My Old Man escrita por WeekendWarrior


Capítulo 17
Dumb and Afraid


Notas iniciais do capítulo

Postando dois capítulos seguidos pq sou muito boazinha. ♥



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Lana

Ao abrir meus olhos me deparei com um ambiente totalmente escuro, somente alguns feixes de luz entravam pelas brechas da janela tampada – talvez com tábuas de madeiras.

Era um quarto, sim, era um quarto, eu estava numa cama de casal, o ambiente cheirava a mofo e nos pequenos feixes de luz se viam minúsculos pontinhos de pó voando, parecia ser um quarto inabitado, pareciam não usá-lo a algum tempo.

Me sentei na cama, logo minhas lembranças começaram a voltar e o medo junto com o pavor também. Sid havia me pego, tinha certeza e agora não fazia a mínima ideia de onde estava, mas qualquer lugar que fosse na companhia de deste homem não seria bom lugar para se estar.

Levantei da cama fazendo as molas rangerem, praguejei em silêncio. Comprimi os lábios e fixei meus pés no chão percebendo que calçava somente uma de minhas sapatilhas, tirei a outra, faria menos barulho.

Andei pé ante pé até a porta com o coração na mão e ao rodar a maçaneta a descobri trancada, merda! Tá, eu subestimei Sid, claro que ele trancaria a maldita porta. Fui até a janela que parecia ter sido tampada pelo lado de fora com tábuas, mas ao me aproximar escutei passos em frente a porta e meus olhos se abriram demais em expectativa e terror.

Olhei ao redor procurando um lugar para me esconder, mas seria estúpido demais fazer isso. Somente o esperei entrar. A chave foi introduzida e rodada enquanto eu sentia meu coração saltitar no peito, por final a porta foi aberta vagarosamente e um Sid risonho entra no quarto. Por que o filho duma puta estava rindo? Ele sorria abertamente para mim.

— Bem vinda – disse-me ainda rindo, talvez sinicamente? Não, parecia ser verdadeiro – O que foi? Assustada? – ele se aproximou um passo e eu me afastei na mesma medida, batendo na cômoda atrás de mim – Não há nada o que temer... ou há?

Pensei que ia desmaiar ou morrer. Meu coração estava louco dentro de meu peito e eu suava muito, minha garganta estava travada, nenhuma palavra sairia. Queria gritar por Jim, um ato que seria em vão.

— Fale! – exclamou ríspido – Fale comigo! – continuei calada.

Em um segundo ele chegou perto de mim e segurou fortemente em meu braço direito, me encolhi virando o rosto e fechando os olhos. Ele segurou meu rosto com a mão livre e o virou em sua direção.

— Abra os olhos e olhe pra mim! Vamos! – abri vagarosamente os olhos e senti medo de seu olhar – Da próxima vez que eu falar com você, irá me responder, entendido? – engoli em seco – Entendeu? Responda!

— S-sim.

Sua face se suavizou e pegou minha mão.

— Venha, eu arrumei tudo pra sua chegada – e sorriu novamente, me assustando – Agora é só eu e você. Não há o que temer, garotinha.

Sid me puxou pela mão e forcei novamente minhas pernas a se mexerem, e mais uma luta para meu coração não parar de bater foi travada.

 

Jim

— Mãe! – chamei ao descer a escada na velocidade da luz.

— Estou aqui na cozinha, querido – exclamou despreocupada.

Cheguei à cozinha e minha mãe estava sozinha no local, para meu total desespero, totalmente sozinha.

— Mãe, a Lana? Ela não está em nenhum lugar lá em cima – dei uma pausa, estava ofegante – Você a viu? Ela está aqui? Não a achei. Foi a algum lugar? Ela te avisou?

Minha mãe se assustou e meu corpo congelou.

— Filho, pensei que ela ainda estivesse no quarto com você... Eu não falei com ela essa manhã – as palavras saíram falhas de sua boca.

— Mas que droga! – praguejei.

Fui correndo mais que depressa pro andar de cima, subi os degraus de dois em dois e ao chegar ao meu quarto, peguei o celular e liguei para o número da Lana.

Minha respiração estava descompassada e um milhão de coisas ruins passando pela minha cabeça. Após cinco toques, que pareceram uma eternidade o telefone foi atendido.

— Lana?! – quase gritei – Lana? Meu amor? – silêncio, mas eu podia ouvir um ruído, só podia ser uma pessoa – Sid? – indaguei-a calmamente e escutei um pequeno sorriso.

— Ele é inteligente, olhe só! – foi a voz melancólica de Sid. 

Eu explodi.

— Seu filho duma puta, desgraçado! Quando eu te pegar se prepare! Não vou nem te dar o tempo para piscar os olhos, pois vou te meter uma bala na maldita testa! Você não é louco de encostar na minha garota! Eu te mato!

Não duvide, eu faria isso, bastava ele apenas encostar um dedo em Lana, na minha garota, o meu tudo.

Ele riu alto debochando.

— Olha quem está estressadinho... – escarniou – Jim, você tirou algo de mim e agora eu estou apenas pegando de volta, simples e justo – mais um riso debochado saiu dali.

— Sid, quando eu puser minhas mãos em você... – ele riu me interrompendo.

— Assim veremos – e o bastardo desligou.

CaralhoNãonão! Isso não pode ser real. Meu corpo estava fervilhando de raiva, a hora que colocasse minhas mãos em Sid... E Lana? Se algo acontecer a ela, eu nem quero pensar, eu... Não há adiante sem ela.

Já sei quem procurar e por onde começar. Eu a terei de volta e matarei Sid, nem que eu tenha que ir até o inferno atrás dele. Eu o matarei.

 

Lana

— Sente-se, meu amor – disse Sid pra mim.

Senti um nojo enorme por ele me chamar de amor. Será que ele estava louco? Só pode! Meu Deus! O que eu faço agora? Estou morta, mortinha da silva, fritinha!

Ele pedia para que eu me sentasse ao seu lado na mesa, onde tinha o café da manhã servido na mesa, será que ele o havia feito? E se estivesse envenenado?

— Sente! – exclamou ríspido me fazendo dar um pulo e engolir em seco – Sente aqui, ao meu lado – e sorriu.

Me sentei, fazendo movimentos mais lerdos do que de uma tartaruga. Este homem era totalmente louco, não sabia o que estava me esperando em seguida, por isso temia em demasia pela minha vida.

— Sirva-se – e olhei pra mesa não movendo um músculo – Sem fome, garotinha? – indagou no mesmo instante que colocava sua arma sobre a mesa, me assustando pela milésima vez em minutos. 

Rapidamente peguei uma bolacha e enfiei na boca. Ele sorriu em aprovação, tomando seu café.

Que Deus me ajude, que Jim me salve. Estou perdida, estou amedrontada.

**

Estar na mesma casa que Sid, ser sua prisioneira é uma tortura constante. Eu não o entendo, eu pensei que quando ele tivesse a chance me mataria logo de primeira, mas não, ele está agindo tão esquisito que me assusta como a própria morte.

Ele me diz coisas carinhosas, coisas que me assustam, ele parece uma bomba relógio, pronta para explodir a qualquer momento e eu não posso ver o seu cronômetro, mas quando explodir, com certeza me atingirá certeiramente.

Ele me aprisionou numa casa que eu não faço a mínima ideia de onde possa estar, ele fechou todas as janelas e portas e quando não está comigo, me deixa trancada no quarto.

Agora mesmo estou trancada no quarto, mobiliado com moveis antigos e cheios de pó. Sentada na cama, abraçando minhas próprias pernas e rezando todas preces que sei. Deus me acuda!

Escuto passos no corredor, Sid destranca a porta e entra no aposento, dessa vez sério. Engulo em seco.

— Trouxe algumas coisas pra você – falou com uma sacola em mãos se aproximou da cama e deixou-a ali – Quero que vista tudo! Entendeu? – me encarou esperando pela resposta.

— Por que está fazendo isso? – indaguei num balbucio.

— Está me questionando, garotinha? – abaixei meu olhar – Eu disse pra vestir exatamente tudo! Entendeu? Não me questione!

— Jim virá atrás de você – falei por entre os dentes.

Ele chegou tão rápido perto de mim que meu coração falhou uma batida. Ah, ele me mataria agora mesmo!

Sid segurou meus cabelos da nuca mas tão forte que pensei que os arrancaria, fiz uma careta de dor.

— Não pronuncie esse nome dentro desta casa! – me olhou com raiva – Ele não tem nenhum poder sobre mim! Não o temo! E ele nunca te achará! – e soltou meus cabelos, meus olhos encheram-se de lágrimas, não as contive.

Era impressão minha ou ele estava arrependido? Ficou sem jeito?

— Olha – disse em tom baixo – Somente vista tudo, ok? – então se moveu para perto da sacola e de lá tirou uma peruca loira – Até mesmo isso e quando estiver pronta... Me chame.

Assenti com um movimento quase imperceptível de cabeça.

Vi Sid sair pela porta e dessa vez milagrosamente, não a trancar. Essa era a primeira vez que ele me machucava forte, minha nuca ainda doía, mas faria o que ele pediu. Eu temia pela minha vida e a saudade que sentia de Jim agora, meu Deus, esmagava meu peito. Ele deve estar igual um louco agora, me procurando por toda cidade, deve estar igual um carro de corrida, só que fora dela.

Me aproximei da sacola, retirei dali um vestido preto colado de couro, uma meia-calça rasgada(talvez não propositalmente), um par de botas coturno, também haviam maquiagens, todas no tom escuro, olhei pra peruca loira ao meu lado e quando me toquei do que ele estava fazendo, me afastei no mesmo momento e coloquei a mão na boca, ele queria me transformar em Nancy, sua falecida namorada. 

Jim havia me mostrado algumas fotos deles juntos, lembrava-me vagamente. Oh,bmeu Deus! O homem estava totalmente louco.

— Vista-se logo! Não tenho a noite toda! – foi a voz de Sid do lado de fora.

Num salto me levantei e com as mãos trêmulas tirei minhas roupas e coloquei as “roupas de Nancy”.

Já havia vestido tudo, até mesmo passado a maquiagem, só faltava a peruca... Era um tanto estranho colocá-la. Respirei fundo na frente do antigo espelho, prendi meus cabelos castanhos num elástico e dei um jeito da peruca me cair bem.

Estava vestida e me sentindo fora de mim, não era eu.

Agora teria que encarar Sid. Empurrei ar para dentro de meus pulmões e fui em direção a porta, a abri. Sid estacou ao me ver, mas depois sorriu e a sensação de enojamento voltou.

— Nancy – sussurrou – Senti sua falta – e me abraçou, porém fiquei estática, o que faria? – Me abrace! – pediu sério. O abracei – Agora diga que sentiu minha falta.

— Senti sua falta – minha voz saiu seca.

— Diga certo – pediu ainda me abraçando – Diga: “Senti saudades, meu amor”.

Engoli em seco e arfei o peito. Era morrer ou viver.

— Senti sua falta, meu amor – o abracei e tentei soar amorosa. Pude ouvir o seu sorriso.

Ele desfez o abraço e sorriu pra mim, me pegou pela mão e fomos para cozinha.

— Olhe só, Nancy! É tudo nosso! Essa casa, tudo! Do jeito que você quis uma vez, não foi? – ele me encarou sério, queria que eu entrasse no jogo.

— Oh,vsim, querido – disse com a voz trêmula, porém ele sorriu. Ele sorriu com satisfação.

Sid chegou perto de mim e eu instintivamente afastei meu rosto de tão perto do seu.

— Cozinhe pra mim, como fazia antes, sinto tanta saudades – ele estava brincando, não? – Me faça aquele bolo de carne tão delicioso!

— Sid, eu não sei fazer bolo de carne – falei saindo de meu papel de Nancy.

— O quê? – me soltou rapidamente – Nancy, você sempre soube fazer!

— Sid, sou eu, Elizabeth... Não Nancy! – tirei a peruca e o elástico. Sua face se transformou raivosa.

— Eu não deixei você fazer isso! Você é a Nancy aqui! Minha Nancy! – meu ódio cresceu.

— Não! Nancy está morta! – o empurrei e o dei as costas – Isso é ridículo – balbuciei.

Ele me puxou pelos cabelos e empurrou meu rosto em direção a pia segurando meu ombro, sussurrou em meu ouvido:

— Você vai cozinhar pra mim, como Nancy fazia, entendeu? – lágrimas escorreram meu rosto.

— Eu não sou Nancy, Sid – chorei.

— Você é sim! – gritou e me empurrou em direção a bancada no meio da cozinha, onde bati minha cabeça na borda. 

Porra

Me agachei no chão e comecei a chorar incontrolavelmente, minha fonte sangrava e Sid me observava, eu estava olhando pro chão mas sabia que ele me observava, sentia seu olhar em mim.

— Lana, me desculpe, meu Deus – disse perto de mim, me abraçando, eu queria o afastar mas não tinha forças – Me perdoe – fiquei em silêncio, fungando – Olha o que você me faz fazer.

— Por que você está fazendo isso, Sid? – balbuciei, mas ele ouviu. 

Eu sentia o gosto de minhas lágrimas em minha boca.

— Você sabe e eu sei, Lana. Agora, só me traga Nancy de volta, a traga pra mim. Eu a amo, por favor, a traga...

Então Sid me abraçou e eu fiquei ali no chão, sendo abraçada por aquele psicopata enquanto minha maquiagem horrorosa se encontrava toda borrada. Meu corpo estava ali, mas minha alma estava fora de meu corpo, parecia que eu me observava, o que seria de mim agora?

Sid me abraçou mais forte.

— Eu amo você – saiu de sua boca. 

 


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Notas finais do capítulo

xoxo.



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