Hogwarts: uma outra história escrita por LC_Pena


Capítulo 88
Capítulo 88. Natais - parte I


Notas iniciais do capítulo

Ok, ok, essa não é a continuação direta do último capítulo e talvez devesse estar nos Contos, mas tem informações importantes para a história, então não quis arriscar colocando como algo opcional, então aproveitem um pouco da interação familiar dos Weasley de Bristol e dos Dussel.



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Natais-parte I 

A neve caia forte através das grandes janelas de vidro e claraboias no teto da sala de estar dos Weasley, em Bristol. Fred havia se deitado no tapete macio que sua mãe comprara um par de anos antes em uma visita ao mercado central de Londres, aguardando Roxie terminar de raciocinar sua jogada. 

Mãos atrás da cabeça, pernas estiradas no chão, padrões aleatórios da neve acumulando nas laterais do vão das claraboias acima de si... O adolescente de 16 anos suspirou alto para a demora da irmã em um simples jogo de xadrez trouxa, Roxanne era tão competitiva! 

— Vai passar o Natal, o ano novo, a Páscoa... O Natal de novo... - Fred fez uma careta para si mesmo, não lembrava de outros feriados importantes e isso tirava um pouco da graça da provocação.  

— Pois preste atenção, que vou fazer meu movimento. - Roxanne disse em um tom solene, digno de quem tinha muita importância. Fred apenas se dignou a virar a cabeça, ainda deitado, pra ver as garras de metal da irmã pinçarem um peão delicadamente, o movendo em um espaço do jogo ainda não mexido. 

— É isso? - A menina mais nova cruzou os braços com uma expressão de gato que havia comido o passarinho, tocando no rosto ritmicamente, de leve, a ponta do acessório dramático que havia ganhado da Tia Fleur no último aniversário. Garras de jogo sempre faziam as pessoas parecerem mais habilidosas do que realmente eram. – Dois séculos pra mover um mero peão?  

— Esse jogo já está concluído, maninho, você só não se deu conta ainda. -Roxie disse isso com um sorriso enigmático e Fred se resignou a apenas levantar o tronco para analisar melhor a jogada, que parecia tão boba quanto aquela escolha de passatempo. 

Fora que as peças não se mexiam, porque estavam jogando isso mesmo? 

— Eu não tenho tanta sorte assim, isso aqui provavelmente vai se arrastar até... - A campainha da casa tocou, fazendo o garoto se interromper e quase atirar o tabuleiro longe na sua animação ao levantar. – Eu atendo! 

— O jogo não estava tão chato assim! - Ainda ouviu sua irmã mais nova resmungando antes de deslizar com as meias pelo piso do saguão de entrada.  

A silhueta dos visitantes podia ser claramente vista pelo vidro esfumaçado da porta, mas assim que Fred fez menção de se aproximar, ela se abriu magicamente. O garoto olhou para o topo da escada, de onde o feitiço devia ter vindo. 

— Não é educado deixar as visitas esperando, Fred. - O sorriso divertido de seu pai o fez revirar os olhos, mas não pôde demonstrar sua impaciência como devido, porque estava sendo envolto em uma abraço muito familiar e apertado. 

— Ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus, como você consegue ficar cada dia mais mordível? - A mulher o havia abraçado pelas costas e embora já não o conseguisse levantar a mais de 10 anos, Fred sempre sentia que a vontade estava ali a espreita. – Quem tem o afilhado mais lindo que o meu?  

— Cerca de 57% da população... - Roxanne respondeu solícita, ajudando sua tia de consideração, Katie Page, com todas as sacolas de presente e oferecendo um sorriso simpático ao, err... Marido novo dela. Ainda não estava bem certa do que pensava do homem trouxa com barba cheia e cara de quem havia sido pego fazendo algo constrangedor. 

— Não seja boba, menina, Fred se parece muito com o pai, só que numa versão achocolatada e séria... - A moça soltou o afilhado, fez uma imitação da cara fechada do rapaz, anuviando a marca de expressão entre as sobrancelhas dele. – Ah, bem melhor! 

Se dirigiu até a menina ruiva de cabelos muito cheios e pele azeitonada, deu um beijo estalado em sua bochecha e depois abraçou seu anfitrião, George, com alegria. Trouxe o marido para o campo de visão do homem. 

— Ainda se lembra de Richard, sim? Você não pôde ir ao casamento, mas creio que tenham se falado na última festa de ano novo de Harry? - A mulher olhou em dúvida entre o amigo de longa data e o marido, que acenou afirmativamente, visivelmente desconfortável.  – Perfeito!  E onde está Angelina? Alicia já chegou? 

— Angelina disse que foi “executar magia trouxa “ e eu sinceramente não sei o que isso significa. - George disse displicente, flutuando os casacos e sacolas da mão dos convidados, parando para dar uma mirada divertida no tal Richard, que parecia desconfortável com a demonstração de magia. – Quanto Alicia e Mark... Estão vindo do jeito trouxa também, porque o bebê está muito perto de nascer agora. 

A mulher fez que sim com a cabeça, se sentando no sofá em frente ao local onde o jogo de xadrez, já esquecido, estava. Seu marido sentou em um dos seus lados e Roxanne no outro, porque a menina queria lhe segredar algo. 

— Mamãe deixou tudo queimar de novo. - Fez uma expressão solene ao encarar a tia. Roxie continuou. – Não tudo propriamente dito, mas o que não virou carvão, tinha o gosto pior do que o carvão, então a magia trouxa a que ela se referiu é o bom e velho cartão de crédito.  

Katie sorriu para isso, o velho e o novo na mesma situação, porque Angelina continuava um desastre na cozinha, mas havia se rendido as facilidades trouxas em termos de pagamentos. Finalmente! George sentou no sofá do outro lado da sala, com Fred ao seu lado. 

Katie resolveu que não iria render esse assunto, os Weasley tratavam a inabilidade de Angelina na cozinha como um elefante branco no meio da sala: Molly, a sogra, continuava convidando ela para aulas de culinária “ sem compromisso” e Angelina continuava dizendo que já tinha resolvido o problema. 

Todos naquela casa sabiam tudo a respeito dos melhores restaurantes de Bristol a essa altura. 

— E como está o quinto ano de Hogwarts, Roxie? Preparada para os NOM's? - A ex-grifinoria perguntou, se sentindo um pouco velha, mas essa era sempre a impressão que tinha ao visitar os filhos de uma de suas melhores amigas. 

— Não. - Roxie foi sincera e seca, pois aquelas provas no final do ano letivo já estavam assombrando desde agora. – Molly criou uma tabela de estudos que não cumpre e Dominique continua se arrastando pelos corredores, atrás de uma cara que obviamente quer tudo que se mexe, menos ela! Então não, não estou preparada.  

— E o que isso tem a ver com seus NOM's? - Fred perguntou pirracento, mesmo que soubesse que a irmã gostava e precisava de todo o apoio que pudesse ter na hora de estudar. 

— E o que você tem a ver com qualquer coisa, Fred? - A garota respondeu emburrada, porque não admitiria uma fraqueza na frente de seu irmão que tinha alcançado “Ótimo” em todas as provas que tinha tentado no ano passado. – Até hoje esperamos sua explicação para a detenção que você ainda vai cumprir, a propósito! Que tal falarmos sobre isso? 

Roxie completou, rápida como sempre, já que a Reunião com o tio Harry, ou melhor, com o diretor da Sonserina e treinador da Seleção de Hogwarts, fora a um par de dias, informando aos senhores responsáveis por Fred Weasley II das graves infrações cometidas pelo aluno durante uma partida ilegal de Quadribol. 

Fred olhou para o pai, que não havia ido a reunião e hoje observava toda a discussão com uma expressão tranquila, como se não tivesse nada a acrescentar. Aquela era a pior expressão dele, porque significava que ele estava aprontando alguma coisa. 

— Não serei punido... - O garoto testou, olhando para o rosto do pai, que continuou do mesmo jeito de antes. Abriu um sorriso e repetiu com mais confiança a frase para a irmã. – Não serei punido, porque estava apenas jogando um amistoso e eu sinceramente não tenho culpa de que as coisas saíram do controle. 

— Uhhhh, isso parece interessante, o que foi que aconteceu? - Katie perguntou verdadeiramente curiosa, porque sua paixão pelo Quadribol não tinha diminuído nenhum pouco, tinha muito orgulho de ter sido uma boa artilheira na sua época de escola. – Amistoso contra quem? 

— Sonserina e Grifinória. - Roxanne falou rápido, mas Fred a complementou impaciente.  

— Sonserina com um toque de Lufa-lufa e Grifinória com um quê de Corvinal. - Katie o olhou sem entender e seu marido menos ainda, já que não tivera uma educação nem mesmo próxima da que Hogwarts oferecia. 

— Não se engane, não houve nenhum toque de lealdade nas cobras e muito menos sabedoria na nossa equipe, infelizmente. - Roxanne se ajeitou melhor na cadeira e lançou um olhar acusatório para o irmão. – Fred chutou um balaço na cabeça do capitão da Sonserina e quase derrubou uma pobre garota da vassoura em uma jogada horrível e sem sentido! 

—Sério? - A mulher olhou surpresa para o afilhado,  que levantou as mãos em defesa. 

— O dito capitão da Sonserina é também o meu capitão e batedor na Seleção e enviou um balaço no meu peito! Não pegou como o meu, mas o que vale é a intenção... - O garoto falou na defensiva, ante o olhar curioso do pai. Então havia sim algo de contraventor no filho, George pensou bem humorado. Bom saber! 

— E quanto a garota que você quase derrubou da vassoura? - Roxie perguntou, sabendo que o irmão não podia justificar isso, ele obviamente agiu de má fé naquele lance.  

— Devidamente perdoada e esquecida, a coisa toda. - Fred respondeu, conclusivo. – Lowen até aceitou sair comigo na volta as aulas... 

— Espero que seja para te pendurar pelos pés nas Masmorras, do jeito que você bem sabe que merece. - A irmã completou quase como se estivesse pedindo a alguma divindade isso, mas Fred fez apenas um gesto de despensa com a mão. 

— Não está completamente descartado, mas acho que pode ser produtivo para ambas as partes. - O garoto disse enigmático, para a surpresa dos adultos, que se entreolharam. Fred desconversou de uma maneira pouco sutil. – Mas não vamos perder tempo falando sobre mim, com que disse que trabalhava mesmo, Carl? Insectologia? 

— Na verdade meu nome é Richard... - O homem disse confuso. 

— Então quem diabos é Carl? - Fred perguntou sério,  fazendo Roxanne revirar os olhos e o pai disfarçar o riso, olhando para a porta da cozinha, que a essa altura deveria estar repleta de comida para a ceia de Natal. 

Mas não estava. 

— Eu não faço a menor ideia, garoto. - O “ não Carl” respondeu impaciente, fazendo a esposa colocar a mão em seu joelho. Katie avisara ao marido para não se importar com toda a magia que poderia ver, mas tinha esquecido de avisar sobre os “Weasley de Bristol”. 

Os Weasley de Bristol tinha um jeito particular de tirar qualquer um do sério sem quase esforço algum e até mesmo Fred, o mais sério e tranquilo de todos, tinha tal capacidade. Às vezes pensava em como deveria ser difícil para George ver o quanto o filho lembrava o primeiro Fred nessas horas. 

— Mas você é Insectologista, não? Porque se não, não faço ideia de quem você seja. - Fred se largou no encosto do sofá e seu pai resolveu assumir a situação, antes que o marido melindroso de Katie Bell fizesse o favor de ir embora antes mesmo que Angelina chegasse. 

Ela colocaria a culpa toda nele e o menino sonso-porque sabia que o filho provocava as pessoas de propósito, embora se fingisse de santo-se faria de desentendido. 

— Fred está brincando, ele sabe quem você é. - George disse apaziguador e Fred apenas levantou uma sobrancelha inquisidora. – Ah, mas o que é isso? Acho que acabei de ouvir sua mãe chegando pela porta dos fundos, vamos lá conferir comigo, crianças? 

— Eu não ouvi nada, pai. - Roxanne se ajeitou melhor ante o olhar sério do pai, que não combinava em nada com ele. 

— Também não. - Fred disse divertido, sabendo muito bem que devia ser estranho para o seu pai doido se colocar na posição de adulto responsável pela situação.  Geralmente ele preferia ser aquele que deixava as coisas ainda mais sem sentido. 

— Então talvez eu precise voltar a conferir se lavaram bem as orelhas depois do banho, porque eu definitivamente ouvi algo. - George disse enfático, já planejando o que faria com seus dois pestinhas assim que os convidados fossem embora. Ou quem sabe até antes? 

— De nós três, quem é aquele que, letra a, tem uma orelha a menos e letra b, não... 

— Vocês estão surdos? Não me ouviram pedindo ajuda? - Angelina interrompeu o comentário maldoso de Fred, ainda com o grande casaco posto, coberto de neve. – Ah, olá, Katie, Richard, daqui a pouco falo direito com vocês, antes preciso tirar as coisas do carro.  

— Oh, querida, precisa de uma varinha a mais? - Katie perguntou solicita, mesmo sabendo que o marido odiava quando ela fazia magia. 

— Não, não,  Katie, nós damos conta. - George se levantou, jogando o cabelo ruivo meio comprido para trás, na intenção de enfiar um gorro quentinho até as orelhas, ou melhor, orelha, como bem lembrara seu filho implicante. Só assim pra enfrentar o frio do lado de fora sem casaco ou feitiços aquecedores. 

— Fred, Roxie, levantem-se, por favor, vocês tem tarefa! Nós vamos ter uma ceia de Natal que nem Molly Weasley irá poder colocar defeito! - Angelina apontou o dedo em riste em direção as claraboias, lembrando Katie da época que a amiga foi capitã da Grifinória e encarnou o espírito do obcecado, mas bem vivo ainda, Oliver Wood. – Vá buscar a câmera, Roxie, querida, quero me certificar que ela não poderá colocar defeito mesmo. Fred, pegue as travessas bonitas que seu avô me deu de presente de casamento, aquelas com os duendes dançando nas bordas. Estão no sótão.  

— Sótão ou porão? - O garoto perguntou, já sabendo a resposta, sua mãe nunca sabia onde colocava nada! 

— Porão. - Angelina respondeu com firmeza, suspirando satisfeita ante a perspectiva de mostrar a sogra o quanto tinha evoluído como anfitriã nos últimos anos. – Ah, esse Natal vai ser maravilhoso, primeira vez que sou anfitriã em décadas,  Katie, vai ser maravilhoso! 

— Tenho certeza que sim, querida, mas... 

— GEORGE, MORREU AÍ FORA? Mas será possível, está levando mais tempo pra flutuar essa comida do que eu levei pra comprar, pelo amor de Merlin, tudo eu nessa ca... - A voz da mulher foi desaparecendo a medida que sumia no interior da cozinha. 

Katie olhou para o marido, saudosa, lembrava muito bem de como era bom seus tempos de escola, onde ouvia Angelina mandando em todo mundo pra cima e pra baixo na torre da Grifinória, sendo menos pior apenas do que Wood, mas até mesmo daquele doido sentia falta.  

— Todos os bruxos são loucos assim? - Richard perguntou o mais baixo que pôde, ainda lembrava como o ruivo alto havia pregado uma peça no caçula Weasley na última festa de ano novo. Não queria aquela “brincadeirinha “ mortal para si. 

— Só os melhores, querido. - Katie deu tapinhas amigáveis na perna do marido. – Só os melhores. 

Fred II não podia concordar menos com isso. Estava equilibrando todas aquelas travessas feias - presentes do seu avô materno - nas mãos, enquanto calculava qual seria o plano de seu pai para transformar aquela noite em um verdadeiro caos. 

Deu de ombros como pôde, porque devia uma ao velho, que não o havia castigado pelo lance do jogo contra a Sonserina. Não iria tentar estragar a provável pegadinha do pai, mas, por via das dúvidas, não comeria nada que George Weasley não comesse antes, afinal teria uma festa grande em alguns dias e não podia se apresentar para o mundo como um babuíno de bunda rosa ou apitando fumaça verde das orelhas... 

Não havia nascido ontem para cair nos truque Weasley, como o trouxa que "não era Carl" ali na sala... Fred parou no último degrau da escada com uma careta de dúvida no rosto. 

— Mas sério, quem diabos é Carl, o insectologista, Fred? 

*** 

As músicas natalinas eram sempre as mais adoráveis, felizes e levemente sem sentido de todas, mas Enrique Dussel gostava mesmo assim, por isso cantarolava Fada no pinheiro baixinho, enquanto assistia a neve subir ao invés de descer no centro do estádio de Quadribol da sua família, Ikley Moor. 

Amava esses feitiços simples de inverno. 

Os corredores estavam vazios agora, véspera de Natal e o único ser humano que ainda trabalhava naquela construção em forma de tornado era seu irmão do meio, Heitor Selwyn-Dussel, o menos impiedoso do trio infernal, como gostavam de dizer os tabloides bruxos. Enrique revirou os olhos, já na frente da porta do escritório do homem. 

Encostou a mão no aço escuro que era comum em todas as entradas daquele lugar e sentiu o metal penetrar frio na palma de sua mão. Deixou que a frieza se estendesse pelos dedos, pulso, mas assim que conseguiu destravar com sua habilidade peculiar o trinco da porta, fez o metal retroceder. 

Heitor levantou o olhar assim que viu o irmão caçula na entrada de seu escritório privado. Seus olhos azuis rasgados foram automaticamente para a mão do garoto, ainda cor de chumbo enegrecido. Suspirou cansado. 

— Já falamos sobre isso, Enrique, não deve ficar se expondo desse jeito.-Enrique sorriu sem se abalar muito com o drama do irmão.  

— Não há mais ninguém em todo Moor, Heitor, quem poderia ver qualquer coisa?-O mais novo dos Dussel terminou de adentrar o escritório do irmão, observando o ambiente levemente sombrio com curiosidade. Tinha entrado poucas vezes ali, a maioria agora, nos últimos meses. – Mas isso pouco importa, não é? O que quer? 

Heitor observou como o irmão fazia seus dedos voltarem para a cor original em sua peculiar-e recém-descoberta, ao menos para ele-habilidade. Resolveu que era melhor garantir o sigilo daquela conversa primeiro, antes de responder qualquer pergunta. 

Com um aceno de sua varinha esculpida de uma costela de basilísco, deixou que uma névoa negra envolvesse a ambos e depois se transformasse em uma réplica perfeita sua e de seu irmão. As cópias começaram a conversar, o falso Heitor dando uma bronca sobre responsabilidade no trabalho e o caçula resmungando algo com petulância.  

O Enrique original olhou surpreso para sua versão enevoada e entediada, mas não demorou muito para atender ao gesto discreto do bruxo que havia executado aquele feitiço impressionante.  

Heitor o chamou para sua mais nova penseira e antes que pudesse ver como se saía contra argumentando sério com seu irmão-mesmo que de mentira-o mais novo foi sugado para uma memória no artefato mágico.  

Assim que ambos pousaram na antiga Mansão Selwyn em um dia ensolarado, Heitor se virou para um Enrique de braços cruzados, desviando automaticamente da memória de um garoto risonho fugindo de uma garotinha com os mesmos olhos rasgados que os dele. 

Seus irmãos eram mesmo adoráveis quando crianças. 

— E então, sobre o que é tudo isso?-Enrique se referia ao chamado em pleno feriado, ao feitiço impressionante de cópia e aquela cena bucólica onde se encontravam agora. 

— Estou sendo vigiado.-Heitor disse solene, não arrancando nenhuma reação do outro. –Atualmente minhas memórias são o único lugar seguro que tenho e logo mais nem isso terei. 

— Acha que Hector desconfia de algo?-Enrique perguntou tentando disfarçar seu incômodo, não gostava como seu irmão mais velho soava como um vilão onipresente, onipotente e onisciente na visão de Heitor. 

— A verdade é que ele sempre vigiou, mas antes eu não tinha o que esconder dele, não é mesmo?-Enrique reprimiu uma careta com a frase, sabia que havia colocado Heitor em uma situação difícil.  – Não faça essa cara, fico feliz que finalmente tenha confiado em mim. 

— Não sei se confio de verdade, mas não posso reclamar do apoio que está me dando aqui, então...-Heitor sorriu para o dar de ombros do irmão e viu o exato segundo em que sua versão mais nova finalmente era capturada pelos dedos magros da irmã gêmea. – Mas sério, por que me chamou aqui? 

— Precisa sair de Hogwarts.-Foi direto ao ponto e novamente suspirou pesado com a expressão de rebeldia do irmão.  – Dessa vez não é um pedido, Enrique.  

— Nunca foi um pedido plausível, por isso eu ignorei da primeira vez que você fez.-Enrique não escondeu sua indignação, odiava quando tentavam lhe dizer o que fazer. – Nós já discutimos sobre isso e chegamos a conclusão que era bom eu ficar o mais distante de Hector e Helena que eu pudesse, ao menos nesse primeiro ano pós-formatura. 

— Isso foi antes, agora precisamos tirar você do lugar que vai dar um álibi perfeito para os dois.-Enrique olhou sem entender para o irmão, que continuou. – Qualquer coisa que Hector fizer com você em Hogwarts, ficará por conta dessa loucura que está acontecendo com a magia de lá. Não podemos correr esse risco. 

— Está tão ruim assim?-Enrique perguntou com medo de saber a resposta e recebeu apenas um leve encolher de ombros do irmão como resposta. 

— Não está ruim, mas está propício.-Heitor olhou ao redor, para a casa de sua infância, casa essa que mal colocava os pés nos dias atuais, por tantas lembranças desagradáveis ali vividas. Voltou o olhar para o caçula. – O relatório dos Inomináveis chegou e confirmou que houve uma atividade estranha naquele último episódio de falha de magia em Hogwarts.  

— Mais estranha do que as Masmorras sendo inundadas pelo Lago Negro?-Enrique perguntou sarcástico.  

— As assinaturas confirmam o apagão de magia megalítica naquela hora, mas falam de um pico de magia exótico, que não consta nos registros do Ministério.-A resposta havia sido pouco clara, então Heitor continuou. – Mas por sorte a temos em nossos registros... 

— Que conveniente.-Heitor olhou sério para o sarcasmo do caçula. 

— Não é nenhum pouco conveniente tentar proteger alguém que não te dá ouvidos, se quer saber! Preciso te lembrar que não ganho nada ajudando você a ficar a salvo? Pelo contrário, estou colocando tudo pelo que trabalhei em risco!-Enrique iria se desculpar e pedir para que ele continuasse com a explicação, mas o homem não tinha acabado. – Por que me pediu ajuda se não confia inteiramente em mim? 

— Eu só... 

— Acha que bolei um plano mirabolante no momento em que de repente você resolveu me contar sobre essa sua habilidade mágica esquisita ou falar do seu plano idiota de devolver o dinheiro de minha mãe para... 

— Desculpa, cara! Eu só não sei o quanto... Olha, vamos voltar para o motivo de ter me chamado aqui, ok?-Enrique fez um gesto apaziguador e o irmão apenas passou os dedos pelo cabelo escuro recém-cortado. 

— Eu vou te dizer uma coisa: não tem sido divertido ter aquela heterívora vigiando cada passo que eu dou, desde que você passou a responder a mim aqui na empresa.-Heitor desabafou enojado, odiava aquela criatura pálida que o seguia em todos os lugares a mando do irmão mais velho.  

— Então realmente trata-se de uma “ela”? Sempre tive essa dúvida...-O caçula dos Dussel falou intrigado. A assistente andrógina do irmão sempre causou uma fascinação bizarra nele. 

— Por acaso você ouviu a parte em que eu disse que ela come criaturas do sexo oposto para sobreviver?-Heitor perguntou irritado, para a surpresa do irmão. 

— É isso que heterívora quer dizer? Achei que era algum fetiche com... Não? Ok, desculpe.-Enrique abaixou a cabeça, mas não estava realmente contrito. Heitor estalou os dedos na sua frente, para chamar sua atenção de volta. 

Odiava isso, Enrique odiava o fato de que todos podiam estalar os dedos, menos ele! Que coisa mais sem sentido essa de ser o único da família que não podia fazer aquela coisa boba... 

— Isso não vem ao caso, lidarei com  Váli depois, o que preciso agora é ter você fora de Hogwarts.-Heitor foi mais enfático dessa vez, fazendo Enrique revirar os olhos, ainda um pouco distraído com a inutilidade de seus dedos. – Eu vou ter que entregar os relatórios a Hector e então ele saberá que eu sei que havia algo de errado naquela noite e isso sim não vai ser "divertido". 

Heitor fez as aspas com os dedos e imitou a voz do irmão mais novo, que sempre parecia disposto a buscar mais aventuras, contanto que houvesse poucas responsabilidades envolvidas. Enrique ignorou o sarcasmo, porque sabia bem que não tinham tempo para isso e ele era maduro, diferente de Heitor. 

— E você já sabe o que é essa magia exótica?-Enrique tentou perguntar sem nenhum toque de petulância na voz, algo que era quase impossível para ele quando lidava com seus irmãos mais velhos. 

— Não exatamente, mas identificamos algo parecido antes, quando estivemos em Uagadou. Era bem mais fraca e haviam muitas misturadas na época, porém fizemos os testes agora no laboratório e as assinaturas batem, então... 

— O quê? Agora somos investigadores de magia também? Por que temos leitores de assinatura mágica na empresa?-Heitor respirou fundo antes de responder ao seu irmão que pelo visto ainda tinha muito o que aprender sobre o negócio. 

— Você prestou atenção em alguma  coisa do que foi dito no treinamento da empresa?-Perguntou já sabendo a resposta. 

— Eu cresci correndo naqueles escritórios, cara, eu não preciso de treinamento!-Enrique respondeu divertido, chegando a rir da expressão de desgosto do irmão. – Não faça drama, está no manual? Pronto, eu leio o manual, não precisa ficar chateado. 

— Não estou chateado, estou resignado, quero dizer, o herdeiro majoritário da companhia não sabe para quê usamos leitores de assinaturas mágicas no nosso negócio de aplicar feitiços e equipamentos mágicos ao redor do mundo... O que poderia dar errado? Eu estou tão tranquilo! 

— Merlin, você sabe fazer drama, hein? Ok, ok, temos uma assinatura vista em Uagadou detectada em Hogwarts e isso pode ser ligado a Hector através... Olha, não dá para ligar Hector de forma alguma a uma assinatura mágica africana, quero dizer, você foi aquele quem ficou responsável por... Ah! 

O fluxo de palavras de Enrique finalmente se interrompeu ao perceber aonde seu irmão queria chegar com aquele raciocínio. 

— É, eu também percebi isso: o grande herdeiro morre em um acidente na decrepita Hogwarts e aí descobrem que não foi um acidente, foi um pico de magia estrangeira e o único que poderia ter acesso a tal magia é um dos beneficiários da morte.-Heitor deu de ombros. – Como você gosta de dizer: conveniente. 

— Então é isso? Ele vai me matar e colocar a culpa em você? Diabólico!-Enrique não pôde deixar de soar impressionado e Heitor apenas se controlou para não matá-lo nesse exato momento. – Mas por que ele culparia você? Então ele realmente acredita que você o traiu? 

— Não dá para ter certeza do que Hector pensa, ainda mais porque algo não bate nesse pico de magia estranha... Quero dizer, ainda não conseguimos investigar meticulosamente, teríamos que pedir permissão aos Inomináveis com toda aquela burocracia, mas parece que estamos lidando com uma refração temporal depois de tudo. 

Enrique fez uma careta, porque sabia que aquele era o tipo de coisa que só alguém com formação em Hermetismo como Heitor poderia falar como se fosse de conhecimento do cotidiano. 

— Ah, claro, refração temporal... Muito incomum.-Enrique pôs a mão no queixo, fingindo que realmente entendia do que o irmão estava falando. 

— Não tão incomum assim, você sabe, o problema foi o grau da refração que foi muito acima do ordinário.-Heitor iria continuar falando, então Enrique achou por bem interrompê-lo antes que ele baseasse toda sua explicação em algo que não fazia o menor sentido pra ele. 

— Eu não sei o que é refração temporal, cara, dá pra traduzir? 

— Imaginei que não soubesse, mas Merlin sabe o quanto você fica intragável quando somos condescendentes, então resolvi não arriscar.-Enrique o encarou com seriedade e ele só completou, ainda com um sorrisinho ladino. – Refração temporal nada mais é do que as decisões que tomamos afetando e modificando o futuro. Acontece a toda hora, algumas vezes com magia envolvida, mas... 

— Eu não preciso de uma aula, se eu quisesse saber os detalhes eu ia para a Grécia como você, então simplifique: por que essa coisa é relevante para a gente?-Heitor olhou para o irmão sem paciência, custava Enrique mostrar interesse em alguma coisa na vida? 

— Tem relevância porque foi uma refração com um grau alto, ou seja, é um daqueles pontos que definem a história, como... Como a ideia de Salazar Sonserina construir a câmara secreta em Hogwarts ou... O Lorde das Trevas escolhendo os Potter como inimigos ao invés dos Longbotton! É o tipo de coisa que muda tudo. 

— Quer dizer que naquela noite o futuro mudou?-Enrique perguntou realmente intrigado. 

— O futuro está em constante mudança, cada mínima decisão pode alterá-lo, a questão é que existe linhas principais, que precisariam de grandes acontecimentos para serem alteradas, e linhas secundárias, terciárias e por aí em diante, que não passam de detalhes na história e não tem força para tal feito. 

— Então naquela noite uma linha principal foi alterada?-Enrique perguntou tentando finalmente fechar o raciocínio do irmão, mas Heitor fez uma careta de quem tinha algo mais a ser dito. 

— Não exatamente... Quero dizer, houve uma grave alteração na linha principal advinda de uma mudança mínima de uma linha insignificante, não dá para saber pelos relatórios dos Inomináveis se foi ou não com magia, mas então houve um grande uso de magia que trouxe a linha principal de volta ao curso. 

— Ok, agora você me perdeu. Se a linha principal foi mantida, por que diabos estamos discutindo isso?-A pergunta de Enrique veio com sua exasperação latente, Heitor agora era oficialmente o mais irritante de seus irmãos mais velhos! 

— Coloque uma coisa nessa sua cabeça dura: algo alterou uma linha bem insignificante do tempo, que supostamente não deveria afetar nada, mas que na verdade mudou tudo, então outra coisa, ou quem sabe a mesma,  usou uma quantidade enorme de magia para trazer a linha principal de volta para o curso certo! Isso não te soa estranho? Precisaria ter muito conhecimento de linhas temporais para fazer algo assim... 

— Soa estranho, mas nada disso parece ter algo a ver conosco!-Enrique esperou o jovem Heitor e a pequena Helena passarem sujos de lama entre eles para continuar sua fala. – Por que Hector mudaria o futuro uma vez e depois mudaria de novo para te incriminar? Como ele saberia que haveria uma falha da magia de Hogwarts naquela noite para começo de conversa? 

— Ficaria surpreso com as coisas que Hector sabe, de qualquer forma, que outra explicação haveria?-Heitor suspirou e olhou sério para o irmão. – Quantas pessoas naquela escola poderiam ter planos escusos e acesso a uma magia encontrada na África? A resposta é bem simples, apenas... 

— Ah, não.-Enrique pôs a mão na testa, porque acabará de lembrar de duas pessoas que estiveram na África e pelo menos uma delas era um garotinho intrometido que poderia sim ter planos escusos acontecendo. 

— O quê? Sabe de alguma coisa que...-Enrique interrompeu o questionamento do irmão com um levantar de mão. 

— Apenas tenho uma pequena suspeita de outra possibilidade, nada muito certo, tenho que admitir, mas... Seria irresponsabilidade minha não checar isso.-Heitor riu da escolha de palavras do irmão, "irresponsabilidade" deveria ser o nome do meio de Enrique. 

— Investigue o quanto queira, garoto, mas lembre-se: não poderá continuar brincando de veterano em Hogwarts por muito mais tempo, não enquanto aquele lugar cai aos pedaços e tem tanta gente aqui fora torcendo para que um deles caia na sua cabeça. 

— Deuses, Heitor, você é tão pessimista! Vai dar tudo certo, dessa vez eu estou te ouvindo: olhos abertos em Hogwarts, nada de distrações, vai dar tudo certo!-Heitor levantou uma sobrancelha escura para isso, Enrique nunca o ouvia. – O que mais posso fazer? 

— Por hora nada, avisei a Hector que você ficará comigo em Durmstrang, enquanto ele cuida de Salem, desse jeito você fica pouco tempo em Hogwarts e menos ainda perto dele. O pai concorda, então não há nada que ele possa fazer quanto a isso. 

— Então está certo que Salem e Durmstrang não vão jogar uma contra a outra?-Enrique perguntou muito interessado, assumindo seu papel de apanhador de Hogwarts. Heitor revirou os olhos, havia muita coisa certa, mas nenhuma que fosse ajudá-los em um futuro próximo. 

— Tome cuidado em Hogwarts, trabalhe duro em Durmstrang, não provoque Hector e Helena e deixe os jogos comigo, ok? Pode fazer isso?-Heitor segurou nos braços do irmão, tentando fazê-lo prestar atenção em suas instruções. 

— Mas... 

— Nada de "mas", Enrique, essa memória terminou e nosso tempo também.-Assim que o homem acabou de falar isso, ambos voltaram para o escritório sombrio dele, entranhado no coração de Ikley Moor. 

Com um aceno de varinha Heitor desfez as ilusões dele e do irmão e assumiu o discurso inflamado que sua versão falsa estava dando a pelo menos vinte minutos. 

— Espero que esteja claro: não tenho tempo para lidar com suas rebeldias na Bulgária, porque nem tudo no mundo gira ao seu redor, moleque!-Heitor puxou de sua gaveta uma de suas sedas e fez questão de olhar para Enrique com um sorriso divertido enquanto enrolava um cigarro com um blend novo de diferentes tipos de tabaco e alecrim. – Estamos entendidos? 

— Sim, senhor.-Enrique disse entediado e assim que Heitor deu a sua primeira tragada, olhando apreciador para o seu cigarro artesanal, o mais novo resolveu arriscar. – E então? Esse ano vai passar o Natal com a gente? Minha mãe ficaria encantada... 

Heitor soltou algumas nuvens enroladas e riu da expressão zombeteira do caçula. 

— Nah, detesto as festas natalinas, o inverno e todo esse clima irritante...-Gesticulou com a mão que segurava o cigarro, fazendo a fumaça perfumada se espalhar mais rapidamente pelo ambiente. – Preferia estar em alguma praia do Caribe, você sabe. 

— Isso porque sua mãe...-Enrique gesticulou um pouco sem graça, porque tocar nesse assunto com os irmãos era sempre uma forma perfeita de começar um clima ruim. 

— Morreu? Não, ela morreu na primavera, mas Natal me lembra todas às vezes que fui obrigado a ficar enfurnado na mansão Selwyn cheia daqueles infernais ramos de pinheiro... Sabe que foi por isso que comecei a fumar, não sabe?-Heitor apontou para o irmão segurando habilmente o cigarro e soltando mais uma baforada em forma de círculo. – E olha que mamãe odiava fumantes... 

— Eu não vejo ligação entre uma coisa e outra... Enfim, então fique aí com sua solidão e seus cigarros esquisitos, irmão.-Enrique falou enquanto apertava mais o cachecol escuro ao redor do pescoço. – Posso usar sua lareira para ir embora? 

— De jeito nenhum, sabe que eu sou alérgico a cinzas... Você pode aparatar lá fora, obrigado.-Heitor voltou a mexer em seus papéis, exatamente como estava fazendo antes do garoto chegar. – A propósito, feliz Natal. 

Enrique revirou os olhos para a série de incongruências de seu irmão-alérgico a cinzas e pinheiros, mas não a cigarros? Ah, claro.- e não retribuiu o cumprimento. Pra quê? Heitor fazia questão de ter um Natal deprimente, então nem sequer merecia seu esforço de ser simpático. Saiu pela porta e teve que suprimir uma série de palavrões ao dar de cara com a criatura pálida que era a assistente de seu irmão. 

— Deuses, V., você me assustou!-A assistente continuou impassível ante o desconforto causado e ao apelido inconveniente. 

— Senhor Heitor continua aqui?-Perguntou em seu tom de voz baixo, quase um sibilo. Enrique fez uma leve careta para isso. 

— Sabe que sim, você não estaria aqui caso ele não estivesse, é um maldito rabo irritante.-Respondeu grosseiramente, invadindo um pouco o espaço pessoal da mulher que era quase da sua altura de tão alta. – Céus, como você é estranha... 

— Obrigada pela informação, meu senhor. - Váli respondeu automaticamente, mesmo sabendo que o jovem já havia aparatado há alguns segundos. Adentrou o escritório do seu chefe sem bater, afinal, tinham muito trabalho a fazer naquela fria noite de véspera de Natal.  


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam de Roxanne e Heitor? Irmãos legais, mas que Cesc não conhece, uma pena... Alguém lembra de Tony falando algo sobre a habilidade de Enrique nesse mesmo estádio dos Dussel? Não? Ah bom, fazer o que...

Bjuxxx e as próximas partes irão vir, só que nos bônus, serão Sharam e John, Aidan e Akira, Scorp e Rebeca e por fim, Tony e Rose. Aguardem e verão.