A Dream Twice escrita por laurakr


Capítulo 11
Dois anos atrás.


Notas iniciais do capítulo

bem, eu sinto que a história tá muito confusa pra maioria que tá lendo sakopkas então decidi antecipar esse capítulo. Eu chorei escrevendo ele KOPSKA mas ok e... ah, espero que gostem. provavelmente nesse fim-de-semana eu poste o capítulo 11 =]



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                                     Seis de Setembro de 2007

 

 

                                          Quinta – Feira - 16:00

 

 

 

- Kate, você vai se atrasar! – gritava Annie do cômodo abaixo.

 

- Já estou indo Annie, porque tanta pressa? Os meninos nem chegaram ainda. Quer tanto assim ver o Lucas? - agora era Kate quem erguera a voz.

 

Annie não respondera, havia ficado vermelha como um pimentão. Ela estava saindo com o Lucas desde o começo daquele ano e os dois pareciam extremamente felizes – principalmente ele, pois, depois de tantos foras levados, a menina finalmente resolvera aceitar o que sentia. Kate estava no quarto de Annie, arrumando suas coisas para a viagem. O grupo havia esperado o ano todo por isso, afinal, era a primeira vez que saíam os quatro juntos e também, o último ano do ensino fundamental. Lucas, pretendia  mudar de escola no ano seguinte. Passariam somente três dias na praia já que ainda estavam tendo aula, mas tinham escolhido setembro exatamente por ser fora de época, eles não queriam o mar lotado de pessoas. Kate finalmente desceu com suas coisas quando a campainha tocou, e Annie correu para atender a porta.

 

- Nossa, até que enfim hein Tony – disse ela irritadiça.

 

- Oi pra você também – o garoto pareceu divertir-se.

 

Annie não respondeu, parecia preocupada com outra coisa. Ou melhor, a falta dessa outra coisa.

 

- Cadê o Lucas?

 

- Aaaah, sei lá. O namorado não é seu?

 

- Nós não somos namorados! 

 

Tony se divertia muito irritando-a. Mostrou a língua quando conseguiu desviar facilmente do sapato que ela atirara após fechar a porta com o máximo de força possível.

 

- Mas já brigando? – Kate, parecia acostumada com aquilo – Ah, Annie, sua mãe tá te chamando lá em cima.

 

- Que será que ela quer agora? – a garota olhou ameaçadoramente para Tony antes de sair – E ai de você, se fizer alguma coisa com a Kate!

 

E então, ela subiu, batendo os pés fortemente pela escada. Tony olhou para Kate sorrindo, enquanto deixava as malas caírem pelo chão e a ajudava a colocar as dela em cima do sofá.

 

- Ela acha que ainda estamos na quinta série – Kate dissera, conforme Tony a ajudava.

 

O garoto sorriu nostálgico.

 

- Parece até que foi ontem... Que você parou aquele jogo de futebol e disse que gostava de mim na frente da escola inteira.

 

- Foi você quem fez isso.

 

- E quando você me agarrou no cinema porque estava com medo...

 

- Era um circo, e quem me agarrou foi você, com medo do palhaço.

 

- Ah! E daquela vez que a gente foi no parque de diversões e você armou um barraco porque queria ir comigo na roda-gigante, lembra?!

 

- Dessa vez também foi você, idiota.

 

- É mesmo? Então também fui eu quem saiu correndo de vergonha, quando você me beijou pela primeira vez?

 

Kate corara, mas antes que pudesse protestar, Tony sorriu e roubou-lhe um beijo. Ele certamente gostava de provocá-la.

 

- Idiota.

 

- Só queria saber se você ainda se lembrava.

 

- É claro que eu me lembro.

 

O garoto sorrira mais uma vez, e roubou-lhe um selinho, antes de ir pegar suas malas caídas em frente á porta. Kate estava extremamente feliz com aquela viagem, mas não podia deixar de se sentir triste, por ser o último ano. E por mais que Tony dissesse que não iriam se separar, ela tinha medo do que aconteceria depois que se formassem. Querendo ou não, eles entrariam em uma nova fase de suas vidas, e isso em si já era assustador o bastante.

 

- Sabe Kate, acho que eu finalmente consigo entender como o Peter Pan se sentia quando dizia que não queria crescer.

 

Tony sempre falava tudo com um sorriso no rosto, e talvez por isso, Kate nunca conseguia descobrir se ele estava triste ou não com certas coisas.

 

- É... Eu também.

 

- É só que, eu to tão feliz com as coisas do jeito que estão agora, que por mim elas poderiam continuar assim pra sempre. E então, a gente não precisaria se preocupar com o que está por vir.

 

Kate se sentiu aliviada com aquelas palavras. Ela também se sentia dessa maneira.

 

- Eu tenho medo, de que a gente se separe.

 

- Isso não vai acontecer. – Tony tinha certeza do que dizia.

 

Era confortante para ela, quando ele dizia isso. Ela gostaria que ele dissesse isso o tempo todo, para que a certeza que ele tinha, de algum modo, a convencesse também.

 

- Mas mudando de assunto... Eu tenho um presente pra você.

 

- O que é?

 

- Ah, nada demais, só uma lembrança mesmo... No sábado eu te entrego - ele parecia feliz em deixá-la curiosa.

 

- Qual a diferença entre você me entregar agora e no sábado? – ela, ao contrário, odiava quando ele fazia isso.

 

- Ué, porque sábado é seu aniversário né. – constatara o óbvio.

 

Mas Kate estava tão ansiosa com a viagem, que até já havia se esquecido disso.

 

- Hum...

 

Foi então que a campainha tocou novamente, e Annie desceu correndo para atendê-la, assustando e interrompendo o casal que ali se encontrava. Parou, e se acalmou um pouco, antes de abrir a porta normalmente. O garoto de cabelos escuros estava parado ali fora, com uma mala na mão e um sorriso de quem sabe que fez algo de errado.

 

-  Lucas, que bom que chegou! – Annie tentava não soar feliz demais por vê-lo.

 

- Ahahah, desculpe o atraso – ele sorria desconcertado.

 

Annie ia mandá-lo entrar quando se pôde ouvir de fundo a voz de Tony:

 

- Ela quase caiu da escada pra atender a porta!

 

Ela virou extremamente irritada na direção de seu delator e mandou-o calar a boca. Acreditem, se um olhar fizesse dano, Tony estaria extremamente machucado naquele momento.

 

- Vem Lucas, entra logo que a minha mãe tá quase pronta e a gente já tá saindo.

 

- Tá...

 

A verdade é que Annie ainda era muito nova nessa coisa toda de romance, afinal, sempre se comportara como um menino e por causa disso, os que não tinham medo dela, acabavam considerando-a como um amigo. Ela nunca fora tratada como uma menina, até ter conhecido Lucas. O garoto estava sempre se declarando pra ela, e não parecia ser um idiota como todos os outros que havia conhecido. E talvez, exatamente por isso, ela tivesse medo de que tudo não passasse apenas de uma brincadeira de mal-gosto bolada por Tony. É claro, que sua opinião foi mudando com o tempo, mas, tinha tanto medo de se magoar que acabava contando essa história para si mesma todas as vezes que sentia que iria ceder. Só percebeu que estava completamente apaixonada por Lucas, quando o mesmo fingiu desistir dela, e logo em seguida a beijou. Segundo ele, aquela era sua última tentativa de conquistá-la.

 

- Ei meninos, me ajudem a colocar essas malas no carro? – A mãe de Annie estava agora descendo as escadas, com duas malas nas mãos.

 

- Deixa que eu te ajudo com uma, mãe! – Annie correra na direção dela para pegar uma das malas.

 

- Bom, a minha e da Kate, pode deixar que eu levo – Tony pegou as que estavam no sofá e saiu, antes que Kate pudesse protestar sobre a atitude.

 

- Acho melhor eu nem entrar então né? – disse Lucas ainda parado na porta.

 

- Kate querida, aproveita e abre o porta-malas pra gente – Julie jogara a chave do carro em sua direção, conforme passava pela sala.

 

- Tá bom!

 

Era sempre assim quando estavam juntos, uma bagunça total. Mas já estavam tão acostumados uns com os outros que quem visse de fora, pensaria que era uma família fazendo as preparações para um passeio de fim-de-semana.  Após colocarem as malas no carro, Julie foi para dentro, conferir se estava tudo bem e se não havia esquecido nada importante. Ela também, já estava bem acostumada com aquilo. Adorava levá-los para passear, e era sempre ela quem fazia isso. Enquanto não voltava, a discussão de quem iria sentar em qual lugar, já havia começado. Não seria um passeio com os quatro, se não fosse assim.

 

- Eu quero sentar na janela, já vou avisando! – Kate parecia revoltada por nunca conseguir o lugar desejado.

 

Tony e Lucas não eram amadores, e foram mais rápidos do que ela. Conforme Kate entrava no carro, Lucas entrou atrás dela e Tony abriu a porta do lado direito e se sentou. Os dois fecharam as portas antes que ela pudesse fazer algo, deixando-a então, no meio do banco, enquanto eles ficaram com os lugares da ponta. 

 

- Ahh isso não é justo, porque eu tenho que sentar no meio de vocês dois?

 

- Deixa de ser chorona Kate... É porque você é muito fraca e alguém precisa te proteger.

 

- O que isso tem a ver? Eu quero sentar na janela!

 

- É pro seu próprio bem.  Se por um acaso eu não conseguir te proteger o Lucas está sentado do seu lado pra fazer isso no meu lugar, ele até mesmo me prometeu antes da gente sair que ia fazer isso!

 

- Ahahaha, claro, claro, é uma promessa...

 

- Alguém precisa é protegê-la de vocês, isso sim! Não liga não Kate, na volta eu te deixo sentar aqui na frente!

 

- Tá vendo seus idiotas? Se mexerem comigo, a Annie acaba com vocês!

 

Annie havia se sentado no banco do passageiro como sempre fazia. Afinal, o carro era da mãe dela, e ela nunca quis mesmo, se sentar ao lado dos meninos. Tony, porque era irritante e Lucas, bem, porque tinha vergonha. Julie já havia trancado a casa e conferido tudo, quando entrou no carro e deu a partida.

 

- Bem, gente... Parece que está tudo certo né? Ah, não se esqueçam de colocar os cintos.

 

- Fica tranqüila que já tá todo mundo de cinto. – Tony dissera.

 

- Quanto tempo demora pra gente chegar lá, Julie? – Kate fazia birra por não estar sentada na ponta.

 

- Umas três horas no máximo. Tem muito tempo pra vocês conversarem, também vamos parar no posto...

 

- Aaah eu adoro parar em posto! – Annie parecia bem excitada com a idéia.

 

- Eu to morrendo de sono, quando chegar no posto me acordem então. – Lucas já estava de olhos fechados e sua cabeça apoiada na porta do carro.

 

- Se você ia dormir porque é que não me deixou sentar aí?!

 

E a discussão continuou por mais algum tempo. E depois conversaram sobre várias coisas. Como se conheceram, quando se tornaram amigos, como é que o Tony e a Kate começaram a namorar, quando brigaram, as palhaçadas que aprontaram, as vezes em que os quatro foram parar na diretoria por culpa do Tony, como é que conseguiram se eleitos por três anos consecutivos com uma chapa chamada “Revolução” e com um presidente que era expulso da sala de aula pelo menos duas vezes por semana... Conversaram também sobre o futuro. Como as coisas seriam sem o Lucas por perto, e também em quais encrencas iriam se meter dali pra frente. E como eles seriam, quando fossem adultos. Será que a Annie seria madrinha dos filhos da Kate? E o Lucas, como ele seria quando se tornasse um trabalhador? Será que ele ainda dormiria em qualquer lugar como costumava fazer na escola? E a Kate? Continuaria sentando no meio do banco quando os quatro saíssem juntos? E o Tony... Continuaria aquele palhaço para sempre? Continuaria sempre fazendo o que desse na telha e levando seus amigos juntos com ele quando aprontasse alguma coisa? E os quatro... Estariam sempre juntos, como estavam agora? Mas para isso... Eles não tinham respostas. Só poderiam tentar imaginar. Mas mesmo que tentassem... Não conseguiriam. Porque nenhum deles poderia imaginar, que quando entrassem naquele túnel... Todos os sonhos, e expectativas que tinham se tornariam minúsculos perto da dor que sentiriam. Eles não poderiam imaginar que uma simples e tão esperada viagem entre amigos, não tivesse volta, para um deles. Lucas e Kate estavam dormindo quando o caminhão surgiu de repente na frente do carro. A garota se apoiava no ombro de Tony enquanto dormia, e o garoto, quando ouviu Annie gritar e o carro girar com força, não conseguiu pensar em outra coisa que não fosse protegê-la num abraço. Julie conseguiu desviar do caminhão, mas isso fez com que perdesse o controle do carro, que girou duas vezes, antes de bater com tudo na parede do túnel. A parte traseira do lado direito do automóvel, ficou completamente destruída. As únicas pessoas conscientes, após a colisão, eram Julie e Annie, que desmaiou ao olhar para o banco de trás do carro, e ver Katie coberta de sangue. Julie estava em choque e a única coisa que conseguiu fazer antes de desmaiar de tanto nervoso, foi ligar para o resgate. Acordou no hospital horas mais tarde, sendo examinada por um médico.

 

- Pode ficar tranqüila, a senhora não sofreu nenhum ferimento grave e daqui a pouco vai estar melhor.

 

Mas ela não estava preocupada com seu próprio estado. Começou a chorar quando percebeu que não tinha sido um sonho.

 

- Onde estão os outros? Ãn? Minha filha... Uma menina de cabelos curtos que estava sentada no banco da frente, como ela está? E os outros três? Como... 

 

O médico tentou acalmá-la, dizendo que sua filha estava bem, e deu um calmante a ela. Mas isso não diminuiria o que havia acontecido. Uma hora ela teria que acordar. Teria que descobrir que sua filha não acordava porque estava muito chocada com o acidente. Teria de descobrir que Lucas havia quebrado um braço e se ferido devido aos cacos de vidro. Também descobriria que Tony, aquele menino loiro e feliz, que sempre elogiava sua comida, e que parecia animar qualquer lugar em que estava, havia falecido. E quando descobrisse que Kate, a menina que era praticamente uma filha para si, estava internada em estado grave, seria obrigada a ouvir do médico:

 

- Foi um milagre, ela ter sobrevivido.  Se aquele garoto, não a tivesse protegido... Provavelmente ela não estaria entre nós agora. Mas não se preocupe senhora Julie, nós faremos de tudo para salvá-la.

 

 

 

                         Mas agora, não importava o que dissessem.

                        A vida daqueles quatro mudara para sempre.

                                      E nada mais, seria o mesmo.

 

 

 

Trinta minutos antes do acidente:

 

 

- Ei Tony...

 

- Que foi Kate?

 

- Me promete uma coisa?

 

- O que?

 

- Promete que... Mesmo que você pare de gostar de mim... Mesmo que não seja mais meu namorado... Prometa que não importa o que aconteça, você sempre vai estar do meu lado?

 

- Deixa de ser boba, já disse que a gente nunca vai se separar! Se um dia, você se cansar de mim, e me mandar embora, eu vou fazer você se lembrar do que tá me pedindo agora ouviu?

 

- É uma promessa então!

 

- Tá, eu prometo. Agora vê se volta a dormir, porque quando a gente chegar eu quero que você vá na praia comigo.

 

- Ok...

 

E então, Kate encostou sua cabeça sobre o ombro de Tony, e sussurrou, antes de adormecer:

 

- Eu te amo Tony.

 

Eu também te amo... Kate.

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

ai, não sei não esse capítulo viu, mas, ele é realmente importante pra mim e eu fiquei muito contente por escrevê-lo. então espero de verdade que tenham gostado e que as coisas tenham ficado um pouco mais claras, em relação ao passado deles =]