Um novo trilhar escrita por Nyne


Capítulo 5
Capítulo 4 - Egoísmo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Postaria amanhã, mas resolvi adiantar um dia rs.
Espero que gostem.
Ótima leitura.



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Passaram - se alguns dias desde a conversa mórbida de Suzana com Carlos. Como ele havia pedido ela não tocou mais no assunto. Estava mais calma também.

Apesar de terem concordado com a inseminação artificial, optaram por fazer o procedimento com outro especialista, visto que o clima entre a doutora Luísa e Carlos acabara ficando muito desagradável desde a última consulta. Apesar disso, ela mesma indicou outro médico de confiança para acompanhar o casal.

O médico responsável agora se chamava Valdemar Robles. Tinha os traços da face bem definidos, dando um destaque maior as maçãs saltadas do rosto. Tinha olhos e cabelos negros e aparentava ter cerca de cinquenta anos.

Ele estava a par do caso de Carlos e Suzana, pois sua colega de profissão havia lhe passado todo o histórico do casal. Porém mesmo assim ele tornou a enfatizar os riscos do procedimento e mais uma vez o casal disse estar ciente.

– Bem, também devo ressaltar que não se deve tentar a inseminação mais de quatro vezes, pois depois disso, as chances são mínimas. É prova de que o método não está alcançando seu objetivo. Nesse caso aconselho a vocês partir para outra alternativa, uma adoção por exemplo.

– Não queremos adotar doutor Robles. - disse Carlos seco.

– Enfim. A senhora já realizou o tratamento que induz a ovulação, ou seja, a inseminação já pode ser realizada.

– E em quanto tempo saberemos se deu certo?

– Dentro de quinze dias já poderemos constatar se o procedimento teve sucesso ou não.

Naquele mesmo dia o procedimento foi realizado. Agora seria a pior parte, especialmente para Suzana. Aguardar.

Dentro do período informado Carlos fez de tudo para distrair e ao mesmo tempo manter a esposa calma, mas não era uma tarefa fácil.

Cerca de uma semana após o procedimento veio à decepção. Suzana não engravidara.

– Podemos tentar de novo. - disse Carlos ao ver a decepção tomar conta da esposa.

– Podemos não, vamos tentar de novo!

E foi exatamente o que fizeram. Mais uma, duas, três vezes no total. Todas falhas.

– Não é possível, não é possível! - dizia Suzana alterada diante do marido e do médico.

– Vocês podem tentar mais uma vez, lembrando que não é garantido e essa é aconselhável ser a última.

– Sinceramente, não acho que devamos mais tentar. - disse Carlos, recebendo um olhar reprovador e indignado de Suzana.

– Como não? Porque não?

– Já tentamos três vezes Suzana, nenhuma deu certo. Não é pra ser. É hora de parar de brincar de ser Deus.

– Não estou brincando de ser Deus Carlos, apenas quero ser mãe. É pedir muito?
O casal continuou a discutir, sem sequer se importar com a presença do médico, que após algum tempo resolveu intervir.

– Há outra maneira.

– Já sabemos o senhor havia dito. Adoção não é? - disse Carlos - Mas está fora de questão doutor Robles.

– Não era esse método. Refiro-me a uma nova tentativa de inseminação.

– Mas o senhor mesmo disse que não é aconselhável fazer isso mais de quatro vezes.

– Exato, e essa será a quarta vez.

Carlos balançou a cabeça em negação.

– Não sei pra mim isso já está indo longe demais.

– O que faz o senhor achar que essa vez pode ser diferente das outras? - pergunta Suzana.

– Das três primeiras vezes usamos material do seu marido correto?

– Sim, obviamente.

– Eu vi seus exames senhor Castiel. Sua contagem de espermatozóides é muito baixa, creio que devido a sua idade... O senhor tem trinta e nove anos é isso?

– Isso mesmo. Aonde o senhor quer chegar afinal?

– Como dizia, creio que devido aos problemas de saúde que o senhor teve na infância e a sua atual idade seus espermas não sejam mais tão resistentes, por isso não aguentem esse procedimento.

Carlos olha para Suzana que devolve o olhar, mas em seguida volta a atenção para o médico.

– Por isso acho que vale a pena tentar uma inseminação com o material genético de um doador mais jovem.

– Espera, deixa ver se entendi. O senhor quer introduzir no útero da minha mulher o esperma de outro cara?

– O senhor diz com um tom de deboche, como se eu fosse pegar o primeiro individuo que passar na rua e dizer "olha, pode doar um pouco do seu esperma pra eu fazer uma inseminação artificial na minha clínica?"

– E não é quase isso?

– O senhor está ofendendo meu trabalho senhor Castiel.

– E o senhor está ofendendo a mim e a minha esposa sugerindo algo assim. Essa ideia maluca está fora de questão.

– O senhor está dizendo pelo seu ver. A senhora Castiel também precisa dar seu parecer.

– Obviamente ela também vai discordar desse absurdo.

Suzana encarava o nada. Não respondeu de imediato. Carlos a olhava aguardando uma resposta, mas o que saiu de sua boca foi uma pergunta. Não olhava diretamente para o médico, mas ele sabia que a pergunta foi direcionada a ele.

– Existe a chance de dar certo com o material de um doador?

– Não posso garantir que dará certo, mas a chance existe sim.

Ela olhou novamente para Carlos que tinha os olhos vidrados nela. Em seguida volta o olhar para o médico que permanecia calmo.

– Quero tentar.

– O que? - disse Carlos indignado - Você não pode estar falando sério!

– Por que não Carlos? Existe uma chance, mesmo que a última.

– Eu concordei em ter um filho nosso Suzana, meu e seu, por isso mesmo sempre fui contra a adoção. Agora você concorda com essa ideia maluca?

– Não vai mudar Carlos, esse neném vai ser nosso filho, vai crescer dentro de mim.

– Não Suzana, não! Essa criança pode até crescer dentro de você, mas não vai ser meu filho, vai ser filho de um estranho.

– Se o senhor é tão contrário a inseminação com o material de um doador, porque não adotar senhor Castiel? Tantas crianças estão a espera de um lar, uma família.

– Não, não e não! Eu não vou aceitar o filho de estranhos, quem dirá o filho de outro homem crescendo dentro da minha mulher. Não vou adotar e não vou deixar nenhuma inseminação com esperma de outro cara ser feita na minha mulher e pronto. Essa é minha palavra final.

Suzana o olha com um olhar frio, duro, capaz de ultrapassar - lhe a alma.
– Sua palavra final Carlos, não a minha.

– O que você está dizendo Suzana?

Ela não responde, ao menos não olhando para ele. Volta-se para o médico e diz decidida.

– Pode usar o material de um doador doutor Robles. Estou autorizando.

Carlos a olha incrédulo.

– Você não pode estar falando sério...

– Acho que nunca falei tão sério em toda a minha vida Carlos.

– Não, não está. Não vou deixar você fazer isso, você não está pensando direito.

– O corpo é meu Carlos, sou maior de idade e vacinada, respondo pelos meus atos.

– Essa decisão não é só sua Suzana, é nossa.

– Nossa? Você se dignou a perguntar se eu também abominava adoção como você? Não. Aliás, Carlos, só pra constar, não sou contra, mas você não se importa. Mas claro, quando eu decido algo que não te agrade aí sim a decisão é nossa...

– Desculpe me intrometer, mas tenho outros pacientes pra atender.

– Desculpe doutor Robles, já vamos nos retirar.

– Conversem e decidam o que fazer. Quando tiverem uma posição me liguem.

– Pode agendar o novo procedimento doutor. Está decidido. - Diz Suzana olhando para Carlos que já não falava mais nada.

– Certo então. Podem vir daqui dois dias, é o tempo suficiente para eu preparar tudo.

Carlos levanta sério.

– Eu não venho.

– Preciso da presença do meu marido doutor Robles?

– Não há obrigatoriedade.

– Ótimo. Tenha um bom dia.

Os dois saem ao mesmo tempo do consultório, mas Suzana dá passos largos na tentativa de se afastar de Carlos. Ele a alcança e lhe segura pelo braço.

– O que deu em você?

– Nada demais. Apenas quero tentar todas as alternativas que me restarem. Se essa é uma delas, porque não?

– Porque não? Talvez porque seja esperma de outro cara dentro de você!?

– É isso que te ofende Carlos, o espermatozóide ser de outro cara? Até parece que daqui dois dias eu virei aqui transar com um desconhecido na sua frente!

– Pra mim é quase a mesma coisa.

– Não seja bobo. O filho será meu e seu.

– Não seja inocente Suzana. Você sabe que não vai ser assim.

Ela leva as mãos ao rosto, que estava levemente corado devido as alterações de voz que teve poucos momentos antes.

– Carlos, nunca escondi de você que meu maior sonho é ser mãe. Não vou mudar de ideia ou desistir por um machismo estúpido da sua parte. Quero muito, do fundo do meu coração que você esteja comigo quando a inseminação for feita, mas mesmo sem você, esteja ciente que eu farei. É minha ultima tentativa, minha ultima esperança. Você não tem o direto de me privar disso.

Ela o olha por alguns segundos até sair andando rumo a um ponto de táxi, o deixando parado e perplexo enquanto a observa entrar em um dos carros e ir embora


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Notas finais do capítulo

Tenho nessa fic 90 visualizações, porém quase que 90% são de leitores fantasma, que sequer deixam um review tipo "Gostei" ou até mesmo "Odiei".
Isso chateia qualquer autor, mas não vou desistir. Continuarei postando mesmo assim. Se você faz parte dos leitores fantasma, apareça, venha para a luz rs.
Obrigada a todos (todas no caso) que estão acompanhando fielmente.
Beijos e até a semana que vem.



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