The Kiss Of Midnight escrita por Nárriman


Capítulo 44
Capitulo 44


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Pov’s Ally

—Amarrem-na em algum lugar. -Estalei os dedos me virando de costas para eles.

  Com um sinal de cabeça fiz com que minhas amigas e Lucy descessem a escada rolante. Cada uma delas se posicionou de acordo com os lados do pentagrama. E eu fui até as duas estacas jogadas de qualquer jeito e agarrei o frasco preto entre meus dedos.

   Vi elas darem as mãos e pronunciarem algo que não dei muita importância.

—O que esta tramando?-Perguntei segurando o gatilho de o meu revolver. Aquilo não a mataria, porém talvez surtisse algum efeito.

—E qual seria a graça de contar?-Com um sorriso sínico cruzou as pernas enquanto batucava freneticamente com suas mãos atadas na cadeira.

—Sabe que irá morrer, não é?-Me ajoelhei para ficar um pouco mais próxima dela.

—Talvez, mas acha mesmo que a sua ‘’guange’’ vai sair impune?Não me subestime Ally. -Soletrou cada sílaba do meu nome da forma mais asquerosa possível.

—Quem você trouxe junto?-Voltei ao interrogatório.

—Ninguém. Posso me virar muito bem sozinha. -Em meio a sua frase pude ouvir um fraco sorriso.

   Ela não tem nem a coragem de mentir para que eu não percebesse.

—Eu não vou perguntar de novo. –Me levantei mantendo meu corpo parado.

—Ótimo porque não vou... -Disparei a primeira bala em sua barriga.

   O movimento foi tão inusitado que até Austin me olhou um pouco surpreso.

   Sarah se esforçava ao máximo para não gemer de dor cerrando os lábios o máximo que conseguia.

—Fala logo ou eu te mato.

—Se eu falar ou não você irá me matar então prefiro correr o risco. -Disse controlando a respiração como podia para que sua ferida se curasse mais rápido.

    Mirei sua perna e lhe dei outro tiro.

    Ela ria em meio à dor. Não iria se entregar tão fácil. O próximo tiro seria em sua cabeça quando senti algo, ou melhor, alguém tomar o revolver de mim.

 —Tudo bem. Chega. -Austin disse impedindo minha ideologia.

—O que você esta fazendo?-Perguntei cuspindo as palavras em sua cara.

—O que você esta fazendo?-Me respondeu com a minha mesma pergunta num tom ainda mais alto.

—Salvando a sua vida idiota. -Bati o pé com tanta força no chão que senti o teto vibrar.

—Não preciso que você faça nada por mim, posso me cuidar muito bem sozinho, a questão aqui é Audrey. -Disparou.

—Podem continuar a discussão. Isso aqui esta ótimo. -Sarah disse com um sorriso divertido no rosto atrás de mim.

—Então o que quer fazer?Que eu a deixe solta para matar todo mundo que eu amo?-Gritei.

   Austin não respondeu, apenas acionou o gatilho. Por um momento pensei que iria atirar em mim, o revolver estava praticamente direcionado para a minha cabeça quando percebi que não se tratava de mim e sim de Francis.

   Ele caminhava com as mãos em forma de rendição até estar próximo o bastante.

—O que faz aqui?-Perguntei franzindo a testa.

—Eu não iria deixar você sozinha Ally.

—Para sua informação ela não esta sozinha. -A voz de Austin ecoou atrás de mim. Ele observava tudo com os braços cruzados.

—Não mesmo. -Ele piscou se juntando a Elliot que observava tudo no mais absoluto silêncio. Ele estava pronto para atacar quando fosse necessário e eu não iria mais questionar Francis.

—Pelo visto aqui tem muitas pessoas dispostas a morrer por você Ally. Quando o resto dos homens apaixonados por você irá chegar?-A voz dela voltou a tomar conta do ambiente.

    Não respondi.

—Aliás, devo contar com o Elliot?Acho que não. Foi só um beijo de cinema mesmo não foi?-A ironia em sua voz estava me levando à loucura.

—Cala a boca. -Falei entre dentes.

—O que foi? Falei alguma mentira?

—Não sei como te suportei por anos. -A amargura em minha voz podia ser notada por qualquer um.

—Agnes te ajudava às vezes com isso. Ela é um anjo não é mesmo?

—Não fale dela nem mesmo sendo sarcástica Agnes. Você a mataria se fosse preciso.

—Assim você me ofende Ally, acha mesmo que eu mataria minha preciosa netinha?-Disse fingindo indignação.

—Não se faça de vítima Sarah, sei que mataria Agnes sem pensar duas vezes.

—Isso era antes meu bem. -Me olhou como se tivesse pena de mim.

—Antes do que?-Desdenhei.

—Antes de eu estar do lado de Sarah. -A voz de Agnes me atingiu da maneira mais dolorosa que eu podia imaginar.

   Ela estava de pé encostada a uma das paredes da entrada. O sorriso em seu rosto era de pura diversão.

   Eu iria me aproximar dela quando senti o braço de Austin me impedir de mover um músculo sequer.

—Você não vai querer fazer isso. -Foi tudo o que ele disse.

   A morena caminhou a passos lentos até estar perto o bastante de Elliot e Francis que parecia estar pronto para matar ela em instantes.

—Vocês têm outra cadeira vaga?Acho que irei precisar de uma. -Disse se aproximando de Elliot que estava sentado em uma cadeira já aos pedaços.

   Ele se levantou, empurrou com o pé a cadeira da maneira mais bruta possível até estar perto de Sarah. Esperou pacientemente que ela se sentasse e Francis ao Inês de lhe amarrar com cordas preferiu usar algemas.

—Há quanto tempo planejava isso?-Eu não conseguia tirar os meus olhos de Agnes.

—Desde o dia que eu te encontrei pela primeira vez na floresta. -O orgulho em sua voz estava me dando náuseas.

   Tentei manter a calma a todo o custo. Por mais que eu quisesse matá-la ainda assim não podia. Não até ser humana, mas eu precisava extravasar minha raiva de alguma maneira, não importava qual. Fechei os olhos por um momento apenas para ter mais ódio de mim mesma.

—Filha da puta. -Acertei o revolver em sua bochecha a fazendo cuspir sangue.

—Isso é elogio perto do que já ouvi amor. -Disse lambendo o liquido vermelho que escorria pelo canto dos seus lábios.

—Pensei que podia confiar em você. -Falei tentando controlar meus batimentos cardíacos.

—Esse é o seu problema. Confiar demais Ally. Por isso não me surpreendo de ter chegado até aqui. -Sua risada me causou calafrios.

—Você me pediu para matar Sarah porque sabia eu não iria conseguir matar Austin. -Liguei os pontos para mim mesma.

—Parabéns por descobrir algo por si só bebê. -Fingiu estar surpresa.

   Senti Austin se afastar e ir de encontro a Belinda que parecia ser a mais calma de todos ali presentes. Ela acabou de descobrir que a melhor amiga com a qual conviveu por séculos é uma cobra e nem assim consegue se abalar. Seria o mesmo se fosse o contrário. As duas não se entregariam ao desespero tão fácil assim.

—Não acredito que esta arruinando a sua vida e a de todos ao seu redor por causa de um Moon. -O seu desgosto me fez revirar os olhos.

—Por favor, Agnes. -A olhei de cima a baixo. -Não sou a primeira Dawson a me relacionar com um Moon e nem serei a última então procure argumentos melhores.

—Mas é a única a arriscar a própria vida por um deles. Você poderia estar com a gente Ally. -Sarah disse pela primeira vez em muito tempo.

  Eu estava pronta para responder quando Austin voltou até a mim.

—Ally, não temos tempo. Vem. -Senti a mão de Austin tocar o meu braço.

—Do que você esta falando?-Perguntei me virando em sua direção.

—A lua já esta quase alinhada. Precisamos fazer o feitiço agora.

   Por um momento eu apenas tinha esquecido tudo o que tinha de fazer. Era apenas eu e aquelas duas que eu não podia chamar de família.

—Pode ir. Não irei me aproveitar desse momento como vantagem lindinha. -Sarah sorriu para mim.

—Não podemos. -Falei alternando meu olhar entre Austin e Sarah.

—Ally elas não vão fazer nada. -Austin me prometeu.

—Como você sabe disso?-Perguntei agora olhando pras bruxas a alguns metros de nós.

—Apenas confie em mim. -Ele ameaçou pegar em minha mão, mas eu a tirei de perto dele mais rápido.

   Depois de Agnes por algum motivo eu não conseguia acreditar tanto quanto eu queria em Austin. Ela ajudou a criar minha filha, me disse para correr atrás de Austin, para eu tentar ser feliz, seguir meu coração e olha onde isso me levou.

—Tudo bem. -Falei o mais seca possível.

   Caminhei a passos ligeiros até estar no meio do pentagrama. Austin veio logo atrás parecendo estar com um pouco de raiva.

—Acho melhor estarem prontos ou isso aqui não vai acabar bem. -Belinda disse. Ela parecia estar em outra dimensão.

    Com uma mão eu segurava o líquido preto e com a outra eu segurava a mão esquerda de Austin.

—Agora. -Belinda disse e então senti o líquido descer garganta abaixo como se fosse congelar todos os meus órgãos pelo caminho e mesmo não me tocando eu podia sentir minha pele começar a esfriar. Aquilo parecia limitar meus movimentos fazendo com que fosse mais difícil do que eu pensasse dar o frasquinho para Austin.

  Respirei fundo e fechei os olhos, tentando me controlar ao máximo no que eu estava fazendo. Eu podia sentir as minhas mãos tremerem a cada frase recitada por elas e as mãos de Austin que estavam tão frias quanto as minhas e que não poderiam me acalmar. Minha cabeça parecia estar em um redemoinho e todo o meu corpo respondia do mesmo jeito. O efeito surtiu de imediato.

   Aos poucos sangue começou a escorrer por meu nariz e orelhas, até meus olhos pareciam lacrimejar sangue. Nesse momento já era quase impossível escutar tudo ao meu redor. Mesmo com os olhos fechados eu ainda podia sentir minhas pupilas queimando dentro de mim. Era como se meus olhos vermelhos estivessem mais vivos do que nunca. Tudo parecia estar correndo bem até eu sentir um choque em meu peito e as mãos de Austin deixarem as minhas. Abri os olhos involuntariamente e me apavorei com o que vi.

   A corrente havia sido quebrada por Lucy que parecia estar sob o efeito do próprio poder. Sua boca havia começado a murmurar palavras que estavam em latim e tudo ao seu redor começava a queimar.

—Ally se afasta. -Foi tudo tão rápido que só quando cai no chão percebi que Kira havia me empurrado. No lugar onde eu estava há poucos segundos agora havia uma parte do teto ardendo em chamas.

—Eu sabia que não podia confiar nela. -Belinda disse olhando para Austin.

   O loiro estava tão horrorizado quanto eu. A noiva o havia traído. Austin também não era nenhum santo e Lucy sabia disso, no entanto, parecia ter levado isso a sério demais.

—Quando e lhe disse que conhecia Lucy há muito tempo você deveria ter levado isso a sério Austin. -Agnes disse arrebentando as cordas em que estava presa.

   Agnes por sua vez precisou de um pouco mais de força para se livrar das algemas. Elliiot tentava a todo cuspo imobilizá-la, mas estava sendo difícil segurar ela.

   —Achou mesmo que daria certo Ally?-Ouvi os passos de Sarah se aproximarem de mim.

   Ela se agachou até estar próxima o bastante para segurar firme em meu queixo.

—Eu te disse para não confiar em ninguém Ally. -Com seu indicador ela arranhou o meu rosto.

   O fogo começava a crescer mais ainda atrás dela. Agnes agora lutava com Elliot, enquanto Belinda se esforçava ao máximo para parar Lucy com a ajuda de Trish, Kira e Piper.

—Chega. -Austin a empurrou para longe de mim. —Vem. -Ele me estendeu a mão. Parecia tentar achar uma saída, mas o fogo já havia tomado conta de quase todo o lugar. Segurei em sua mão e ele me levantou antes que outra parte do teto desmoronasse sobre nós.

—Por aqui. –Me guiou até a escada rolante.

   Quando estava subindo os primeiros degraus senti a mão de Sarah agarrar meu pulso, pensei que iria me matar, porém apenas o apertou ainda mais forte.

—Primeiro irei acabar com as bruxinhas e depois me resolvo com você, mas não se esqueça que você entregou o ouro ao bandido Ally. Você entregou sua filha para Cassidy. -E então ela desapareceu em meio ao fogo.

—Anda logo Ally. -Austin tentava fazer com que eu subisse as escadas, no entanto, eu não conseguia processar absolutamente nada na minha mente.

—Cassidy. -Sussurrei para mim mesma.

—Ally vamos logo, estamos perdendo tempo. Ainda falta o suicídio lembra?-Austin tentou me alertar.

—Como quer que eu pense em me tornar humana quando minha filha esta com um bando de monstros?-Gritei na cara dele.

—E o que você pode fazer agora?Quer ir em frente?Pode ir, mas lembre-se de que você esta fraca e totalmente vulnerável até se tornar humana e se a próxima vez que eu te ver for em um caixão eu só espero que Audrey não esteja ao meu lado chorando porque a mãe esta morta.-Ele cuspiu em minha cara.

   O calor e a adrenalina começaram a tomar conta do meu corpo e mesmo com meu cérebro hesitando eu ainda assim voltei a subir as escadas. Do primeiro andar eu podia ouvir muito bem o som de gritos, coisas sendo destruídas e gemidos de tortura, mas ainda assim foquei no que era mais importante naquele momento.

  A primeira sala de aquele andar era um escritório que estava trancado. Eu mal tinha forças para girar a maçaneta até que Austin a arrombou em um estalar de dedos. O fogo ainda não havia tomado conta daquele andar.

—Nós já somos quase humanos, porém ainda precisamos nos livrar completamente do nosso lado vampiro. É fácil. -A voz dele estava sombria e totalmente calma. Ele girava freneticamente a estaca em seus dedos.

   Ainda com as mãos tremulas tirei a minha da bota.

—Pode ir primeiro. -Ele disse percebendo o meu nervosismo.

—Porque eu?

—Porque se eu me matar agora mesmo você irá atrás de Cassidy, então para assegurar que tudo vai funcionar você irá morrer primeiro. -Ele disse pacientemente.

—Eu não acho que...

—Se eu pudesse já teria te matado há dois minutos então cala a boca uma vez na vida e faz o que eu estou mandando. -Por mais que suas palavras fossem claras ele disse da maneira mais fria possível.

  Apoiei meu corpo sobre uma mesa velha que havia ali. Batuquei algumas vezes meus dedos na estaca até estar com sua ponta afiada apontada para o meu coração.

  A última imagem que eu tive foi de um Austin totalmente sereno, calculista e inabalável quando enfim cravei o pedaço de madeira em meu coração.


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Notas finais do capítulo

Espero q tenham gostado e por favor comentem meus amores.



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