–Eu vou me arrumar. -Falei, escolhendo um vestido bem lá do fundo do guarda-roupa, aqueles do qual só uso para jantares como esse. -Talvez seja só mais um dos amigos do meu pai, juntamente com aquela espécie de família perfeita que trazem. Eles vêm, conversam, jantam, conversam de novo, prometem que vão voltar e vão embora. Já estou acostumada! -Disse finalmente escolhendo um vestido verde bebê, e uma sapatilha da mesma cor.

–Bom, se você diz...Será que eu não vou atrapalhar? -Disse Léo meio receoso.

–Claro que não. Bom, agora vou lavar meu cabelo. Se vira que eu vou tirar minha roupa. -Falei, já tirando minha regata.

–V-você não acha que estamos velhos demais pra você ficar tirando a roupa na minha frente? -Falou Léo, dava pra se ver o rubor de suas bochechas mesmo de costas.

–Que é isso Léo, achei que já fosse acustumado. Tá vou parar! -Falei, subindo meu sorth e indo pro banheiro.

Não que eu gostasse de me despir na “frente” do meu amigo, na verdade eu sei qual são nossas “diferenças”. Mas sei lá, ouvir isso dele me deixou meio estranha.

–Voltei! Disse embrulhando meus cabelos na toalha e calçando as sapatilhas. -Iai como é que eu tô? -Falei abrindo meus braços e fazendo uma pose estranha.

–Legal, assim parece até uma garota. -Disse Léo, dando um daqueles sorrisinhos implicantes.

–Léo... -Parei e sentei bem perto dele. -Você... -Foquei ainda mais naqueles olhos, que por trás das lentes eram incrivelmente verdes. -Tá gostando de mim, tipo, como namorado?!

–Quê, não, porque a pergunta?! -Disse ele, meio espantado.

–Ah, que bom. Só queria ter certeza. -Me afastei. -Não se apaixone por mim okay! -Falei imitando a voz da nossa professora de inglês, apontando com o indicador, na cara de Léo.

Ambos rimos, eu terminei de me arrumar e continuamos a jogar até que Madalena nos chamou para a sala.

–Pai, o Léo pode ficar comigo pro jantar. Ele não tem pra onde ir, e ele promete não atrapalhar nada. -Disse assim que vi meu pai chegando.

–Anny. -Sussurrou Léo. -Assim ele vai achar que eu sou um menor abandonado. –Eu ri.

–Como sabe que é um jantar querida?! -Falou meu pai. -Você está linda filha! E claro que seu amigo pode ficar, ele é praticamente da família.

–Ah, obrigada! Bom, mais quem é seu amigo de hoje? -Disse olhando pra fora enquanto um carro parava em frente a casa.

–Bom, digamos que não é um amigo. -Sorri.

–Ân, e quem é? -Falei enquanto meu pai estendia a mão para o convidado que não tinha se identificado ainda.

–Arianny essa é minha namorada...Susy. -Falou meu pai, finalmente revelando a convidada.

–Professora! -Disse eu e Léo em uníssono.