The Kiss Of Midnight escrita por Nárriman


Capítulo 49
Capítulo 49


Notas iniciais do capítulo

Esse sem sombra de dúvida foi o capitulo mais difícil de elaborar até hoje.Não demorei dias ou semanas para escrevê-lo, mas sim meses elaborando todas as ideias e o que eu queria de fato dele. Bom só o que tenho a dizer é que o leiam com cuidado e até o final.Principalmente ele porque sei que haverão coisas nesse capitulo que irá deixar algumas pessoas com raiva então me escutem quando digo para lerem até o final.
Boa leitura.



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Pov’s Ally
Minhas mãos ainda estavam tremulas quando larguei a arma e corri até Austin que estava caído no chão.
O tiro acertou em cheio sua cabeça e quando me aproximei da poça de sangue que se formava ao seu redor já era tarde demais e nós dois sabíamos disso.
—Você sabe que eu não tive escolha Austin. -Agarrei sua camisa agora um pouco queimada e rasgada.
Meu coração esta acelerado, no entanto a minha voz parece a de um anjo. Eu estou completamente calma por fora.
Seus olhos, porém, se recusavam a me encarar. O teto parece ser a melhor última coisa que ele verá e o único indicio de que ainda nutria algum sentimento por mim foi o toque fraco de sua mão na minha.
Era o fim. Austin estava morto e levou com ele a pouca esperança que me restava.
Audrey sem se importar com o olhar de Agnes e Sarah se levantou e veio correndo em minha direção. Apoiou sua cabeça sobre o meu ombro e ali chorou. Permiti-me fazer o mesmo. Não apenas chorar por Austin, mas por mim mesma. Talvez eu nunca tenha amado alguém de verdade, mas se por algum instante eu senti esse sentimento louco em meu coração foi Austin quem o proporcionou.
E se o amor existe de verdade talvez eu seja apenas muito ruim para me lembrar de como ele é bom. Meu coração é petrificado.
—Talvez eu não saiba o real sentido do amor ou como demonstrá-lo, mas ainda assim não quero que pense que te amo menos por isso. -Sussurrei para Austin mesmo que soubesse que ele nunca poderia ouvir essas palavras.
Tive infinitas oportunidades de dizê-las para ele, mas em todas elas fui covarde demais para me expressar em relação ao que sinto por ele.
—Sabia que iria fazer a escolha certa Ally. -Era como se todos os órgãos do meu corpo pulsassem ainda mais forte ao ouvir a voz de Sarah.
Porque ela ainda não foi embora?Já teve o que queria.
O som de passos se aproximando me fez tencionar meu corpo o que fez Audrey se desprender de mim.
—Estou orgulhosa de você. -Senti uma de suas mãos tocar em meu cabelo e sem pensar em mais nada apenas lhe dei uma rasteira o que a fez cair ao meu lado. Fiquei de pé rapidamente e com o pé pressionei sua garganta contra o chão frio de cimento.
—Não vou deixar que saia viva daqui. -Funguei um pouco.
—E o que pretende fazer?Daqui à uma hora todo o prédio não passará de cinzas Ally. -Ela sorriu vitoriosa.
—Não me importo de morrer tendo a certeza de que você também não estará viva para comemorar isso. -Permiti que um sorriso travesso brotasse em meus lábios.
Não importa a Ally que fui ou que eu era há minutos atrás, elas duas agora são apenas uma pessoa. Uma Ally que sabe reconhecer seu amor pelos outros e que mesmo assim não baixa a guarda para ninguém.
Percebi que Agnes estava prestes a sair pela escada rolante e em dois segundos eu já estava a sua frente.
—Ninguém entra ninguém sai. -Antes que ela pudesse reagir atirei contra seu peito com a arma que ainda estava em meu bolso.
Ela caiu em meio a brasas de fogo. É uma pena que isso apenas lhe deixe inconsciente por no máximo meia hora.
—Acho que somos só você e eu agora Sarah.Como sempre desejou.-Eu já podia sentir o calor tomar conta de mim.Tudo ao nosso redor já estava começando a pegar fogo.
Acho melhor Kira acordar logo ou pode ser tarde demais para ela.
—Você é humana Ally, se eu te jogar na parede mais próxima o seu corpo irá derreter em menos de dois minutos.
—Acha mesmo que será tão fácil assim?Então tente. -Ri jogando a arma para Audrey. Ela tem apenas quatro anos e esta encolhida em um canto agarrada ao braço de Austin, mas não tenho tempo para sentir qualquer tipo de tristeza. Apenas fiz com que a arma caísse ao seu lado, não seria o suficiente para que ela conseguisse sair daqui, mas o necessário para se defender caso alguma das duas tente algo com ela.
Sarah tentou me derrubar com um chute, mas pulei no momento exato em que iria cair de cara no chão.
Agarrei a coisa mais próxima que encontrei que no caso era uma cadeira e a lancei contra suas costas fazendo com que ela caísse de joelhos no chão. Dei um chute em suas costelas que a fez arquear.
Quando tentei lhe acertar um soco sua mão fez meu braço se contorcer e me jogou alguns metros longe de si. Cerrei os dentes quando senti um pedaço de brasa se chocar contra o meu braço. Recuei rapidamente e logo estava em pé de novo.
Minha respiração estava pesada e eu tinha consciência de que mesmo que Sarah fosse uma vampira ainda assim não estava em seu melhor momento. O banco é fechado o que quer dizer que ela não pode se alimentar da força da lua.
Tirei o meu colete e o joguei de lado. Aquilo estava atrapalhando meus movimentos.
—Porque não vai embora?Estou poupando a vida da sua mãe, da sua amiga, da sua filha e a sua. Quer mesmo arriscar ainda mais?-Suas palavras em meu ouvido já não me arrepiavam. Para ser sincera era como música para eles.
Joguei meu cotovelo para trás e lhe acertei o nariz. O movimento fez com que ela cambaleasse um pouco.
Acertei-lhe um chute no meio do estomago e recebi em troca um soco no meio da cara. Um empurrão foi o necessário para eu perceber que estávamos em uma parte já em chamas.
A maior parte do banco já havia ter sido consumida pelo fogo e mesmo assim meu sangue ainda fervia de raiva.
Quando recebi outro soco tudo ao meu redor já parecia ter multiplicado e apenas me deixei vomitar sangue no cimento embaixo de mim.
Minhas pernas fraquejaram e apenas me dei conta de que eu já não as sentia quando Sarah me jogou contra uma mesa de escritório do outro lado do pátio do banco. Minha espinha dorsal parecia ter quebrado em mil pedaços e gemi com isso. Tentei me apoiar na primeira coisa que vi e notei que Kira estava a pouco mais de um metro de distancia de mim ainda desmaiada. Olhei para Sarah e percebi que ela estava tendo dificuldade em se livrar de todos os escombros a sua frente
Rastejei até minha amiga antes que Sarah viesse até mim.
—Kira. -Percebi que minha voz estava tremula.
Ela não respondeu.
—Kira. –Tentei novamente.
—Kira. -Falei mais alto e dei um tapa em seu rosto.
Depois de longos segundos os olhos da morena encontraram os meus.
—Pegue minha filha e minha mãe e dê o fora daqui esta bem?-Falei desesperada.
—Mas Ally... -Ela ainda estava meio desnorteada.
—Vá. Agora. -Gritei já com os olhos cheios de lágrimas. Pisquei rapidamente para afastá-las.
Ela me observou apavorada, mas logo assentiu. Ajudei-lhe a levantar e logo ela estava indo em direção as duas.
Ver minha filha abraçar o pai pela primeira e última vez doeu mais do que qualquer tortura que Sarah tenha me proporcionado até hoje.
Antes que eu pudesse vê-las pela ultima vez Sarah cobriu o meu campo de visão se jogando contra mim me fazendo bater a cabeça no chão. Se eu não morrer com certeza irei ficar louca.
Quando estava prestes a acertar meu rosto rolei rapidamente contra os destroços da mesa embaixo de mim.
Perfurei seu pescoço com um pedaço de cano que encontrei jogado no chão e seu sangue voltou a se misturar com o meu. Desvencilhei-me dos seus braços para tentar ver minha filha pela última vez e Sarah deu um chute em minha nuca que me fez cair no chão novamente. Dei de cara com a mesa estilhaçada. Ela me fez virar para encará-la.
—Você podia ter poupado tudo isso sua inútil. -Ela desferiu um tapa em meu rosto e eu apenas ri e cuspi sangue na sua cara.
—Não sou eu quem voltou dos mortos apenas pra perder tempo com uma descendente medíocre. -Gargalhei e senti sua mão fechar contra o meu pescoço.
Eu não conseguia respirar, meu coração estava acelerado, manchas coloridas tomavam conta dos meus olhos e o fogo já começava a se exibir ao nosso redor. O barulho de chuva era tudo o que eu podia ouvir além do fogo queimando tudo que via pela frente.
Não tinha como escapar. Ela é imune ao fogo, mas eu não. Tateei com as mãos tudo o que eu podia encontrar ali para me defender e quando achei um lápis quebrado não hesitei ao cravá-lo em seu olho direito. Pela primeira vez a vi gritar de dor. Suas mãos me soltaram e corri sem me importar com o fogo a minha frente. Gemi quando chamas acertaram parte da minha perna, mas mesmo assim continuei a mancar até encontrara arma que dei para Audrey. Quando Kira a levou não teve tempo para levar nada na bagagem.
Se eu atirasse nela, apenas ira fazer com que desmaie e não quero prolongar isso ainda mais.
Girei o corpo, apontei a arma para o céu e atirei nas quatro extremidades do banco. O teto já estava em destroços por conta do tempo e do fogo. As balas só contribuíram para que ele desabasse em cima de nós duas. Corri para debaixo da escada rolando que ainda esta inteira antes que fiações caíssem em cima de mim. A chuva ainda esta fraca, não é o bastante para cessar o fogo. Não havia mais sinal de Sarah. Ela foi atingida e provavelmente deve estar tentando sair debaixo dos escombros. Meus braços tremem, não vou entrar em pânico.
Olho para o lugar onde estávamos e vejo seu braço através das chamas, e o calor faz com que o sangue suba até a superfície da minha pele, lambendo meu corpo, derretendo o salto da minha bota.
De relance, vejo um céu escuro e uma lua cor de sangue.
Um trovão ruge acima da minha cabeça, grito quando uma chama atinge a ponta dos meus dedos, lançando uma pontada de dor pela minha pele. Inclino minha cabeça para trás e me concentro nas nuvens que se acumulam sobre mim, pesadas e negras de chuva. Um raio atravessa o céu e eu sinto o primeiro pingo na minha testa. Ele escorre pelo lado do meu nariz, e o segundo atinge meu ombro, tão grande que parece feito de gelo ou pedra, e não de água.
O som de escombros sendo jogados de lado em meio ao fogo foi o necessário para eu manter meu corpo em alerta por mais que tudo em mim pareça prestes a se quebrar. Seu corpo todo estava queimado incluindo seus cabelos sedosos. Suas roupas estavam em chamas e o seu olho bom ainda assim era o que mais parecia aceso.
Enquanto se aproximava a passos lentos o sangue em seu olho direito tomava conta de todo o seu rosto. O lápis ainda estava ali.
—Vamos acabar logo com isso. -Sua voz saiu abafada não me dando tempo de cogitar hipótese alguma.
Foi à facada em meu estomago que me fez acordar. Cai de joelhos tentando conter o sangue que manchava minha blusa, mas isso só o fez se espalhar por todo o meu braço. Ela me virou a força no chão e cravou o metal fino em minha perna direita. Cerrei os dentes para reprimir um gemido.
Rastejei para longe dela o que não foi uma boa idéia. Agora o fogo esta por todo o banco e não há como fugir. Ela acertou a faca em minha outra perna e lágrimas começaram a despontar dos cantos dos meus olhos. Em meio ao borrão pude ver ao fundo uma cabeleira loira e uma morena entrarem em uma das janelas do andar de cima que dava para fora do banco. Cassidy e Elliot conseguiram. Todos conseguiram sair e os que não, agora estão mortos. Apenas eu e Sarah restamos aqui.
Outra facada, agora no meu braço esquerdo. O calor aumenta ao meu redor.
—Um dia ficaremos juntas no inferno Ally, não se preocupe. -Disse com um falso tom de carinho. Seu olhar era doentio.
Recebi outro tapa que fez meu rosto ensopado de sangue grudar no cimento.Meus olhos então se arregalaram ao ver um pedaço de madeira queimando em brasas bem próximo de mim.
Eu não posso ao menos imaginar a dor que seria em ao menos tocar no fogo. Isso não vai acabar bem, mas tenho que correr o risco. Não a mais nada para perder. Não importa se sou vampira ou não, eu sobrevivi até aqui e se agüentei tudo isso sem que meu coração parasse posso me considerar imortal, mesmo que de fato eu não seja.
Respirei fundo.
Vingança primeiro, conseqüências depois.
E quando recebi outro tapa fechei os olhos e coloquei a mão sobre o fogo.
—Quando se é imortal o seu inferno é na terra.
Agarrei o pedaço de madeira em brasas e o cravei no peito de Sarah. A surpresa foi tão grande pra ela quanto pra mim. Nós duas havíamos me subestimado.
Quando seus olhos se tornaram opacos e sua faca caiu no chão bem ao lado do meu rosto eu tive a certeza de que estava livre.
Joguei seu corpo agora duro como uma pedra de lado e deixei que o fogo tomasse conta dela até que nada passasse de cinzas escuras e dolorosas. Tudo o que eu conseguia ver em meio a borrões eram as chamas cada vez mais perto de mim.
Encosto minha cabeça no chão novamente e me permito descansar por um instante. Lençóis de chuva caem ao meu redor. Sorrio, aliviada, enquanto a chuva alivia a dor das minhas queimaduras. Não irei sobreviver a isso aqui, mas ao menos posso ter meus últimos segundos de paz.
Ao olhar para minha mão percebo que ela esta em carne viva e com queimaduras de absoluta certeza de terceiro grau. Acho que por conta de toda essa adrenalina quase nem a sinto arder.
Janelas estilhaçam por todos os lados o que só faz com que eu me contorça ainda mais. Agora é impossível enxergar algo que esteja a mais de três metros de distância.
Eu já não conseguia falar ou até mesmo respirar. A única coisa que sai da minha boca são tossidos secos e sangue. Por conta do enorme corte em minha barriga arranjei de brinde uma poça de sangue ao redor de todo o meu corpo. Sinto meus braços e pernas queimarem. Algo ardente e doloroso que apenas o fogo pode me proporcionar.
A única preocupação no momento não é não ter últimas palavras para dizer a alguém, mas sim não saber a forma que serei morta.
Talvez o fogo termine seu trabalho e me envolva em meio a suas cinzas, ou talvez a fumaça entre a fundo em minha garganta e até quem sabe se não irei sangrar tanto ao ponto de morrer por conta de uma hemorragia?
A resposta pra tudo isso é simples.
Tanto faz.
Não irá fazer a mínima diferença daqui a vinte anos quando Audrey for visitar o tumulo da mãe que contem apenas objetos em sua memória no natal ou quando Cassidy precisar de alguém para se embebedar junto a ela no próximo Halloween. Talvez se tiverem sorte encontrem os restos mortais de Austin ou as cinzas que sobraram. Se derem sorte talvez nos enterrem um ao lado do outro, mas é tudo um grande e vazio talvez.
Sinto o fogo tomar conta das minhas costas e outra lágrima pinga em meio ao sangue. Meus ouvidos também sangram e talvez seja por isso que não ouvi os passos de alguém se aproximando.
Eu poderia até considerar o fato de ser uma miragem depois de tudo o que aconteceu essa noite.
Apenas quando o sinto me erguer em seus braços com uma agilidade impressionante noto que seus cabelos estão quase pretos, mas ainda assim consigo lembrar o seu nome.
—Alex?-Meu sussurro saiu tão fino que nem eu mesma conseguia ouvir o que acabara de dizer.
Ele me guiava em seus braços entre o fogo e à medida que avançava meus olhos iam escurecendo aos poucos.
—Austin.
Uma explosão foi à última coisa que presenciei.


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Notas finais do capítulo

Eu até poderia dizer "espero que tenham gostado", mas de verdade, eu não espero nada desse capitulo.Apenas que comentem o que acharam dele.Criticas são muito bem vindas.Até o próximo.



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