POV Annabeth

Levantei-me no horário de costume e fiz minha rotina matinal, desci para tomar café e encontrei Percy sentando com meu pai.

– Hã... O que você está fazendo aqui? – perguntei a ele

– Bom dia Annabeth, como vai? – falou ele ironizando

– Bom dia Percy – dei um sorriso falso- o que está fazendo aqui?

Percy riu, sua risada me fez sorrir e meu coração disparou. Não, não, não era para eu estar sentido isso. Annabeth pare, não posso estar gostando dele, não posso. Tenho que fazer alguma coisa... Como só percebi isso agora? Com uma risada? Por que? Porque ele não pode ser apenas meu melhor amigo? Tenho que evitá-lo, é o melhor a fazer. Eu tenho que fazer isso, tenho que começar isso hoje. Vamos ver sua habilidade como atriz Annabeth.

– Está me ouvindo Annie? – Percy me perguntou, e no fogão, meu pai riu.

– Que?

– Estava dizendo que estou aqui para saber se você quer sair comigo.

É, a atuação vai começar.

– Não – respondi seca.

Estava sendo má? Estava, mas não posso me arriscar. Meu coração doeu ao ver seu sorriso murchar.

– Não? Annie... – começou ele com a voz fraca

– Não me chame assim, Perseu – falei, e travei o maxilar tentando não chorar, aquilo estava sendo difícil.

– Annabeth, eu fiz alguma coisa?

– Não te devo explicações – virei de costas para ele

– Ah não me deve explicações? – falou sarcástico, ele começou a ficar com raiva – acha que começa a me tratar assim do nada?

– Tenho meus motivos

Ele pegou no meu pulso, fazendo-me virar, ficando cara a cara com ele.

– Esse é o jogo que você quer jogar, Annabeth? Tem certeza? Dois podem jogar isso. Sei que gosta de mim, não vai me convencer do contrário tão facilmente. – falou olhando-me nos olhos

– Não. Gosto. – menti, não pareceu convincente.

– Não mente para mim.

Eu precisava de algo para convencê-lo, algo que o fizesse acreditar que eu não gostava dele. Teria que apelar... Reuni toda a frieza e raiva que havia em mim.

– E-Eu te odeio – falei o mais seca possível, eu quase acreditei em mim mesma. Quase.

E o Oscar vai para...? Annabeth Chase.

Seus olhos se arregalaram, sua mão soltou meu pulso, pude ver o choque em seu rosto.

– Que? – falou ele quase num sussurro, a voz repleta de dor.

Meus parabéns Annabeth, pode ser atriz, destruiu o coração do cara que você gosta.

– Eu te odeio Perseu Jackson – falei mais convincente ainda – Não ouviu? Eu tentei ser sua amiga, por causa que muitas garotas te queriam, eu queria ajuda-las, mas não consigo te aguentar. Desculpe.

Peguei minha bolsa e sai correndo. As lágrimas escorriam, não consegui segurar elas, cheguei na escola. Seguei os olhos, respirei fundo, é a hora de ser atriz novamente, seja forte.

Fui com a galera, e tentei conversar com eles normalmente. Tentei sorrir, mas estava lembrando de tudo, meu Deus, aquilo era difícil. Dois minutos vi Percy entrando ele estava de cabeça baixa, as mãos nos bolsos de sua calça.

Ele levantou a cabeça e seus olhos encontraram os meus, estavam repletos de dor, meu sorriso falso vacilou, ele desviou o olhar, fechei os olhos, respirando fundo. Eu.Tenho.Que.Ser.Forte. Ele chegou e ficou ouvindo a conversa, calado.

Leo nos explicava como funcionaria a banda, mas eu não prestava atenção. Jason veio até mim e passou o braço pelo meus ombros. Tentou puxar assunto comigo, mas minha mente se concentrava em Percy Jackson. Então ele respirou fundo e levantou a cabeça, a tristeza havia desaparecido, mas se olhasse lá no fundo, ela ainda estava lá. Logo percebi que ele estava fazendo a mesma coisa que eu.

O sinal bateu, comecei a caminhar até a sala, mas eu tinha aula vaga agora. Então fui na direção do pátio, mas senti alguém segurar meu braço, meio forte, não o suficiente para me machucar, mas o suficiente para me manter ali. Levantei meu olhar até Percy, pude ver que havia raiva em seus olhos. Aquilo me destruiu, ele estava com raiva de mim.

– Dois podem jogar esse jogo Annabeth.

– Isso eu já percebi. Mas, a pergunta é: Você quer mesmo jogar isso Perseu?

Vi um sorriso no seu rosto. Ele estava se divertindo com isso. A raiva cresceu em mim.

Tentei me soltar dele. Tentativa falha.

– Vai me chamar, ou me tratar assim por quanto tempo, Annie?

Ele me aproximou do seu rosto, estava com um sorrisinho bobo, prendi a respiração.

Tentei falar, mas tive medo da voz falhar, meu cérebro não estava funcionado.

– Você poderia ser atriz, quase me convenceu, muito bom, mesmo. – sussurrou ele – Mas seus olhos te entregam.

Olhei para o chão, tentei, porque estávamos tão perto que não consegui ver o chão, respirei fundo e minha respiração falhou.

Ele riu, um riso abafado.

Sua mão roçou no meu queixo, me fazendo olhar para cima, encarando seus olhos novamente. Ele estava sério, mas seus olhos brilhavam. Ele abaixou o rosto, ficando a centímetros do meu.

Seus olhos estavam concentrados em meus lábios. E quando seus lábios estavam a milímetros dos meus, ele sorriu, se afastou, me soltou e deu dois passos para trás.

Eu não sabia o que fazer, minha respiração estava muito acelerada. Tentei manter minha máscara, acho que consegui.

– Dois podem jogar isso – falou ele e saiu rindo.

Me apoiei nos joelhos, tentando respirar, minhas pernas estavam bambas.

Ouvi a risada abafada. Levantei a cabeça, ele estava uns 5 metros de distancia, encostado em um armário. Ele tinha esse efeito sobre mim, e eu não lhe causava nada. Que raiva.

Não raiva não, eu tinha que ser mais forte. Eu sou mais forte.

Fiquei ereta, e o encarei.

– Nossa, Annie, não sabia que te deixava assim. – ele riu – interessante.

– Como você é idiota Perseu. Ou pelo menos ficou.

– Eu só estou jogando seu jogo.

– Ah, qual é Perseu você sabe...

– Percy – uma voz irritante me interrompeu, Rachel, uma vadia, estava rebolando até Percy, quis dizer Perseu, ela se apoiou nele, e ele passou a mão envolta da cintura dela! Controle Annabeth, ele nem é seu amigo, fechei os olhos por um momento e sorri o mais falsa possível – Eu estava te procurando.

– Estava? Bem estou aqui, querida.

Revirei os olhos e bufei.

– É... Annie? – começou Perseu, vi que estava se divertindo com a situação – Pode nos dar licença? Sabe, estou fazendo o que você queria, não é?

Minha boca se escancarou por um segundo. Logo arrumei a postura, levantei os ombros, fechei os punhos e travei o maxilar.

– Como quiser.

Me virei e fui embora. Mas na saída, parei por um instante, e olhei sobre o ombro, e eles estavam sorridentes, conversando.

Baixei a cabeça, e sai. Você é uma idiota Annabeth.