A Maldição do Tigre - por Ren escrita por Lelis


Capítulo 8
Capítulo 7 - Dando Explicações


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores!
Desculpe a demora em postar, é que comecei a trabalhar, então pode demorar para eu conseguir escrever a fic.
Espero que gostem do capítulo.
Boa leitura.



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Droga, droga, droga! Kelsey está com medo de mim.

Claro que ela está com medo! Você esperava o que, Ren, que ela se atirasse em seus braços, seu idiota?

Ela não disse nada, então me aproximei devagar, para não assustá-la ainda mais, e disse:

– Kelsey, sou eu, Ren.

Ela estendeu a mão, para me fazer parar, e disse:

– O quê? O que foi que você disse?

Continuei me aproximando e coloquei a mão no peito, para enfatizar o que estava dizendo.

– Kelsey, não corra. Eu sou Ren. O tigre.

Ela tem que acreditar em mim. Mostrei a coleira que está na minha mão; Kelsey olhou para trás de mim, para onde tinha me amarrado, e começou a recuar, se afastando. Parei onde estava, com medo dela fugir, caso eu chegue mais perto. Ela só parou de se afastar quando chegou ao muro.

Droga! Ela não está entendendo. O que eu faço agora? Me transformar em tigre? Não, isso vai assustá-la muito e ela vai fugir.

– Onde está Ren? Eu não compreendo. Você fez alguma coisa com ele?

– Não. Eu sou ele.

Voltei a me aproximar dela, que balançou a cabeça, falando:

– Não. Não pode ser.

Kelsey ia se afastar de novo, mas começou a cair sobre o muro. Reagi rápido, me aproximei e a segurei pela cintura, a equilibrando. Assim que ela recuperou o equilíbrio, segurei em sua mão e perguntei:

– Você está bem?

O que foi uma pergunta idiota, dava para ver que ela não estava bem.

– Não. – respondeu com sinceridade.

– Kelsey? – ela olhou nos meus olhos – Eu sou o seu tigre.

– Não. Não! Não é possível. Como poderia ser?

Ela queria uma explicação, claro, mas antes eu tinha que fazer ela se acalmar.

– Por favor, vamos entrar. O dono não está em casa agora. Você pode se sentar e relaxar, e eu vou tentar explicar tudo.

Como ela não respondeu, entendi como um sim e a puxei em direção a casa, segurando firme sua mão, com medo de que fugisse. Entramos na casa e fiquei esperando ela se acomodar. Eu estava encostado na porta, ainda com medo dela fugir.

Kelsey olhou para mim e perguntou:

– Então, o que você é? Um homem que se tornou tigre ou um tigre que se transformou em homem? Ou você é como um lobisomem? Se me morder, eu também vou virar tigre?

Ela parecia irritada. Não entendi, ela está com raiva de mim? Com essa eu fiquei confuso, esperava qualquer reação dela, até mesmo o medo, mas não raiva.

– Ren? Acho que eu ficaria mais à vontade se você se afastasse um pouco de mim enquanto discutimos esta situação.

Suspirei, ela voltou a me chamar de Ren. Já é um começo, ela acreditou em mim. Fui até uma das cadeira, sentei e a encostei na parede, apoiando a cadeira nas pernas de trás.

– Kelsey, vou responder a todas as suas perguntas. Só peço que tenha paciência comigo e me dê tempo para explicar.

– Muito bem. Explique.

Por onde começar? Como contar a ela?

Percebi que Kelsey estava me analisando e esperei que ela terminasse. Antes de ser amaldiçoado por Lokesh, eu já tinha experiência em entender as pessoas, pois eu ía ser rei, e tinha que saber como as pessoas pensavam, raramente eu errava em meu julgamento delas; depois de passar anos em circos, observando o comportamento das pessoas, fiquei melhor nesse sentido. Assim, percebi que Kelsey gostou do que viu em mim; isso me animou e deixou feliz. Feliz por ela gostar de mim.

– E então, Ren? Estou ouvindo.

Como explicar? Apertei a ponte do nariz com os dedos, tentando pensar, passei as mãos pelo cabelo e disse:

– Ah, Kelsey. Por onde começar? São tantas coisas para lhe contar...

Comecei a examiná-la. Havia uma espécie de conexão entre nós. Ela estava nervosa e começou a se mexer, inquieta. Aquilo estava me deixando nervoso, então pedi:

– Você pode ficar parada e ouvir?

Ela continuou se mexendo, acho que nem me ouviu. Percebi que ela estava assim porque se sentia meio que atraída por mim. Ergui uma sobrancelha e, com um sorriso malicioso, fiquei esperando ela me olhar. Quando o fez, viu que eu estava esperando sua resposta, pigarreou e disse:

– Desculpe. O que foi que você disse?

– É tão difícil assim ficar parada ouvindo?

– Não. É que você me deixa nervosa, só isso.

– Você não ficava nervosa perto de mim antes.

– Bem, você não tem a mesma aparência de antes. Não pode esperar que eu tenha o mesmo comportamento na sua presença.

Bom argumento.

– Kelsey, tente relaxar. Eu nunca faria mal a você.

– Certo. Vou sentar em cima das mãos. Assim é melhor?

Eu ri. Pelo jeito era muito difícil para ela ficar parada. Ao contrario de mim.

– Ficar quieto foi algo que tive que aprender como tigre. Um tigre precisa se manter imóvel por longos períodos. É preciso paciência e, para esta explicação, você vai precisar ser paciente também.

Comecei a “brincar” com o cordão de um avental ali perto. Ela precisa saber que nosso tempo é curto e que daqui a pouco vou voltar a ser tigre, então começo a explicar:

– Preciso ser breve. Posso assumir a forma humana durante apenas alguns minutos por dia... para ser exato, por 24 minutos a cada 24 horas. Portanto, como vou me transformar em tigre de novo logo, quero aproveitar ao máximo meu tempo com você. Tudo bem?

– Sim. Quero ouvir sua explicação. Por favor, prossiga.

Acho melhor começar a explicação pela parte que ela já conhece.

– Você se lembra da história do príncipe Dhiren que o Sr. Kadam lhe contou no circo?

– Lembro. Espere aí. Você está dizendo...

– Aquela história era verdadeira, pelo menos a maior parte dela.- a interrompi, nosso tempo é curto. - Eu sou o Dhiren de quem ele falou. Eu era o príncipe do Império Mujulaain. É verdade que Kishan, meu irmão, e minha noiva me traíram, mas o fim da história é mentira. Eu não fui morto, como muitas pessoas foram levadas a acreditar. Meu irmão e eu fomos amaldiçoados e transformados em tigres. O Sr. Kadam vem fielmente mantendo nosso segredo por todos esses séculos. Por favor, não o culpe por trazê-la aqui. Foi culpa minha. Sabe, eu... preciso de você, Kelsey.

Eu preciso dela, não só para quebrar a maldição, preciso de Kelsey na minha vida, ela é essencial para mim.

Kelsey se mexeu na cama, quase caindo. Ela não consegue MESMO ficar parada.

– Como assim, precisa de mim?

É melhor eu contar só sobre a maldição e manter meus sentimentos para mim, por enquanto; assim será mais fácil para ela aceitar tudo que está acontecendo.

– O Sr. Kadam e eu acreditamos que você é a única que pode quebrar a maldição. De certa forma, você já me libertou de meu cativeiro.

– Mas não fui eu quem o libertou. Foi o Sr. Kadam quem comprou sua liberdade.

– Não. O Sr. Kadam não tinha meios de comprar minha liberdade até você surgir. Quando fui capturado, não poderia mais mudar para minha forma humana ou recuperar minha liberdade até que alguma coisa, ou, melhor dizendo, alguém especial aparecesse. Esse alguém especial é você.

Olhei para fora, pensando em como era minha vida antes de Kelsey aparecer e mudar tudo, como eu era sozinho e sem esperança.

– Certo. Para que você precisa de mim? O que eu tenho que fazer?

Isso nem eu sei.

Olhei para ela.

– Viemos a esta cabana por uma razão. O homem que mora aqui é um xamã e é quem poderá explicar seu papel nisso tudo. Ele não quis adiantar nada antes que a encontrássemos e a trouxéssemos aqui. Nem eu sei por que você é a escolhida. O xamã também insiste em falar conosco a sós e foi por isso que o Sr. Kadam ficou para trás.

Me inclinei em sua direção e pedi:

– Você vai ficar aqui comigo e vai pelo menos ouvir o que ele tem a dizer? Se depois decidir que quer voltar para casa, o Sr. Kadam cuidará disso.

Ela olhou para o chão e começou:

– Dhiren...

A interrompi:

– Por favor, me chame de Ren.

Era tão bom ouvi-la me chamando de Ren.

Ela corou e disse, olhando nos meus olhos:

– Está certo, Ren. Sua explicação é impressionante. Não sei o que dizer.

E eu não sabia o que pensar. Ela acreditou, isso eu vi. Mas não sei se ela ainda confia em mim, se vai ficar e esperar Phet, já que ela não disse se iria. Ela parecia indecisa.

– Muito bem. Vou esperar e falar com seu xamã, mas estou com calor e com fome, cansada, suada, precisando de um bom banho e, francamente, não sei se confio em você. Acho que não agüento mais uma noite dormindo na selva.

Soltei um suspiro de alívio, enquanto sorria para ela.

Ela vai ficar. Pode não confiar em mim e estar brava, mas vai ficar.

– Obrigado. Lamento que esta parte da viagem tenha sido desconfortável para você. – e lamento mesmo, não queria que ela tivesse que passar por isso – o Sr. Kadam e eu divergimos nessa questão de atrair você para a selva. Ele achava que deveríamos simplesmente lhe contar a verdade, mas eu não tinha certeza se você viria. Pensei que, se passasse um pouco mais de tempo comigo, aprenderia a confiar em mim e eu poderia lhe revelar quem eu era à minha maneira. Era isso que estávamos discutindo quando você nos viu perto do caminhão.

Resolvi contar tudo, afinal, eu queria que ela confiasse em mim.

– Então era você! Deviam ter me contado a verdade. O Sr. Kadam estava certo. Poderíamos ter evitado toda essa caminhada na selva e vindo até aqui de carro.

Suspirei.

– Não. Precisaríamos ter atravessado a selva de qualquer forma. Não há como entrar tanto assim no santuário de carro. O homem que mora aqui prefere que seja assim.

Ela cruzou os braços e murmurou:

– Bem, ainda assim vocês deviam ter me contado.

Ela não havia gostado, mas parecia que sua raiva estava passando. Resolvi falar de coisas boas em acampar:

– Sabe, dormir ao ar livre não é tão ruim assim. Você pode olhar as estrelas e sentir a brisa fresca soprando o seu pelo depois de um dia quente. O cheiro da grama é doce e – olhei nos olhos dela e soltei – o do seu cabelo também.

Lembrei de ontem à noite, eu dormindo ao seu lado, sentindo seu cheiro.

Kelsey corou, ela fica linda quando está envergonhada.

– Bem, fico feliz que alguém tenha gostado.

Resolvi provocá-la um pouco. Sorri e disse:

– Eu gostei.

Lembrei do meu sonho com ela, eu queria beijá-la, dizer que estava apaixonado, mas eu tinha que esperar, não podia assustá-la.

– Ouça, Ren, você está mudando de assunto. – só um pouquinho, iadala. – Não gostei da forma como me manipulou para chegar até aqui. O Sr. Kadam devia ter me contado no circo.

Neguei com a cabeça.

– Achamos que você não fosse acreditar nessa história. Ele inventou a viagem para a reserva de tigres com o intuito de trazê-la para à Índia. Imaginamos que, com você aqui, eu poderia assumir a forma humana e esclarecer tudo.

– Provavelmente você tem razão. Se tivesse se transformado em homem lá, talvez eu não tivesse vindo.

– Por que você veio?

– Eu queria ficar mais tempo com... você. Você sabe, o tigre. Eu iria sentir saudade dele. Quer dizer, de você.

Ela sentiria saudade de mim.

Não consegui conter meu sorriso.

– Eu também teria sentido saudade de você.

Kelsey começou a torcer a blusa, nervosa de novo. Acho que está decepcionada comigo, por não ser mais o seu tigre. Tentei me desculpar:

– Kelsey, sinto muito, de verdade, pela decepção. Se houvesse alguma outra maneira...

– Quando você vai se transformar novamente em tigre?

Sua voz havia mudado, ficado mais delicada.

– Logo.

Eu sabia que tinha só mais alguns minutos, mas não sabia exatamente quantos.

– Dói?

– Não tanto quanto antes.

No começo a dor era insuportável, mas com o tempo, fui me acostumando à ela.

– Você entende o que eu digo quando está na forma de tigre? Ainda poderei falar com você?

– Sim, consigo ouvir e compreender e que você fala.

– Está bem. Vou ficar aqui até o xamã voltar. Mas ainda tenho muitas perguntas para você.

Me surpreenderia se não tivesse.

– Eu sei. Vou tentar respondê-las da melhor forma possível, mas terá que guardá-las para amanhã, quando serei novamente capaz de falar com você. Podemos passar a noite aqui. O xamã deve voltar ao anoitecer.

– Ren?

– Sim?

– A selva me assusta e esta situação também.

– Eu sei.

Sei que ela está assustada com tudo o que está acontecendo, o que é normal.

– Ren?

– Sim?

– Não... me deixe, o.k.?

Por essa eu não esperava.

Eu nunca iria deixá-la. Sorri para ela.

– Asambhava. (impossível). Não vou deixar você.

Ela sorri para mim.

E meu tempo acaba. Comecei a sentir dor, meu corpo começou a tremer e caí de quatro no chão, logo me transformei em tigre. Kelsey estava com a mão esticada em minha direção, acho que tentou me segurar, nem havia percebido. Me aproximei dela e esfreguei minha cabeça em sua mão.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários, ainda vou responder a todos.
Beijos.



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