After all this time? escrita por Luna Lovegood


Capítulo 3
Capitulo 2 - All my scars are open


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores!
Vocês são incríveis, obrigada pelos lindos comentários e favoritos!

Eu não sei se vocês escutam as músicas que eu coloco no começo de cada capitulo, e por mim tudo bem eu geralmente só escolho uma música que tenha me inspirado a escrever ou que tenha ligação com o contexto. Mas hoje eu estou pedindo, implorando para vocês escutarem Impossible do James Arthur, meu Deus! É linda demais!

Dito isso, tenham uma boa leitura!



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I remember years ago

Someone told me I should take

Caution when it comes to love, I did

And you were strong and I was not

My illusion, my mistake

I was careless, I forgot, I did

And now, when all is done, there is nothing to say

You have gone and so effortlessly

You have won, you can go ahead, tell them

Tell them all I know now

Shout it from the roof tops

Write it on the sky line

All we had is gone now

Tell them I was happy

And my heart is broken

All my scars are open

Tell them what I hoped would be

Impossible, impossible

(Impossible – James Arthur)

 

Oliver Queen

“Querido Oliver,

Eu tenho pensado muito sobre o tempo que passamos juntos. Toda a nossa história começou rápida demais, eu acho que eu estava tão empolgada com a possibilidade de viver um romance, que não pensei direito no que estava fazendo ou nas consequências. Confesso que acabei levando as coisas mais longe do que deveria. Sei que os meus atos, e por vezes minhas palavras o fizeram pensar que eu te amava. Mas eu sou apenas uma garota de dezesseis anos, o que eu sei sobre o amor?

De certa forma acho que me deixei levar pela emoção. Sempre quis viver um romance proibido desses que lia nos livros, e eu vivi. Mas agora é hora de seguir em frente, e nossas vidas são muito diferentes, nós dois somos de mundos completamente diferentes.

Tudo o que aconteceu nesse verão foi divertido, e eu te agradeço pelo tempo que compartilhamos juntos. Mas foi só isso, apenas um caso de verão. E eu quero mais dessa vida do que você pode me oferecer.

Eu tenho coisas mais importantes a fazer, decisões a tomar, eu tenho um futuro inteiro para planejar e eu não vejo como você poderia se encaixar nele, ou se encaixar no meu mundo. Meu pai tem razão, eu mereço mais do que namorar um simples filho de um mecânico. Por isso eu decidi me mudar, passar um tempo na Europa e ter uma perspectiva diferente da vida.

Eu peço que não me procure, não me ligue ou escreva. Apenas me esqueça, por que assim que eu entrar naquele avião eu não olharei para trás, não pensarei mais nessa cidade ou no que eu vivi aqui. Não pensarei em você.

Sinto muito por terminar com você dessa forma. Mas não seria justo partir fazendo-o achar que eu o amava, quando na verdade eu nunca amei.

Atenciosamente,

Felicity Megan Smoak”

Tencionei a minha mandíbula, e lutei contra o impulso de rasgar aquele papel. Eu relia essa carta quase que diariamente, na verdade eu costumava guardá-la sempre comigo. Eu fazia isso para me lembrar das palavras dela, para me lembrar da forma tão leviana com a qual ela descartou o nosso amor.

Apesar de para ela ter sido apenas uma história de verão, para mim foi muito além disso, foi algo puro e verdadeiro. Eu senti uma conexão única com ela quase imediatamente, era algo inexplicável. Eu a vi e foi como se eu fosse atraído até ela, por uma força tão intensa que eu sequer tive chance de lutar contra.

Quando Felicity me entregou o seu corpo, eu me senti o homem mais sortudo do mundo. Porque naquele momento eu soube que ela era minha e eu era dela, e aquilo não tinha sido apenas resultado de um desejo carnal foi algo mais puro, eu senti como se nossas almas se conectassem. Eu senti como se ela me levasse ao meu paraíso particular. Nada nunca chegou perto do que eu senti naquele momento, era como se a vida inteira eu tivesse esperado por ela, ela era a escolhida.

E mesmo depois de tantos anos, depois de tantas mulheres, eu nunca consegui sentir um décimo daquilo que eu senti com Felicity novamente. E eu tentei, foram muitas noites, muitas mulheres, muitas bebidas... tudo só para tentar afastar a lembrança da doce garota que um dia eu conheci e amei. Mas nenhuma outra me tocou com a delicadeza que ela me tocava, nenhuma delas me beijava com tanta entrega e tanta devoção como ela, e principalmente nenhuma delas via o coração do pobre rapaz que era apenas o filho de um mecânico. Não, elas só viam Oliver Queen o jovem milionário, elas só queriam esse Oliver Queen.

Era como se depois de Felicity meu coração se recusasse a bater, se recusasse a se manifestar por qualquer outra que não fosse ela. As vezes eu chegava a duvidar que meu coração ainda funcionava, afinal ele tinha sido magoado tão profundamente que agora não via mais motivos para tentar outra vez.

Suspirei. Eu amei Felicity Smoak profunda e desesperadamente. E quando ela foi embora, quando eu percebi que eu a havia perdido a dor foi cruel, e veio na mesma intensidade do amor que eu sentia por ela.

Primeiro foi a dor de perdê-la, eu sentia falta dela em cada momento do meu dia-a-dia, eu sentia falta do seu sorriso radiante que tinha o poder de tornar tudo a minha volta mais belo. Eu sentia falta de ouvi-la tagarelar sentada em um canto qualquer da oficina de meu pai, enquanto eu estava trabalhando. Eu sentia falta de seu abraço confortador e de seus beijos delicados, eu sentia falta de ser amado. Ela se foi e levou com ela tudo o que me fazia feliz. Depois veio a mágoa, por ela ter me deixado assim tão facilmente, por não ter se importado com os meus sentimentos. E por último veio a raiva, esse sentimento chegou sorrateiro e quando dei por mim já estava odiando as lembranças dos momentos que passamos juntos, odiando aquele sentimento que se recusava a passar, odiando o mundo pelo o qual ela havia me trocado. Odiando Felicity Smoak por ter me apresentado esse sentimento tão destrutivo que era o amor.

Esse ódio me motivou a construir tudo o que tenho hoje, ajudou a formar o homem que eu me tornei. Foi por causa desse sentimento obscuro que tomou conta de mim, que eu decidi provar a Felicity que ela havia cometido um grande erro.

Ainda me lembro de quando o pai dela chegou em minha casa com todos aqueles policiais tirando ela dos meus braços, tirando a minha Felicity de mim. Eu não fiquei preso de verdade, primeiro por que nenhuma queixa foi prestada, tudo o que Richard Smoak queria era me intimidar. E segundo porque o prefeito não queria que a história de que a sua preciosa filha estava namorando um cara qualquer, se espalhasse.

Depois do episodio eu fui invadido por uma estranha sensação de medo, não por mim. Eu temia por Felicity, eu temia pelas coisas que o pai dela poderia fazer para nos afastar. Richard Smoak. Em toda a minha vida eu nunca conheci um homem mais prepotente do que ele. E olha que depois que entrei nesse mundo dos ricos eu aprendi que quase todos eles tendiam a ser assim, mas Richard se superava...

Eu fui até a casa de Felicity no outro dia, eu precisava vê-la e dizer que eu não permitiria que nada nesse mundo nos separasse. Eu precisava também fazer o pai dela entender que eu a amava, eu tentaria provar a ele que eu era digno da filha dele. Eu toquei a campainha 1, 2... 10 vezes, mas ninguém me atendeu. Embora eu soubesse que houvesse pessoas lá dentro, além disso, eu vi Donna Smoak me observar pela janela do segundo andar até que a cortina foi puxada bruscamente. Então eu comecei a gritar o nome de Felicity, queria que ela soubesse que eu estava ali, que eu tinha vindo por ela. Isso foi o suficiente para fazer Richard abrir a porta.

— O que você faz aqui, moleque? - Richard me perguntou, a expressão no rosto dele era de puro desgosto. Mas eu não deixaria que isso me impedisse.

— Eu quero falar com o senhor. - Tentei soar respeitoso.

— Não tenho nada a falar com você. - Respondeu com evidente desprezo. -Agora eu quero que você vá embora da minha casa, e não apareça mais aqui. - Falou autoritariamente tentando fechar a porta, mas eu o impedi colocando meu pé ali.

— Você age como se estivesse a protegendo, mas o senhor sequer se importa com o que ela quer. - Soltei, vi ele quase vacilar. O que eu falei o havia atingido, isso já era algo. Talvez aquele homem frio e desdenhoso ainda tivesse um coração.

— Ela tem apenas dezesseis! Ela é só uma criança, não sabe o que quer. - Retrucou com raiva, e me lançou um olhar assassino. Eu vi que aquela seria uma batalha perdida, não havia maneiras de convencer aquele homem. Ele não seria racional.

— Me deixe falar com ela. - Pedi, eu precisava que ela olhasse em meus olhos e visse que eu não iria desistir - O senhor pode estar presente... eu só preciso vê-la. - Finalizei.

— Isso será impossível. - Informou. - Ela não está aqui mais. - Explicou e nesse momento meu coração se contraiu em dor, fui tomado por uma sensação de desespero, eu precisava encontrá-la, precisava tê-la em meus braços. Eu iria até o fim do mundo por ela.

— O que você fez? - Questionei com a voz embargada, até aquele momento eu estava tentando conter as lágrimas.

— Eu não fiz nada, essa foi a decisão dela. – Falou me entregando aquela maldita carta. - Espero que você a respeite. - E dessa vez ele fechou a porta na minha cara, não consegui impedi-lo, estava ainda atônito demais para raciocinar. Tudo o que minha mente conseguia pensar era que ela não estava mais aqui. Ela tinha ido embora, eu a havia perdido e agora precisava encontrá-la.

Eu me sentei nas escadas da casa, nas mesmas escadas das quais ela caiu quando nos conhecemos. Retirei a carta do envelope e mirei a bela caligrafia dela, essa era única coisa bela ali. Porque as palavras que saltaram daquele papel não tinham nada de belo. Eu não sabia o que era chorar até o dia que li aquela carta. Mas as lágrimas vieram e cada palavra dela parecia cortar meu coração, cada vez que ela negou seu amor por mim ou fez pouco caso do nosso romance, deixou uma cicatriz profunda marcada na minha alma.

***

Eu não queria acreditar que a minha doce garota seria capaz de brincar com o meu coração dessa forma. Que ela seria capaz de escrever palavras tão duras. Mas a dúvida estava lá plantada em meu coração, aquelas palavras “eu mereço mais do que namorar o filho de um mecânico” me feriram. Eu não conseguia ignorar aquilo, principalmente por que eu mesmo achava que ela merecia mais do que isso, só que eu pensei que Felicity me amasse o suficiente para não se importar com a minha posição social.

Por isso em um momento de desespero eu escrevi para ela, foi uma última tentativa. Eu precisava saber se aquele era realmente o fim. Eu fui a casa dela em um horário que eu sabia que Richard não estaria, e entreguei a carta. Implorei que Donna Smoak enviasse a ela, expliquei que eu a amava e que não importava a distância eu estava disposto a esperá-la, eu só precisava saber que ela ainda me amava. Eu precisava saber que as palavras naquela carta eram uma mentira.

A mãe dela, diferente do pai era uma boa pessoa e pareceu tocada pela minha situação. Eu vi muito de Felicity nela, ela me garantiu que mandaria a carta a filha. Eu saí de lá com um sorriso nos lábios, com meu coração renovado pela esperança.

Esperança. Esse sentimento é enganador, faz você se sentir feliz apenas com a expectativa de algo. Você permite que o seu coração sonhe que tudo será diferente, tudo será melhor. Você se deixa invadir por aquela sensação boa de que tudo irá mudar e quando a realidade vem, quando todas as suas esperanças são destruídas você se vê jogando num lugar tão escuro e sombrio dentro de si mesmo, que não há esperança no mundo que te tire de lá.

Você se torna alguém descrente, você perde a fé, nas pessoas e principalmente no amor.

Foi o que aconteceu comigo quando eu percebi que Felicity nunca responderia a minha carta, eu esperei por ela até o momento que eu percebi que estava sendo tolo, e aceitei que para algumas pessoas existem coisas mais valiosas que o amor.

Eu costumava pensar que amor era a emoção mais forte no mundo inteiro, afinal, não era por amor que as maiores loucuras foram feitas? Os poemas mais lindos eram escritos? Os mais incríveis monumentos eram construídos? Mas também era em nome do amor que guerras eram travadas. Era em nome do amor que as pessoas matavam e morriam.

O amor, na verdade é a emoção mais destrutiva. E eu não estava disposto a senti-lo novamente. Não, eu queria arrancar de mim qualquer resquício daquele sentimento, qualquer mínimo pedaço daquilo que parecia sangrar dentro de mim. Que me impedia de ver o mundo da forma cruel que ele era.

Os anos se passaram e eu nunca mais tive notícias dela, depois da morte da mãe foi como se a família Smoak simplesmente desaparecesse de Star City. Eu me foquei em construir a Queen Consolidated. Eu coloquei uma meta na minha vida, e fui em frente até alcançá-la. Eu esta disposto a ter tudo aquilo pelo o qual ela havia me trocado, eu queria ter a vida que ela tinha, e quando chegasse o momento certo eu iria atrás dela. Perguntaria se agora eu era tudo o que ela prezava se eu seria bom o suficiente, e então eu descartaria o amor dela da mesma forma que ela descartou o meu.

Dez anos depois a oportunidade perfeita apareceu, a Mansão Smoak foi colocada a venda, os murmurinhos começaram a se espalhar pela cidade. Eu descobri que eles estavam completamente falidos, fiquei contente com isso... saber que ela havia perdido tudo, me fez perceber que a vida tinha realmente um senso de humor. Não hesitei em comprar a casa, por um preço razoável embora bem abaixo do mercado. E quando eu descobri que eles queriam vender as obras de Donna Smoak, eu tive a desculpa perfeita. Liguei para o advogado do pai dela e gentilmente ofereci uma recepção na antiga Mansão Smoak , os convenci a realizar aqui o leilão sob o pretexto de que seria mais simbólico. Além disso, eu pagaria por toda a festa, foi uma proposta irrecusável tudo o que eu pedi em troca era que a família estivesse presente.

Eu queria machucá-la da mesma forma que ela me machucou. Eu queria que ela me visse e se arrependesse do que havia feito comigo. O jogo havia mudando, agora eu tinha tudo e ela não era nada.

Pedi que Diggle a buscasse no aeroporto, eu queria ter tudo sobre o meu controle. O pai dela havia chegado antes, pobre homem. Hoje era apenas uma casca vazia do que já tinha sido um dia. A arrogância em seu rosto não estava mais lá, ele parecia derrotado.

Eu a vi chegar pela janela do meu escritório, eu estava longe apenas observando. Queria fazer uma entrada mais dramática. Assim que ela desceu do carro eu reconheci seus cabelos loiros e a pele clara. Ela parecia triste, notei e logo me repreendi. Não deveria me importar com como ela se sente, afinal ela nunca se importou com os meus sentimentos. E óbvio que ela esta triste, não deve ter se acostumado com a nova situação financeira.

Mas teve algo que me irritou quando eu a vi. Foi como se meu coração se lembrasse de como era bater. Eu odiava aquela sensação, eu odiava que apesar do que ela havia me feito no passado aqueles sentimentos ainda estivessem ali. Mas a verdade é que eu nunca a esqueci. Como poderia? Aquela garota tímida com seu riso fácil me ganhou na primeira vez que eu a vi. E eu a amei. Eu a amei de uma forma tão completa e única que aquele sentimento parecia impregnado em mim, marcado como uma cicatriz permanente.

Mas agora eu tinha tudo, eu era tudo. E ela não tinha nada. Eu precisava mostrar isso a ela. Eu precisava mostrar tudo o que o filho do mecânico tinha conseguido. Desviei meu olhar da janela, não queria mais vê-la. Não queria que ela me fizesse me lembrar daqueles sentimentos antigos que estavam trancados dentro de mim.

Ouvi baterem na porta alguns minutos depois.

— Entre. - Ordenei, e vi John Diggle passar pela porta do escritório.

— Ela não parece com a garota que você me descreveu. - logo falou e vi suas sobrancelhas se unirem em clara dúvida. - Na verdade ela parece triste. - Constatou, e eu odiei as palavras de John, eu não queria me importar se ela estava triste ou não.

— Ela está pobre. É por isso que parece triste. – Falei friamente.

— Certo. – Diggle concordou, mas eu sabia que ele pensava diferente. Ele caminhou para a saída, mas logo deu meia volta e virou-se para mim - Eu quase me esqueci. Laurel está lá embaixo te procurando. – Suspirei, aquela mulher não aprendia. Eu estava tentando me livrar dela há semanas, mas ela se recusava a entender o sentido da palavra não.

— Diggle, faça-me um último favor. Diga a Laurel que... - Pensando bem, talvez a presença dela me ajudasse a manter meus pensamentos focados. – Diga a ela que a encontrarei aqui na mansão às sete da noite, ela será minha acompanhante.

— Ok. - Assentiu, embora eu visse a confusão no rosto dele. Ele sabia o quanto eu achava Laurel Lance uma mulher irritante, mas a família dela tinha status, e ela seria uma acompanhante de classe.

Suspirei e voltei meu olhar para a carta em minhas mãos e me fixei nas palavras “eu mereço mais do que namorar um simples filho de um mecânico.” Agora eu mostraria a ela quem o filho do mecânico havia se tornado.

***

Me arrumei com deliberado cuidado, escolhi meu terno escuro mais elegante e o combinei com uma gravata azul royal, coloquei meu relógio mais caro. Olhei-me no espelho de corpo inteiro que havia no quarto satisfeito por não encontrar ali nenhum sinal do filho de um mecânico, apenas Oliver Queen um homem de sucesso que construiu um grande império do nada.

Eu estava anormalmente nervoso, andava de um lado para o outro dentro do quarto e olhava para as horas a todo momento. Me convenci de que eu estava ansioso por ter esperado esse momento por tanto tempo.

Mas lá no fundo do meu coração eu escondia a verdade, eu queria vê-la uma última vez. Eu queria mostrar ao meu coração que apesar daquelas lembranças lindas, que Felicity não era aquela garota pura e inocente que eu pensei que fosse. Eu precisava provar ao meu coração que ele estava errado, só assim eu conseguiria seguir em frente.

Eu queria me libertar daquele sentimento.

Respirei fundo e comecei a descer as escadas até o salão. A primeira pessoa que vi foi ela, na verdade nem se eu quisesse ignorá-la eu teria conseguido, por que meu corpo pareceu reconhecer a presença dela naquele local, o salão poderia ter mil pessoas que ainda assim eu conseguiria localizá-la com precisão. Meu olhar a encontraria, eu seria atraído até ela, ainda que eu não quisesse. Como gravidade.

Desci mais alguns degraus, estava cada vez mais próximo.

Eu pensei que estivesse preparado para vê-la de perto. Que depois de dez anos, ela não me afetaria mais. Aliás, porque ela me afetaria? Eu me tornei um dos homens mais desejados. Eu era rico e bonito, as mulheres imploravam para que eu dormisse com elas. Mas vê-la naquele vestido branco parecendo uma deusa me desnorteou, ela estava deslumbrante. A forma como o tecido parecia escorregar pelo seu corpo a medida que ela se movia, ou como sua pele clara parecia reluzir sobre a luminosidade do local a faziam se assemelhar a imagem de um anjo.

E então ela olhara diretamente para mim, e meu coração que parecia adormecido na última década voltara a bater freneticamente dentro do peito. Ali, sob a intensidade de seu olhar, eu não era mais Oliver Queen o empresário de sucesso, eu era apenas o filho do mecânico que ousou se apaixonar pela garota rica.

Aquilo me assustou, e eu imediatamente coloquei minha melhor máscara de frieza e caminhei até ela, eu quase vacilei quando me aproximei, quando notei seus olhos claros como o céu me fitarem. Aqueles olhos que eu tanto amei pareciam ter tanto a me dizer, pareciam querer me hipnotizar. Não era possível que depois de tantos anos ela ainda tivesse esse efeito sobre mim! Não, eu me recusava a permitir que esse sentimento me controlasse outra vez.

Forcei a minha mente a se lembrar de como as coisas tinham terminado dez anos atrás, de como ela foi embora sem se importar comigo. Lembrei-me da carta e das palavras dela dizendo que não me amava. Isso foi o suficiente para fazer toda a raiva que eu sentia dela voltar, foi o suficiente para eu passar por ela tratando-a com todo o desprezo que um dia ela me tratou.

Enlacei Laurel pela cintura e fui em direção ao palanque, subi os degraus e fiz meu pequeno discurso ensaiado. Lancei a ela meu sorriso mais cínico.

Eu deveria estar contente, afinal eu consegui. Eu mostrei a Felicity Smoak que eu era mais do que um filho de um mecânico. Mas a satisfação que eu imaginei sentir não veio. Porque eu me sentia um miserável infeliz? Porque aquele olhar de decepção no rosto dela estava fazendo eu me sentir tão mal?


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Notas finais do capítulo

=D Gostaram do Pov do Oliver???
Quase me esqueci, muitos me perguntaram sobre a quantidade de capitulos da fic... Bom, vai ser curtinha acredito que ainda teremos uns três capitulos vindo por ai!
Bjs e obrigada por lerem!