~João

Segunda ¬¬ Estou aqui com o Pedro no ponto de ônibus. Se já tá chato pra mim, imagina pra ele que tem que aguentar aula chata, professor chato, matéria chata e ainda, ficar com gesso.

– Cara, isso tá coçando. – Pedro disse referindo-se ao gesso

– Lógico, tá um calor infernal – respondi – tudo culpa da dona Delma que não deixou você ficar em casa.

– Pois é... Jhonny, eu vou precisar da tua ajuda hoje – ele disse

– Pra quê? – perguntei ainda de pé

– Tu vai pedir pra Esquentadinha me ajudar hoje, lá no colégio – ele respondeu

– nem se eu implorasse ela aceitaria – respondi

– Dá teu jeito – ele falou – ela me ajudou no dia do acidente, então pode me ajudar hoje.

– Resta saber se ela vai querer – eu disse

– Esquentadinha! – Pedro exclamou assim que a Karina e a Bianca chegaram

– Pensei que você não iria pro colégio – Bianca disse

– Dona Delma não deixa – Pedro disse se levantando

– A Karina te ajuda – Eu disse

– Ajudo nada – Karina respondeu

– Nossa, eu pensei que vocês já estivessem se entendido – falei

– João, fica na tua – Karina disse – nosso ônibus já ta vindo.

~~ *-* ~~

~Vicki

Cara, eu tô morta de sono. Não sei pra quê eu aceitei a condição de ir pro colégio hoje. Minha cara deve tá ótima ¬¬ A Jade não contou sobre o acontecido na balada, minha mãe não precisa se preocupar com essas coisas. Afinal, já passou.

– Bom dia, pessoas – Jade cumprimentou o João, a Bianca, a Karina e o Pedro assim que chegamos na escola.

– Pelo jeito a noite foi boa, hein? – Bianca disse

– Me lembre de nunca mais ir a uma balada no domingo – falei bocejando

– Bianca, cê precisava ver o gato que fiquei ontem! – Jade disse animada

– E cê ficou com alguém Vicki? – o João perguntei meio sério

– Não, tô de olho em um carinha aí – decidi falar isso pra ver se ele se toca.

– hm – Sério? Olha o que ele respondeu

– Machinho? – a Jade chamou

– Eu – Karina respondeu

– Desde quando ela te chama assim? – Pedro perguntou curioso

– Sei lá, pelas conversas no whats – Karina respondeu – Fala o que cê quer Jade

– Eu queria saber se você pode me da umas aulas, sei lá... autodefesa – ela disse

– Tá bom, vai lá academia hoje – Karina respondeu

– beleza – Jade respondeu

– Bom dia – Vitor nos cumprimentou

– Bom dia – respondemos

A Karina e o Vitor, realmente, parecem namorados. Tipo, agora ele tá à abraçando por trás, com as mãos em volta da cintura dela. Isso tá incomodando, e muito, o Pedro. Posso está enganada, mas acho que o Vitor faz isso de propósito.

~Bianca

Não comentei, mas achei muito estranho o fato da Jade querer ter aula autodefesa. Depois ela vai me contar essa história direitinho. Outra parte bem legal foi o Vitor abraçando a K. Quero só ver por quanto tempo o Pedro vai aguentar isso, sem que eles não têm nada, mas tá na cara que eles se gostam. Só rindo da cara do guitarrista. Só fui entender o recado quando o Vitor piscou pra mim, ele sabe do ciúme do Pedro, e acho, que tá tentando mostrar isso pra Karina. Só quero ver no que isso vai dá.

~João

Cara, eu sou muito frouxo. Porque eu não consigo dizer pra Vicki que gosto dela? Merda! Poxa, ela foi pra balada e nem avisou ao “amigo” aqui. Mas eu fiquei puto quando a Jade falou que ficou com um garoto, queria saber se a Vicki tinha ficado com um também. Ela disse que não ficou, por que tá afim de um “carinha... pronto. Agora que eu não conto mesmo.

~~ *-* ~~

~Narradora

Sala do 2º ano

A única coisa boa que tinha na segunda-feira era a aula de sociologia, não que os alunos gostassem da matéria, mas a professora deixava a aula bem legal. Todos participavam e sempre tinham uma opinião pra dá.

– Bom dia, gente – a professora cumprimentou os alunos – animados?

– Nenhum um pouco – Pedro respondeu

– Tá tudo bem com você Pedro? – a professora perguntou ao ver o gesso que o garoto usava.

– Tá beleza – ele respondeu.

– Bom, vamos fazer um círculo com as cadeiras – a professora pediu – Karina, ajuda o Pedro, por favor.

– Isso esquentadinha, me ajuda – Pedro falou estendendo a mão

– Idiota – Karina murmurou enquanto os outros se ajeitavam no círculo. Pedro apenas sorriu.

– Bom, tu certo aí, né? – a professora perguntou e todos assentiram – Hoje eu trouxe uma música, mas quem eu escolher, vai recitar. Aí depois a gente discute sobre essa música. Se vocês concordou ou não, se acreditam no que tá escrito... Hum... Deixa eu ver... Vicki e João, recitem essa música pra toda música. Casa um ler uma estrofe, certo?

– Tá bom – Vicki e joão disseram enquanto recebiam os papeis das mãos da professora.

– É, escolhe outra pessoa pra ler, professora – João pediu assim que viu a música.

– É melhor – Vicki concordou

– Nada disso – a professora respondeu – Podem recitar.

– Apenas mais uma de amor, Lulu Santos – João começou

– xii, o Jhonny conhece muito bem essa música – Pedro disse sorrindo

– Vicki

Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixo assim, ficar

Subentendido

– João

Como uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor obrigação de acontecer

– Vicki

Eu acho tão bonito isso

De ser abstrato, baby

A beleza é mesmo tão fugaz

– João

É uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor pretensão de acontecer

– Vicki

Pode até parecer fraqueza

Pois que seja fraqueza então

A alegria que me dá

Isso vai sem eu dizer

– João

Se amanhã não for nada disso

Caberá só a mim esquecer

O que eu ganho, o que eu perco

Ninguém precisa saber

– Vicki

Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixo assim ficar

Subentendido

– João

Como uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor pretensão de acontecer

– Vicki

Pode até parecer fraqueza

Pois que seja fraqueza então

A alegria que me dá

Isso vai sem eu dizer

– João

Se amanhã não for nada disso

Caberá só a mim esquecer

E eu vou sobreviver

O que eu ganho, o que eu perco

Ninguém precisa saber

Por mais que eles estivem encarando o papel a sua frente, cada palavra saiu com muita verdade.

– Eu, simplesmente, amo essa música – A professora comentou – Vocês concordam com a letra dela?

– Não – um aluno qualquer respondeu – Professora, pensa comigo: se ele realmente gosta dessa pessoa, é lógico que ele contaria, ou tentaria alguma coisa com essa tal pessoa.

– Alguém discorda?

– Como se fosse fácil dizer o que a gente sente – Karina disse

– Eu concordo com a K – Vicki se pronunciou

– Porque? – a professora atiçou a discussão – Porque é tão difícil dizer o que sente?

– Por medo – Vicki respondeu

– Medo? Concorda Karina?

– É... deve ser por medo mesmo – Karina respondeu um pouco insegura

– Meninos, vocês concordam com que elas dizem?

Metade dos meninos concordaram, e outra metade, não

– Argumentem! – pediu a professora

– Medo de não ser recíproco – Pedro disse

– Sempre sabe quando algo é correspondido, ou não – Vitor rebateu

– Medo de acabar com alguma coisa – João disse

– Cara, não é o fim de alguma coisa, e sim, o começo de outra – Felipe disse

– Tá, e se a pessoa dizer que gosta, e não ser correspondido? Vai acabar com algo que eles já tem por uma coisa que nem aconteceu – João respondeu

– Essa eu respondo! – disse a professora – João, como você vai saber se não tentar?

– Beleza, eu tento; da certo por um tempo; depois eu me ferro... é sempre assim – o nerd rebateu

– Gente, vocês são adolescentes! Aproveitem. Por mais que dê errado, vocês podem dizer que tentaram. O amor, o gostar, a paixão são coisas muito boas pra ficarem guardadas. – a professora falou

– Paixão é fogo, e fogo apaga – Vicki disse

– Mas a história fica – rebateu a professora – Bom, agora vai ser assim: Cada um me diz uma parte de qualquer música que defina o momento atual de vocês... detalhe: tem que cantar, viu?

– Professora, pede o violão da aula de arte, por favor. Isso vai deixar a aula mais animada – felipe pediu

– Posso até pedi, mas quem vai tocar?

– O Pedro sabe, né, pê? – Tainá informou sorrindo maliciosa

– Sei sim – Pedro sorriu de volta

– Tentem não acabar com a sala – a professora disse se levantando – vou ali pegar o violão.

Quando a professora saiu, Karina foi até o filtro, na própria sala de aula, pois ela não estava mais aguentando olhar pra cara de Tainá.

– Ciúmes, pequena? – Vitor perguntou pegando um copo descartável

– Vitor, essa história de novo, não – Karina disse impaciente – não enche.

– Tá bom, mas ele tava com ciúmes quando eu te abracei – Vitor disse naturalmente – E você também tá com ciúmes da Tainá.

Assim que ele disse isso, Karina bateu de leve em seu copo, fazendo com que, a água derramasse no rosto do garoto.

Pedro observou a cena dos amigos, e é claro, ficou com ciúmes. Ele fez um sinal pra João mostrando o gesso e apontou para Vitor e Karina que ainda estavam rindo. Logo, o nerd se lembrou do pedido que o amigo fez pela manhã.

– Karina, leva água pro Pedro que ele ta com sede – João falou interrompendo a risada dos amigos.

– Eu não, leva você – Karina rebateu

– Vitor, você sabia que a Karina tava dormindo abraçadinha com o Pedro? – João perguntou olhando pro Vitor, ele sabia que eles não tinham nada, fez isso só pra irritar a garota – Imagina se o metre descobre isso?

– Poxa, K, magoou – Vitor disse fingindo mágoa – nem contou pro seu amigo aqui.

– Vocês parem de palhaçada! – Karina disse vermelha de vergonha – E eu não tava dormindo. Só cochilei na hora do filme!

– O mestre não vai acreditar nisso – João disse sorrindo

– Karina, vai logo, também tem gente cuidar do Pedro – Vitor falou olhando eu direção a Tainá que ia em direção ao guitarrista

– Argh! Eu mato vocês! – Karina disse pegando o copo da mão do nerd e indo em direção a Pedro.

– Precisa de alguma coisa, Pê? – Tainá perguntou se aproximando do guitarrista

Pedro já iria responder, quando Karina chegou

– Não, ele não precisa de nada – a loirinha respondeu sentando-se na cadeira ao lado de Pedro.

– Isso quem tem que responder é ele – a morena respondeu

– Coisa chata, vaza daqui – Karina respondeu se levantando

A morena encarou a loirinha, abaixou-se para perto do guitarrista e disse:

– Até o intervalo, Pê – falou beijando a bochecha do moleque, e saiu

– Argh! – Karina resmungou, e sentou ao lado do guitarrista

– Porque você tá assim? – falou pegando o copo de água da mão da Esquentadinha – Valeu pela água.

– Aposto que essa ideia do João é coisa sua.

– Que ideia? – ele se fez de desentendido

– O João poderia te ajudar – ela disse – Porque tem que ser eu?

– Ah, é isso? – disse o guitarrista – Porque eu gostei no dia que você cuidou de mim.

– Idiota. – respondeu corada

– É verdade – ele respondeu sincero – Mas fala aí, você não aceitou cuidar de mim só por causa da minha beleza, né? O que foi que o Jhonny te disse?

– Aquele nerd falou que ia contar pro meu pai que eu “estava dormindo abraçadinha com você” – Respondeu

– O mestre não iria gostar de nada disso – Pedro falou sorrindo – Pode assistir filme lá de novo.

– hahaha – sorriu irônica

– Vitor, João, voltem pro circulo – disse a professora entregando o violão a Pedro – Demorei porque o professor não estava encontrando o violão. Bora começar?

– Bora – Todos responderam

– A Vicki vai ser a primeira a começar. Quem souber, canta junto com ela.

– Vicki:

Apenas mais uma de amor

Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixo assim, ficar

Subentendido

Como uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor obrigação de acontecer

Eu acho tão bonito isso

De ser abstrato, baby

A beleza é mesmo tão fugaz

É uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor pretensão de acontecer

– Hum, vejo que a música que eu escolhi lhe serviu muito bem – comentou a professora

– E como – disse Vicki

– Sua vez, Vitor.

– Vitor:

Cê que sabe, Christiano Araújo

O que temos pra hoje é saudade

Mas qual de nós vai procurar

Um pretexto, um motivo pra voltar

Foi ontem mas eu já sinto vontade

Das bocas juntas e o calor

Do nosso lugarzinho de amor

Já é tarde, tá frio, é noite, eu sozinho

Minhas mãos tão comichando pra ligar

Final 1504 pra falar

Ôuô, cê que sabe, amor

Se a gente fica junto ou dá um tempo

Mesmo assim eu te espero, eu te espero

Todos cantaram a música junto com Vitor.

– Isso tudo é saudade, é? – Perguntou felipe

– E muita – Vitor respondeu com olhar distante

– Sua vez Pedro

– Vicki, começa ae: Mulher de fases, Raimundos

Que mulher ruim

Jogou minhas coisas fora

Disse que em sua cama

Eu não deito mais não

A casa é minha

Você que vá embora

Já pra saia da sua mãe

E deixa meu colchão

Ela é pró na arte

De pentelhar e aziar

É campeã do mundo

A raiva era tanta

Que eu nem reparei

Que a Lua diminuía

A doida tá me beijando há horas

Disse que se for sem eu

Não quer viver mais não

Me diz, Deus, o que é que eu faço agora?

Se me olhando desse jeito

Ela me tem na mão, meu filho aguenta

Quem mandou você gostar

Dessa mulher de fases?

Essa música animou a classe. Pedro olhou pra Karina ao seu lado que não conseguia encarar o guitarrista.

– Mulheres... – disse Felipe

– Ô – sorriu Pedro

– Sua vez João

– A minha é igual a da Vicki, não precisa cantar de novo, não – disse João

– Se você prefere assim... – disse a professora – sua vez Felipe.

– Toca aí, Porque homem não chora do Pablo

– Xiiii... – disse toda a turma

Estou indo embora

A mala já está lá fora

Vou te deixar (vou te deixar)

Vou te deixar

Por favor, não implora

Porque homem não chora

E não pede perdão

E não pede perdão

Você foi a culpada desse amor se acabar

Você quem destruiu a minha vida

Você que machucou meu coração

Me fez chorar

E me deixou num beco sem saída

– Mulher é problema – disse felipe fazendo toda a classe sorrir.

– Sua vez Tainá

– Beleza, Felipe faz a batida aí na carteira.

– Hoje, da Ludmilla

Hoje, é hoje, é hoje, é hoje!

Hoje eu tenho uma proposta

A gente se embola

E perde a linha a noite toda

Hoje eu sei que você gosta

Então vem cá, encosta

Que assim você me deixa louca

E faz assim

De um jeito com sabor de quero mais

Sem fim

Não fala nada e vem

Que hoje eu tô afim

Eu tô na intenção de ter você pra mim

Só pra mim

E hoje você não escapa

Hoje vem que a nossa festa é hoje

Eu tô querendo te pegar de novo

Hoje ninguém dorme em casa

Hoje vai ser meu brinquedo

Hoje porque eu quero te pegar gostoso

A garota cantava olhando diretamente pra Pedro, que sorriu ao ver intenção da menina. A esquentadinha apenas cruzou os braços e fechou a cara.

– Vai ser hoje, Pedro? – Felipe perguntou malicioso e Pedro sorriu.

– Sua vez Karina – Pediu a professora

– Eu não sei que música escolher, não – Karina respondeu

– Ciúmes, do Ultraje a Rigor – disse Vitor

– hahaha palhaço – sorriu irônica – não enche. Toca qualquer uma ae, não tô me entendendo mesmo.

– Pedro, toca “Quase sem querer” da legião urbana – Pediu a professora

Tenho andado distraído

Impaciente e indeciso

E ainda estou confuso

Só que agora é diferente

Estou tão tranquilo e tão contente

Quantas chances desperdicei

Quando o que eu mais queria

Era provar pra todo o mundo

Que eu não precisava

Provar nada pra ninguém

Me fiz em mil pedaços

Pra você juntar

E queria sempre achar

Explicação pro que eu sentia

Como um anjo caído

Fiz questão de esquecer

Que mentir pra si mesmo

É sempre a pior mentira

Mas não sou mais

Tão criança a ponto de saber tudo

Já não me preocupo se eu não sei por que

Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê

E eu sei que você sabe, quase sem querer

Que eu vejo o mesmo que você

*O sinal toca*

– Bom, depois a gente continua na quarta aula. Fui, tchau – disse a professora recolhendo o violão e suas coisas.

~~ *-* ~~

O tempo passou bem rápido, e já havia batido o sinal do intervalo. Karina ficaria pra ajudar o Pedro a ir pra cantina.

Todos já haviam saído da sala, só restaram Tainá, Pedro e Karina.

– Vem comigo pra cantina, Pê? – Tainá perguntou

– Ele vai comigo, né, Pedro? – Karina disse ao lado do guitarrista que estava de pé

– Vocês não vivem brigando? – Tainá perguntou confusa – Porque você tá ajudando o Pê?

– “Porque você tá ajudando o Pê?” – Karina afetou a voz – Coisa lerda, não é da sua conta.

– Tchau, Pê – Tainá beijou o canto da boca do guitarrista – Tchau, K.

– Tchau gata – Pedro acenou

– Cê é galinha, viu? – Karina disse

– Eu não – Pedro se defendeu – Faz tempo que não fico com ninguém.

– Mas se depender da Tainá, vai ser “hoje” – Karina revira os olhos

– Não se preocupe, eu não quero ficar com ela – Pedro avisou se aproximando – eu quero ficar com você.

Ele já estava com as mãos em volta da cintura da Esquentadinha. Karina já sentia a respiração da garota. Ela já estava com os olhos fechados esperando pelo beijo quando o moleque diz em seu ouvido:

– Eu só vou te beijar se você pedir, ou se você tomar a iniciativa.