Nunca Fui Beijada escrita por Larissa Carvalho


Capítulo 19
Na Minha Veia


Notas iniciais do capítulo

Olá seus Lindos
Como foi a entrada de 2016 de vocês?
A minha foi ótimaaa, Graças à Deus.
Bom, Aqui está primeiro capitulo do ano e eu espero que vocês gostem.
Já já posto o próxiimoooo
HAHAHAHAH
Boouuaaa Leiitura



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Dimitri parecia nervoso.

Ok.

Para uma pessoa rica, andar de jatinho era natural, mas para Dimitri parecia o fim do mundo. Ele se mexia na cadeira e Lissa, no banco à nossa frente, com os olhos vermelhos e inchados. Se eu não a conhecesse bem, eu diria que ela até estava se divertindo.

Eu sei... Era maldade um homem daquele tamanho na janela, comigo ao seu lado apertando-o ainda mais naquele pequeno banco, mas eu enjoava na janela e sempre ficava na ponta, ao contrário de Lissa, que tinha sua cabeça no vidro.

Ela olhou para mim alguns poucos segundos e me estendeu um rápido sorriso. Eu fitei-a de modo que meu sentimento de tristeza fosse condescende e ela assentiu. Apesar de tantas brigas ele ainda era meu pai. E eu não podia deixar de falar isso para ele.

Eu, por outro lado, também entendi o temor de Lissa. Ela e Antony eram apaixonados, se amavam e iam ter um bebê. Eu me lembro do convite para madrinha e do quão feliz minha mãe ficou com a notícia apesar de Lissa ser nova e ter um futuro brilhante pela frente.

Lembro-me da reação de Amélia... Ela pirou.

Não queria o filho com esse carma. Por mais que tivessem condição, ela não aceitava um neto dessa idade. Mas eles não se importavam com isso, eles estavam felizes. Até Lissa perder o bebê.

Era interessante toda a forma como tudo se desenrolou depois. Decidimos vir para Montana, ela terminou com Antony e conhecemos Dimitri e Cristian. Eu não sabia exatamente o que Lissa sentia por ele. Também não sabia como Antony veria tudo isso, mas eu tinha certeza que nada entre eles estava completamente resolvido ainda.

Ela sentia falta daquele bebê, assim como eu também sentia por ela ter pedido depois de uma briga feia com a Amélia. Antony não sabia dessa parte. Mas eu vi tudo.

O modo como Amélia chama-a de bastarda e como eu tentava separar as duas. E depois veio um dor em Lissa, uma dor que eu pude sentir. Mas já era tarde, ela estava perdendo o bebê. Amélia não era ruim, mas também não era o tipo de pessoa maravilhosa que pedimos de presente de natal.

Depois que o jatinho nos fez chegar em Seattle, entramos nos carros disponibilizados para nós. Lissa foi obrigada a seguir viagem com Antony e Derick, ela respirou fundo antes de entrar no carro e eu sorri, dando-lhe boa sorte.

Já eu, segui no carro com Dimitri. Foi fácil convencer Olena de que essa viagem poderia resultar na confissão de Dimitri, ele por sua vez, aceitou na mesma hora o meu melodrama de garota rebelde que queria fazer as pazes com o pai doente.

Eu sabia que Abe não era o tipo de cara abalável. Eu sabia que ele não estava tão ruim assim. Mas eu poderia fazer a minha parte como filha e sorrir para aquele velho mafioso.

Nos primeiros minutos de viagem, Dimitri permaneceu calado. Ele observava para aonde o carro seguia e eu sorri quando ele começou a observar as casas ao redor. Eram mansões enormes, que conseguiam fazer a dele parecer fichinha.

Ele alternava o olhar com uma e outra e eu não consegui segurar o riso. Ele fitou-me sem graça e eu sorri doce. Peguei sua mão e apertei à minha, voltando a observar a janela. Não deixei que minha vontade, visse a sua cara de surpresa pela minha atitude, mas senti quando ele entrelaçou nossos dedos.

Eu estava voltando à Hathaway fútil que eu era? Ou poderia ter uma válvula de escape?

***

O carro parou em frente a mansão do meu pai. Era com toda certeza maior que a de qualquer outra por aqui, que Dimitri tanto observava no carro. Eu abri a porta e agradeci ao motorista, assim como Dimitri. Ele observou a mansão... Já tínhamos passado pelos enormes portões de ferro, e ele ainda olhava abobado.

Respirei fundo e me permiti sentir falta desse lugar. Pelo menos um pouquinho. Meu pai tinha uma mansão em cada lugar que íamos, mas aqui era o meu lugar favorito. Apesar de tudo, também sentia pela Amélia. Antony, comentou o desejo que ela não fosse enterrada e sim cremada, então não precisaríamos ficar para nenhuma coisa fúnebre.

— Wow. – disse Dimitri. Eu fitei-o, ainda parada na frente da porta da mansão.

— O que foi? – perguntei.

— Você é mais rica que eu. – disse. Eu fitei-o de modo engraçado.

— Bom, meu pai é rico.

— Isso é o tipo de coisa que só gente rica diz. – falou. Eu sorri.

— Vem... – disse puxando-o. – Vamos entrar e ver o que conseguimos, eu estou louca de fome.

— Conte-me uma novidade. – resmungou.

Eu gargalhei e entramos.

***

— Oh, Rose... – disse Alberta enquanto me abraçava pela décima vez, ainda no escritório da casa. – Senti tanto a sua falta.

— Eu também. – disse de modo longo. Ela sorriu ao me largar. Seus olhos, quase que automaticamente, pararam em Dimitri. Examinando-o.

— Sou Dimitri Belikov. – disse, estendendo a mão para Alberta. Ela sorriu para ele.

— Da indústria, Belikov? – perguntou Alberta.

— Sim. – respondeu Dimitri.

— Oh... – começou Alberta. – Adoro a sua mãe, Dimitri. Vou ficar feliz em receber o filho dela aqui.

— Obrigado. – disse Dimitri.

— Eu já volto. – disse. – Seu pai está deitado no quarto, Lissa já está lá com ele, assim como o Tony. Sinta-se à vontade para fazer suas rebeldias, Rose.

— Obrigada, vai ser um prazer. – falei. Ela sorriu.

— Com licença. – disse, enquanto se afastava.

Alberta era a única pessoa nessa casa que eu amava. Ela era inteligente, bonita e a melhor governanta de todas. Ela tentou ensinar luta para mim e Lissa, mas éramos damas adoráveis da sociedade que não podiam aprender essas coisas.

Dimitri admirava os detalhes dos cristais espalhados pelo escritório e eu sorri para ele.

— Prometo de compensar... – falei. Ele fitou-me. – Mia está na cidade, podemos ir ao meu velho bar. Os donos agora são meus amigos.

— Por mim tudo bem. – falou. Ele não parecia se entender muito com a Mia e eu sorri disso.

Nos olhamos por alguns poucos segundos e eu sorri.

— Eu tenho que ir... – comecei. – Tenho que ver meu pai.

— Claro. – disse Dimitri. – Eu fico aqui.

— Tudo bem. – murmurei. – Eu já volto.

— Boa sorte. – disse, ainda à alguns centímetros.

— Obrigada por ter vindo. – murmurei, enquanto caminhava para a porta do escritório. Dimitri sorriu esperançoso.

— Sempre às ordens! – disse. Eu sorri, deixando-o ali. Também sorrindo.

***

Respirei fundo e dei três batidas na porta.

Tony e Lissa estavam bem distantes um do outro. Ela segurava a mão do meu pai, sentada ao seu lado na cama, enquanto Tony permanecia em pé perto da porta, com um olhar longe.

Eu sabia que Lissa ali e sua mãe falecida acabavam com ele, mas também sabia o quanto ele demoraria a demonstrar o que sentia sobre toda aquela situação.

Meu pai estava magro.

Tinha cortes por seu rosto e um bem leve na boca. Ele tinha olheiras assim como as que percebi em Tony. Seu roupão roxo e seu lençol vermelho paixão, quase me fez rir, mas percebi o porta retrato de Amélia na cabeceira e permaneci em silencio.

Lissa fitou-me, já sem sua jaqueta, apenas com seu vestidinho rosa e sorriu de modo triste. Ela ajeitou-se levantando da cama, dando um beijo na bochecha de Abe.

— Até mais, Baba. – disse. Tony sorriu forçadamente para o meu pai e também se mexeu para perto da porta. Lugar da onde eu ainda não tinha saído.

— Já voltamos, Baba. – disse Tony.

Ele passou por mim com a cabeça baixa, fazendo com que Lissa o seguisse. Ela sorriu ao passar por mim. Ela tinha um olhar pidão. Um olhar que dizia... Pega leve.

Depois que a porta bateu, o silencio se fez no enorme quarto. A única coisa que se escutava era o fogo da lareira ali presente. Eu entortei a boca e comecei a dar ordens para os meus pés se mexerem. Tudo que Tony me disse em Montana, era para que eu estivesse ao lado dele.

Abe estava claramente triste e eu percebi que Tony tinha razão. Caminhei até a sua cama e sentei na beira, ainda longe dele. Seu olhar parou em mim e eu sorri, desastrada, como sempre.

— Como te convenceram a vir? – perguntou, debochado.

— Falaram sobre algum acidente envolvendo você... – comecei. – Eu vim saber da herança.

Ele gargalhou. Acho que pela primeira vez depois de tudo.

Abe sabia que eu era a única filha que nunca aceitaria nada do seu dinheiro. Por isso teve tanta graça. A última vez que estive aqui, prometi não aceitar nada que fosse dele, e assim como meu pai e o sangue que tínhamos na mesma veia, ele sabia que eu cumpriria essa promessa.

— Sinto muito. – disse, depois que seu sorriso se desfez.

Ele me analisou por alguns segundos.

— Obrigado por ter vindo. – disse, por fim.

— Obrigada por ter vivido. – eu disse, para sua surpresa. Ele levantou a cabeça para me examinar de melhor modo e sorriu, não do jeito debochado, mas de um jeito sincero.

— Depois de tantos anos, como um pai fracassado e como a pessoa que mais fez você sofrer na vida, você me agradece por ter ficado vivo?

— Tudo muda. – falei. – Nada nunca é a mesma coisa. Nada é perfeito. Qual é a graça de se atormentar por uma culpa sem fundamento? – perguntei. – Toda manhã eu acordava como alguém que eu não era, alguém que você criou e eu mudei. – ele sorriu, sem graça. – Para tudo mudar, você tem que mudar.

Abe olhou para mim com um sorriso orgulhoso.

— Então... – começou. – Vou ter que me acostumar com aqueles trapos que você usa?

Eu gargalhei baixinho.

— Não. – murmurei. – Digamos que eu achei um estilo Hathaway revoltava, traço, boneca de luxo. – eu sorri e ele o fez também.

— Posso abraçar minha garotinha rebelde então? – perguntou.

Eu sorri e ele já tinha seus braços abertos.

— Claro. – falei puxando-o com calma, pela costela quebrada. – Sempre vou ser sua garotinha, Baba. – sussurrei, entre algumas lágrimas silenciosas.

***

O celular vibrou pela terceira vez na minha velha cômoda de madeira branca. Ainda com aquela toalha azul sendo esfregada compulsivamente nos meus cabelos, eu caminhei até lá. Lissa estava no seu antigo quarto, assim como Derick, que dormia tranquilamente.

Eu tinha tomado um banho depois de longas duas horas de sono. Já era noite e eu estava prestes a correr para fora daquela casa enorme. Eu sentia falta de Seattle. Da agitação e das confusões no bar do vovô.

Eu tinha posto a minha saia longa florida e aquela blusa acima do umbigo que Lissa me obrigou a comprar no verão passado. Estava uma noite quente demais para Seattle, mas aquela roupa estava fresca.

Peguei o celular jogando a toalha para cima da minha cama e observei minha enorme janela com vista para a piscina do papai, enquanto tentava descobrir em poucos segundos de quem era a respiração do outro lado da linha.

Soube que está em Seattle e não me falou nada.— gritou Sonia do outro lado da linha. Eu gargalhei.

— Eu estou, mas foi em uma situação ruim. Eu te avisaria se viesse à passeio.

Ohh, eu soube de tudo. – disse, em voz de lamentação.Como está Abe?

— Vivo. – disse, jogando-me na cama de casal.

Bom...— começou. – Ele eu não se aceitaria, mas eu estou precisando de uma cantora essa noite.

Eu sorri.

— Desculpe, mas não vou conseguir cantar hoje.

— Então vem. Animamos do mesmo jeito que você e sua mãe faziam.

— Tenho um convidado. – falei, entortando a boca.

Traga-o.— disse Mikhail no fundo. Eu sorri. – Escutou, Rose?— perguntou Sonia, agora.

— Escutei. – falei.

Então, esperamos você, Lissa e o convidado.

— Tudo bem. – falei. – Até mais. – disse, desligando o celular. Jogando-o de lado.

Respirei fundo, escutando três batidas fortes.

Levantei-me devagar e caminhei até a porta, abrindo-a.

Era Dimitri. Com seus cabelos molhados e sua blusa de manga cumprida em uma noite super quente. Eu sorri ao imaginá-lo suado. Reprimi a gargalhada de imaginar o motivo para que ele ficasse assim.

— Errou o quarto? – perguntei, sorrindo.

— Não. – disse, sorrindo. – Depois de procurar tanto, eu consegui encontrar.

Eu gargalhei.

— E então...? – perguntei. – O que deseja?

— Saber se aqui tem algo interessante, além de você. – disse. – Me fez uma promessa.

Eu sorri, assentindo.

— Quanto à isso... – comecei. – Eu tenho um plano.

Ele sorriu.


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Notas finais do capítulo

Gooostarammm??
hahahaha
Comentemmm
Beiiijoooos



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