Forsaken escrita por IngridN


Capítulo 1
Ett


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Minha primeira fanfic a ser postada, então por favor, peguem levem comigo. Ainda sou aprendiz. Espero mesmo que gostem!
Os capítulos serão numerados em sueco.



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– Homens! Estejam a postos!

Arendelle sentiu um arrepio lhe descer a espinha assim que avistou do alto o grande número de oponentes que a cada segundo se aproximavam de seu alvo. Os seus homens não seriam o suficiente caso Argus e seu exército conseguissem chegar aos portões do Palácio de Eowyn.

– Preparar!

Soldados em suas armaduras douradas aguardavam ansiosos pela próxima ordem de sua princesa. No rosto de cada um deles, a dúvida pairava como a certeza de que o dia viraria noite: se voltariam para as suas casas; para estar aos braços de suas esposas e brincar com seus filhos.

– Apontar!

As flechas dos arqueiros já estavam apontadas para o inimigo; a leve pressão das cordas coçando em seus dedos. As catapultas preenchidas com bolas de feno, esperando apenas o momento certo para que as chamas as beijassem como o leve roçar dos lábios de uma virgem.

– Fogo!

E o beijo se fez.

Gigantes bolas de fogo caindo do céu, junto com uma chuva de lanças e flechas, chocaram-se contra os navios de homens com armaduras e mantos pretos que portavam escudos e espadas; lança-dardos e canhões. As chamas em contato com a madeira das embarcações ganhavam vida; mas não era o suficiente para parar Argus.

Ele permanecia na retaguarda, aguardando o instante certeiro em que as armas de seus oponentes ficariam escassas e eles seriam obrigados a parar de se esconder atrás dos Grandes Muros do porto. Seu exército era invencível! E ele finalmente tomaria aquilo que lhe era de direito: a magnífica Eowyn. O reino de Skyrim apenas seria um bônus. Um meio para um fim.

– Derrubem aqueles muros! Matem todos que encontrarem pelo caminho, mas lembrem-se: quero a família real viva! Eles e Eowyn são meus.

Seus homens gritaram uma salva, acatando suas ordens.

Os minutos se passavam, infindáveis segundos excruciantes. O cansaço já abatia os Guerreiros Sky, mas seus corpos, banhados em suor e sangue, se aqueciam com o calor da batalha. Eles tinham esperança, lutavam por um propósito. Um bem maior. E por Eowyn eles teriam êxito!

– Segurem os portões!

Arendelle correu pelas escadarias que a fazia sair de cima dos muros até o chão do pátio. Ela mesma, em sua armadura vermelha e dourada, símbolo de sua posição, pôs suas mãos contra a madeira maciça, empurrando com toda a força de seu corpo junto de seus homens que já se encontravam no chão.

– Elle, eles são muitos. Não vamos conseguir segurá-los por muito tempo, você sabe disso. – Concluiu o comandante Alrik, líder dos Guerreiros Sky.

Ela respirou fundo, soltando o ar lentamente enquanto ponderava seu próximo passo.

– Não vamos nos entregar, Alrik! Não podemos. E você sabe disso! – Rebateu Arendelle. – Vamos, ponha mais força nesses braços! Temos que continuar empurrando! Se eles ultrapassarem esses portões...

– Estaremos mortos.

Arendelle não se importava em perder sua vida. Principalmente se fosse em uma batalha, lutando pelo seu povo. E como princesa do reino de Skyrim, ela tinha o dever de lutar até o último suspiro pela segurança do seu povo, de seus pais e de Eowyn.

– Onde estão meus pais? – Perguntou. Seus olhos ardiam pelo suor que escorria de seu rosto; sua testa brilhava ao sol de fim de tarde, à mostra graças ao rabo de cavalo em que seus grandes e ondulados cabelos pretos se encontravam.

– O rei e a rainha estão sendo mantidos em um porão afastado do palácio em plena segurança, junto de alguns de meus homens. Confesso que foi difícil convencer o rei Agdar a permanecer fora da luta. Ele até portava a armadura! Mas graças à rainha Helga conseguimos fazer com que ele permanecesse de fora.

– Meu pai é um homem teimoso! Sabe que sua saúde está frágil. Ainda bem que mamãe sabe como domá-lo.

– Ele é um homem corajoso, de fibra. Seu pai sempre foi um grande guerreiro; não é fácil ter que ser deixado de fora de uma grande batalha.

Houve um grande barulho vindo do canto mais afastado dos muros. Enfim Argus ordenou que os canhões fossem acionados. Grandes volumes de ferro quente chocavam-se contra as pedras sólidas dos muros. Porto Sky ainda permanecia de pé.

– Maldito, está usando canhões! – Reclamou Alrik.

– A muralha é forte. Temos que confiar nela. – Disse com mais firmeza do que realmente sentia.

– Que assim seja, Elle. Que assim seja.

Quem você será quando for confrontado com o fim?

– Mantenham a posição! – Gritou Arendelle e sussurrou a última frase para si mesma – O inimigo se aproxima.

O grito dos homens foi espalhado pelo vento, o alerta fatal. Todos os soldados desciam as escadas dos muros, apressados.

– Estão jogando ácido! - Anunciou um deles.

“Assim o muro não vai resistir...” Lamentou Arendelle.

E ela estava certa.

O ácido começou a corroer cada centímetro de pedra que entrava em contato, deixando a grande muralha mais fraca, exalando fumaça. Um alvo fácil para os canhões. Argus estava irredutível. Não poupara gastos nem tempo para conseguir os meios de sua vitória.

Todos os Guerreiros se encontravam agora no chão, aguardando o momento lendário em que os Grandes Muros de Porto Sky seriam deixados ao chão como se fossem simples muretas.

Arendelle limpou o suor de seu rosto e desembainhou sua espada, feita do mais puro Aço Skylir, e todos a sua volta fizeram o mesmo.

– Ergam suas espadas, homens! Nossa hora chegou. – Ela lançou um olhar mais brando para Alrik, e o mesmo lhe retornou um olhar apaixonado. Eles ergueram suas mãos direitas; os Anéis Triplos da União se encontravam em ambas, simbolizando um casamento futuro que não poderia mais acontecer. – Se vamos morrer, vamos morrer com honra! E lutando por aquilo que amamos!

Seus soldados urraram em concordância, batendo suas espadas em seus escudos ritmicamente, o tilintar de ferro com ferro ecoando por quilômetros e quilômetros. O barulho se fez presente até as águas do Mar de Dyre, onde Argus e sua frota aguardavam ansiosos.

– Eles ainda resistem?! Sabem que é inútil! – Exclamou Yorick, almirante da embarcação de onde Argus comandava.

– Deixe com que eles permaneçam com a vã esperança de uma salvação... Sua insistência em resistir só alimenta a minha fome por destruí-los – Disse Argus – É uma pena que eu não vou poder vê-los agonizando quando estiverem em Niffheim.

Ele e Yorick riram. E então alargaram mais os sorrisos em seus lábios ao verem as pedras dos Grandes Muros caírem aos pés dos Skylirianos.

– Vamos! Acabem com todos!

Os soldados de Argus começaram a correr em direção ao portão que agora se encontrava ao chão partido em dois, onde estavam os Guerreiros Sky e a princesa Arendelle.

O fim de um reino.

– É agora, Elle.

– Eu sei. – Ela fez uma varredura por todo o rosto de Alrik: seus cabelos lisos e loiros, um pouco grandes já que cobriam sua vista; sua pele branca, bronzeada graças às longas tardes treinando os soldados debaixo do sol forte; seus lábios rosados e carnudos; o sinal marrom que se encontrava bem no cantinho de sua sobrancelha esquerda e por fim, seus olhos. Os olhos castanhos mais lindos e gentis que ela já viu. – Eu te amo, Alrik. Sempre te amei.

– Não faça isso! Não se despeça! Você ainda vai viver muito. – Ele chegou mais perto e lhe roubou um breve beijo nos lábios – Eu lhe prometo isso. – Disse com firmeza.

– Alrik... – Ele a calou com mais um beijo, já esse mais profundo e até um pouco violento, dado o desespero do momento. A beijou como se fosse a última vez. Ao se separarem, ela lhe lançou um olhar reprovador, enquanto tentavam recuperar seus fôlegos, mas por fim não lhe disse nada.

Os soldados de Argus já estavam próximos. Fim da linha.

– Atacar!

Seus homens se puseram a correr à direção oposta em que estavam. A maioria era jovem. Bem treinados. Séculos a serviço do Rei Agdar e seu reino. Lutavam com honra. Lutavam com bravura. Lutavam por aqueles que amavam.

Mas naquele momento aquilo não era o suficiente.

O fim dos bons homens.

Arendelle lutava de forma implacável. Alrik sempre dizia que ela manejava uma espada melhor até do que seus homens. Acertava dois, três ao mesmo tempo. Ela sentia raiva. Ela sentia ódio. Raiva de um homem que os atacava devido a sua incontrolável sede de poder e ódio de si mesma por ter que assistir sem poder fazer nada a morte de todos os seus soldados. Homens de coragem. Homens que possuíam famílias que jamais voltarão a vê-los.

– Continuem! Não desistam! – E ela voltou sua espada ao primeiro Manto Negro que lhe apareceu pela frente, decepando-o.

– Continuem! Esmague-os! – Continuava a ordenar Argus. Suas mãos coçavam em ansiedade pelo momento em que ele enfim as colocaria em Eowyn e no trono. Aquela ave tinha que ser sua! Ele precisava dela. Não pararia enquanto ela não fosse. E se fosse preciso derrubar todas as pedras do Palácio de Eowyn para achá-la, ele derrubaria.

Quatro horas se passaram. Nesse tempo, urros e gritos eram ouvidos. Faíscas eram vistas saindo do choque entre as espadas. A chama da luta ainda permanecia viva, mas pouco a pouco dava lugar à escuridão da morte.

Todo o corpo de Arendelle doía. Ela procurava forças em seu ódio para continuar lutando. A areia branca se encontrava carmim depois de ter sido banhada pelo sangue de todo um povo. Homens de fé. Poucos ainda restavam com vida, mas eles continuavam lá. Até o último de seus suspiros. Ao encará-los, ela deixou uma lágrima dolorida escorrer por seu rosto.

Você correrá?

– Arendelle! – Gritou Alrik.

Foi tudo muito rápido. Como um piscar de olhos. Ela apenas sentiu quando a lâmina de dois gumes atravessou sua armadura, entrando direto em seu abdômen. Ela arquejou ao olhar nos olhos do homem que a matou. Olhos negros. Negros como a escuridão da morte.

“Argus...” Foi seu último pensamento.

– NÃO!

Alrik a segurou antes que fosse de encontro ao chão. Ele a apoiou em seus braços, virando seu rosto em sua direção. Ele afastou seus cabelos pretos de seu rosto. Seus olhos verdes se encontravam abertos, fora de foco. Sem o brilho vital característico.

A Princesa Arendelle Agdarson, do Reino de Skyrim, estava morta.

– Não! Minha Elle... – Chorava Alrik, que em meio a sua dor, se distraiu da batalha, tornando-se um alvo fácil do mesmo autor da morte de Arendelle. Argus, em sua grande felicidade por ter matado a princesa, apunhalou seu noivo enquanto o mesmo estava de costas.

– AH! – Ele arquejou ao sentir a lâmina penetrando sua carne. Ao virar-se, apenas viu o contorno de Argus enquanto o mesmo caminhava de volta ao seu navio, a fim de pegar seus pertencentes e poder ficar permanentemente no Palácio de Eowyn. A guerra já estava ganha. Seus homens já tinham entrado em busca do rei e da rainha.

– Desgraçado! Eu posso morrer... Posso. Ah! – Alrik se apoiou em um joelho, ainda segurando o corpo de Arendelle. – Mas a minha Elle não... Ela não.

Você se esconderá?

Buscando forças que aparentemente não tinha, Alrik se levantou erguendo o corpo de Arendelle em seus braços e caminhou o mais rápido que podia pelo caminho secreto que levava até o esconderijo dos governantes de Skyrim, tomando o devido cuidado para não ser seguido. Ao chegar à entrada do porão, notou rapidamente que os homens de Argus ainda estavam longe dali. Permaneceu escondido apenas pelas folhas de alguns poucos arbustos presentes.

– Oh, não! Minha Arendelle! – Choramingou a rainha Helga ao ver sua única filha inerte nos braços do Comandante Alrik. Ela logo se pôs a chorar copiosamente sobre o corpo da filha, colocado em cima de uma mesa do local.

– Alrik... – Chamou o rei Agdar, a pergunta clara em seus olhos.

– Não pudemos fazer nada, Alteza. Todos os nossos homens lutaram bravamente, até o último sopro de vida. Mas os Grandes Muros foram derrubados e infelizmente o exército de Argus era mais numeroso que o nosso. Bem mais numeroso. Eu sinto muito. – Ele apoiou o peso de seu corpo na parede ao lado e abaixou a cabeça, decepcionado com ele mesmo. Não existe sofrimento maior para um comandante, do que ver seu exército sucumbir. E não existe sofrimento maior para um homem, do que ver a mulher que ama morrer.

Alrik estava condenado, com ou sem a lâmina de Argus. O seu fim já estava escrito desde que viu o exército de Mantos Negros surgir em seus navios no Mar de Dyre. Ele tinha plena certeza disso. Mas restara a ele também a certeza de que aquele dia não era o fim de Arendelle.

– Fa-çam... Façam alguma coisa. Salvem-na! – Ele implorou.

A rainha Helga chorou ainda mais, agarrada ao corpo frio de Arendelle. O rei Agdar o olhou com pena. Seus olhos se encheram de lágrimas, pelo reino e pela linda filha que perdeu. Sua Preciosa! E não mais tardar perderia a esposa e a própria vida também.

No esconderijo também se encontravam o mensageiro, o curandeiro e as damas de honra da rainha. Os soldados que estavam lá haviam sido mandados para batalha pelo próprio rei. As outras mulheres choravam em um canto juntas pela tragédia que se abateu sobre o reino de Skyrim. Choravam pelo destino incerto de suas próprias vidas. O curandeiro se aproximou de Alrik, na tentativa de ainda poder salvá-lo, mas ao olhar para o ferimento logo detectou que a espada que o feriu, a mesma que matou a princesa, estava embebida de veneno de uma rara criatura marinha. Nenhuma de suas ervas ou feitiços iriam ajudar. Alrik possuía poucos minutos de vida.

Além de todos aqueles presentes, outro ser ali estava. Escondida em uma grande gaiola, mantida perto do rei, porém longe da vista e conhecimento de todos, estava Eowyn. O Pássaro Imortal de Fogo. A Ave Consorte e Protetora do reino. A que proporcionava vida saudável e longa a todos os seus habitantes, devido ao poder contido em suas cinzas e lágrimas. Nas cinzas, a longevidade e nas lágrimas, a cura de qualquer mazela.

Porém Eowyn estava fraca. Seu poder vinha de Skyrim. E Skyrim se fora. A perda de vidas foi grande e em um curto período de tempo. Eowyn por estar fraca, ficava vulnerável. Instável. Ela seria facilmente destruída, sucumbiria antes do tempo previsto.

Mas ela não podia deixar isso acontecer.

Rei Agdar começou a ouvir o canto de Eowyn. Seu canto sempre fora lindo. Melodioso e encantava a qualquer um que ouvisse. Mas naquele momento seu canto era melancólico. Agourento. Um lamento de morte.

– Não... Não é para isso acontecer. Não agora! – Exclamou Agdar com a mão sobre a boca.

– O quê, querido? O que houve? – Helga enfim tinha conseguido parar de chorar e voltar a sua conhecida postura firme de rainha. Ela se aproximou do marido e apoiou sua mão em seu ombro.

– Eowyn... Ela está cantando horrivelmente. Não ouvem? – Todos fizeram silêncio, e por fim conseguiram ouvir o lamento da ave.

– Mas ainda é cedo... – Comentou Helga e todos os outros no recinto concordaram; menos a princesa e Alrik, que já estava morto.

– Sim, não está no tempo correto – Começou o curandeiro – Mas as coisas por aqui também não se encontram muito corretas, não é? – Argumentou.

– Explique-se, Haakon. – Exigiu a rainha.

– Vejam, Skyrim sobrevive por meio de Eowyn; e Eowyn sobrevive por meio de Skyrim. É um ciclo. Se um deles vai mal...

– O outro também vai. – Completou Agdar – Claro. O reino foi tomado. Skyrim agora tem destino incerto. Assim como Eowyn...

No momento em que o rei falou o nome da Ave, a própria começou a bater suas grandes asas vermelho e douradas contra as grades da gaiola. Agdar se aproximou e a libertou, fazendo com que a grande ave sobrevoasse o pequeno espaço até pousar ao lado do corpo de Arendelle.

– O que ela está fazendo? – Questionou Helga – Porque está próxima do corpo de minha filha?

Helga olhava de olhos arregalados para Haakon, o brilho da esperança em seus olhos.

“Será que Eowyn irá salvá-la?” Ela se perguntava.

Haakon, por possuir conhecimentos em magia que nenhum no reino possuía, apesar de não serem vastos, fazia com que ele tivesse uma sensibilidade fora do comum. E Eowyn tinha conhecimento disso.

– Oh! – Arquejou Haakon. Todos o olharam, apreensivos. – A Ave fala comigo! – Ele fez uma pausa, como se escutasse algo. – Eowyn está fraca. Permanecer nesse corpo a torna vulnerável. Não pode morrer antes do tempo. – Ele continuou – Precisa de um receptáculo para mantê-la viva.

– Um... Um receptáculo? Mas o que isso significa? – Indagou aflitamente a rainha. Era a pergunta que todos se faziam.

– Significa, minha rainha, que Eowyn está pedindo a permissão dos senhores, rei Agdar e rainha Helga, para adentrar no corpo da princesa, A Filha de Skyrim.

A surpresa foi geral. Ninguém esperava por um pedido desses.

– Mas... Como assim, adentrar? Minha filha está morta... – O rei engoliu em seco.

Silêncio.

– Eowyn diz que princesa Arendelle realmente está morta e que no momento se encontra diante dos portões de Valhala para fazer a travessia. – Mais uma pausa – Ela afirma que, se os senhores permitirem sua entrada no corpo de sua filha, a alma de Arendelle retornará para seu corpo.

– Ah, querido! Isso... Isso é maravilhoso! Nossa filha continuará viva!

– Viva? Para morrer outra vez? Sabe que Argus e sua corja estão no reino e podem entrar por esse alçapão a qualquer momento! Do que adiantaria trazê-la de volta? Só traria mais dor e sofrimento, para todos nós. Inclusive ela. – Respondeu o rei a sua esposa, fazendo com que a mesma perdesse as esperanças. Rei Agdar estava tomado pelo sofrimento. Sentia-se um fraco, impotente.

– A Ave diz que pode proteger sua filha. Mantê-la viva assim como a mesma fará por ela. – Voltou a falar Haakon.

O rei ponderou por um momento e viu que já não tinha mais nada a perder.

– E minha filha? Como fica nisso? – Perguntou Helga – Ainda será ela mesma?

– Sim, ainda será a mesma de sempre – respondeu Haakon – Apenas haverá algumas modificações.

– Tudo bem, faça. – Disse por fim o rei, se dirigindo a Ave. – Cuide bem da minha Preciosa enquanto estiver com ela.

– Ah, obrigada, meu amor. – Helga chorou e beijou a mão de seu marido.

Mas o rei não pode deixar de notar a careta de preocupação do curandeiro.

– Haakon... O que há?

– Meu rei, é que... A Ave diz que uma vez feita a união, o processo é irreversível. Uma ficará dependente da outra. Se forem separadas, morrem.

Um silêncio se abateu. Todos pareciam refletir no que aquelas palavras queriam dizer.

– Isso significa... Que minha filha viverá para sempre?

– Sim, minha rainha.

– Oh, mas isso é grave! Ninguém é imortal. Em nenhum lugar dos dez reinos existe alguém assim. O que isso fará dela?

– Calma, minha querida – Agdar tentou acalmar sua esposa enquanto tentava fazer isso em si mesmo. – Não podemos pensar agora só nela ou em nós. Temos que pensar em Eowyn também. Ela é o nosso símbolo, protetora do nosso reino. Devemos muito a ela. E agora ela precisa de nós.

– Tem razão, querido. Tem razão. – Novamente ela enxugava as próprias lágrimas – Nossa filha é nosso bem mais precioso. Não existe presente maior que possamos dar.

– Então os dois aceitam? – Perguntou Haakon.

– Sim. – Responderam juntos.

Daquele instante em diante, apenas ouviu-se o silêncio enquanto um grande clarão branco e dourado tomava conta do corpo de ambas, ave e princesa. A ave deixou de existir fisicamente, adentrando extracorporeamente o corpo físico de Arendelle. O corpo da mesma pulou violentamente, recebendo um novo ser. Agora seu corpo não abarcava apenas uma alma, mas sim duas. E algo assim não passa sem deixar suas marcas.

O cabelo de Arendelle, antes preto, agora estava ruivo, em um tom raramente visto antes, laranja levemente avermelhado em contato com a luz. Seu cabelo parecia chamas. E assim que seus olhos se abriram, as antes íris verdes deram lugar à cor de cobre derretido.

Arendelle deu seu primeiro sopro de vida, agora em uma nova. Arfava violentamente enquanto seus pais se aproximavam dela, tentando ajudá-la a se levantar.

Ou perseguirá o mal com um orgulho venenoso?

– O que... – Ela tossia, tentando recuperar a voz e o fôlego – O que aconteceu? – Ela perguntou, olhando para os rostos maravilhados de seus pais e de todos os outros ao redor.

– Querida... – A rainha já ia lhe explicar quando Arendelle solta um grito estridente, assustando a todos.

– Alrik! – Ela corre cambaleante até o corpo de seu noivo, que já estava frio devido ao tempo que já havia se passado. – Não, NÃO! Por quê? Por quê? – Ela chorava, balançando o corpo inerte.

Ela encarava ao redor, como se alguém pudesse explicar o inexplicável.

– Eu não quero viver em um universo sem você, meu amor – Ela falava para Alrik, como se o mesmo ainda pudesse ouvi-la – Não vou suportar essa dor. Não quero estar viva sem você ao meu lado.

A rainha e o rei se entreolharam, tensos. Como será que ela reagirá ao saber que agora viverá para sempre? Bem é que não seria, e eles tinham certeza disso. E naquele pequeno instante, com apenas um único olhar que apenas o mais cúmplice dos casais consegue trocar, eles concordaram que o melhor seria que ela não soubesse. Pelo próprio bem dela e de Eowyn.

– O que aconteceu? – Arendelle perguntou outra vez enquanto enxugava seu rosto.

– Querida, Skyrim foi tomada. O reino agora está nas mãos de Argus e seus Mantos Negros. Ele enfim conquistou o que sempre quis. Aquele ingrato! Sempre teve tudo aqui! – O Rei Agdar destilava sua amargura pelo irmão.

Sim, irmão. Argus era irmão mais velho de Agdar. E por ser mais velho, se achava no direito de governar, assim como se fazia nos outros reinos. Porém Skyrim sempre foi um reino bem diferente de todos os outros. Eles faziam suas próprias regras e, como em Midgard, não eram obrigados a se submeter à vontade de Odin. Eles se respeitavam, mas não lhe deviam obediência. Era um reino autossuficiente.

Em Skyrim, em uma cerimônia chamada A Colheita, a Ave Eowyn que escolhia entre os filhos do rei atual, aquele mais apto para governar o reino depois de sua morte. E a Ave escolheu Agdar, não Argus.

– Por favor, Agdar. Agora isso não já adianta mais. Temos que fazer com que nossa filha saia daqui em segurança antes que os homens de Argus nos encontrem. E não temos muito tempo! – Disse a rainha.

– Mas como? Como que ela vai sair daqui? – Perguntou a Helga – Para onde ela irá? Em nenhum lugar deste reino ela estará protegida de Argus.

– Isso mesmo, deste reino não. Mas existe no universo mais nove deles. – Respondeu Helga astutamente. – Lembre-se de que sou amiga da Rainha Frigga, esposa do Pai de Todos, Odin. Frigga me tem muito em conta, não vai negar um favor se souber que é em meu nome.

– E como pretende fazer com que Arendelle chegue até Asgard?

– Com licença, majestades. Eu acho que nisso eu posso ajudar. – Falou pela primeira vez o mensageiro do reino.

– Diga, Ignus. – Disse Agdar.

– Como os senhores sabem, eu sou o mensageiro de Skyrim. Como parte da minha função, conheci muitos lugares, dos mais belos aos mais distantes e quase inóspitos. Inclusive outros reinos, Altezas. – Ele continuou – Se me permitem, ofereço-me para levar nossa princesa até Asgard por um caminho seguro.

– Saiba que apenas se entra em Asgard pela Bifrost. E nada passa sem ser visto pelos olhos de Heimdall. – Explica o rei novamente.

– Eu compreendo, meu rei. Meu caminho é seguro, eu posso lhe garantir. E é apenas metade dele, o resto o próprio Heimdall nos levará.

– E o que pretende dizer a ele para permitir suas passagens?

– Ele não dirá nada! – Intrometeu-se a rainha Helga – Assim que chegar a Bifrost, você mostrará ao Guardião que tem uma mensagem da rainha Helga de Skyrim para a Rainha Frigga. Informe que a mensagem é urgente e que somente deve ser entregue em suas mãos. O resto ela mesma resolverá. – Ao terminar de falar, a mesma já se encontrava em um canto escrevendo a tal mensagem.

– Esperem! – Gritou Arendelle, finalmente entendendo o que toda essa conversa significava. – Vocês estão dizendo que eu vou morar em outro reino e vocês vão ficar aqui?

– Exatamente, querida. Se todos nós formos com você, será muito perigoso. Argus suspeitará. Além do mais, nós só a atrasaríamos. Ignus está acostumado a viajar sozinho, e agora ele irá com você. Todos nós só traríamos atenção indesejada. – Explica Helga.

– Eu sou o rei de Skyrim, Arendelle. Não vou abandonar meu lar, meu povo. Se devo morrer, que seja na terra de meus ancestrais.

– E eu? Eu também não sou parte deste reino? Também não tenho ancestrais aqui? Esse povo também não é meu povo? – Ela chorava – Eu já perdi Alrik, não posso perder vocês também. Não vou fugir e deixá-los para morrer! – Disse firme.

– Arendelle, você é nossa única chance de que esse reino um dia possa ser salvo, entenda! Você está fraca agora, foi ferida e lutou em uma grande batalha. Haakon cuidou de você utilizando alguns feitiços, mas foi muito difícil e você vai notar os efeitos que isso causou – Helga inventou algo rapidamente. Sabia que a filha iria se questionar sobre as mudanças no cabelo e olhos assim que notasse. Não podia colocar agora tudo a perder. – Você em Asgard estará protegida. Fará com que nós tenhamos uma centelha de esperança. Esperança para o nosso povo que sofrerá nas mãos de Argus! Por favor, não tire isso deles!

Arendelle se calou diante das palavras de sua mãe. Não queria ir e deixá-los para trás, mas sabia que sua mãe estava certa. Ela ali não era a sua mãe, e sim a rainha Helga, em toda a sua fibra e sabedoria.

– Tudo bem. – Ela abaixou os ombros, não mais resistindo. Não tinha outra opção, ela tinha que ir.

Então ela correu e deu um abraço nos dois ao mesmo tempo. Os três choravam: era a última vez em que se veriam.

– Saiba que eu os amo muito. Amo vocês e sempre tive orgulho das pessoas que são e por ser sua filha. Skyrim não poderia ter tido governantes melhores, nem eu, pais. – Ela se curvou diante deles. E todos os outros no local fizeram o mesmo. A última reverência ao rei e a rainha.

– Nós que não podíamos ter tido um povo melhor, muito menos uma filha. Temos orgulho por termos representado e protegido vocês. – Respondeu emocionado o rei Agdar.

Ouviu-se um grande barulho não muito longe dali.

– Temos que ir, princesa. – Apressou-se o mensageiro.

– Pegue, Ignus. – Helga lhe entregou a carta endereçada a Frigga. – Lembre-se, mostre a carta para Heimdall, para ele saber que a mesma existe, mas apenas a Rainha Frigga é que deve lê-la. Faça com que você mesmo a entregue.

– Entendido, Alteza.

Então Ignus levantou levemente a portinhola do porão, observando por uma fresta o movimento de fora. Esperando o momento certo para saírem.

– Adeus. – Arendelle olhou para os rostos de cada um deles, deixando por último o rosto sem vida de Alrik. E assim que Ignus indicou que já poderiam sair; ela rapidamente se foi, deixando para trás um rei e rainha aflitos com o futuro incerto que a aguardava.

Porém antes de chegarem ao caminho secreto de Ignus, Arendelle vira-se observando a oponente construção ao longe.

“Eu vou, mas juro por essa terra que eu sempre pisei e esse ar que eu sempre respirei que um dia eu voltarei. Minha será a vingança, Argus. E ninguém irá me impedir de tê-la.”


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Notas finais do capítulo

Comentários?
Gostando ou não, tá valendo! Quero opiniões. Se alguém ainda não entendeu, Eowyn é uma fênix. Uma criatura das mitologias egípcia, greco-romana e chinesa. Ela não existe na mitologia nórdica, por isso mesmo que eu não vou citar a palavra "fênix" em nenhum momento. Como ela é inédita no mundo de Thor e tal, decidi por criar um novo reino, com toda a sua mitologia, para poder introduzir esse animal que sempre me fascinou.
As frases centralizadas e em itálico são da primeira estrofe de um poema retirado do livro Branca de Neve e o Caçador.
Até o próximo capítulo! o/



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