uma vez por todas.

Snape levantou-se de sua cadeira e subiu até o quarto de Harry. Entrou devagar, no entanto sem bater na porta. O garoto estava deitado na cama encarando o teto. Sua mente se encontrava tão distante naquele momento que não percebera que Snape estava diante de sua cama.

–Harry -disse Snape com cautela para não assustar o garoto.

Harry imediatamente voltara seu olhar à Snape, em um pequeno susto.

–O que o senhor quer? -perguntou ríspido.

–Olha -disse Snape tentando encontrar as palavras certas-, eu sei que está confuso com essa situação toda. Eu também estou -confessou olhando para a cara amargurada do garoto.- Na verdade, várias vezes eu quis me esconder dentro de um buraco porque não sei lidar muito bem com qualquer situação que envolva sentimentos.

Harry agora abandonara a expressão amarga em seu rosto. Estava com raiva do professor, mas, naquele momento, começou a sentir um pouco de pena do homem. Ele não parecia mais aquele professor casca-grossa. Estava realmente tentando se entender com ele, mas tinha uma imensa dificuldade em expressar seus sentimentos.

–Se você quiser, pode sair -Snape disse fazendo com que Harry arregalasse um pouco os olhos e abrisse um pequeno sorriso no canto da boca.- Pra começar, eu nunca deveria ter mandado você ficar confinado dia todo na casa.

–Tá bom -respondeu Harry.

–Já está na hora do almoço. Por que você não vem comer?

–Eu não estou com muita fome.

–Vamos, prove a comida da Winky. É tão saborosa que dá até pena de comer. Às vezes eu quero até dependurar na parede, como um monumento -disse arrancando uma pequena gargalhada de Harry.

Harry se levantou e caminhou em direção à sala de jantar sendo logo seguido por Snape. Chegando lá, encontraram Tobias sentado à mesa com um grafo e uma faca, cada um em uma mão.

–O que você ainda está fazendo aqui? perguntou Snape nada feliz em ver o pai.

–Estou esperando o almoço sair.

–Depois do que você fez, como ainda tem a coragem de continuar aqui?

–Por que a culpa é só minha? Ele também fez coisa errada -disse apontando para Harry, notando que ele fizera as pazes com Severus- e pelo visto vocês já fizeram as pazes.

–Crianças cometem erros, adultos não deveriam, ainda mais um tão grotesco como o de hoje.

–Olha, eu não estou obrigando você à conversar comigo, apenas vou ficar e comer.

Snape olhou para a cara de Tobias nada feliz, mas achou que não valia à pena discutir, então se sentou e logo foi seguido de Harry.

Winky entrou na sala de janta e se surpreendeu ao ver tanta gente.

–Nossa, geralmente só o senhor Snape come aqui! Nunca nessa casa teve tanta gente para comer -falou a pequena contente.- É como se a família tivesse aumentado, porque eu até já me sinto parte da família -disse sorrindo, um tanto rosada nas bochechas.

–Se sente, mas não é -disse Snape fazendo a elfa entristecer, recebendo imediatamente um olhar repreensivo de Harry, então logo se retratou.- Claro que você é da família.

A pequena elfa voltou à reluzir um grande sorriso em sua face.

–Já que você é parte da família -disse Snape-, porque não apressa o almoço pois a sua família está com fome.

–Claro senhor, com licença -disse saindo em direção à cozinha.

–Ei Harry -disse Tobias-, que aulas vocês bruxos aprendem?

–Bom..., nós temos aulas de Poções -disse olhando para cima, tentando se lembrar-, de Herbologia, de defesa Contra as Artes das Trevas..., tem várias.

–Aposto que deve ser legal. Na minha época de escola só estudava matemática, história, física -fez uma careta ao falar desta.

–Na época em que eu não sabia ainda que era um bruxo, também frequentava essas aulas.

–E em qual você era melhor?

–Na de correr.

–Na Educação Física você quis dizer?

–Não na de correr mesmo. As outras crianças podem ser muito cruéis, sabia? Ainda mais comigo que era magricelo e baixinho, sem contar que tinha o meu primo Duda para incitar a raiva dos alunos contra mim.

–Nossa -disse Tobias impressionado.- Eu também era bom nesse tipo de corrida.

–O senhor também corria para não apanhar?

–Não, eu corria para bater.

–Por favor -repreendeu Severus o pai-, isso não é assunto para a hora do almoço, aliás para qualquer hora.

–Finalmente! -exclamou Tobias quando Winky chegou com uma enorme bandeja farta de comida. Ela serviu-a na mesa e logo se retirou.

Tobias comia como se nunca tivesse comido na vida. Harry e Snape comiam moderadamente e, de vez em quando, olhavam assustados à montanha de comida no prato do homem mais velho.

–Nossa, tava uma delícia -Tobias falou colocando a mão na barriga, satisfeito.

Winky voltou à mesa e recolheu os pratos. No instante seguinte trouxe uma deliciosa sobremesa que fez os olhos de Harry brilharem e a boca de Tobias encher de baba. Era um bolo de chocolate cheio de cobertura e granulado que era servido com sorvete de baunilha. Enquanto todos comiam, Harry disse olhando para Snape:

–Posso perguntar uma coisa?

–Se eu puder responder, sim.

–Sabe..., todo mundo na escola, confesso que inclusive eu, achava que a casa do senhor era bem parecida com Azkaban -falou fazendo Snape ficar sério e Tobias sorrir.

–E qual é a pergunta? -disse Snape parecendo impaciente.

–Por que ela é tão colorida? Sabe, ela tem até um jardim!

–Eu sei o porquê -afirmou Tobias abrindo um malicioso sorriso.

–O senhor não sabe de nada, eu nunca lhe contei, aliás não tem porque eu ter contado, já que não tem mistério nenhum. Ora, se eu pintasse a casa toda com uma cor forte, cansaria minha visão, por isso pintei com uma cor clara. E o jardim é porque eu cultivo ingredientes para as poções.

–Não é nada -disse Harry incrédulo.

–Por que você sempre quer ver além? -disse Snape mudando completamente de tom, tornando-o cheio de raiva, o que assustou Harry.- Às vezes as coisas são o que aparentam ser! Não precisa ficar bancando o detetive à todo momento.

Tobias encarava o filho com um olhar repreensivo por ter falado daquela maneira ríspida com o garoto, que apenas lhe fez uma pergunta simples. Já Harry, no começo olhara assustado à reação extrema de Snape, mas depois seu olhar se tornou raivoso, fazendo com que se levantasse da mesa bruscamente e subisse, à passos fortes e largos, as escadas em direção à seu quarto.

–Você faz isso de propósito? -Tobias perguntou à Snape limpando a boca suja de chocolate com um guardanapo.

Snape nem respondeu à pergunta. Levantou-se e foi até o quarto de Harry com o remorso expressivo em seu rosto. Harry estava deitado na cama, de cara amarrada, e não gostou quando viu Snape entrar.

–Sai daqui, eu não quero falar com você.

–Desculpe ter falado com você daquela maneira, é que esse assunto não me deixa confortável.

–Mas eu só perguntei sobre uma cor de tinta! -exclamou admirado.- Não sabia que o senhor era tão sensível.

–Não é só isso!

–Então o que é? Pela sua reação deve ser grave.

–É melhor deixarmos para lá. Você aceita as minhas desculpas?

–Só se você me disser porque ficou daquele jeito.

–Não.

–Então não está desculpado -disse Harry, dando as costas para Snape emburrado.

Severus virou os olhos, deu um longo suspiro e finalmente disse:

–É porque é a cor dos olhos dela.

Harry virou surpreso, sem entender o que aquilo queria dizer.

–Olhos dela? De quem? E o que isso tem haver? -Harry perguntou começando à achar que Snape ficara louco.

–Os olhos de sua mãe e por acaso os seus também -disse olhando fundo nos olhos verdes do garoto.- Sabia que quando eu era criança, morava atrás da casa dela?

–Não -respondeu Harry intrigado.

–Nós nos conhecemos ainda pequenos. Inclusive fui eu que apresentei o mundo bruxo à ela, já que a família dela era de trouxas. Sua tia Petúnia implicava à todo instante dizendo que ela era louca por fazer coisas estranhas acontecerem. Uma vez eu encontrei Lílian muito triste, próximo à uma árvore e quando perguntei o motivo, ela me confessou que achava que estava ficando louca. Foi aí que expliquei sobre Hogwarts -disse Snape de uma maneira que ninguém provavelmente nunca ouvira: calmo, sereno e feliz.

Harry escutava cada palavra com toda a sua atenção, afinal, sempre quis saber como sua mãe era, mas seus tios nunca falavam dela e ai dele se perguntasse alguma coisa.

–Quando soube de sua morte -continuou Snape-, eu senti que meu mundo desabara. Fiquei completamente sem chão, então me livrei de tudo que me lembrava ela. Mas logo vi que não conseguia viver longe de sua doce lembrança, então aprendi à lembrar sem sofrimento. Por isso pintei toda a casa de verde-claro. A sua mãe possuía algo raro de se encontrar: o olhar. E não me refiro somente à cor. Quando ela olhava nos olhos de alguém, era como se lesse cada centímetro do corpo do indivíduo, como um dom. Olhá-los acalmava minha alma por dentro, não importasse a gravidade da situação.

Snape não estava conversando com Harry, estava desabafando. Falava como se estivesse colocando todos seus sentimentos para fora. Harry estava ao mesmo tempo surpreso e encantado ao ouvir aquela história tão bonita vindo de uma pessoa que até pouco tempo achava que não possuía sequer um coração.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem e deixem suas opiniões nos comentários, OK?