Insurgent's Attack - Interativa escrita por MaryDuda2000


Capítulo 12
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Notas iniciais do capítulo

Nem demorei, viram?!
Gente, sei que tinha deixado a fic anteriormente em hiatus. Estava me dedicando a uma outra história e mesmo que isso não seja justificativa, espero que me perdoem e não abandonei Insurgent's Attack. Essa já é a segunda temporada de uma história inteira, qual seria o sentido de abandonar tudo agora? A presença de vocês, comentando ou não, faz sim essa autora aqui feliz. Muito obrigada e boa leitura!



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— Faz alguma ideia de onde estamos indo? – perguntou Paula, deslizando calmamente a mão pela nuca. – Isso aqui está parecendo só... mato!

— Talvez porque nós estejamos caminhando pela grama, não acha? – respondeu Raven, segurando as roupas, sentindo enorme calor devido ao tecido grosso das peças. – Para onde estamos indo, afinal?

Peter se viu encarado pelas duas, engoliu a seco e deu um sorriso de lado.

— Acho que temos que ir logo. Não vai demorar muito para acabar o horário de trabalho e estamos exatamente no meio do nada.

— Isso não responde nada. – Paula bufou, dando uma boa olhada em volta.

— Podemos direto para a Franqueza. Tenho alguns conhecidos por lá. Tudo bem que não nos falamos tem um bom tempo, mas pelo menos vamos ter onde passar a noite. Sem contar que não está tão longe daqui. – ele abriu um pequeno papel onde estava rascunhado um mapa.

Raven se aproximou e num movimento rápido, tomou-o do rapaz. Rodou o olhar de lado a outro, observando a pira ao longe, onde o sol era refletido no vidro.

— É para lá! – arrumou novamente a vestimenta da melhor maneira possível, acelerando os passos, encarando fixamente o chão quando passava alguém.

— Não acho que estamos conseguindo enganar ela... – comentou Peter de maneira que Raven não escutasse.

Paula o encarou com maxilar cerrado, abrindo a boca um tanto, como se fosse para retrucar, mas somente bateu os pés e seguiu a passos ágeis para o encontro da loira.

— Eu ainda vou conquistar essa garota... – Peter as seguiu.

*******

Apesar do banho tomado e todo relaxamento que pôde aproveitar do mesmo, tirando as camadas e mais camadas de sujeira e sangue seco que teve que limpar com todo cuidado sobre os pontos recém-traçados por sua pele, Luke sentia-se estranhamente sujo.

As roupas que sua mãe tinha separado ainda lhe cabiam perfeitamente. Para dizer a verdade, achou que a camisa de botões frontais ficara até melhor agora, já que não era tão franzino. Seus ombros mais largos o faziam parecer mais alto.

O último problema que restava era o cabelo. Sua mãe sempre foi criteriosa quanto a isso. Curto sim, raspado nunca. Parece indigente. Com o tempo na Audácia, assim que conseguiu entrar de fato para a facção, do pouco que ainda conseguia se lembrar da época, comprou uma e raspou qualquer resquício de fios loiros que tivessem em sua cabeça. Não gostou muito do resultado, mas agora estava ridículo de tão grande.

Pegou a tesoura na primeira gaveta, penteou o cabelo para o alto, repicando os fios aleatoriamente, nunca tentativa fraca de tentar deixar linhado. Assim que terminou, secou os fios restantes, tirando qualquer mecha que tinha caído sobre a camisa azul clara, jogando no lixo.

Uma batida simples se fez na porta do quarto e deslizou rapidamente o olhar para quem ali estava. Um rapaz loiro, com olhos claros, alto, mas tipicamente vestido como alguém da Erudição em seu terno azul marinho com gravada rajada de azul claro e escuro. Trazia um óculos nos rostos, apesar de duvidar se realmente precisasse dele.

— Olá? – Luke quebrou o silêncio.

O rapaz, por sua vez, limpou a garganta e arrumou a postura, sorrindo simpaticamente, ainda que não mostrasse os dentes.

— A senhorita Hayley me solicitou para que viesse aqui ver como estava sua recuperação. Como se sente?

— Bem e você? Esse terno parece meio sufocante... Ou você está meio tenso? – arqueou levemente a sobrancelha.

— O dia está realmente bem abafado. – respondeu de imediato. – Desculpe minha falta de educação. Nem mesmo me apresentei. Sou Caleb Prior.

— Minha mãe só pediu mesmo para que viesse aqui e me visse? Eu estou bem. Pode dizer isso a ela.

— Não foi só isso. – tirou do bolso uma pequena caixinha branca retangular com não mais de cinco centímetros de comprimento e três de largura, entregando a Luke. – São alguns analgésicos que vão ajudar a diminuir a dor do ferimento. Sua mãe disse também que não é para você passar nada no ferimento até que ela chegue.

— Entendi. – Luke sentou-se na cama, enchendo o copo de água que estava sobre o criado-mudo (na jarra) e pegando um comprimido qualquer.

— Não. Tem que pegar o que está no compartimento amarelo. Daqui à uma hora, tome o que está no compartimento branco e, na hora do jantar, o comprimido azul. – interveio o rapaz.

Luke pegou o comprimido, colocando na boca e bebendo de uma só vez toda água que continha no copo.

— Como tem sido as coisas aqui na Erudição nesse meio tempo que estivesse fora? Minha mãe disse algo sobre uma traição.

Caleb assentiu, focalizando o chão por alguns segundos, voltando para Luke. Ele realmente não se lembrava dos vagos momentos em que se esbarraram no acampamento “fora” dos muros?

— Problemas com a Abnegação. Eles estavam querendo reder informações e deixando seu lema altruísta de lado para conseguir tudo para seu bel prazer. – disse, sem hesitar em momento algum ao denegrir a antiga facção. –  O líder deles, Marcus, assim como outros membros estavam deixando de cumprir seus deveres como principais atuantes da distribuição da cidade. Preferiam dar o que nos pertencia a membros Sem-facção. Dá para imaginar uma coisa dessas?

— Não.

Respondeu calmamente, forçando-se a lembrar de qualquer coisa que correspondesse ao ocorrido. Afinal, ele era da Audácia e em situações como aquela, seria uma ótima situação para fazer as defesas da cidade além das fronteiras.

— E no que deu isso?

— Então, – prosseguiu Caleb, ainda parado na entrada da porta. – Jeanine, nossa líder aqui na Erudição, entrou em contato com alguns dos chefes da Audácia, que também não gostaram nenhum pouco desse abuso. Mandaram algumas tropas para averiguar o que aconteceu, mas certo grupo insurgente se meteu entre eles, ficando ao lado da Abnegação e traindo a própria facção, o que é um grande erro, porque...

— Facção antes do sangue. – Luke interveio, olhando Caleb fixamente de maneira pouco mais séria. – Essa frase não se liga exatamente a sangue ou família, mas quer dizer que a facção deve ser mais importante que tudo e que devemos ser fieis a ela.

— Isso! Nessa revolta toda, alguns tentaram sabotar os planos da Audácia, ainda infiltrados. Pelo que Hayley me disse, você acabou descobrindo a traição de uma garota e ela te esfaqueou. Você perdeu muito sangue e ficou dois dias desacordado.

Aquilo era simplesmente algo novo. Caleb ainda não tinha acesso direto com os experimentos que Hayley estava desenvolvendo, somente com alguns sistemas de reconhecimento a divergente que estava trabalhando com Jeanine, entretanto já tinha escutado falar sobre os projetos de manipulação de soros. Era simplesmente formidável e até mesmo um pouco estranho o modo como Luke nem mesmo o reconhecia.

— Mas... Eu não fiz curso na área de saúde ou manipulação de medicamentos enquanto estava na Erudição. Bom, eu não sei se por acaso você é transferido ou daqui, mas nascidos na Erudição só vão para a escola, voltam e estudam, para estarem bem aptos a passar sem problemas na iniciação.

— Sou transferido. – retrucou Caleb, vendo Luke se levantar.

— De qual facção? – Luke encheu o copo novamente, bebendo-o de uma só vez.

Talvez o tempo que estive em coma, não tivessem lhe dado nada. Estar hospitalizado na Audácia não era a mesma coisa que na Erudição.

Lá, eles faziam os métodos de cura quase ao natural, tirando os hematomas mais graves, porém deixando as cicatrizes, pois deveriam formar verdadeiros combatentes. Já na Erudição, eles faziam tudo de maneira que fosse quase indolor. Se necessário, usam dos doentes de cobaias, mas sempre, pelo menos na maioria das vezes, obtinham êxito.

— Eu preciso comer alguma coisa. Por acaso está servido?

Luke passou por Caleb, descendo devagar a escada. A cada degrau sentia uma pontada forte na ferida. Os pontos estavam coçando de maneira insistente, porém eram feios e frágeis. Qualquer toque poderia arrebentar e piorar tudo.  Caleb desceu logo em seguida, ainda calado.

— Não sou nenhum mestre cuca, mas sei fazer uma omelete muito boa.

Caminhou até a cozinha, pegando a primeira panela que viu no armário, indo até a geladeira e pegando os ovos e o restante dos ingredientes.

— Você passa a maior parte do dia aqui? Digo, não ia em momento algum ao trabalho da sua mãe para tentar ver mais diversas áreas de trabalho? Poderia ter se encantado com a biologia animal ou as análises genéticas e ficado na Erudição.

— Eu segui o que deu meu teste de aptidão. – mentiu.

Apesar de não estar com a mente clara, o que poderia ser apenas um efeito colateral do ataque que sofrera, conseguia se lembrar da constante indecisão da véspera da escolha. Já tinha escutado sua mãe falar sobre casos de divergência e odiava pensar que aquilo poderia torna-lo incapaz de participar da facção, foi um dos motivos de deixar Candice e os pais para trás e seguir para a Audácia.

— Eu também, mas tudo é um a questão de escolha.

— Eu sei. – cortou os ingredientes e foi adicionando a panela. – Sabe mais sobre o que aconteceu nesse meio tempo entre a repreensão da Abnegação até agora?

— Cerca de duas semanas, quase três. Tudo foi organizado em parceria com a corja defeituosa que está em meio a nossa sociedade. Esse é um dos trabalhos que Jeanine está realizando para tentar ver quais são os defeitos genéticos que imunizam eles dos soros para que possa controlar os demais.

— Eles quem? – Luke terminou o preparo, pegando dois pratos.

— Divergentes!

*******

Estava quase escurecendo quando Paula, Raven e Peter chegaram ao Complexo da Franqueza. Ao olhar mais próximo, podia se ver o lugar ser quase rodeado de duas ruas com construções inabitadas, assim como um vasto campo separada a Franqueza da Amizade. 

Peter abriu facilmente a porta, dando espaço para as garotas entrarem logo em seguida. Para um lugar a princípio abandonado, aquilo até que estava bem equipado e arrumado.

Nas casas ao lado, podia ainda ser visto pelas janelas alguns trapos ou maçanetas quebradas, onde alguns Sem-facções se instalavam de tempos em tempos, contudo, nessa, somente a aparência ao lado de fora que estava denegrida.

Ao interior, trazia um perfume artificial incomparável. As paredes estavam um tanto manchadas em proximidades do teto e a tinta inchava. Um sofá de três lugares, uma poltrona, uma mesa e duas cadeiras estavam cobertos por um tecido sintético fino em coloração cinza.

Talvez sejam antigos lençóis da Abnegação, pensou Raven, tirando o tecido de cima da poltrona e se sentando na mesma, encolhendo seus pés para caber por completo, o que não foi tão difícil devido seu tamanho.

— Esse lugar é bem conservado até para estar abandonado... – comentou Raven, deslizando o olhar de Paula para Peter.

— Digamos que era aqui que a Erudição e a Franqueza se reuniam em ocasiões não oficiais para discutir certos assuntos... – comentou Paula, puxando uma das cadeiras para se sentar.

O lugar estava escuro e passar o dia inteiro sem seus óculos não estava ajudando com sua miopia. Claro que Paula sabia o motivo de não usar óculos: precisava se parecer o máximo com a falecida Hiendi. Essa foi a missão que Hayley a passou e, se descumprisse, teria consequências não tão favoráveis.

— Eu vou dar uma volta para ver se acho meu amigo e já volto. – Peter se aproximou da porta.

 Antes que girasse a maçaneta, sentiu a mão de Raven cobrir a sua.

— Por acaso esse seu amigo não é um seguidor de Jeanine que vai tentar me entregar, não é?! Porque eu posso acabar com você assim que eu descobrir.

— Não! – ergueu as sobrancelhas, olhando de lado a outro, como que a acusação fosse completamente ilógica. – Vou ver se consigo algo para comermos e, se bobear, até uma roupa decente para você.

— Não precisa se preocupar. – Paula disse atrás dela. – Ele não seria louco de nos entregar, até porque, se for por Jeanine ter divergentes na mão, eu acabaria sendo mais uma cobaia... – disse de maneira mais sentida.

Raven o soltou, vendo o mesmo sair e o encarando até que virasse a rua. Em seguida, fechou a porta, passando a tranca, virando-se para Paula.

— Vai me dizer mesmo que vocês estão passando pelo Complexo da Erudição sem nenhum pouco de malícia em pleno o horário de funcionamento para fugir deles? Esse de longe seria o plano mais ridículo já feio.

A voz de Raven começou a ficar mais séria, dando passos lentos até Paula sem nem mesmo se importar com suas pernas a mostra pela roupa larga e pequena, pois a camisa branca não cobria abaixo de seus joelhos e o jaleco azul claro era grosso demais para aquele anoitecer caloroso.

— Olha, eu sei que você pode me achar a pessoa mais estranha, só que eu posso explicar. – Paula deu alguns passos para trás, molhando os lábios e sentindo o assento da poltrona bater a seu joelho.

— Eu tenho uma filha e quero saber logo toda a verdade, porque eu sei que estão cuidando dela, mas com o seu namoradinho trancado lá fora, duvido que tenha alguém para cuidar de você.

Paula não tinha sido tão esperta assim. Precisava driblar Raven e manter seu foco na missão, seja lá qual realmente fosse. Por sorte, a loira não corria risco de achar o comunicador.

— Eu sou irmã da Hiendi. – sorriu fraco, esfregando o próprio braço, envergonhada.

— Por que será que eu não consigo acreditar em você?

— Pelo simples fato de não querer! – Paula se levantou, pegando os óculos da bolsa.

Era tão bom poder enxergar normalmente de novo. A lente estava um pouco suja, mas não ia perder a chance de falar.

— Eu sei que você estava fugida esse tempo todo. Sei também que você tem uma filha e estava escapando da casa do pai do seu ex namoradinho. Eu sei porque Jeffrey infernizou cada instante da minha vida me usando de cobaia para seus testes quando Jeanine não gostava de suas propostas.

— Mas por que raios ele faria isso? – Raven a encarou, com olhos cerrados, tentando achar um pingo de coerência naquilo tudo.

— Porque aquele desgraçado é meu pai. – Paula confessou com expressão de nojo.

*******

Hayley sentiu o pequenino aparelho que trazia no bolso vibrar. Deixou Caleb e Luke conversando na sala. Seu filho estava reagindo incrivelmente bem ao sistema do soro e aquilo seria fundamental para saber os efeitos que dariam dali para dentre.

Trancando-se no quarto. Digitou uma rápida senha de dois números e três letras intercaladas. A imagem do rapaz moreno se fez em projeção holográfica.

— Olá, Peter! Como está indo?

— Conseguimos nos aproximar de uma das divergentes. Acho que Jeffrey a pegou para fazer algumas experiências... – comentou o rapaz, olhando em volta.

— Ah! Então foi por isso que ele veio falar comigo hoje. Enfim, tentem encontrar os outros e aproveitem para “fazer amizade” com os outros. Quero que você e Paula fiquem de olho no comportamento deles. Vou passar informações da próxima etapa logo.

— Tudo bem, Hay! – sorriu, vendo a expressão completamente sem emoção da outra. – Digo, senhorita Hayley.

— Melhor assim!

E desligou o aparelho.


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Notas finais do capítulo

Que tal mais um capítulo no próximo sábado?
Vamos aproveitar enquanto a história está fluindo para matar um pouquinho a saudades do pessoal, não é mesmo?! Sem contar que estarei inserindo bastante cenas suspeitas para que saibam o que estavam rolando enquanto nossa equipe estava "fora" da cerca.
Então já estejam ao aguardo!



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