Meu Psicopata de Estimação escrita por Felipe Araújo


Capítulo 14
O Passado dos Castrinni


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos! Espero que gostem do que está por vir, e quero muito saber o que vão achar das revelações que virão. Boa leitura ♥



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O noticiário de toda a região da cidade de Santa Monica foi direcionado a um único caso. Não só a região da pequena cidade como todo o estado. A notícia do massacre de quatro pessoas em um bairro pouco populoso fora alarmante. Telejornais procuraram testemunhas, e os que se saiam mais rápidos ganhavam melhores matérias. A alma das duas sobreviventes do “Maniaco da máscara de ferro”, — que assim foi conhecido, — encontra-se dilacerada pela madrugada mais terrível de suas vidas. Anne e Sam saíram vivas por pouco da casa onde Érica e Vitor foram brutalmente assassinados.

O enterro dos jovens marca um início de uma investigação devastadora. O cemitério nunca fora tão cheio em um dia rotineiro de morticínio. Cada pessoa querendo entender, por qual motivo três jovens e uma senhora foram assassinados com requintes de crueldade. Mas Clara não queria saber dos que já estão sendo enterrados, e sim, descobrir o paradeiro de seu filho, Patrick.

Se passaram dois dias desde então, e nenhuma resposta concreta de onde ele se encontra fora deixado. Nada se sabia, os policiais não conseguiam pistas para levar até o menino. Fazendo Lucas se desesperar ainda mais com tudo aquilo. Naquela manhã conturbada, apenas o rapaz apareceu no cemitério da cidade. Clara ficara junto com Mathias o delegado. A todos custo, com todo seu esforço, Patrick seria achado.

Vestindo um terno preto discreto Lucas segura firme uma rosa vermelha. Ao seu lado Anne e Sam estão de braços grudados, ambas de óculos de sol para disfarçar as lágrimas e olheiras. Sam demonstra uma face acabada, não só ela como Anne, poderia ser elas ali, sendo enterradas se a polícia não chegasse naquele instante. Mas não, estão bem. É o que importa para Samantha que murmura:

— Foi culpa dela! — Anne torce o lábio e Lucas vocifera.

— Não, ainda acha que foi Ester? Ela estava comigo na hora que o assassino matou todos e sequestrou meu irmãozinho, não me fale mais disso, está acabando comigo Sam. — Deixando a rosa sobre um dos quatro caixões, ele dá de ombros e Anne segura sua mão.

— Preciso conversar com você, não tivemos tempo desdo dia da festa.

— Aqui não, preciso de ar — Anne olha para Sam que balança a cabeça dizendo um singelo sinal de positivo. Lucas e a garota deixam o enterro.

É irônico pensar em um dia lindo de sol nesse momento de dor, mas por incrível que pareça, é o dia mais lindo que Lucas pudera observar nesse mês que mora em Santa Monica. Pisando na grama verde e seca do cemitério ele ia observando o olhar tenso de sua amiga. Aquele olhar que um dia estava lindo, hoje parece chorar em desespero. Entre árvores de folhas esverdeadas e brilhantes eles encontraram um banco calmo e aconchegante, longe de toda a muvuca.

— Me desculpe por tudo Lucas, não queria… — Lucas abraça Anne que leva um susto pela atitude, ficam abraçados por alguns instantes. E neste momento Anne avista Ester, vestida com um longo vestido preto e um chapéu da mesma cor, a garota nota os dois sentados ao longe, para e observa… Some na multidão — parece aflita, — entretanto Anne não comenta o que vê para Lucas. Ambos deixam o apertado abraço.

— Não precisa se desculpar, nada mais importa.

— Queria ter tido essa conversa com você naquela tarde antes da festa em que Ester apareceu. Mas você não me deu ouvidos, está enfeitiçado.

— Gosto muito de Ester, acho que ela é injustiçada. — Anne torce o lábio e encara Lucas, quieta pensando em uma resposta que ele entenderá.

— Bom, ela é sim injustiçada pelo que fizemos, porém tem que concordar que muita coisa envolta de Ester soa suspeito.

— O que quer dizer?

— Pensa um pouco Lucas, esse amor que surgiu em você criou uma barreira que impeça que veja as coisas — ele começa a entender, Anne não perde tempo. — Já ouviu dizer que o corpo de Edgar Castrinni que fora encontrado carbonizado não condizia com sua aparência?

— Sim, o delegado nos contou toda a história…

— Não percebe? Fiquei a noite inteira pensando nisso.

— Não está me dizendo que…

— Sim! Pode ser o Edgar que matou todos!

— Mas impossível, ele morreu.

— Olha para mim, — Anne pega nas duas mãos de Lucas e encara ele olhando firme em seus olhos – Ester não deixou que mexessem no corpo do irmão, a polícia fez uma limpa porca sobre o ocorrido em sua casa. E se ela forjou a morte do irmão para livrar ele da culpa pela morte dos pais, e se ela mantêm ele dentro de casa, assolando a residência? E se foi ele quem matou todos a mandado de Ester para ela ter sua vingança com a brincadeira que fizemos?

— Não Anne! Definitivamente não. — Ele se levanta de onde esta.

— Parece loucura, mas pare para pensar eu imploro. — Lucas balança a cabeça negativando tudo que escuta, retira de seu bolso um cigarro, acende e dá de ombros deixando Anne sozinha. — Lucas, eu vou provar para você que não estou errada.

**

Caminhando com uma mão no bolso da calça lisa social e com a outra mão em seu cigarro Lucas não percebe a aproximação de uma mulher. Negra de cabelo liso amarrado em um apertado rabo de cavalo, olhar penetrante e com seus vinte e seis anos de idade aparentando até mesmo. A moça de preto em protesto, segue o jovem até a saída do cemitério. Lucas não percebe, mas ela tem ele como mira. Quando o rapaz desarma o alarme de seu veículo a mão magra da moça encontra seu ombro. Ele vira no mesmo instante. Ela por vez, está com seu rosto molhado em lágrimas, e seus lindos dentes que pudera estampar um belo sorriso, por outro lado parecem tristes. Impossível mostrá-los em um singelo ato de felicidade. Lucas assustado com o tocar de ombro, pergunta desajustado.

— Oi, posso ajudar?

— Me chamo Sheyla, sou filha de Lusia, a mulher que fora esquartejada na sua cozinha. Posso te pagar um café? Precisamos conversar. — Lucas arregala os olhos como se fossem explodir. Larga o cigarro quase por inteiro, não tendo reação aperta a mão de Sheyla e volta a si. Respondendo.

— Claro, mas o que deseja?

— Aqui não, ela pode estar por aqui!

— Quem?

— Ester. — Sem entender muito bem, o rapaz da carona para a filha de Lusia, juntos percorrem o local desejado pela moça. Dentro do carro nenhuma palavra é trocada fazendo a pressão subir a um nível supremo. “Café Expresso da vila”, descem sem comunicação.

O local é quieto e bem menos movimentado que qualquer lugar do centro ou perto de onde os corpos foram enterrados. É ali que iam conversar. Lucas aponta para uma mesa, mas Sheyla balança a cabeça negando, e chama ele para sentar na última mesa onde uma garota já se encontrava. Quando chegam perto da mesa, Lucas tem uma surpresa. Anne já o aguarda.

— O que faz aqui?

— Vim de moto!

— E o que significa isso?

— Insisti para Sheyla contar tudo que ela me contou, procurei ela assim que soube que sua mãe fora morta em sua casa.

— E então vamos sentar civilizadamente? — Fala a moça ainda com um olhar trêmulo.

— Tudo bem! — Uma garçonete se aproxima e Anne pede.

— Três cafés, por favor. — A mulher anota e sai sorrindo com gentileza.

— Então, sinto muito pela sua mãe. Ela era uma ótima pessoa.

— Minha mãe era a melhor pessoa do mundo, e só queria ajudar sua família.

— Como assim ajudar minha família? — Anne escuta calada, e os três cafés chegam a mesa. Sheyla continua a conversa.

— O único motivo de estarmos sentados nessa mesa e tendo essa conversa é para você conhecer quem realmente é Ester Castrinni. — Lucas clareia na cor de papel, esta assustado com tudo. Mas disposto a escutar tudo o que a moça tem a dizer.

— Continue, juro não interromper. — Afirma tomando um gole do café quente.

— Minha mãe trabalhou por muito tempo na casa dos Castrinni. E pode ter certeza que ela conhece muito bem todos que viviam ali. Vou começar bem pelo começo...

“Joana Castrinni tinha um problema no útero e não podia engravidar, passou por muitos tratamentos e nenhum teve sucesso. Deprimida e sem ânimo para nada, Gregório Castrinni para agradar a mulher decidiu adotar um bebê. Naquela época, os Castrinni viviam seus dias de luxo e seus negócios iam muito bem, foi fácil conseguir a guarda de um lindo garotinho recém-nascido. Então ele foi chamado de Edgar.

Edgar foi amado, mimado e cuidado por minha mãe — sua babá — nos primeiros meses de sua vida. E foi assim por um longo tempo. Edgar nunca soube que era adotado e ficou por isso mesmo, o menino cresceu acreditando que era filho biológico de seus pais. Porém por milagre Joana engravidou e pelo fruto dessa gravidez, nasce Ester. Os pais ficaram tão felizes a ponto de deixarem o garotinho — que na época tinha por volta de seus cinco anos de idade — de lado. Edgar sofreu muito, mas minha mãe estava lá para ajudá-lo. Foi ela quem ficou sempre do lado do pequeno Edgar.

Os anos foram passando e minha mãe percebendo. Ester tinha uma personalidade duvidosa, na frente dos pais era uma doce menininha, mas pelas costas mudava drasticamente. Mordia outras crianças, desobedecia e era muito agressiva. Minha mãe achava que era coisa de criança, entretanto quando Ester fez dez anos, as coisas pioraram. A menina inocente alegou que Edgar com quinze anos, abusou dela.

Minha mãe tinha certeza que era mentira, mas os pais, não! Trancafiaram o menino em uma clínica para menores com bipolaridade. Foi quando as coisas pioraram para a única empregada. Ester foi crescendo ficando mais raivosa com minha mãe e mais doce com seus pais. Com quatorze anos insistiu para que os pais trazerem Edgar de volta e é onde a história terrível dos irmãos se inicia.

Ester conseguiu que Edgar criasse um ódio mortal dos pais, e por fim, começou a dar remédios para o irmão. Minha mãe presenciou várias vezes ela injetando medicamentos poderosos em Edgar, o nome do remédio era... Deixa eu lembrar. Ah! Barbitúrico. Ela comprava pela internet em fóruns proibidos, esse remédio alterava os sentidos de Edgar, fazendo ele ter alucinações, ficar agressivo, deixar seus neurônios alterados. Como uma vítima, ela fez os pais trancarem Edgar no porão. Os pais já não amavam o filho adotado e largou ele nas mãos da doce Ester.

Ester dava tanta droga para o irmão que ele entrou em um estado de loucura permanente. As palavras dela entraram na mente de Edgar, fazendo ele dê um bichinho de estimação. Minha mãe não aguentou ver tanta coisa errada, denunciou os Castrinni enumeras vezes, mas Ester tem lábia e nunca pegaram as atrocidades que a menina cometia com o irmão. No fim não sabemos o que passou na noite das mortes, mas uma coisa é certa. Ester planejou tudo e fez Edgar matar os pais.”

— Entende agora Lucas? — Anne exclama, Lucas apenas fica de boca aberta diante de tanta coisa, tenta absorver o máximo de informação, porém não sabe o que pensar.

— Meu Deus, se tudo isso for verdade, Ester é um monstro em pele de cordeiro. — Lucas por fim concorda e Sheyla vai mais adiante.

— Ester sofre de dupla personalidade, é ela a doente da história. Edgar só é manipulado e entupido de drogas.

— Por isso, acho que podemos desmascarar essa maluca, e quem sabe achar seu irmão Lucas.

— Sim, ela enganou a todos, até mesmo seu irmão. Se Edgar não é seu irmão de sangue e não sabe. Podemos usar isso para ele parar de matar. — Sheyla toma mais uma golada de café e conclui.

— Minha mãe pensou em se aproximar e tirar fotos do local onde Edgar se esconde, só assim para acreditarem e Ester ser presa, mas Edgar chegou antes. Minha mãe foi morta por causa daquele maldito, eu vou até a polícia contar tudo que sei, para fortalecer o que achamos ser o certo.

— Tudo bem, eu já sei como ajudar. — Lucas então vocifera, e Anne aperta a mão do garoto, que cora junto com ela.

Ao lado da mesa, em uma porta que dá no banheiro, uma garota escuta a conversa. Seus olhos de azuis ficam vermelho, seu ódio aumenta a ponto de entrar em erupção. Ester havia seguido o carro de Lucas e escutado toda a conversa. Seu sorriso diabólico é direcionado aos três, fala bem baixo para si mesma.

— Primeiro vou matar essa maldita da filha da velha, depois a puta da Anne, por último o maldito do Lucas. — Ela pega o celular e manda uma mensagem para Edgar.

“Me encontre próximo ao cemitério, quero que pegue a Samantha e comesse a brincadeira. Temos muitos ratos fujões para capturar”


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Notas finais do capítulo

E então? Quero saber o que acharam.