Shadow Moon escrita por letter


Capítulo 6
Dois de maio, Problema Peludo e Genes


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos! Obrigados a todos que comentaram no cap anterior, vocês aquecem meu coração de escritora! Esse é um capítulo mais cute, que surgiu da sugestão de uma leitora, mas adorei escrevê-lo! Obrigada também as seis pessoas que favoritaram a fic! Boa leitura a vocês :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/635675/chapter/6

Se Teddy fechasse os olhos conseguia ver com detalhes aquele 2 de maio de quase oito anos atrás. Fora com sua avó, Andrômeda, visitar o túmulo de seus pais no cemitério da igrejinha. Era o décimo aniversário de morte de Ninfadora e Remus Lupin. Sua avó aproveitou e passou pelo túmulo de seu avô, também chamado Teddy, que residia o mesmo cemitério que seus pais.

Sua avó não comemorava o dia da Batalha Final, como a data era intitulada no calendário, afinal, perdera a única filha em tal batalha e no meio da guerra que culminou tal batalha perdera o marido. Não havia motivos para comemorar. Então, todos os dias dois de maio do ano, Teddy costumava ir com sua avó visitar seus falecidos pais e avô. Mas naquele ano sua avó o deixara na casa de Arthur e Molly Weasley aos cuidados de seu padrinho Harry Potter, depois que passaram a manhã no cemitério.

A’toca, como era chamada a casa dos Weasley, entrava em festas todos os dias dois de maio e Teddy e sua avó foram convidados para se juntar a família de ruivos naquele ano para comemorar. Andrômeda preferiu passar o resto de seu dia em luto enquanto Teddy a contragosto se juntou a família de ruivos.

Eram todos seus conhecidos, como se fossem sua própria família, o tratavam bem e tudo mais, porém parecia que ninguém entendia que para Teddy aquele não era um dia de comemoração. Perdera seus pais sem que ao menos se lembrar dos rostos deles naquela data, como poderiam querer que comemorasse qualquer coisa? Sabia que os membros da família Weasley também perderam um ente querido naquela data, Fred Weasley, mas não os via recuados no canto lamentando sua morte como Teddy estava lamentando a de seus pais.

Enlutado pela data, Teddy ficou o tempo inteiro dentro da’Toca, seus priminho de consideração que ainda era criancinhas pequenas brincavam a sua volta alheios a sua tristeza.

— Sua avó deixou você pintar o cabelo? – perguntou uma garotinha, Victorie Weasley. Teddy sabia que a menina era apenas um ano mais nova que ele, mas sempre que a via imaginava ela como apenas uma garotinha enquanto ele já não se considerava mais um garotinho.

— Quê? – perguntou Teddy chateado por ter sido interrompido de seu lamento, puxando a travessa de prata que estava na mesa de cetro a sua frente, para que olhasse seu reflexo nela. Seus cabelos e sobrancelhas estavam azuis.

Azul, a cor da tristeza.

— Ah... – comentou Teddy sem animação da voz — Eu consigo mudar minha aparência física quando quero. E quando não quero – apressou-se em acrescentar — Herdei de minha mãe isso.

— Posso tocar? – perguntou a garota Vic. Victorie Weasley era uma cabeça mais baixa que Teddy, tinha olhos extremante claros e expressivos e um cabelo tão claro que parecia ser platinado. Teddy nunca ouvira uma pergunta mais esquisita que aquela, mas deu de ombros. A garota passou as mãos pelos seus cabelos por alguns minutos, mordia o lábio inferior e parecia gostar da sensação dos fios azuis de Teddy entre seus dedinhos. A sensação era boa, pensava o garoto — Oh! Está rosa agora! – exclamou ela assombrada em um primeiro momento, mas soltando uma gostosa gargalhada depois. Teddy não pode deixar de sorrir com o assombro da garota.

Victorie Weasley foi a primeira pessoa há fazer o dia dois de maio ser mais agradável para Teddy, se possível. Após isso os garotos viraram grandes amigos, se encontravam ou no chalé das conchas, onde Victorie morava, ou na casa onde Teddy morava com a avó, ou a casa de seu padrinho, ou na casa dos avôs de Victorie, não importava o lugar, sempre davam um jeito de se encontrar. A garota se divertia com a habilidade metamorfomaga de Teddy e indagava curiosa sobre a garrafinha de metal que ele carregava no bolso de seu casaco e sempre tomava um gole disfarçadamente quando achava que ninguém via, mas o garoto sempre desconversava sobre isso. Teddy gostava de sua companhia, riam sem esforços juntos e podiam confiar qualquer coisa um para outro. Perto da garota Teddy perdia a noção do tempo e se esquecia de tudo.

Literalmente de tudo.

Certo dia passara a manhã e a tarde toda com Victorie, ela foi com ele e sua avó comprar seus materiais para o primeiro ano de Hogwarts. Passaram o dia na loja do tio de Victorie, Jorge Weasley, se divertindo com os logros que haviam dentro do lugar. A tarde tomaram sorvete no sorveteria Florean Fortescu, cujo o dono era filho do falecido senhor Florean e depois jantaram no caldeirão furado por conta de dona Andrômeda. Foi um ótimo dia e uma linda noite de lua cheia.

Teddy acordou nos braços de sua avó que o fitava com manchas de lágrimas pelo rosto e os lábios trêmulos. Não se lembrava de nada desde a noite com Victorie e sua avó e por isso não entendia porque Andrômeda a encarava com um pesar no rosto. Seu corpo e sua cabeça doía “— Você esqueceu sua poção ontem, não foi querido?”.

Ele havia se transformado, pela segunda vez em sua vida. E a sensação era tão ruim quanto à primeira.

Tentou se esconder de Victorie nos dias que se seguiram a esse, não saberia como explicar a ela todos os hematomas pelo seu corpo que não saíram com auxilio da magia. Mas a garota foi mais astuta que Teddy e apareceu de surpresa na casa do garoto. Teddy inventou que se acidentara jogando quadribol, mas Victorie o conhecia bem de mais. Por fim, Teddy contou seu grande segredo à garota. Sabia que podia confiar em Victorie, sabia que ela não lhe daria as costas e tinha razão quanto a isso. Vic apenas sorriu e falou que poderia ajudá-lo a lhe dar com seu problema peludo, contou que seu pai já fora atacado por um lobisomem e tinha os genes licantropo em seu sangue também, embora nunca tenha se transformado. E desde então nunca o deixara de esquecer de tomar sua poção.

Tão rápido quanto a amizade dos dois floresceu a mesma murchou assim que Teddy foi para Hogwarts.

Sem intenção, se afastaram um do outro e quando Victorie ingressou na escola Teddy já estava no segundo ano e possuía um grupo de amigos no qual a garota não se encaixara. Nos dois anos seguintes foram amistosos um com outro, conversavam formalmente quando se encontravam, trocavam notícias sobre a família e mesmo afastados conseguiam se reaproximar quando um dos dois precisava, oferecendo um ombro amigo que nenhum outro colega de escola conseguiria, pois ambos se conheciam bem de mais para outra pessoa conseguir ajudá-los quando precisava.

Victorie tinha descendência veela e por conta disso se tornara uma adolescente bastante atrativa e charmosa. Sua presença provocava os garotos por perto e chamava a atenção até de rapazes já mais velhos. Não foi surpresa que Teddy se sentisse atraído pela garota, afinal com quatorze anos tudo que um jovem queria era ter uma colega bonita por perto. Mas Teddy percebeu que o que sentia por Victorie era muito mais que atração ou um carinho de uma amizade antiga.

Notou que sentia algo diferente quando em um dois de maio a garota lhe dera uma flor sem lhe dizer uma palavra. Ele sabia o que ela entendia o que aquela data significava para ele, e aquele pequeno ato mostrara que ela o compreendia melhor do que ele mesmo imaginava. Percebeu naquele momento que gostava dela. Gostava de verdade dela. Queria lhe tacar um beijo e abraçá-la na mesma hora e não mais soltá-la, mas não o fez. Levou mais um ano até que tivesse coragem de fazer isso, e precisou da ajuda de dois de seus melhores amigos para concluir seus desejos. Desde então namorava Victorie, a tinha em sua vida como sua melhor amiga e companheira, sentia atração, desejo e amor por uma só pessoa. A conhecia melhor do que ela mesma e sabia que era recíproco.

Sabia de todos os seus sonhos, desejos, medos e arrependimentos.

Sabia de tudo de Victorie.

Tinha certeza que sabia.

E foi com essa certeza que Teddy protestou contra Dunch.

— Você está delirando Dun. Victorie não é um animal, não é um lobisomem.

— Teddy... – murmurou Dunch se arrumando na cama da enfermaria, parecendo tão desconfortável com seus ferimentos físicos, quanto com toda a situação, lançou um olhar apreensivo para Victorie que dormia há poucos metros dali, imersa em uma poção do sono — Teddy eu vi. Não foi delírio. Posso ver claramente quando fecho os olhos e a lembrança é tão apavorante quanto foi presenciar aquilo, a intensidade não diminuiu.

— Mas... Eu saberia – insistiu Teddy — Conheço ela a minha vida toda, nascemos praticamente na mesma família, convivi com ela mais do que convivi com minha avó. Eu saberia – Teddy tentou firmar a voz mais que tudo, não acreditava Dunch. Não queria acreditar em Dunch.

— Eu não consigo entender também, cara – admitiu Dunch, parecendo estar perturbado pela primeira vez — Sei lá, às vezes nem ela mesmo sabe que ele é.

— Vou chamar a Madame Pomfrey, sua medicação deve estar te perturbando.

— Cara, para pra pensar – sussurrou Dunch um tom mais alto segurando Teddy pelos braços que fez menção de se levantar, o simples ato parecia requerer de Dunch um esforço sobre humano — Você se lembra de alguma vez que se transformou? Você nem saberia que havia se transformado nas primeiras vezes se não tivesse sua avó para te contar, seu padrinho... Eu. Talvez... Talvez ninguém contou a Victorie que ela é um lobisomem.

— Mas ela nunca foi mordida! — exclamou Teddy, mas na mesma hora se fez luz em sua mente. Gui Weasley. Ele tinha o gene licantropo no sangue, fora atacado quase vinte anos atrás por Fenrir Greyback, mas nunca se transformara. Quais as chances de Victorie ter herdado do pai o gene da licantropia? Afinal, herdara de sua mãe os genes de veela que vieram de sua bisavó.

Dunch percebeu que as coisas começavam a clarear para Teddy ao ver a expressão do garoto. O cabelo castanho de Teddy foi do castanho natural para o vermelho, do vermelho para o roxo e do roxo para o negro completo, assim como os olhos do garoto, não que ele tenha percebido.

— Eu não entendo... – Teddy se jogou novamente na cadeira — Porque agora? Eu me transformei a primeira vez com oito anos, Vic têm o dobro da idade que eu tinha na época.

Dunch deu de ombros e parecia amargamente arrependido do ato no segundo que o fez, gemeu de dor e trincou os dentes.

— Na Casa dos Gritos, você já estava dormindo, Victorie havia se levantando de seu ombro e olhava para o teto como se visse o céu através dele – começou Dunch a contar e Teddy percebeu que ele estava narrando os acontecimentos que ocorreram desde o salgueiro lutador — Eu a chamei, como quem quer puxar conversa, e quando ela me olhou os olhos dela estavam num tom de verde esquisito, sem pupila. Eu me assustei na hora, sabe? Achei que estivesse possuída e sem perceber apontei a varinha para ela. Ela se levantou e saiu correndo salgueiro a fora e eu fui atrás, mas quando chegamos nos terrenos de Hogwarts ela havia se transformado... Mas não como você se transforma... Era como... Como se ela não conseguisse se transformar por completo. Seu nariz deu lugar a um focinho, os olhos eram iguais os seus quando se transforma, as mãos haviam se transformados em garra e fora isso... Ela era a mesma Victorie, só que mais recurvada e que gruinha ao invés de falar. E então ela veio para cima de mim, daí notei que os dentes dela havia mudado também, pareciam dentes de cachorro, de lobo. Mas você surgiu na hora, como lobisomem. Começaram a brigar, mesmo que Victorie não se transforme por completo como você ela brigava como você, e vocês foram rolando Hogwarts a fora. Ouviu uivos e não tive coragem de sair do lugar. Até que ela apareceu ainda transformada e a última coisa que me lembro depois disso é de sentir os dentes caninos dela arrancar meu pescoço. Mas parece que não arrancou ele todo. Me sinto o Nick-quase-sem-cabeça.

Teddy estava tonto com o relato de Dunch.

Tanta coisa fazia sentido agora!

Não era a wolfsbane que estava adulterada ou que não funcionava mais, era o lado lobo de Teddy que se despertava por sentir a presença de um semelhante por perto. E as atitudes esquisitas de Victorie, as preocupação de seu pai, Gui, que estava contanto ela por lareira através de pó de flu. Gui devia suspeitar também disso.

— Ela não sabe, ela fez isso com você... Com Nêmesis e nem faz idéia de que foi ela.

Teddy falou com tanta certeza na voz que Dunch apenas concordou. Victorie nunca esconderia isso de Teddy, nunca o deixaria ser acusado por algo que ele não fez se soubesse que fora ela. Ela não sabia, pois como havia dito precisamente, ninguém a contara.

E agora estava nas mãos de Teddy Lupin contar a sua namorada Victorie Weasley que ela era um lobisomem que se transformava parcialmente em noite de lua cheia e atacara dois de seus melhores amigos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Estou AMANDO escrever essa fic. Não deixem de comentar e dizer o que acharam. Reviwes animam muito a escrever e nos enche de inspiração :D Beijos até o próximo.