After all this time? escrita por Luna Lovegood


Capítulo 4
Capitulo 3 - You are in my veins


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores!!

Voltei, demorei uns dois dias pra atualizar né?! Nem foi muito... em compensação o capitulo ficou bem grandinho.
Muito obrigado pelos comentários lindos, sempre me incentivam muito!

Espero que gostem! Nos falamos nas notas finais!



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Nothing goes as planned

Everything will break

People say goodbye

In their own special way

All that you rely on

And all that you can fake

Will leave you in the morning

Come find you in the day

Oh, you're in my veins, and I cannot get you out

Oh, you're all I taste, at night inside of my mouth

Oh, you run away, 'cause I am not what you found

Oh, you're in my veins, and I cannot get you out

(In my veins - Andrew Belle)

Felicity Smoak

"Oliver e eu costumávamos passar as tardes na oficina do pai dele, ele trabalhando em algum carro e eu apenas sentada em um canto qualquer o observando, eu amava observá-lo trabalhar. Pode não parecer um bom lugar para encontrar o namorado, mas era o que tínhamos e honestamente eu não me importava com o lugar, contando que Oliver estivesse lá comigo esse seria o melhor lugar do mundo pra mim.

Infelizmente Oliver não concordava comigo, ele preferia que eu não tivesse que matar aula e atravessar a cidade até o Glades só para vê-lo. Ele sempre me dizia que eu merecia mais, que ele gostaria de me oferecer mais. Por vezes eu tentava fazê-lo entender que eu não precisava de mais nada. Que ele havia me dado algo que nunca pensei que pudesse existir, aquela sensação de ser amada por alguém. Isso era algo único e insubstituível.

Mas Oliver Queen sabia ser teimoso, eu me lembro de uma tarde em que ele estava sendo extremamente idiota por causa disso. Tinha sido meu aniversário no dia anterior, eu havia ganhado uma câmera daquelas que tiram fotos instantâneas da minha mãe, ela dissera que eu deveria fotografar cada momento especial da minha vida. E meu pai me dera uma viagem de dez dias pela Europa. Eu estava tagarelando com Oliver sobre como eu tiraria fotos incríveis em Paris no outono, ou como seria maravilhoso visitar alguns museus e castelos, quando notei que ele estava me ignorando propositalmente.

Oliver batia com uma força exagerada no carro que ele deveria supostamente consertar. Ele parecia com raiva, eu podia o ver colocando naquele movimento toda a frustração que sentia.

— Oliver... - chamei, me aproximando. Ele parou de atacar o veículo, largou a chave de fenda e apoiou as mãos sobre o capô do carro, a respiração dele ainda estava alterada e ele evitava me olhar, ele estava claramente irritado. Aproveitei a deixa e coloquei uma de minhas mãos sobre a dele, querendo que ele parasse e conversasse comigo, me explicasse o que o estava aborrecendo, esperando que o meu toque fosse capaz de acalmá-lo pelo menos um pouco. - O quê está acontecendo? - Perguntei calmamente.

Ele bufou e encarou nossas mãos unidas por um tempo, eu sei o que ele via. As minhas mãos delicadas e bem cuidadas contrastavam com a dele, grandes e um pouco sujas de graxa. Ele suspirou e depois retirou a mão dele debaixo da minha, sem sequer me dar olhar ou uma resposta. Ele simplesmente voltou a atacar o carro com toda a fúria.

— Infelizmente nem todos tem a vida perfeita, princesa. - disse duramente entre as batidas que dava no carro, seus olhos se recusaram a me encarar. Eu finalmente entendi o que estava acontecendo, ele estava com raiva de mim, com raiva da vida que eu tinha. - Alguns de nós, meros mortais precisam trabalhar duro para conseguir um centésimo do que você tem sem fazer nenhum esforço.

As palavras dele vieram como uma bofetada, os meus olhos arderem com a acusação, porém eu me recusei a chorar. Eu já estava cansada disso, cansada dele ficar colocando as diferenças em nossas condições financeiras entre nós. Como ele não conseguia ver que nada disso tinha importância para mim? Que eu o amaria ainda que ele fosse um mendigo ou um príncipe?

— Você precisa parar com isso Oliver! Eu não tenho culpa de ter nascido em uma família rica! - Me defendi, já exaltada - Eu preciso que você pare de colocar isso entre nós! Você é inteligente, gentil, honesto... O quê pode ser melhor do que isso? Dinheiro? Status? Eu não acho que seja. Veja bem, eu tenho tudo isso, eu cresci nesse mundo! E nenhuma dessas coisas me fez tão feliz quanto estar aqui nessa oficina com você me faz. - Terminei, meu discurso emburrando a cara e cruzando os braços. - Se bem que nesse exato momento eu estou um pouco infeliz, por sua culpa!

Oliver parou e finalmente me olhou. Seu olhar se demorou em mim e por fim ele suspirou.

— Me desculpe por isso. Mas você tem certeza disso? - Perguntou ainda inseguro. - Tem certeza de que um dia não vai olhar para trás e se arrepender de nós? Eu não quero perder você Felicity, você trouxe luz para os meus dias e eu não quero ficar sem você, eu não quero que meus dias se tornem nublados e sem graças outra vez. - Sorri, eu via sinceridade nas palavras dele, eu vi o quanto aquelas dúvidas o atormentavam.

— Nada, nunca vai mudar o que eu sinto dentro de mim. - Falei me aproximando novamente e entrelaçando minha mão na dele. - Porque meu coração sabe a quem ele pertence, não há dinheiro, viagens, ou baboseiras de classe sociais que mudem isso. - Afirmei com convicção, e esperei que as minhas palavras dessem a ela a certeza de que eu o amava.

— Você está certa. - Assumiu, e um pequeno sorriso nasceu ali.

— Eu sempre estou! - Retruquei animada que a discussão finalmente tinha terminado - Nós devíamos tirar uma foto nossa. - falei pegando em minha bolsa a câmera que minha mãe havia me dado, ela me disse para retratar os momentos especiais, certo?

— Para quê? - Perguntou me olhando alarmado.

— Porque quando nós formos dois velhinhos, eu quero me sentar na varanda ao seu lado e apenas olhar para essa foto. Nós iremos lembrar desse dia com saudade. E eu quero eternizar o dia em Oliver Queen reconheceu que eu estava certa. - Falei, e um sorriso de evidente felicidade cresceu no rosto de Oliver, era um sorriso lindo daqueles que faziam meu coração acelerar. Só então eu me toquei que eu havia deixado claro que eu imaginava um futuro com nós dois, e imediatamente corei envergonhada. - Não é que eu imagine que nós dois iremos nos casar, ter filhos e viver felizes para sempre - Tentei consertar e me enrolei ainda mais, enquanto o sorriso dele ficou ainda maior. - Mas eu gosto de pensar que sempre terei você na minha vida.

O sorriso de Oliver desapareceu o semblante dele se tornou mais sério, e ele se aproximou. Uma de suas mãos repousou em minha bochecha fazendo uma leve carícia, inconscientemente inclinei minha cabeça e fechei meus olhos. Era tão boa a sensação de ser tocada por Oliver, quando ele me tocava eu sentia uma paz tomar conta de mim e eu tinha certeza de que tudo ficaria bem.

— Felicity. - Chamou meu nome docemente e eu abri meus olhos, apenas para encontrar os dele me fitando intensamente. Eu via tanto em seus olhos azuis, tantas emoções tantos sentimentos, ele podia ainda não ter dito que me amava, mas naquele olhar eu vi isso, vi que o coração dele me amava. - Eu sempre estarei com você. - Não sei se foi a intensidade das palavras ou a forma séria que ele me olhou, mas eu senti que aquela era uma promessa.

E naquele momento o sempre foi melhor do que um eu te amo.

— Sempre? - Perguntei.

— Sempre. - Ele repetiu a palavra e em seguida seus lábios buscaram os meus selando aquela promessa com um beijo.”

Se alguém me dissesse há dez anos que hoje Oliver e eu não estaríamos juntos, eu não acreditaria. Eu não conseguia ver como um amor como nosso poderia acabar, era um amor que corria em minhas veias e estava cravado em mim até hoje. E tenho certeza que eu levaria esse sentimento comigo até meu último suspiro. Oliver prometeu que sempre estaria comigo e de certa forma a promessa dele foi cumprida. Nós podíamos não estar realmente juntos, mas ele sempre estaria comigo no meu coração, nas minhas lembranças, naquela parte de mim que ainda sofria a dor por tê-lo perdido.

Acho que de certa forma eu comecei a alimentar aquela dor, ela me lembrava de que meu amor tinha sido real. Ela me lembrava de que por pior que a vida estivesse agora, um dia eu fui feliz. Um dia eu amei e fui amada de uma forma completa e única.

Por isso eu me fechei para o amor, por que eu sabia que uma vez que se ama tão profundamente alguém, você não esquece, você não supera, não substitui por outro alguém. Eu afastei todos, eu não me permiti tentar sentir esse sentimento outra vez. Porque eu sabia que seria inútil e nada se compararia ao que eu vivi com Oliver.

Oliver.

Olhei para ele novamente. Ele definitivamente não parecia mais meu rapaz de olhos azuis. A forma como ele andava tão altivo, tão seguro de si distribuindo sorrisos educados pelo salão. E intencionalmente me evitado. Eu notei isso, ele se manteve o tempo todo afastado e bem longe de mim.

Mas ainda assim meus olhos o seguiram por todo o salão, ainda assim meu coração se apertava por vê-lo de braços dados com a bela morena. Ainda assim eu desejava ir até ele e despejar toda a verdade. Que eu nunca quis deixá-lo, que eu sempre o amei, que eu nunca disse tantas mentiras quanto as que estavam escritas na carta que eu deixei.

Mas eu não tinha o direito de fazer isso, eu não podia chegar agora na vida dele e dizer a verdade. Foram dez anos, e não dez dias. Dez anos eu que tudo mudou. Dez anos em que aparentemente ele se tornou outra pessoa, alguém frio, alguém que eu não reconhecia mais.

Senti um toque leve em meu ombro e me sobressaltei, eu estava realmente distraída com meus pensamentos sobre Oliver.

— Como você está, filha? - Perguntou, evidentemente preocupado seus olhos escaneavam meu rosto tentando ler o que se passava em minha mente. Eu não fingi, eu nem conseguia fingir mais, eu fui transparente deixei estampado em meu rosto toda a tristeza de ver Oliver novamente. - Filha eu sinto muito por... - Eu sabia ao que ele se referia, e eu não podia lidar com isso agora, e principalmente não podia falar sobre isso com ele.

— Nós não precisamos falar sobre isso pai. - Interrompi num tom baixo e cortante.

— Mas Felicity... - Tentou novamente com um olhar repleto de culpa. Eu sabia que ele se sentia mal por isso, talvez até mesmo arrependido. Mas isso não mudava o que ele havia feito.

— Não. - Neguei prontamente um pouco desestabilizada. Eu não precisava desenterrar toda aquela história outra vez, eu não queria voltar a odiar o meu próprio pai pelo que ele havia feito com a minha vida. Certas coisas nós devíamos simplesmente deixar no passado e esquecer.

Por dez anos eu estive ao lado do meu pai, eu cuidei dele quando a minha mãe morreu. Eu fui a filha perfeita, eu estava magoada e triste, mas ainda assim eu estive lá por ele, eu não o julguei quando ele se entregou as bebidas, eu não o critiquei quando aos poucos ele perdeu todo o patrimônio da nossa família. Durante todo esse tempo nós nunca tocamos nesse assunto, nós nunca falamos sobre como ele arruinou o coração de uma jovem apaixonada.

Parecia hipocrisia ele querer falar disso justo agora, como se quisesse colocar o dedo na ferida e aperta-lá até que ela voltasse a sangrar.

— Eu preciso de um pouco de ar. - Falei, deixando o meu pai sozinho no salão e procurei a saída mais próxima para o jardim. A verdade é que eu precisava gritar! Eu precisa tirar esse aperto de dentro do meu peito, esse aperto que começou no momento em que eu vi Oliver.

Eu podia sentir o olhar dele sobre mim enquanto eu caminhava para a saída, meu corpo parecia ciente de que ele me encarava com seus olhos tão lindos e agora tão frios. Eu não podia virar e sustentar o olhar. Não. Eu sabia que seria demais para mim, eu desabaria assim que notasse que eu havia perdido o meu rapaz de olhos azuis. E quando eu digo perder não é no sentido dele não ser mais meu. Não, Oliver já não era meu há dez anos isso eu já havia aceitado. Quem eu perdi foi o rapaz que me amou, que me fez mulher, o rapaz simples que não se envaidecia por festas luxuosas ou coisas de marcas. Por mais que eu olhasse dentro dos olhos azuis de Oliver eu não conseguia ver nenhum sinal daquele rapaz. Talvez ele ainda estivesse escondido em algum lugar do homem que me encarou com desprezo, atrás de camadas de auto preservação. Ou talvez ainda estivesse em seus belos olhos azuis que não tinham mais aquele brilho inocente, eram apenas uma sombra obscura agora.

Cheguei a varada aliviada por me livrar da multidão, respirei fundo encostei minhas mãos na mureta e fechei meus olhos, esperei que o vento daquela noite fria me acalmasse. Que levasse embora a confusão que estavam meus pensamentos. Mas foi em vão, tudo o que eu consegui foi pensar ainda mais nele, em como eu ainda o amava.

Abri meus olhos e os ergui para o céu observando a noite clara e estrelada, me lembrei de uma garota anos atrás nessa mesma casa que costumava fazer isso, contemplar estrelas esperando por uma resposta. Nesse exato momento uma estrela cadente passou cruzando o céu e eu arfei.

Eu fiz meu pedido, mesmo sabendo que não deveria. Oliver, foi o nome que meu coração gritou, e que saiu de meus lábios num sussurro desesperado.

Mas eu não podia me dar ao luxo de sonhar em tê-lo outra vez, eu seria tola se me permitisse iludir que estrelas cadentes realizam pedidos. Além disso, nós dois e nossas vidas estavam mudadas, não éramos as mesmas pessoas de dez anos atrás. Não que eu me importasse com isso, na verdade se a falência do meu pai trouxe algo de bom foi a possibilidade de me afastar desse mundo e das pessoas mesquinhas que o rodeavam. Um mundo que agora Oliver parecia muito contente em fazer parte.

— Você precisa tirar ele da sua mente Felicity. - Ralhei comigo mesma.

— Eu não sei quem é ele, mas eu só posso concluir que é um idiota. - Me assustei com o homem que falava comigo, eu pensei que estivesse sozinha aqui. - Sinto muito, se eu a assustei. - Logo se desculpou - Ray Palmer, eu só queria um pouco de ar e essa varanda me parecia um ótimo lugar, eu não estava te seguindo ou algo assim. Embora não seria estranho se eu fizesse, já que você está muito linda nesse vestido. - Deixou escapar - Me desculpe. - claramente envergonhado por ter falado demais.

— Felicity Smoak. - Respondi correspondendo ao cumprimento dele, dando-lhe um pequeno sorriso.

— Smoak? - Questionou. - Donna Smoak era sua mãe? Devo dizer que aprecio muito as pinturas delas. Dá pra ver que ela colocava muita emoção no que fazia.

— Sim, ela era incrível - Respondi saudosa.

— Você não gostaria de... - Começou a dizer, mas logo foi interrompido. Eu não precisava me virar para saber quem havia chegado, porque imediatamente eu senti me corpo se arrepiar, eu me senti ser puxada até ele por aquela estranha força que nos atraia.

— Senhorita Smoak. - Ouvi a voz de Oliver me chamar e eu enrijeci. Se apenas a presença dele havia me transtornado, o que posso dizer sobre a voz que eu não ouvia há tanto tempo? Aquela voz teve o poder de mexer com os meus sentidos, de fazer meu coração querer saltar dentro do peito. Embora devo ressaltar que o tom utilizado por ele era duro e um pouco irritadiço, além disso não passou despercebido por mim que ele havia utilizado “Senhorita Smoak”, tentando parecer impessoal e profissional, se o objetivo dele era deixar claro que nós dois não tínhamos nada, ele conseguiu. - Posso falar com você um instante?

— Claro. - Respondi, tentando usar o mesmo tom que ele usou comigo e falhando miseravelmente, ao contrário da dele a minha voz saiu falhada. Eu simplesmente não conseguia mentir para aqueles olhos, não conseguia fingir para ele. - Com licença, Ray - Me despedi educadamente, ele apenas assentiu parecendo verdadeiramente chateado.

Virei-me para acompanhar Oliver, eu não esperava sentir o toque da mão dele em minhas costas nuas, me guiando de volta para o salão. O toque durou menos de um segundo e ainda assim foi o suficiente para despertar todo o meu corpo. Para me fazer lembrar da sensação de ser tocada por ele.

— Então, Oliver. - Falei assim que chegamos ao salão, e o vi erguer uma das sobrancelhas. Quis me estapear pelo lapso de chamá-lo pelo primeiro nome, mas respirei e continuei - O que precisa falar comigo?

Ele não me respondeu imediatamente, na verdade ele pareceu um pouco alarmado com a minha pergunta. Ergui minha cabeça e fitei seus olhos, esperando por uma resposta, estava pronta para me deparar com seus olhos azuis frios, mas havia algo diferente, eles estavam quase calorosos. Eu vi meu antigo Oliver ali e meu coração se alegrou com o reconhecimento.

— O leilão começará em cinco minutos. - Disse secamente desviando o olhar do meu.

— Só isso? - Insisti, tentando retomar o contato visual.

— Sim. O que mais eu poderia querer de você? - Saiu deixando a pergunta no ar, seu tom foi amargurado e seus olhos retomaram a frieza habitual.

***

Oliver Queen

Eu tentei ignorá-la. Eu tentei ignorar a presença dela naquele lugar. Eu tentei porque eu não conseguia encará-la, eu não conseguia aceitar a forma descompassada que meu coração batia. Eu não aceitava esse sentimento, eu não aceitava que depois de todo esse tempo eu ainda a amasse. Eu fui um grande tolo se pensei que pudesse seguir meus planos estúpidos de vingança. Por que no momento em que eu a vi eu soube que não conseguiria fazer nenhum mal a ela.

Eu simplesmente não conseguia ficar alheio a presença dela, meu corpo, meu coração, minha alma, tudo em mim a reconhecia. Tudo em mim a queria. Eu sentia o olhar dela me seguindo por todo o salão, aquele olhar repleto de tristeza. Eu não conseguia olhar para ela de volta, eu sabia que no momento que eu fizesse, no momento em que meus olhos estivessem olhando dentro dos delas eu sucumbiria. Eu esqueceria o meu propósito e eu faria tudo para tê-la novamente, ainda que no fim meu coração fosse destruído outra vez.

Eu não me importaria com a dor que viria depois, eu só precisava dela, eu só queria senti-la novamente em meus braços, eu queria sentir o gosto de seus lábios nos meus. Eu queria que ela fosse minha, porque apenas isso aplacaria o vazio que eu sentia dentro de mim.

— Você está bem, querido? - A voz irritante de Laurel atrapalhou meus pensamentos sobre Felicity - Parece um pouco distraído. - concluiu, colocando uma de suas mãos sob meu peito me lançando um sorriso cálido. Eu gentilmente retirei as mãos dela de mim, e murmurei um “estou bem”.

Eu não estava mais aguentando então fiz meus olhos buscarem Felicity por todo o salão, e eu a encontrei fazendo um caminho reto até uma das saídas laterais. Inventei uma desculpa qualquer e me afastei de Laurel e do grupo de pessoas com as quais conversávamos e comecei a procurá-la. Será que ela tinha indo embora por minha causa? Eu vi a forma que ela olhou para mim, eu estaria sendo tolo em imaginar que ela ainda se importava comigo? Que talvez, só talvez ela pudesse me amar dessa vez?

A encontrei na varanda conversando com Ray Palmer, um riquinho metido que eu não suportava. Fiquei furioso ao notar o ligeiro sorriso nos lábios dela. Eu estava preocupado e ela estava apenas flertando com o primeiro cara rico que encontrou!

Isso me tirou do sério! Eu precisava tirar ela de perto dele e assim o fiz. Na minha ânsia de afastá-la dele inconscientemente toquei em suas costas desnudas. Eu fiquei desnorteado, senti todas aquelas sensações voltarem. Me lembrei de como era ter o corpo dela sob o meu, de como foi amá-la, de como meu coração se agitou quando eu toquei a pele dela.

Eu estava confuso demais, confuso por ainda amá-la. Ela não merecia meu amor. Por isso a afastei rudemente, eu precisava colocar a minha mente em foco. Clarear meus pensamentos. Eu teria feito isso se assim que eu a deixei eu não tivesse sido abordado por ele. Richard Smoak.

— Eu sei o que você está fazendo. - Anunciou.

— Duvido muito. - Respondi com aspereza, dando-lhe as costas. Eu teria saído e o deixado falando sozinho, mas a mão dele agarrou o meu braço e eu não conseguiria me livrar dele facilmente sem fazer uma cena.

— Eu posso ter cometido muitos erros no meu passado, eu confesso que afastei Felicity de você. - Começou a dizer, percebi que ele estava nervoso. - Eu fui arrogante, eu priorizei o dinheiro à felicidade. E olha só o que me restou? Nada, eu destruí tudo. E eu devo dizer Oliver, estou vendo você fazer o mesmo caminho que eu.

— Eu não sou nada parecido com você - Vociferei. Não deixaria que esse homem me humilhasse nunca mais.

— Não? Conceder uma festa a família falida da sua ex-namorada que te desprezou, me parece um ato bem arrogante. Uma maneira nada sutil de mostrar que as coisas se inverteram, não acha? - Falou.

— Está reclamando da minha ajuda? - Retruquei, nenhum pouco contente com o rumo dessa conversa.

— De jeito algum, eu só estou ressaltando que ela não veio sem interesse. Você queria se regozijar, mostrar tudo o que você conquistou. Acho justo, eu mereço o seu desprezo. Mas Felicity não. Apesar de tudo o que eu fiz, ela permaneceu ao meu lado. Porque ela é assim, ela é boa, ela ajuda os outros sem esperar nada em troca, até mesmo quando essa pessoa assim como eu, não é digno de ajuda. E ela não merece o que você está fazendo com ela. - Eu ouvi atentamente as palavras dele, e me senti um pouco culpado, mas eu não iria admitir isso para ele.

— Eu não sei o que você pensa que eu estou fazendo com ela. - Desconversei, mas a verdade é que nem eu sabia mais o que estava fazendo, a simples presença dela aqui estava bagunçando a minha mente, mudando meus planos iniciais.

— Você a está machucando. - falou num tom desesperado - Você não vê que ela nunca te esqueceu? - Quase me deixei iludir por aquelas palavras, mas tentei olhar os fatos com racionalidade. Richard Smoak era um homem falido, provavelmente via em mim a esperança de um casamento vantajoso para Felicity, e a solução para todos os seus problemas financeiros.

— É engraçado, agora o meu dinheiro é suficiente para eu ter a sua filha? - Questionei.

— Nem se você tivesse todo o dinheiro do mundo você poderia tê-la. - Sentenciou num tom cortante. - Eu nunca desejaria a ela alguém que prioriza tanto o dinheiro. Ela merece mais. Onde está o garoto que me enfrentou anos atrás? Aquele sim havia me provado que seria digno dela.

Foi inevitável não rir com o comentário dele, eu sei bem que para Richard dignidade e dinheiro eram sinônimos.

— Quanta hipocrisia! - Exclamei.

— Não é hipocrisia, é aprendizado. O tempo e a perda nos ensinam muitas coisas. Eu carrego muitos arrependimentos comigo. Você acha que eu não me importo com o olhar triste da minha filha? Você acha que eu não me sinto responsável por ele? - Falou, ele parecia nervoso com essa conversa, eu podia ver uma gota de suor escorrendo em sua testa, as mãos dele tremiam e ele tentava sem muito sucesso afrouxar o nó da gravata.

— Você mesmo disse que ela escolheu me deixar. - O lembrei.

— Eu disse. Isso é culpa minha - Confessou - Mas você acreditou. Isso é culpa sua. - Absorvi aquelas palavras. Ele não estava me dizendo o que eu acho que estava?

— Sobre o que você está falando? - Inqueri, nervoso.

— As cartas... - começou a dizer, mas não teve oportunidade de terminar, porque segundos depois Richard Smoak caiu ao chão com ambas as mãos sobre o peito. Ele não conseguia falar e mal respirava, estava tendo um ataque cardíaco.


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Notas finais do capítulo

Então gostaram? Deixem comentários para eu saber.
Papa Smoak bem ia contar sobre as cartas e puff caiu no chão.... Vocês não acharam que eu deixaria o Oliver descobrir a verdade assim tão fácil né?