My Old Man escrita por WeekendWarrior


Capítulo 22
Don't Say Goodbye


Notas iniciais do capítulo

sadness :')



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/639421/chapter/22

— Está nervosa? – indagou-me Stefani enquanto nos aproximávamos do presídio onde Jim estava.

Jim já havia sido sentenciado, havia pego oito anos de cadeia. Por um milagre, não haviam descoberto seus outros crimes.

Stefani havia tentado defendê-lo no tribunal, porém foi significantemente em vão – sim, ela é advogada.

Eu não tinha tido a chance certa de contá-lo sobre o nosso filho e o faria agora.

— Sim, estou nervosa – admiti.

Stefani parou o carro em frente ao presídio. Era assustador... Só de pensar que Jim ficaria aí por anos, esmagava meu coração.

— Então, vamos? – ela impulsionou seu corpo para fora do carro, fiz o mesmo.

Caminhávamos pesarosas sob o sol escaldante, porém uma figura vestida de terno, conhecida por meus olhos se aproximou rapidamente.

— Lana – exclamou Ryan, parecia preocupado, olhava pros lados constantemente – Olha, e-eu sinto muito por tudo! Por toda essa merda! – ele enxugou o suor que lhe escorria a face, gesticulava muito – Nunca esperei por isso, nunca quis isso pra Jim... Pra você!

— Tudo bem! Calma, eu sei Ryan – falei calma enquanto Stefani nos encarou confusa, ela não o conhecia – Esqueça tudo que passou, sei que não desejava nosso mal. Não há mais nada a fazer mesmo.

— Você não entende, Lana – ele se aproximou ainda mais – Eu realmente gostaria de fazer algo, ajudar... Mas não posso, corro o risco de ser pego, provavelmente alguém dedurou o Jim, talvez meu nome também esteja nessa lista – o loiro gesticulava ainda mais, estava nervoso – Me desculpe por qualquer coisa... Lamento muito, soube que está grávida...

Um silêncio infernal se seguiu, eu não conseguia dizer uma palavra sequer sobre isso, sobre tudo.

Ryan limpou a garganta e continuou:

— Bom, Deborah me contou tudo o que aconteceu – assenti tristemente, ele tocou meu ombro – Mas agora preciso mesmo ir, eu gostaria de ficar, mas não posso. Você entende minha situação, me desculpe – me abraçou, fui pega desprevenida, tentei retribuir – Vou descobrir quem foi o desgraçado que o dedurou, tenha certeza... Adeus. Quem sabe nos vemos por aí – se afastou.

Eu sentia a tensão de Ryan, ele estava sendo sincero e até mesmo solidário.

— Adeus – sussurrei baixo. 

O vi andar apressado até seu carro e partir em alta velocidade.

— Bom Lizzy, melhor nos apressarmos – se manifestou Stefani, seguimos em direção ao grande portão.


 

— Por ali – me indicou um policial rechonchudo em direção a uma porta, onde veria Jim.

Entrei na sala e várias pessoas se comunicavam com seus respectivos parentes, conhecidos ou amantes. Se comunicavam através de aparelhos telefônicos, sentados e encostados nos assentos, somente o vidro separando duas vidas.

Me sentei na cadeira que me foi direcionada, meu coração estava na boca, meu peito ardia e minha mão suava.

Não havia tido contato com Jim diretamente há algum tempo. Sentia saudades de meu homem, de suas atitudes rudes, de suas mãos em mim, de seus beijos, saudade de sua presença. Me sentia constantemente em perigo e perdida sem ele.

Esperei alguns segundos e Jim me aparece, ele sorri ao ver-me – um sorriso triste – mas o sorriso está ali, retribuo o ato esticando meus lábios e mostrando meus dentes.

Ele já não tem mais a barba e seus cabelos estão mais curtos, não parece machucado nem nada. Ele parece feliz ao me ver, porém ao mesmo tempo sua face é apática. Comprimo os lábios.

Jim senta-se e pega o telefone, nos encaramos por através do vidro.

Pego o telefone mais que depressa:

— Jim, eu sinto sua falta. Não sei o que fazer, deveríamos estar juntos, odeio toda essa situação – disparo e uma raiva repentina me abate, droga – Por quê? – segurei as lágrimas.

— Lana, me perdoe. Eu sabia que isso poderia acontecer, você mesma sabia – quando ouvi a sua voz meu corpo se encheu de uma energia estranha, sentia sua falta como uma louca – Eu me odeio por você estar passando por isso, não há o que fazer... Quero dizer, há...

— Jim, não! – iria ele mesmo fazer o que eu estava pensando? Deixar-me? – Te amo mais que tudo nessa vida, mas agora eu te amo e te odeio ao mesmo tempo. A vida é injusta, sabe, mas conosco ela é uma carrasca!

Eu amo Jim, amo demais, que até dói pensar sobre, pensar sobre meu amor por ele cansa minha mente e meu corpo. Agora estou sentindo um misto de raiva e amor, ele nos colocou numa situação que eu permiti-me colocar. Oh, meu Deus! Dai-me forças!

— Olhe, Lana – me encarou sério, bem fundo nos olhos – Isso não vai funcionar, quero dizer, eu não sei de mais nada! – meneou a cabeça negativamente – Se você quiser me deixar, ir embora, seguir sua vida – não, ele não podia estar falando sério... – Estou te dando a permissão para me deixar, quando sair daqui não a procurarei, é o certo a se fazer. Sei que minha sentença comparada a de outros detentos é pouca, porém você ainda tem muito o que viver, não espere por mim.

Minha garganta se fechou e senti meus olhos arderem, ele estava rompendo comigo ou me deixando ir? As lágrimas escorreram, porém meus olhos ainda o encaravam.

Ele não podia estar falando sério, se eu vim até aqui não foi para terminarmos. Jim canalha idiota! Por que eu te amo? Mas não! Eu sei que ele não quer fazer isso, na mente dele pode parecer o certo, mas e pra mim? Não mesmo! O aceitei com todos os riscos.

— Não Jim – proferi com a boca trêmula – Não posso te deixar agora, nem nunca, porque...

— Por que...? 

Seria agora, o contaria sobre nosso filho. Ele me fitava sério através do vidro, os resquícios de felicidade haviam sumido de sua face.

— Porque estou grávida – chorei ainda mais diante dele.

Ele ficou sem reação, vi seus olhos brilharem de lágrimas, Jim abaixou a cabeça e em vão tentou segurar o choro, eu nunca havia o visto chorar, nunca!

— Eu... – ele tentou falar, mas a voz embargou.

E agora o que seria de nós? Pois estamos interligados ainda mais do que nunca!

— Vou esperar por você, meu amor – falei colocando minha mão direita no vidro, Jim fez o mesmo.

Como queria tocá-lo agora, tocá-lo verdadeiramente, sentir sua pele, um suspiro saiu de meus lábios.

— Tão bela quando chora... – balbuciou Jim pra mim, tentei sorrir – Eu te amo, Lana.

— Eu amo você, Jim.

Dizer adeus a Jim e vê-lo partir foi a pior coisa da minha vida, vê-lo ali, vulnerável. Ele me implorava algo com os olhos, implorava por mim?

Haviam o tirado a liberdade, a liberdade da vida selvagem. Haviam o tirado de mim.

O quê poderia eu fazer agora? Somente esperar e esperar. O esperaria, faria de tudo por ele. Por todas as estrelas no céu que brilham para meu homem, eu o esperaria, sem sombra de dúvida.

Espero que meus pés não me falhem nessa caminhada e me levem até o fim.

Jim

— Qual é a sua, cara? – perguntei pro esquisitão do meu companheiro de cela, um tatuado totalmente paranóico – Não quero saber das vadias que você comeu.

Eu só queria silêncio, só queria paz, queria minha Lana. Quando ela me contou sobre o nosso filho que está esperando, não soube o que fazer, pois eu estava indo a ver ciente de que a deixaria partir, seria o melhor pra ela.

— Olha mano, tô falando! Você tem que amar a sua garota! – falou o louco, ele não falava nada com nada, tinha vontade de socá-lo – Mas agora é sério, você voltou triste da sua visita. Problemas?

Não estava nada a fim de me abrir com aquele doente – o cara era louco, às vezes até me dava medo, mas a maioria das vezes queria encher a cara dele de porrada.

— Sim, problemas no paraíso – ironizei. Ele ficou em silêncio, estranhei. Ele sempre queria dar uma de filósofo.

Ele saiu da cama de cima aonde dormia e foi pra perto da pequena janela com grades, onde a luz do luar batia.

— Sinto falta da liberdade, da estrada... – ah, lá vinha ele filosofar novamente – Eu era um viajante, perambulava por entre os estados – abaixou a cabeça e riu pelo nariz – Nessa casa nascemos, nesse mundo fomos jogados, como um cachorro sem osso, um ator atuando sozinho... Ainda me lembro, eram viajantes na tempestade – ele riu alto, mas a face era sombria.

— Eu prefiro você calado – falei debochando dele.

— Eu era um qualquer na estrada e eles eram boas pessoas. Pararam e me deram carona – deu de ombros – Má sorte! Traçaram o destino deles no exato momento que me encontraram – riu sombrio – “Há um assassino na estrada” as pessoas me avisavam, “tome cuidado, garoto”, eu somente ria, sabe por qual motivo? O assassino era eu! – riu mais uma vez, totalmente assombroso, mas sua face se tornou seria rapidamente – Os pais e as três crianças, foi bom, muito bom ver o medo nos olhos deles.

O filho da puta estava me confessando o crime? Se abrindo comigo? Doente!

— Cook, cala essa tua boca! – então ele me encarou.

— Você tem uma garota, não tem? Você a ama? Tem filhos? Foi com ela que falou hoje? Por isso chegou tão abatido. Ela te deixou, não foi? Eu te disse, você tem que amar sua garota...

— Cala boca, caralho! – exclamei alto o assustando, não havia perdido minha paciência com ele ainda, mas o filho da puta veio me falando essas coisas, eu pensava em Lana. Merda!

Ele riu sínico e se aproximou. Eu estava sentado na minha cama na parte de baixo.

— Então você tem uma garota. Como ela é? É gostosa? Faz um sexo oral bom? Iguais as prostitutas daqui de Vegas?

— Cara, se você não calar a porra dessa tua boca, não respondo por mim – ele somente riu.

— Mas enfim, neste buraco fomos jogados e aqui rastejaremos até o fim dos tempos – o maníaco estava totalmente pirado – Estou aqui há algum tempo, esperando pela morte e você? O que espera? Ah, já sei, liberdade? – riu alto – Quando você sair daqui, porque eu sei que vai antes de mim – ele deu uma pausa – Bom, eu nunca vou sair, mas enfim, lembre-se de que há um assassino na estrada e ele é mau – sorriu.

— Vai se foder – o encarei nos olhos.

— Você me lembra ele.

— Ele quem, imbecil? – indaguei. Já não aguentava mais as doideiras de Cook

— Carl Mosser.

— Hã? – juntei as sobrancelhas.

— Todo arrogante e cheio de si, o protetor da família, mas isso não bastou! Eu matei ele e todos os outros! – gritou pra mim – Matei todos! – deu uma pausa e apontou pra mim – Eu vejo em você, Jim, eu vejo a maldade. Você não é um homem bom. Não é!

Então ele tirou um instrumento pontiagudo de algum lugar e veio em minha direção muito rápido. Tentei segurar seus pulsos, mas foi em vão, ele perfurou minha mão esquerda, essa foi minha deixa.

Ficamos nessa luta. Os outros detentos começaram a gritar. Mas o filho da puta me acertou fundo no abdome, eu caí... Comecei a tossir e ele me deu mais uma apunhalada e mais outra e... Só lembro dos policias entrando, o tirando dali com meu sangue sobre ele, meu sangue em toda a cela.

Eu estava apagando, estava morrendo, via tudo escuro e ao fundo o som das vozes.

Lana chorando apareceu na minha mente, depois Lana sorrindo.

— Lana... – sussurrei e apaguei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "My Old Man" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.