Adaptação escrita por paular_GTJ


Capítulo 3
ALUNOS NOVOS




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Agora faziam exatamente quatro anos que eu estava morando com tia Ingrid. E querem saber? Eu não era capaz de acreditar em como eu melhorei depois que vim pra cá, melhorei mais do que achava que era seria possível há quatro anos atrás.

 

Tia Ingrid não morava mais na casinha perto da praia de La Plush que eu vira nas fotos. Aliás, eu nunca havia se quer ido para aquela praia desde que me mudei.

 

Agora ela morava mais no centro de Forks. Claro que não era um centro muito grande,  era apenas uma rua  pelo menos era mais movimentada que o resto da cidade.

 

A casa não era muito grande, contudo era muito bonita. Meu quarto era roxo, minha cor preferida - como eu dissera a Ingrid antes de vir para cá. Eu tinha meu próprio computador, diversas roupas, uma coisa que Ingrid adorava fazer era me presentear com roupas novas.

 

Foi uma sorte ela me comprar tanta roupa de inverno, pois aqui fazia muito mais frio que em Nova Iorque, e eu não estava acostumada, e muito menos preparada para esse clima.

 

Nos primeiros dias, eu não parei de me repreender por estar isolando-me nessa cidadezinha sem graça e monótona. Contudo depois de um tempo eu me dei conta de como era muito mais fácil ficar aqui, do que na minha antiga casa. Viver aqui sem lembrar de tudo à toda hora me fez melhorar.

 

Melhorei tanto que depois de quatro meses eu já estava sorrindo, e conversando normalmente. Isso era algo que eu nunca pensei ser possível. Não pensei que fosse capaz de sorrir novamente.

 

Eu não estava totalmente curada, claro. A dor às vezes me invadia tão profundamente que eu chorava à noite antes de dormir. Sem contar nos pesadelos, que no começo, eram diários. Com o tempo, felizmente, eles foram sumindo, tornando-se quase raros hoje em dia.

 

Se tornou mais fácil dialogar sobre minha família com o passar do tempo. Assim que Ingrid percebeu isso, ela começou a me contar diversas histórias da infância dela e do meu pai, mostrando-me muitas fotos de suas histórias juntos.

 

Eu agora estava no segundo ano do ensino médio. Fiz vários amigos, e estava me sentindo bem ali. Não era como se eu realmente fosse muito próxima deles, talvez fossem mais como colegas do que amigos.

 

Não sei o porquê disso, mas eu sempre me senti como se não me encaixasse com nada. Pensei que isso mudaria quando viesse pra cá, mas não. Quem sabe foi porque quando meus amigos começaram a ir para festas e sai para outros lugares, eu não os acompanhava. Não que eu não gostasse de festas ou de sair com eles, mas Ingrid era realmente chata nesse aspecto. E também, no começo, eu não me sentia no clima mesmo.

 

(...)

 

Acordei cedo hoje, tinha prova de Biologia e eu não queria chegar atrasada. Olhei pela janela, e vi que estava nevando. Ótimo! Isso será realmente bom para uma descordenada como eu. Eu já havia mencionado isso? Bem, o fato é que eu não preciso de muita coisa pra cair... basta apenas meus pés. A neve realmente será um problema hoje.

 

Respirei fundo, e comecei a me vestir. Pensei em prender o cabelo, mas eu realmente amava meu cabelo comprido. Eu demorei uma eternidade para deixá-lo até a cintura, fazia anos que eu não o cortava.

 

Desci para tomar café, e encontrei a casa vazia. Ingrid era enfermeira do único hospital aqui em Forks, às vezes ela fazia plantões até tarde ou saia bem cedo de casa. Era como se eu morasse sozinha, e eu gostava muito dessa liberdade.

 

Enquanto comia, eu relia alguns tópicos do que cairia na prova agora de manhã. Olhei para o relógio distraída, e vi que já estava um pouco atrasada. Sai correndo, e adivinha? Tropecei na escada. Escovei os dentes e entrei no carro tentando ser mais cuidadosa.

 

Eu tinha uma picape vermelha velha e usada, porém eu a amava. Ingrid me dera quando fiz dezesseis anos, alguns meses atrás. Ela dissera que comprara de um amigo quando eu retirei a carteira. Segundo minha tia, o vendedor ficou realmente feliz de se livrar do carro. Melhor para mim, não é? A maioria das pessoas na escola tinham modelos bem piores para eu me preocupar. Na verdade, o meu era um dos melhores.

 

Para minha surpresa total, no entanto, quando cheguei ao colégio tinha um Volvo prata estacionado ali. Nunca vira aquele carro, e não sabia quem poderia ter dinheiro suficiente para comprar um modelo daqueles. Uma das vantagens de se estudar em um colégio minúsculo é que você acaba conhecendo todo mundo.

 

Estacionei na vaga perto do Volvo, e permaneci ali admirando-o por um tempo.

 

- Só não baba Samy! - ouvi uma voz feminina atrás de mim.

 

- Não estou babando, só admirando. - falei para Emma, minha melhor amiga.

 

Bem, a mais próxima que eu consegui ter, quer dizer. Ela sempre fora muito simpática comigo, desde o primeiro dia de aula. Inclusive foi ela que me enturmou com seus amigos.

 

- Você sabe de quem é? - caminhamos juntas em direção à sala de aula.

 

- Ouvi boatos que entrou um grupo novo de alunos aqui, não conheço! - deu de ombros, abrindo o livro de Biologia e lendo enquanto caminhava.

 

- Hum - reparei em outro carro no estacionamento, ao lado do Volvo. Um conversível vermelho. - Eles devem ser bem ricos. - analisei o veículo que estava atraído muito pessoas a chegar mais perto.

 

- Podiam ser uns gatinhos também, não faria nada mal para esse escola carne nova! - minha amiga comentou ainda com os olhos no livro.

 

Gargalhei. Era bem típico de Emma só pensar em meninos.

 

Chegamos à sala de Biologia, e as outras meninas já estavam lá fofocando. Assim que chegamos perto, foi possível perceber que estava um tanto quanto empolgadas com algo.

 

- Ele parece um deus grego! – Ângela suspirou olhando para frente com os olhos levemente desfocados.

 

- Eu sei, mas e os outros dois? Um mais lindo que o outro! Acho que aquele maior é o mais bonito! - Jenny ia concordando com o mesmo olhar abobado.

 

- É, mas ele tem namorada, vocês viram? E as garotas são lindas também! - Julie parecia irritada com isso.

 

- Do que vocês estão falando? - Emma perguntou curiosa, sentando ao meu lado e fechando o livro.

 

- Você não viu os novos estudantes? Eles são P E R F E I T O S! - Julie contou apaixonadamente. Tive que rir da cara de abobada das três, mas Emma se empolgou.

 

- Sério? E são eles os donos dos carrões? Cara, lindos e ricos, era tudo que eu queria! - e se juntou na conversa animadamente com as outras três. Quer saber? Talvez seja por isso que eu não me encaixo com nada. Essas coisas não me atraiem tanto quanto elas. Apenas ouvi o que diziam pensando em como caras lindos mexiam com a sanidade de quatro garotas malucas.

 

(...)

 

Emma não parava quieta no caminho para o refeitório mais tarde. Ela ainda não havia visto os alunos novos, e estava quase tendo um ataque de tão ansiosa.

 

- Quer se acalmar? São APENAS meninos! - irritei-me com ela me puxando com pressa e me fazendo tropeçar.

 

Eu já era descordenada normalmente, e ainda estava nevando! Será que ela não via? Eu não vi os alunos novos também, mas isso realmente não fazia diferença para mim.

 

Eu estava apenas curiosa pelo tamanho da empolgação de quem já havia os visto. Principalmente das garotas. Os meninos estavam em um misto de ciúmes, e de admiração obsessiva pelas garotas.

 

- Apenas meninos? APENAS MENINOS? Não acredito que você disse isso! - Emma balançou a cabeça me puxando com mais pressa ainda.

 

Chegamos ao refeitório, e entramos na fila para nos servir. Emma não parava de olhar para todos os lados possível, tentando achá-los. Eu estava começando a me irritar seriamente com ela.

 

- Ali! ALI! OMFG, eles são perfeitos mesmo! - Emma apontou para um canto muito isolado do refeitório.

 

Virei-me na direção que ela fixava com fascínio, e tive que concordar. Eles eram, sem dúvida alguma, as pessoas mais lindas que eu já havia visto na minha vida. Três garotos e duas garotas. A irritação de Julie, e admiração dos meninos ao falar das garotas fizeram total sentido agora.

 

A loira, sem dúvida, era uma barbie em tamanho real. Fazia a auto-estima de qualquer garota ir por água abaixo só por estar no mesmo ambiente.

 

Os cinco estavam sentados com uma bandeja cheia de comida, mas eles não parecia estar com fome, apenas olhavam para os lados, entediados. Eles eram muito brancos, como se não vissem sol a muito tempo.

 

- Agora me diz, você acha realmente que eles são APENAS meninos? - Emma perguntou sem desviar o olhar da mesa, enquanto se servia. - E aquela loira é artificial! - comentou fazendo cara de nojo.

 

 - Bom, não vou negar que eles são realmente lindos. Mas sim, continuam sendo apenas meninos! - falei indiferente.

 

Emma me olhou incrédula por um momento, depois balançou a cabeça e resmungou algo como maluca.

 

Fomos para a mesa onde nossos amigos estavam e o assunto não podia ser outro: os novos alunos. Qual era a neura afinal? Eles eram bonitos... Mas SÓ isso! Revirei os olhos impaciente, e me sentei ao lado de Ângela.

 

Emma entrou na conversa muito animadamente.

 

- Aquele moreno parece ser solteiro, não? - ela esticou o pescoço para continuar sua analise, admirada com o garoto de cabelo cor de bronze.

 

- Sim, é o que parece, pelo menos! - Jenny concordou, com os olhos brilhando.

 

- Jenny, você tem namorado! - lembrei-a, dando uma dentada na minha maça.

 

- Ah, e isso me impede de admirar? - porém, ela desviou o olhar da mesa dos alunos novos imediatamente, e encarou a própria bandeja.

 

- Admirar... Ahãm! - ri baixinho de sua cara.

 

- Você não falou nada ainda, Samy. - Julie olhou-me maliciosamente - O que achou deles?

 

- Ela acha que são apenas meninos! - Emma sublinhou a palavra 'apenas' como se eu tivesse algum problema mental. 

 

- O quê? - as três me olharam espantadas. Ok, talvez eu tivesse algum problema mesmo.

 

Mike, porém, me olhou agradecido.

 

- É isso ai, Samy! Alguém consciente por aqui, pelo menos.

 

- Você só está com ciúmes, Mike - Ângela revirou os olhos - E você é louca! - acrescentou para mim.

 

- Hei, qual é! - revoltei-me - Não estou dizendo que eles são feios nem nada. Eles são lindos, mas é só isso! Por que tanta neura?

 

Elas não responderam. Apenas trocaram olhares mínimos, e balançaram a cabeça incrédulas. Depois disso o assunto mudou, e eu comecei a observar o refeitório com mais atenção.

 

Todas as meninas pareciam estar da mesma forma que minhas amigas. Como se nunca tivessem visto nada tão digno de admiração! Olhei para mesa dos alunos novos novamente. O que eles tinham de mais afinal? Apenas branquelos bonitos, só isso.

 

Eu devia ter algum problema, não podia ser normal ser a única na escola a não admirar tanto a beleza tão obvia deles.

 

- Samy... SAMANTA ABOTT! - ouvi Emma gritar, fazendo-me voltar à realidade.

 

- Ahm... quê? - ergui os olhos confusa para ela.

 

- Tava pensando no quê? - Ângela perguntou curiosa.

 

- Melhor... em quem? - só podia ser a Julie maliciosa.

 

- Em nada, e ninguém! - revirei os olhos - O que vocês estavam falando?

 

- Estávamos pensando em ir a praia no final de semana, o que acha? - Emma perguntou, roubando uma uva da minha bandeija.

 

- Ahm... praia? Nesse frio? - olhei pela janela, ainda estava nevando.

 

- No final de semana a previsão é de calor. - Jenny falou como se fosse óbvio.

 

- Ah... por mim tudo bem! Qual praia? - Não era muito fã de praia, mas queria me enturmar mais.

 

- La Plush, conhece? - Ângela respondeu.

 

- Sim! - abri um sorriso - Foi onde meu pai fora criado!

 

- Ah, sério? E você conhece alguém de lá? - Mike se meteu na conversa.

 

- Na verdade não, nunca fui pra lá, só quando era pequena...

 

Conversamos o resto do dia sobre como iríamos para a praia. Ainda era segunda-feira, mas as meninas estavam realmente empolgadas. E por mais incrível que pareça, eu estava tão ansiosa quanto elas. No final das contas, eu não era tão estranha assim.

 

Quando estava indo embora, vi os alunos novos, que ouvi uma garotinha morena os chamarem de "Cullen" no corredor mais cedo. Eles estavam indo para seus carros lentamente.

 

A loira linda, e o maior dos meninos se encaminhavam para o conversível vermelho, enquanto a menina pequeninha e os outros meninos seguiam para o Volvo prata, ao lado de minha picape.

 

Quando cheguei perto deles senti um cheiro ruim. Parecia um perfume, mas era muito doce e nojento, o que me causou certa repugnância. Enquanto dava ré no carro, olhei pra o lado, e assustei-me ao ver o garoto de cabelo bronze me observar. Ele me olhava com curiosidade, quase como se não acreditasse no que visse.

 

Senti meu rosto corar quando percebi que os outros do carro também me olhavam, mas não tão intensamente quanto aquele garoto bizzaro. Qual era o problema dele?

 

Sai do colégio ainda tentando encontrar uma explicação do por quê de eu não os achar assim tão admiráveis. Na verdade, eu não gostava deles. E eu realmente não sabia porquê.

 

 


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Notas finais do capítulo

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