Meu Psicopata de Estimação escrita por Felipe Araújo


Capítulo 19
Penúltimo Capítulo - Laços Cortados


Notas iniciais do capítulo

Olá meus lindjos, desculpe pela demora, mas segue a atualização. Como todos sabem a história dos irmãos está chegando ao fim, mas quero agradecer desde já por todos que chegaram até aqui comigo, ufa, está sendo um caminho bom e prospero. Mas tudo que é bom dura pouco (ou o tempo bastante para se tornar inesquecível?) ui. Enfim, quero convidar todos vocês para lerem LABIRINTO DA CURA, que já está postada, entrem em meu perfil e deem uma olhada. Essa será a original que começara a ser postada no lugar dessa, quero todos lá, por favor! hihi



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O rosto de Edgar muda no mesmo instante que escuta as palavras gritadas de Anne. Ester para e olha para o maníaco a sua frente. Ele observa a garota de cabelo vermelho a sua frente e sorri. Não acredita no que Anne vocifera, apenas olha por cima do ombro e berra ainda mais alto que a menina desorientada pelo medo extremo.

— Cale-se sua desgraçada, quer mesmo que acredite no que diz? — Ela fica de joelhos e chora, Lucas fraco e cuspindo sangue tenta ajudar.

— Edgar é verdade, Ester não é sua irmã ela mentiu esse tempo inteiro. Você foi adotado pelos Castrinni. — O homem leva os dedos até sua testa passando delicadamente sua mão suja das entranhas de Sheyla em suas madeixas lisas e soadas, é um ato descarado de deboche. Ester tem seus olhos trêmulos de medo por saber que os dois gritam a verdade. Mas sabe que não terá chances se Edgar por um minuto acreditar, decide fazer as coisas acontecerem. Pega uma arma que esconde de baixo de seu vestido, a mesma arma que feriu gravemente a mãe de Lucas.

— Não temos tempo de brincar, vou matar primeiro o menor. — Ester aponta para Patrick no chão, o menino ensanguentado levanta um dos braços em sinal de desespero.

Lucas puxa seus punhos presos e não aguenta de dor. A pele está rasgando pelas farpas de metal cravadas, perde muito sangue e suas pernas quase não o sustentam. A cena em sua frente é de um pesadelo sem fim, tudo parece acabar aos poucos, sua vida fora destruída. Sua mãe quase morta com um tiro, ele já nem tem notícias. O que vai fazer para salvar seu irmãozinho? Por aquela que um dia sentiu um amor repentino transformou-se no ódio. Não sabe quem é o pior, se é Edgar ou Ester. Mas olhando para os dois sabe: terá que jogar um contra o outro.

— Pare Ester! Edgar ela mentiu para você a sua vida inteira.

— Não fale idiotices Lucas, vou matar. — Ester responder.

— Edgar, essa mulher que está em sua frente te enganou, não é sua irmã. Fez seus pais biológicos te odiarem, te trancou a vida inteira em um porão e acabou moldando o que há dentro de você.

Edgar por um momento começa a lembrar de sua vida. Lembra de quando era pequeno, na época que Ester nascera. Seus pais o trataram como lixo, esqueceram do pequeno garotinho de sorriso fácil e largo. Começa lembrar das ceias de Natal e festas de fim de ano que não ganhava presentes, do tanto que chorava em silêncio. Das reuniões de amigos de seu pai na sala de estar que ele era trancafiado no quarto para não ser reconhecido. Tratado como um doente que só estaria seguro longe dos olhares de terceiros.

O que vem em sua mente é alguns comprimidos, verde e vermelho. Grandes e ruins de serem engolidos, tinha que fazer força e jogar muita água para digerir. As dores de cabeças, as tonturas e principalmente a vontade de morrer. Mas fazia o gosto da doce garota de olhar calmo e acolhedor. Edgar caia nas artimanhas de Ester, tomava os remédios, pois assim acreditava que se curaria da doença que supostamente que tinha. Se tomasse aquilo sararia e os pais o amaria novamente. Mas não, com o tempo a única pessoa que ainda beijava seu rosto e dava carinho era Ester — mesmo Lusia sua babá dando amor, não era igual, — pois Ester era sua família de “sangue”. Quantas noites passou delirando, ouvindo vozes dizendo para ele sair daquele porão e matar todos, para ele conseguir o tão sonhado aconchego. Com a morte, Ester ficaria só com ele, todavia: será que isso era o certo?

— Será que é o certo? — Ele grita ao lado de Ester, a garota tira a mira da arma de Patrick e joga sua atenção para o irmão.

— O que foi Ed?

— Ester, você é minha irmã?

— Claro, nascemos do mesmo útero. — Edgar tinha problemas em lembrar de certas coisas, talvez por quase sempre estar entupido de drogas. Porém lembra do dia que Lusia saiu de sua casa e foi embora, a velha não parava de dizer — Ester te engana.

— Mentira!

— Do que está falando, não me diga que acredita neles? — Edgar vai em direção a Ester pegando em seu pescoço e erguendo-a. Ester arfa, ele continua.

— Eu matei todos por sua culpa, imagino se não tivesse envenenado eles com suas mentiras... — Ele berra sobre a face da garota, — poderia ser tudo diferente. Eles me amariam, e não precisava ser assim.

— Me solta-a-a – ela tenta se soltar, Edgar segura sua mão e pega a arma.

— Você me drogava para que eu saísse de mim, que o ser dentro de mim criado por você entrasse em ação. NÃO É?

— Não meu amor, eu te dava os remédios para você se curar. Mas eles queriam tirar você de mim, por isso tivemos que matar...

Enquanto os dois iam debatendo, Anne levanta do chão e anda cautelosa até Patrick. É o momento perfeito para uma fuga, já que os dois discutem e não prestam atenção neles. Se tudo fosse como planejado, Edgar mataria Ester e o que tinham que fazer é sumir dali e deixar a polícia com o resto. Anne chega até o garotinho ferido. Segurando-o pelo ombro ambos se arrastam pelo galpão enorme em buscar de ajudar Lucas que assiste tudo apreensivo.

A cena é como uma tempestade em alto-mar. Com ondas devastando um barco a deriva, como se — livrar de ondas no meio do oceano? — Edgar é a tempestade e Ester as ondas violentas, se nadarem morrem afogados. Se ficarem morrem com as ondas, um devaneio de morte e tristeza. Anne coloca Patrick atrás do palco e parte para soltar Lucas. Os assassinos ainda conversam.

— Edgar me escute, eu imploro!

— Me diga o motivo de ter me usado. — Ele larga Ester e a joga para longe. Edgar com seu sobretudo negro, sua roupa surrada e cheia de sangue encara a moça com olhos devoradores. Ela leva uma das mãos até o celular e aperta um aplicativo. No mesmo instante as caixas de som começam a emitir uma música.

— Tiptoe Through the Tulips, você gosta dessa música não gosta Ed, sempre que toca você se acalma e deita no meu colo. — Lucas e Anne olham aquela melodia estranha pairar sobre o local, mas a garota de cabelo castanho e determinada tenta de todas as formas soltar o rapaz, entretanto os arames estão esfolados sobre a pele dele. Edgar observa tudo ao seu redor, parece absorver o som de cabeça baixa.

Ester sorri de canto e sabe que o lado descontrolado do irmão adormece quando escuta uma melodia calma e transparente. Ela delicada levanta do chão com um olhar sarcástico, dá de ombro pro psicopata e observa a rival tentando libertar Lucas. Caminha como se desfilasse, Anne entra em desespero maior quando vê Edgar parado e Ester vindo em sua direção. Murmura para Lucas.

— Lucas, você terá que aguentar a dor.

— Faça o que for, vamos! — Ela puxa com rapidez o punho de Lucas, rasgando o mesmo ainda mais, por consequência afrouxa os arames conseguindo libertá-lo. Lucas quase cai quando sente que seus punhos estão soltos, mas consegue permanecer em pé, forte o suficiente para gritar com a garota que causará tamanha dor.

— Ester, você deveria prestar mais atenção nos seus bichos de estimação. — Ela não entende, mas não por muito tempo. Ester é acertada com uma facada nas costas por Edgar.

No chão e sangrando ela olha profundamente nos olhos de Edgar, que retribui o olhar devastador. Sem ao menos se falarem, ele coloca a máscara de ferro, tira a faca da pele da “irmã” e partir para o jogo de palavras. Ele gargalha

— Satisfeita com o que você criou?

— Mas, como assim? Porque não dormiu?

— Sua vadia de quinta, eu não sou mais o Edgar, sou mais que isso. Eu me libertei de você, quebrei as correntes do meu calcanhar. Aquelas correntes que me prendiam a você.

— Nunca te prendi, apenas te livrei desse mundo. Olhe a sua volta, só pessoas ruins. Eles me humilharam, me maltrataram para rirem, e você matou eles! Por mim.

— No começo achei que era por você. Mas não, eu vejo um mundo livre de Ester Castrinni, eu vejo um mundo melhor sem você. Vou matar todos que entrarem em meu caminho, e todos que me usaram. Inclusive você que me enganou. Ester, prazer. Me chamo Edgar um homem que você não conhece, não deveria ter conhecido, pois vou te estripar assim como estriparei aqueles que estão presentes nessa linda noite.

Ester soluça de pavor, nunca escutara nada assim. Depois do discurso ela sabe que não é mais vista como um amor, e sim, como uma simples vitima. Tenta levantar com a ferida em seu ombro, com muita força consegue. Lucas e Anne não estão mais no palco, junto com Patrick tentam sair do galpão.

A ruiva se revolta, pega a arma e percebe que tem apenas uma bala. Se acertar Edgar ela pode matá-lo, mas não quer perder Lucas para Anne nem neste momento, não quer se sentir inferior a desgraçada que arruinou seus planos. Se não fosse por Anne tudo estaria bem, e Edgar não teria descoberto que ela mentia. Ela morde o lábio, indecisa, entretanto decide executar o plano B. Mira descaradamente para dois barris de gasolina velha que colocou próxima a saída. E grita com todas as forças.

— Lucas meu querido, você não será dela. —A bala percorre o caminha trassado, Lucas arregala os olhos e se joga ao chão assim que escuta a voz de Ester. Na sequência um clarão, calor... Fogo por todos os lados. Os barris explodiram e levam a destruição com eles.

Anne, Patrick e Lucas são lançados contra a parede e alguns destroços caem por cima deles. O fogo arde por vários lugares. Infelizmente a passagem para a liberdade dos reféns é mais uma vez tapada. Edgar continua em pé, e Ester desmaiada pelo impacto que também sentirá. O assassino caminha até Ester enfurecido e segurando sua faca com a maior vontade que já teve. Em sua mente seria a cartada final para a liberdade, assim como nunca sentiu nada por ninguém o sentimento que tinha pela garota desaparece. O que ele vê caído é apenas um pedaço de carne que ele tem que fatiar.

O galpão queima, arde em um calor infernal. Anne tem um corte enorme em sua testa, está desacordada junto com Lucas, porém o pequeno Patrick tenta acudir o irmão que se jogou na frente dele para salvá-lo do impacto.

— Mano seu chato, não morra, acorda! — Ele dá alguns tapas no rosto de Lucas fazendo o rapaz despertar. No mesmo instante pelo susto ele salta para cima de Patrick o abraçando, vendo que ele está bem na medida do possível, acode Anne.

— Vamos Anne, temos que achar uma saída ou vamos morrer.

— Lucas?

— Não fale, vamos vou te ajudar.

Edgar tem problemas em chegar até Ester, pois muitos destroços estão em seu caminho, ele não desiste. O lugar parece que vai desabar, barulhos de estralos são escutados. Os sobreviventes com medo que isso aconteça levantam, mas sentem por ver que o fogo consumiu todo tipo de escapatória. Ester realmente queria matar todos, mesmo que isso custasse sua vida. Sem ter o que fazer, Lucas abraça seu irmão e beija Anne olhando em seus olhos e agradecendo por tudo que a menina fez por ele. Os três muito machucados esperam seu fim, não poderiam mais fazer nada, apenas assistiria o assassino matar a assassina...

— Tem alguém vivo ai? — Uma voz corta as labaredas de fogo. Um jato de espuma seguido de água revelam quem está por detrás do calor. Mathias!

— Delegado, aqui! — Grita Lucas sorrindo. Edgar por outro lado muda seu caminho e deixa Ester para morrer queimada, não contava com a ajuda de ninguém e seu ódio chega a um limite insuportável, ele precisa matar.

Mathias está armado com vários policiais ao seu lado. Consegue encontrar os filhos de Clara vivos e isso o motiva a acabar com o pesadelo. Edgar segue em fúria para cima dos policiais e a voz da autoridade soa mais uma vez.

— Edgar pare ou vamos atirar. — Nada, continua andando, — pare, isto é uma ordem. — Antes de Edgar levantar a faca Mathias sabe o que fazer, não cometeria o mesmo erro duas vezes. Atira no psicopata acertando-o no peito por duas vezes. Edgar cai no chão. O fogo é contido e Anne junto com os irmãos correm nos braços do socorro. Edgar é arrastado para fora antes que a estrutura caísse enterrando assim o corpo de Ester. Não conseguiram retirá-la do meio do fogo.

A noite está iluminada por estrelas e por uma lua cheia enorme. Por fim, Lucas suspira aliviado quando vê seu irmão sendo socorrido por paramédicos, Anne o abraça devagar e o acompanha até uma ambulância. Mathias observa a fábrica pegando fogo não acredita que tudo acabou dessa forma. Os últimos Castrinni mortos e a cidade livre dos psicopatas. Aliviado vai em direção de Lucas, sorrindo fala com o garoto ferido.

— Sua mãe está bem, fora de perigo, acabou Lucas. Acabou!

— Eu não sei como te agradecer, muito obrigado se não tivesse vindo nos salvar...

— É só meu dever. — Patrick ao lado do irmão na ambulância sorri ainda fraco indaga.

— Dever nada, você gosta da minha mãe. — O duro policial cora de vergonha e todos dão gargalhadas de felicidade.

— Vamos todos para o hospital. Se recuperar desse pesadelo, agora podem respirar aliviados. — Lucas abaixa a cabeça e pergunta.

— E o que vai acontecer com Ester?

— Ela morreu queimada, não podemos salvá-la, no final apenas buscou a própria morte. — Anne dá a voz

— Ester construiu sua morte por anos, e não sabia. Mas agora estamos livres dela e de todo o mau que ela planejou. — Anne beija Lucas, a porta da ambulância se fecha e todos seguem para o hospital. Edgar é colocado em um saco preto e enviado para um necrotério por um carro especial.

**

A estrada é escura e deserta, o furgão do IML segue em alta velocidade em direção ao necrotério de Santa Monica, atrás está um legista e uma médica junto ao corpo do assassino mais temido dos últimos tempos. No banco da frente o motorista vai seguindo e falando alto para os companheiros escutarem. Mesmo com o som ligado no último eles se divertiam.

— Hoje a Florine terá trabalho, logo o Edgar Castrinni chegará lá no laboratório para ela brincar.

— Queria eu puder abrir esse desgraçado. — O Homem que está atrás soca o corpo morto.

— Não fala isso Tarcio.

— O que foi Helo? Tem medo de mortos?

— Não, mas tenho medo desse, foi ele quem matou todas essas pessoas.

— Bom não poderá mais fazer nada, não é? — O motorista vocifera.

— Mesmo assim olhar para está máscara me dá um frio na espinha... — Helo olha para a máscara de ferro suja de sangue ao lado do corpo de Edgar.

— Não tenho medo, vamos brincar um pouco? — Tarcio o Legista médico pega a máscara e coloca no rosto, — e então? Como estou.

— Para de ser idiota. —Helo o repreende, e o motorista gargalha.

— Para você de ser chata Heloisa, esse desgraçado morreu.

Assim que o homem termina de falar. Edgar levanta ainda dentro do saco preto. Heloisa e Tarcio pulam de seus acentos, mas em vão. Edgar pega o rosto do homem ao seu lado e bate enumeras vezes contra a lataria do furgão destruindo o crânio do mesmo. O motorista vai de um lado a outro da pista e descontrola o veículo que freia e quase capota. Edgar agarra um bisturi e vai para cima de Heloisa a médica, que se rebate no fundo a berros. Sem chances de se salvar.

O bisturi é cravado no olho da mulher, atravessando seu crânio e parando no osso, ela ainda viva grita de dor. Mas Edgar violentamente chuta o corpo da moça contra a porta do veículo abrindo o mesmo. Para terminar o assassino agarra os cabelos da médica e a arrasta até o meio da pista, levantando seu pé e afundando a pequena faca na superfície da cabeça, matando-a no mesmo instante. O motorista até tenta correr, mas é atingido pelo psicopata e cai no chão. Edgar sorri para ele e indaga.

— Para onde fica o hospital central de Santa Monica?

— Por... Por ali. — O motorista aponta para o final da estrada.

— Obrigado! — Ele é pisoteado até a morte.

Edgar segue a pé, sem camisa e perfurado a balas. Porém sua fúria é tremenda, não liga para seus ferimentos. Sua máscara de ferro é colocada em sua face, mais uma vez o demônio segue para acabar com todos aqueles que o ameaçaram.


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